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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-10027-76.2019.5.15.0117

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6670971B20731.
ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMSPM/acmg/apm

I – AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO


EM RECURSO DE REVISTA – REGÊNCIA PELA
LEI Nº 13.467/2017 – NULIDADE DO
ACÓRDÃO REGIONAL POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Evidenciada a
possibilidade de êxito da parte a quem
aproveita a declaração de nulidade, deixa-se de
examinar a preliminar, nos termos do artigo
282, § 2º, do CPC.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS. ENTE
PÚBLICO. CULPA IN VIGILANDO. AUSÊNCIA DE
PROVAS. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA.
Constatada violação do § 1º do artigo 71 da Lei
nº 8.666/1993, impõe-se o provimento do
agravo a fim de prover o agravo de
instrumento e determinar o processamento do
recurso de revista.
II – RECURSO DE REVISTA – REGÊNCIA PELA
LEI Nº 13.467/2017 – RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS.
ENTE PÚBLICO. CULPA IN VIGILANDO.
AUSÊNCIA DE PROVAS. TRANSCENDÊNCIA
POLÍTICA. O Supremo Tribunal Federal, ao
examinar a ADC-16/DF e o RE-760931/DF
(leading case do Tema nº 246 do Ementário de
Repercussão Geral), firmou tese no sentido de
que a inadimplência da empresa contratada
não transfere ao ente público tomador de
serviços, de forma automática, a
responsabilidade pelo pagamento dos
encargos trabalhistas e fiscais, sendo
necessário verificar, caso a caso, a eventual

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ocorrência de culpa da Administração Pública.


Embora o Tema nº 1.118 ainda esteja pendente
de julgamento, o Supremo Tribunal Federal
tem reiteradamente cassado decisões da
Justiça do Trabalho em que se atribui
responsabilidade subsidiária ao ente público
em razão de este não ter se desincumbido do
encargo de demonstrar a efetiva fiscalização do
contrato. Considerando que o Supremo
Tribunal Federal delineia o alcance dos seus
precedentes vinculantes por meio de decisões
proferidas em reclamações constitucionais,
constata-se que a mera ausência de prova
quanto à fiscalização da execução do contrato
não induz à responsabilização do Poder
Público. Caso contrário, estar-se-ia diante da
possibilidade de novas condenações do Estado
por simples inadimplemento, em desrespeito à
tese vinculante ora destacada. Recurso de
revista de que se conhece e a que se dá
provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista


n° TST-RR-10027-76.2019.5.15.0117, em que é Recorrente MUNICÍPIO DE SÃO
JOAQUIM DA BARRA e é Recorrido ERICA MARA DOS SANTOS SERAFIM DA CRUZ e L L
A SERVICOS LTDA.

O segundo reclamado interpõe agravo interno (fls.1.237/1.357)


contra a decisão monocrática de fls. 1.231/1.235, mediante a qual foi negado
provimento ao seu agravo de instrumento (fls. 1.097/1.205).
Não houve apresentação de contraminuta.
É o relatório.

VOTO

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I – AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA

1 – CONHECIMENTO

Conheço do agravo por estarem presentes os pressupostos


legais de admissibilidade, entre os quais a representação processual (Súmula 436 do
TST) e a tempestividade (ciência da decisão agravada em 4/10/2022 e interposição do
apelo em 26/10/2022).

2 - MÉRITO

2.1 – PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR


NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

Com fundamento no § 2º do artigo 282 do CPC e em observância


ao princípio da economia processual, deixo de analisar a preliminar arguida.

2.2 – RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE


SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO

Mediante decisão monocrática (fls. 1.231/1.235), foi negado


provimento ao agravo de instrumento interposto pelo segundo reclamado, sob a
seguinte fundamentação:

“O Tribunal Regional denegou seguimento ao recurso de revista com


base nos seguintes fundamentos, os quais mantenho:
(...)
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Responsabilidade Solidária / Subsidiária / Tomador de
Serviços / Terceirização / Ente Público.
DA DEMONSTRAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO DO CUMPRIMENTO
DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS
O v. acórdão reconheceu a responsabilidade subsidiária do
Município reclamado pelo pagamento das verbas trabalhistas
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devidas pela 1ª reclamada, em decorrência da celebração de


