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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-11907-80.2017.5.03.0029

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ACÓRDÃO
(6ª Turma)
GDCJPC/cc

AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE


INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A
LEI Nº 13.467/2017. ACIDENTE DE TRABALHO.
RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 126 DO TST.
O Regional foi categórico ao registrar premissa
fática no sentido de que “restou comprovado
nos autos, a partir da prova pericial, o nexo de
causalidade entre as atividades
desempenhadas pelo autor como mecânico e o
acidente de trabalho que provocou a
amputação traumática dos dedos, bem assim a
responsabilidade exclusiva da reclamada pela
ocorrência do infortúnio”, estando consignado
que o autor observou todos os procedimentos
estabelecidos para operação da máquina e que
além do equipamento não estar em
conformidade com o que prevê a NR-12, outro
empregado não verificou a luz de emergência,
indicando que o equipamento estava em
manutenção, e desarmou o botão de
emergência, sendo esses os fatores
determinantes para a ocorrência do infortúnio.
Neste contexto, decidir de forma contrária
exigiria revolvimento de matéria
fático-probatória, procedimento vedado nesta
instância recursal pelo óbice da Súmula nº 126
desta Corte.
Agravo interno desprovido, com aplicação
de multa.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-11907-80.2017.5.03.0029, em
que é Agravante ALUMIPACK INDÚSTRIA DE EMBALAGENS LTDA (EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL) e são Agravados ESPÓLIO DE JOSE MARIA GUIMARAES E OUTRO.

Trata-se de agravo interno interposto em face de decisão

monocrática, mediante a qual foi denegado seguimento ao agravo de instrumento.

Razões de contrariedade não foram apresentadas.

É o relatório.

VOTO

I - CONHECIMENTO

Presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade,

conheço do agravo interno.

II - MÉRITO

Trata-se de agravo interno interposto contra a decisão

monocrática, mediante a qual foi negado seguimento ao agravo de instrumento, em

face dos seguintes fundamentos:

Trata-se de agravo de instrumento interposto em face de despacho


mediante o qual foi denegado seguimento ao recurso de revista.
Na minuta, a parte agravante pugna pela reforma do despacho de
admissibilidade.
O agravo de instrumento atende aos requisitos extrínsecos de
admissibilidade.
É o relatório.
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Decido.
O recurso de revista foi obstado sob os seguintes fundamentos:

“PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso (decisão publicada em 01/06/2021; recurso
apresentado em 14/06/2021). Registro que não houve funcionamento desta
Justiça do Trabalho em 03/06/2021 - feriado de Corpus Christi - conforme a
Resolução Administrativa nº 86, de 08 de outubro de 2020 do TRT da 3ª
Região.
Regular a representação processual, ID. 3221a75.
Satisfeito o preparo (ID. 005c21d), isento do depósito recursal, nos
termos do §10 do artigo 899 da CLT.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
TRANSCENDÊNCIA
Nos termos do artigo 896-A, § 6º da CLT, cabe ao Tribunal Superior do
Trabalho analisar se a causa oferece transcendência em relação aos reflexos
gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / ATOS PROCESSUAIS /
NULIDADE / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
Não há nulidade por negativa de prestação jurisdicional (Súmula 459 do
TST). A Turma valorou livremente a prova, atenta aos fatos e circunstâncias da
lide, apreciando todas as questões que lhe foram submetidas,
fundamentando-as conforme exige a lei (artigos 131 do CPC c/c 832 da CLT),
não havendo as violações sustentadas no recurso.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR / INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL / ACIDENTE DE TRABALHO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR / INDENIZAÇÃO POR
DANO MATERIAL / ACIDENTE DE TRABALHO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR / INDENIZAÇÃO POR
DANO ESTÉTICO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR / INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL / VALOR ARBITRADO.
Examinados os fundamentos do acórdão, constato que o recurso, em
seus temas e desdobramentos, não demonstra divergência jurisprudencial
válida e específica, nem contrariedade com Súmula de jurisprudência
uniforme do TST ou Súmula Vinculante do STF, tampouco violação literal e
direta de qualquer dispositivo de lei federal e/ou da Constituição da
República, como exigem as alíneas "a" e "c" do art. 896 da CLT.
Inviável o seguimento do recurso, diante da conclusão da Turma no
sentido de que:
RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DO TRABALHO - INDENIZAÇÃO
POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS. O art. 7º, XXVIII, da Constituição
Federal garante, como direito fundamental dos trabalhadores, seguro contra
acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a

