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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RR-248-03.2013.5.03.0001
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1002674D8E3B5EFDB1.
A C Ó R D Ã O
6ª Turma
GDCCAS/cs
PROCESSO Nº TST-RR-248-03.2013.5.03.0001
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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso
de Revista n° TST-RR-248-03.2013.5.03.0001, em que são Recorrentes A &
C CENTRO DE CONTATOS S.A. e CLARO S.A. e Recorrida CLAUDIA LUIZA DE
CARVALHO REIS.
V O T O
MÉRITO
VERIFICAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE JUÍZO DE RETRATAÇÃO.
ART. 543-B DO CPC/1973. CONTROVÉRSIA DECIDIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO SUBMETIDO À SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO
GERAL. TERCEIRIZAÇÃO. ILICITUDE.
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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Os autos foram devolvidos pela Vice-Presidência do TST
para eventual juízo de retratação quanto ao tema da ilicitude da
terceirização.
A decisão regional é anterior à vigência da Lei
13.015/2014.
Ambas as reclamadas A&C Centro de Contatos e Claro S.A.
se insurgem, nas razões de recurso de revista, quanto à ilicitude da
terceirização e indicam a violação do art. 5º, II, da CF, a qual foi
renovada nas razões de agravo de instrumento.
A A&C Centro de Contatos se insurge, ainda, a respeito
da condenação em verbas salariais previstas nos ACTs da Claro, anotação
da CTPS e ausência de responsabilidade solidária.
O eg. TRT, quanto à ilicitude da terceirização da
atividade de call center, manteve a sentença por seus próprios e jurídicos
fundamentos, em síntese:
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No caso, a eg. Corte Regional concluiu pela ilicitude
da terceirização da atividade de call center desenvolvida pela reclamante
em prol da 2ª reclamada e manteve a decisão que reconheceu o vínculo de
emprego direto com a tomadora do serviço.
O e. STF, no julgamento da ADPF n. 324 e do RE n° 958252,
com repercussão geral reconhecida concluiu pela licitude da
terceirização em todas as etapas do processo produtivo, tendo também
decidido no sentido da licitude da terceirização da atividade de call
center por meio da decisão proferida no ARE 791932.
O eg. TRT, portanto, ao firmar entendimento no sentido
da ilicitude da terceirização da atividade de call center, acabou por
violar a decisão proferida pelo STF em Repercussão Geral.
Retornando os autos para juízo de retratação,
verifica-se que ao entender pela ilicitude da terceirização, a v. decisão
regional violou o art. 5º, II, da CF.
Nestes termos, dou provimento aos agravos de
instrumento para determinar o processamento dos recursos de revista.
MÉRITO
A jurisprudência do c. TST vinha se firmando no sentido
de que o contrato de trabalho com a finalidade de realização da atividade
de call center decorre de terceirização ilícita, uma vez que os empregados
prestam serviço inserido na atividade-fim do tomador dos serviços.
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Nesse sentido peço vênia para trazer a lume julgado
oriundo da c. SDI-1/TST:
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Reafirmando tal entendimento, no julgamento de
11/10/2018, no ARE 791932 (Rel. Min. Alexandre de Morais), o e. STF também
permitiu a terceirização de “call center” por empresas de telefonia.
Desse modo, de acordo com o entendimento lavrado pelo
STF, é lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do
trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto
social das empresas envolvidas.
Portanto, a questão, atinente à licitude da
terceirização da atividade de call center não encontra mais espaço para
discussão neste c. Corte.