contrato de gestão entre eles, com o intuito de prestação de
serviços na área de transportes, por entender que é dele o ônus
da prova de demonstrar a efetiva fiscalização do contrato de
terceirização, do qual não se desincumbiu.
Quanto a esta matéria, existe o entendimento
consubstanciado nos precedentes oriundos do C. TST de que a
celebração de convênio, objetivando a execução de programa de
saúde ou educação à comunidade não afasta a aplicabilidade da
Súmula 331, V, com o fito de atribuir responsabilidade subsidiária
do Ente Público pelas consequências jurídicas dele decorrentes,
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
obrigações da Lei nº 8.666/1993, especialmente na fiscalização do
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora
de serviço como empregadora [...].
Ademais, quanto ao ônus da prova da fiscalização, esta
Vice-Presidência Judicial determinava o processamento do
recurso de revista com fundamento em reiterados julgados do C.
TST, no sentido de que a imputação da responsabilidade
subsidiária só poderia ocorrer se o reclamante comprovasse que
o ente público deixou de cumprir seu dever de fiscalização, assim
estabelecendo que era do autor o ônus da prova da conduta
culposa.
Porém, a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais
(SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho ao julgar os embargos de
declaração no processo nº 925-07.2016.5.05.0281, em 12/12/2019,
considerou que no Tema nº 246 de Repercussão Geral (RE
760.931-DF), o E. STF não fixou tese específica sobre a distribuição
do ônus da prova pertinente à fiscalização do cumprimento das
obrigações trabalhistas, ficando a definição a cargo do C.TST.
Nesta esteira, para não ser responsabilizado subsidiariamente,
cabe ao ente público comprovar que fiscalizou de forma
adequada o cumprimento das obrigações trabalhistas pela
empresa terceirizada, com fundamento no princípio da aptidão
para a prova, que vincula o ônus a quem possui mais e melhores
condições de produzi-la.
Nesse sentido, dentre outros, são os seguintes precedentes:
Ag-RR-11380-35.2015.5.03.0018, 1ª Turma, DEJT 08/01/2020,
ARR-10671-44.2015.5.01.0571, 5ª Turma, DEJT 09/02/2018,
RR-715-80.2013.5.05.0015, 6ª Turma, DEJT 19/12/2019,
RR-984-40.2013.5.15.0113, 8ª Turma, DEJT 13/09/2019. Portanto, a
interpretação conferida pela v. decisão recorrida está em
consonância com iterativa, notória e atual jurisprudência do C.
TST.

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Inviável, por decorrência, o apelo, ante o disposto no art.


896, § 7º, da CLT e na Súmula 333 do C. TST.
(...)
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Considerando que o acórdão do Tribunal Regional foi publicado na
vigência da Lei nº 13.467/2017, o recurso de revista submete-se ao crivo da
transcendência, que deve ser analisada de ofício e previamente,
independentemente de alegação pela parte.
O art. 896-A da CLT, inserido pela Lei nº 13.467/2017, com vigência a
partir de 11/11/2017, estabelece em seu § 1º, como indicadores de
transcendência: I - econômica, o elevado valor da causa; II - política, o
desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal; III - social, a
postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente
assegurado; IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da
interpretação da legislação trabalhista.
(...)
No presente caso, diante da análise de ofício dos pressupostos de
adequação formal de admissibilidade, do exame prévio dos indicadores de
transcendência, além do cotejo do despacho denegatório com as razões de
agravo de instrumento, verifica-se que a parte não atendeu a todos requisitos
acima descritos, devendo ser mantida a denegação de seguimento de seu
recurso de revista.
Assim, com base no inciso LXXVIII do artigo 5º da Constituição Federal,
que preconiza o princípio da duração razoável do processo, não prospera o
presente agravo de instrumento.
Diante do exposto, com base nos artigos 489, § 1º, 932, III e IV, do CPC,
896-A, §§ 1º e 2º, da CLT, e 247, § 2º, do RITST, NEGO SEGUIMENTO ao agravo
de instrumento.
Publique-se” (destaques acrescidos).

O segundo reclamado impugna essa decisão e reitera a


argumentação apresentada anteriormente. Renova suas alegações de contrariedade à
Súmula 331, V, do TST, à decisão proferida pelo STF no julgamento da ADC-16/DF e de
violação dos artigos 5º, II, e 37, caput, da Constituição da República, 818, da CLT, 373 do
CPC e 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993.
Inicialmente, verifico que a causa oferece transcendência política
hábil a viabilizar sua apreciação (artigo 896-A, § 1º, II, da CLT).
O Supremo Tribunal Federal, ao examinar a ADC-16/DF e o
RE-760931/DF (leading case do Tema nº 246 do Ementário de Repercussão Geral), firmou
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tese no sentido de que a inadimplência da empresa contratada não transfere ao ente