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que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. Nesse cenário, e
na forma do art. 157 da CLT, ao celebrar o contrato, o empregador se obriga a
cumprir e a fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho,
sob pena de responsabilizar-se pelos danos decorrentes da inobservância
desse dever legal. No caso, restou comprovado o nexo de causalidade entre o
acidente de trabalho sofrido pelo autor, do qual resultou a amputação
traumática de 4 dedos da mão direita, e as atividades desenvolvidas na
função de mecânico de manutenção, restando demonstrada, ainda, a culpa da
reclamada na ocorrência do infortúnio. Assim, o deferimento de indenização
por danos morais, estéticos e, ainda, danos materiais a título de lucros
cessantes é mero consectário legal, com amparo nos arts. 186, 927 e 950 do
Código Civil.
Observa-se que o entendimento manifestado pela Turma está
assentado no substrato fático-probatório existente nos autos. Para se concluir
de forma diversa seria necessário revolver fatos e provas, propósito
insuscetível de ser alcançado nesta fase processual, à luz da Súmula nº 126 do
TST. As assertivas recursais no sentido de que o reclamante não seguiu as
determinações de segurança não encontram respaldo na moldura fática
retratada na decisão recorrida, o que afasta a tese de violação aos preceitos
da legislação federal e de divergência jurisprudencial.
Não há falar em violações aos incisos LIV e LV do art. 5º da CR,
porquanto os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla
defesa foram assegurados à recorrente, que vem se utilizando dos meios e
recursos hábeis para discutir a questão.
Não se constata possível ofensa aos dispositivos constitucionais
apontados pela parte recorrente. Violação, se houvesse, seria meramente
reflexa, o que é insuficiente para autorizar o seguimento do recurso de
revista, de acordo com as reiteradas decisões da SBDI-I do TST (AIRR -
1000615-14.2015.5.02.0471, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data
de Julgamento: 25/10/2017, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 27/10/2017,
AIRR - 55641-78.2004.5.09.0091, julgado em 24.2.2010, Relatora Ministra
Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, DEJT de 5.3.2010; RR -
17800-25.2006.5.02.0301, julgado em 14.10.2009, Relatora Ministra Rosa
Maria Weber, 3ª Turma, DEJT de 13.11.2009).
Os arestos trazidos à colação, provenientes de Turmas do TST, deste
Tribunal ou de órgãos não mencionados na alínea "a" do art. 896 da CLT, não
se prestam ao confronto de teses.
A respeito do quantum arbitrado a título de indenização por dano
moral e estético, o TST tem entendido que não é possível rever, em sede
extraordinária, os valores fixados nas instâncias ordinárias, exceto nos casos
em que o valor seja ínfimo ou excessivamente elevado, a exemplo dos
seguintes julgados, dentre vários: AgR-E-ED-ARR-1467-31.2010.5.10.0011,
Relator: Ministro José Roberto Freire Pimenta, SBDI-I, DEJT: 11/10/2019;
AgR-E-ED-RR-1467-06.2010.5.09.0093, Relator: Ministro Breno Medeiros,

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SBDI-I, DEJT: 07/12/2018; Ag-E-ED-RR-687900-33.2008.5.12.0001, Relator:


Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, SBDI-I, DEJT: 17/08/2018, de
forma a atrair a incidência do §7º do art. 896 da CLT e da Súmula 333 do TST.
Em relação à configuração de bis in idem no pagamento da indenização
por dano moral, estético, material / pensionamento, o recurso de revista não
pode ser admitido, uma vez que não atende ao disposto no inciso I do § 1º-A
da alínea "a" do art. 896 da CLT (incluído pela Lei n.º 13.015 de 2014), no
sentido de ser ônus da parte, sob pena de não conhecimento do recurso, a
indicação do trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia objeto do apelo.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.”