Nesse sentido o seguinte precedente:
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procedente a arguição de descumprimento de preceito fundamental ,
vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e
Marco Aurélio" (g.n) . Prevaleceu, em breve síntese, como fundamento o
entendimento no sentido de que os postulados da livre concorrência (art. 170,
IV) e da livre-iniciativa (art. 170), expressamente assentados na Constituição
Federal de 1.988, asseguram às empresas liberdade em busca de melhores
resultados e maior competitividade. Quanto à possível modulação dos efeitos
da decisão exarada, resultou firmado, conforme decisão de julgamento da
ADPF n.º 324 (Rel. Min. Roberto Barroso), que: "(...) o Relator prestou
esclarecimentos no sentido de que a decisão deste julgamento não afeta os
processos em relação aos quais tenha havido coisa julgada . Presidiu o
julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 30.8.2018" . Nesse contexto,
a partir de 30/8/2018, é de observância obrigatória aos processos judiciais em
curso ou pendente de julgamento a tese jurídica firmada pelo e. STF no RE
n.º 958.252 e na ADPF n.º 324. Assim, não há mais espaço para o
reconhecimento do vínculo empregatício com o tomador de serviços sob o
fundamento de que houve terceirização ilícita (ou seja, terceirização de
atividade essencial, fim ou finalística), ou, ainda, para a aplicação dos
direitos previstos em legislação específica ou em normas coletivas da
categoria profissional dos empregados da empresa contratante, porque o e.
STF, consoante exposto, firmou entendimento de que toda terceirização é
sempre lícita , inclusive, repita-se, registrando a impossibilidade de
reconhecimento de vínculo empregatício do empregado da prestadora de
serviços com o tomador . Ademais, o STF, examinando o ARE nº 791.932,
com repercussão geral reconhecida, decidiu em 11/10/2018 por aplicar ao
caso de terceirização do serviço de call center de empresas de telefonia,
como na hipótese, a tese acima descrita, razão pela qual não mais remanesce
a discussão acerca da questão. Recurso de revista não conhecido, em juízo de
retratação " (RR-1789-47.2013.5.03.0009, 5ª Turma, Relator Ministro Breno
Medeiros, DEJT 30/05/2019).
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intrajornada, trabalho aos domingos e feriados, reconhecimento do
vínculo de emprego direto com a tomadora do serviço, condenação solidária
das reclamadas ao pagamento das verbas rescisórias, piso salarial e
demais verbas trabalhistas previstas nos ACTs da 2ª reclamada, inclusive
PLR, tudo acrescido de juros e correção monetária, determinação de
anotação da CTPS e concessão do benefício da justiça gratuita.
Sucessivamente pleiteia, caso não reconhecido o vínculo de emprego com
a 2ª reclamada, que sejam deferidos todos os benefícios previstos nos
ACTs da tomadora do serviço cuja responsabilidade pelo pagamento deve
ficar a cargo da 2ª reclamada, de forma subsidiária. Não se discutiu o
inadimplemento de verbas trabalhistas em relação ao empregador
principal.
A v. sentença deferiu os pleitos da reclamante tendo
em vista a ilicitude da terceirização do serviço de call center,
reconhecendo o vínculo de emprego direto com a Claro S.A., acrescidos
de correção monetária e juros de mora e a responsabilidade solidária das
reclamadas e indeferiu a pretensão de declaração da rescisão indireta
do contrato de trabalho, do recebimento de horas extras, intervalo
intrajornada e trabalho aos domingos e feriados.
O eg. TRT negou provimento aos recursos ordinários da
reclamante e da 2ª reclamada e deu parcial provimento ao recurso ordinário
da 1ª reclamada para reconhecer que o fato gerador da contribuição
previdenciária é o pagamento do crédito devido à autora e para declarar
que os juros e a multa moratória incidirão apenas a partir do dia dois
do mês seguinte ao da liquidação da sentença.
De tal modo, diante do exposto no art. 543-B do
CPC/1973 (art. 1.030, II, do CPC/2015), em juízo de retratação, dou
provimento aos recursos de revista para reconhecer a licitude da
terceirização do serviço de call center, afastar o reconhecimento do
vínculo de emprego da reclamante com as tomadoras dos serviços, julgar
improcedente o pedido atinente às verbas trabalhistas decorrentes dos
ACTs relativos aos empregados das reclamadas, determinar a anotação da
CTPS da autora e excluir a responsabilidade solidária imputada às
reclamadas.
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