público tomador de serviços, de forma automática, a responsabilidade pelo pagamento
dos encargos trabalhistas e fiscais, sendo necessário verificar, caso a caso, a eventual
ocorrência de culpa da Administração Pública. Na ocasião desses julgamentos, a excelsa
Corte não firmou tese explícita a respeito da distribuição do ônus da prova, o que
constitui objeto do Tema nº 1.118.
Por sua vez, a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais
do TST, em composição plena, quando da análise do feito
TST-E-RR-925-07.2016.5.05.0281 (Rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, DEJT de
22/5/2020), concluiu, majoritariamente, ser do ente público o ônus de demonstrar que
fiscalizou o cumprimento das obrigações contraídas pela empresa contratada.
Não obstante, o Supremo Tribunal Federal tem, reiteradamente,
cassado decisões da Justiça do Trabalho em que se atribui responsabilidade subsidiária
ao ente público em razão de este não ter se desincumbido do encargo de demonstrar a
efetiva fiscalização do contrato. A título de ilustração, citam-se julgados oriundos de
ambas as Turmas: Rcl-48371-AgR/ES, 1ª Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJE nº 34,
publicado em 22/2/2022; Rcl-50774-AgR/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE nº
75, publicado em 22/4/2022.
Considerando que o Supremo Tribunal Federal delineia o alcance
dos seus precedentes vinculantes por meio de decisões proferidas em reclamações
constitucionais, constata-se que a mera ausência de prova quanto à fiscalização da
execução do contrato não induz à responsabilização do Poder Público. Caso contrário,
estar-se-ia diante da possibilidade de novas condenações do Estado por simples
inadimplemento, em desrespeito à tese vinculante ora enfocada.
Ademais, conforme destacado pela excelsa Corte na ementa do
acórdão relativo aos embargos de declaração opostos no leading case do Tema nº 246,
"(...) a responsabilização subsidiária do poder público não é automática, dependendo de
comprovação de culpa in eligendo ou culpa in vigilando (...)" [STF-RE-760931-ED/DF, Red.
Min. Edson Fachin (DJe nº 194, publicado em 6/9/2019) – g. n.]. Portanto, o que deve ser
objeto de prova é a culpa, e não a fiscalização, o que induz à conclusão de que o ônus
da prova incumbe ao empregado.
No presente caso, o Regional, ao reconhecer a responsabilidade
subsidiária do ente público, assim fundamentou sua decisão:

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“RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
Inicialmente, insta consignar que a decisão proferida pelo E. STF no
julgamento da ADC 16, quando reconhecida a constitucionalidade do § 1º do
artigo 71 da Lei nº 8.666/93, não afasta o entendimento do C. TST, no item V
da Súmula 331, que determina que ‘os entes integrantes da Administração
Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do
item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações
da Lei n.’ 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora’ [...],
à medida em que, complementa, ‘a aludida responsabilidade não decorre de
mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa
regularmente contratada’, que, inclusive, encontra respaldo nos artigos 58, III e
67 da Lei nº 8.666/93, que conferem a prerrogativa e o dever,
respectivamente, de fiscalização, por parte do ente público, à execução do
contrato firmado junto à tomadora de serviços.
(...)
Assim, uma vez incontroverso, diante da revelia da primeira reclamada
e da ausência de impugnação do recorrente, que a autora prestou serviços,
durante todo o lapso contratual, para a municipalidade, cumpre verificar se
este agiu com culpa in eligendo e/ou in vigilando.
Observa-se, in casu, que, a despeito da regular contratação da primeira
reclamada, decorrente de processo licitatório, que afasta a possibilidade de
imputação de eventual culpa in eligendo, o recorrente em tela não
comprovou a efetiva fiscalização do cumprimento, por parte da primeira
ré prestadora, das obrigações trabalhistas.
Isso porque, apesar da documentação acostada aos autos, restou
comprovado que a empregadora não pagou corretamente os salários dos
meses de setembro e outubro de 2018 e saldo salarial do mês de
novembro do mesmo ano, as verbas rescisórias, FGTS + 40% e sequer o
intervalo intrajornada era concedido de forma regular durante a
contratualidade, situações que chancelam, de forma robusta, o descuido
do Município de São Joaquim da Barra em seu dever de fiscalizar.
Neste trilhar, caberia ao tomador de serviços, exigir, antes do
pagamento de cada fatura mensal, os comprovantes de recolhimentos dos
depósitos de FGTS e das contribuições ao INSS, além dos demais encargos
sociais. Deveria, ainda, acompanhar a jornada dos trabalhadores, verificando
se estes se ativavam em sobrejornada e se havia satisfação pecuniária das
horas extras (ou compensação, mediante regular pactuação), controlar o
pagamento e a fruição de férias, enfim, o cumprimento integral das
obrigações decorrentes do contrato laboral, bem como verificar o pagamento
de verbas rescisórias e demais obrigações mínimas, como as obrigações
estabelecidas em negociações coletivas.