No agravo de instrumento interposto, é alegada a viabilidade do recurso


de revista ao argumento de que atendeu aos requisitos do artigo 896, alíneas
‘a’ e ‘c’, da CLT.
Sem razão.
Do exame detido das matérias em debate no recurso da parte, em
cotejo com os fundamentos do despacho agravado, observa-se que as
alegações expostas não logram êxito em demonstrar o desacerto do
despacho de admissibilidade, considerando, sobretudo, os termos da decisão
proferida pelo Regional, a evidenciar a correta aplicação de entendimento
pacificado nesta Corte.
Mantém-se, portanto, o despacho negativo de admissibilidade, cujos
fundamentos passam a fazer parte integrante das motivações desta decisão.
Ressalto que a adoção dos fundamentos que compõem a decisão
recorrida (técnica de decisão per relationem) não afronta o disposto no art.
93, IX, da Constituição Federal.
Aliás, o Supremo Tribunal Federal já se pronunciou a respeito da
matéria em comento, em precedente de repercussão geral do Tema 339 do
ementário temático daquele Tribunal (QO-AI nº 791292-PE, Rel. Min. Gilmar
Mendes, Plenário, Julgado em 23/06/2010).
Por outro lado, é cediço que este entendimento é aplicável
indistintamente em feitos provenientes de recursos interportos antes ou
depois da entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015, já que os
Ministros daquela Corte decidiram que a adoção da motivação per relationem
não configura, por si só, a negativa de prestação jurisdicional ou a inexistência
de motivação da decisão, devendo ser analisados se os fundamentos
lançados são suficientes para justificar as conclusões (ARE nº 1.024.997 Rel.
Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe-101 DIVULG 15-05-2017 PUBLIC
16-05-2017), o que ocorre na hipótese.
Deve ser acrescido, ainda, que as matérias debatidas já estão
pacificadas no âmbito desta Corte, além do que o recurso foi obstado com
fundamento na Súmula nº 126 do TST, de natureza processual.

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Acrescento que o recurso foi obstado com fundamento artigo 896,


§1º-A, I, da CLT, de natureza processual, em relação à configuração de bis in
idem no pagamento da indenização por dano moral, estético, material /
pensionamento, observa-se que a minuta recursal, em todos os seus termos e
desdobramentos, não indica o trecho específico que prequestiona a matéria
objeto da irresignação, o que impõe a manutenção da negativa de seguimento
recursal.
Assim, a existência de obstáculo processual inarredável e que inviabiliza
o exame do mérito recursal, como no caso, prejudica também o exame da
transcendência da causa, sob qualquer perspectiva de análise (transcendência
jurídica, política, econômica ou social).
Ante o exposto, e amparado no artigo 932, III e IV, do CPC
(correspondente ao art. 557, caput, do CPC/1973), nego provimento ao agravo
de instrumento.

No agravo interno interposto, afirma-se que as razões

articuladas no agravo de instrumento lograram êxito em afastar o óbice da Súmula nº

126 do TST e que teriam demonstrado violação ao art. 7º, XXVIII, da Constituição

Federal, visto que não houve culpa ou dolo da agravante no infortúnio, o qual teria

ocorrido por culpa exclusiva da vítima.

Ao exame.

O Regional, ao apreciar o recurso ordinário, assim decidiu:

3 - ACIDENTE DO TRABALHO - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E


ESTÉTICOS - CULPA EXCLUSIVA
[...]
Com efeito, determinada a produção de prova técnica, o perito
engenheiro de segurança do trabalho (laudo de ID b460989), após a realização
de inspeção no local de prestação dos serviços, apurou que a atividade
principal da reclamada é a fabricação de embalagens metálicas de papel
alumínio, bem assim que as atribuições habituais do reclamante consistiam
na manutenção preventiva, corretiva e reforma de equipamentos, além de
ajustes e regulagens gerais.
Ao avaliar a dinâmica do acidente do trabalho, o perito pontuou:

O reclamante se acidentou no dia 29/11/2015, quando realizava


manutenção corretiva na prensa PM 15. Durante o funcionamento rotineiro
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da empresa, o reclamante observou que a prensa PM 15 havia parado e foi


verificar o ocorrido. Ao verificar o equipamento, o reclamante exerceu todos
os procedimentos de segurança pré-estabelecidos ao qual fora treinado:
bloqueio de segurança, abriu as portas laterais e posicionou o calço de
segurança. Posteriormente, o Reclamante constatou que havia retalhos de
papel laminado atrapalhando o bom funcionamento da prensa e se
direcionou ao lado esquerdo do equipamento para fazer a retirada da matriz
de estampagem. Neste momento, o auxiliar de manutenção mecânica, Sr.
Carlos Oberto, observou que a prensa PM 15 estava parada e se direcionou
pelo lado direito até o equipamento, sem se atentar que o reclamante Sr. José
Maria estava retirando retalhos de papel laminado com a mão direita. Então,
o Sr. Carlos Oberto desativou o botão de emergência, fechou as portas
laterais e retirou o calço de segurança da posição de travamento; neste
momento a prensa foi ativada, desceu a matriz de estampagem que esmagou
a mão direita do Sr. José Maria provocando a amputação de 04 (quatro
dedos)- p. 11 do laudo, grifos acrescentados.

Para ilustrar as suas apurações, o perito oficial anexou ao laudo as


fotografias de p. 12/14. E, embora tenha afirmado que o reclamante era
habilitado e treinado para a realização da atividade de manutenção, ao tratar
das não conformidades do equipamento, asseverou que:

A prensa PM 15 onde o reclamante se acidentou não atendia


plenamente os itens 12.38 e 12.38.1., uma vez que o responsável pela
manutenção conseguia acessar com os membros superiores a zona de perigo
do equipamento, mesmo com ele em funcionamento. 12.55.1. Quando a
máquina não possuir a documentação técnica exigida, o seu proprietário deve
constitui-la, sob a responsabilidade de profissional legalmente habilitado e
com a respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica do Conselho Regional
de Engenharia e Arquitetura - ART/ CREA. A Prensa onde o reclamante se
acidentou foi construída pela própria empresa, a ART foi solicitada e o
representante ficou de enviá-la junto com a documentação técnica, porém
como a cópia de e-mail no Anexo E, a empresa não conta com ART do
equipamento apenas pequeno manual que segue no Anexo F - p. 16 do laudo,
destaquei.

E acrescentou:

Como pode ser observado na foto abaixo, o equipamento que o


reclamante se acidentou não cumpria todos os requisitos de distância de
segurança exigidos pela norma, permitindo que ele acessasse a zona de
perigo com os membros superiores (mãos e até parte do antebraço), mesmo
com o equipamento em funcionamento;
(...)

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No entendimento técnico deste perito, foram fatores determinantes


para o acidente: - A falta de atenção do colaborador Carlos Oberto, que não
verificou a luz de emergência indicando que o equipamento estava em
manutenção pelo reclamante, Sr. José Maria; - A existência de abertura
permitindo acesso a zona de perigo da prensa PM 15 em desconformidade
com o Anexo I da Norma Regulamentadora NR12 da Portaria Nº 3.214/78 - p.
18/19 do laudo, destaquei.
Ao final, o expert reiterou:
Com base na inspeção realizada, análise de documentos, as
informações prestadas pelas partes e tendo como base a legislação vigente -
Norma Regulamentadora 12 "Segurança do trabalho em máquinas e
equipamentos", da Portaria Nº 3.214/78 de 08 de Junho de 1978 do Ministério
do Trabalho, pode-se definir como fatores determinantes para a ocorrência
do acidente: A falta de atenção do colaborador Carlos Oberto, que não
verificou a luz de emergência indicando que o equipamento estava em
manutenção pelo reclamante Sr. José Maria, e a existência de abertura
permitindo acesso a zona de perigo da prensa PM 15 em desconformidade
com o Anexo I da Norma Regulamentadora NR12 da Portaria Nº 3.214/78 - p.
28 do laudo.