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Desta forma, como determinado pelo Juízo ‘a quo’, deve o segundo


reclamado responder, subsidiariamente, pela satisfação dos créditos da
reclamante, o que abrange todas as verbas objeto da condenação, inclusive
multas legais, nos termos do item VI da Súmula 331 do C. TST, não se
tratando, no caso, de transferência automática, decorrente do mero
inadimplemento da contratada, mas, sim, de efetiva omissão de seu
poder-dever de fiscalizar o cumprimento das obrigações contratuais
trabalhistas, pelo que patente sua culpa in vigilando, não havendo que se falar
em ofensa aos artigos 37, caput e II, da CF; 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, 8º da
CLT e 4º da LINDB. Nada a alterar” (fls. 880/881 – destaques acrescidos).

Como se observa, o Regional consignou a ausência de provas da


fiscalização da execução do contrato. Todavia, na linha do quanto se expôs, a ausência
ou insuficiência de provas não enseja a responsabilização subsidiária do ente público.
Nesse contexto, reputando violado pelo acórdão regional o § 1º
do artigo 71 da Lei nº 8.666/1993, dou provimento ao agravo e ao agravo de
instrumento para determinar o processamento do recurso de revista.

II – RECURSO DE REVISTA

a) Conhecimento

Inicialmente, verifica-se a transcendência política da causa (artigo


896-A, § 1º, II, da CLT), conforme registrado no tópico I/2.2.
Satisfeitos, ainda, os pressupostos de admissibilidade
extrínsecos do recurso de revista, entre os quais a representação processual (Súmula
436 do TST) e a tempestividade (ciência do acórdão regional em 6/8/2020 e interposição
do apelo em 26/8/2020), sendo inexigível o preparo.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE


SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO

Conforme assentado no exame do agravo de instrumento,


constata-se a presença de pressuposto de admissibilidade intrínseco, visto estar
demonstrada a violação pelo acórdão regional do § 1º do artigo 71 da Lei nº 8.666/1993.

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Dessa forma, conheço do recurso de revista, com fulcro no


artigo 896, "c", da CLT.

b) Mérito

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE


SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO

Conhecido o recurso de revista por violação literal do § 1º do


artigo 71 da Lei nº 8.666/1993, a consequência lógica é o seu provimento para eximir o
segundo reclamado (MUNICÍPIO DE SÃO JOAQUIM DA BARRA) da responsabilidade
subsidiária que lhe foi imposta, e, via de consequência, excluir a multa por embargos
protelatórios, determinar o pagamento de honorários advocatícios pela reclamante, no
importe de 5% (cinco por cento) sobre o valor que se apurar em regular liquidação de
sentença quanto ao pedido principal julgado totalmente improcedente, os quais,
todavia, ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade por dois anos subsequentes
ao trânsito em julgado da decisão, cabendo ao credor demonstrar que deixou de existir
a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão da gratuidade. Findo o
prazo, extingue-se a obrigação. Prejudicada a análise dos demais tópicos do apelo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade: I) dar provimento ao agravo e ao agravo de instrumento
para mandar processar o recurso de revista; II) conhecer do recurso de revista por
violação literal do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993 e, no mérito, dar-lhe provimento
para eximir o segundo reclamado (MUNICÍPIO DE SÃO JOAQUIM DA BARRA) da
responsabilidade subsidiária que lhe foi imposta e, via de consequência, excluir a multa
por embargos protelatórios e determinar o pagamento de honorários advocatícios pela
reclamante, no importe de 5% (cinco por cento) sobre o valor que se apurar em regular
liquidação de sentença quanto ao pedido principal julgado totalmente improcedente, os
quais, todavia, ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade por dois anos
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão, cabendo ao credor demonstrar que

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deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão da


gratuidade. Findo o prazo, extingue-se a obrigação. Prejudicada a análise dos demais
tópicos do apelo.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


SERGIO PINTO MARTINS
Ministro Relator

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