À vista da conclusão pericial, cai por terra a tese recursal de que o


acidente somente ocorreu porque o reclamante não seguiu as determinações
de segurança para a manutenção do equipamento. Ao contrário, o perito foi
categórico ao afirmar que o autor havia observado todos os procedimentos
estabelecidos para operação da máquina, quais sejam, bloqueio de
segurança, abertura das portas laterais e posicionamento do calço de
segurança.
Também ficou claro na conclusão pericial que, além do equipamento
não estar em conformidade com o que prevê a NR-12 - a distância de
segurança não estava em consonância com a exigência da norma, deixando
uma abertura que possibilitava o acesso do mecânico à zona de perigo com
os membros superiores, mesmo com a máquina em funcionamento -, o
colaborador Carlos não verificou a luz de emergência indicando que o
equipamento estava em manutenção. Esses foram os fatores determinantes
para a ocorrência do infortúnio.
A conclusão pericial é clara e objetiva e está amparada nas verificações
minuciosas procedidas pelo perito engenheiro durante a realização da
diligência. Por isso que eventuais declarações em sentido contrário, prestadas
pela testemunha ouvida a pedido da recorrente - "o reclamante não colocou o
calço de segurança e nem apertou o botão de emergência; que se o
reclamante tivesse colocado o calço de segurança o acidente não teria
ocorrido", ata de ID 3fd881a - não alteram a conclusão aqui adotada,
porquanto não têm o condão de desconstituir a prova técnica produzida. Pelo

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mesmo fundamento, não cabe falar que o juízo a quo desprezou o


depoimento prestado pela testemunha.
É dizer: ainda que se constatasse que o autor não utilizou o calço de
segurança, como insiste a reclamada, a prova pericial não deixa margem para
dúvida de que o equipamento em manutenção não estava em conformidade
com o que prevê a NR-12, que regulamenta a segurança do trabalho em
máquinas e equipamentos, em razão da existência de abertura que permitia
ao trabalhador acessar a zona de perigo com a mão e parte do antebraço,
como se vê da fotografia de p. 19 do laudo pericial (ID b460989). Essa
circunstância isolada já seria suficiente para atrair a responsabilidade da
reclamada pela ocorrência do acidente, na forma do art. 157, I, da CLT, e,
longe de caracterizar culpa exclusiva da vítima, assemelha-se mais a uma
verdadeira tragédia anunciada, capaz de ensejar a aplicação dos arts. 927,
parágrafo único, e 932, III, do CPC.
Observe-se, ainda, que, ao responder aos quesitos formulados pelas
partes, o perito esclareceu que o mecânico que desarmou o botão de
emergência, no caso, o Sr. Carlos, não observou as normas de segurança
estabelecidas pela empresa. E, ainda que tenha respondido, no quesito
seguinte, que os procedimentos estabelecidos pela reclamada para
manutenção do equipamento eram eficazes para evitar acidentes, essa
afirmação não pode ser considerada de forma isolada no contexto probatório
- como pretende a recorrente - sobretudo diante do que já havia sido
constatado acerca da desconformidade da máquina às exigências da NR-12
(ID b460989, p. 22/23).
Compreendida a dinâmica do acidente, na forma relatada pelo perito,
também o fato de o reclamante ser um mecânico experiente e ter recebido
diversos treinamentos específicos para a manutenção de máquinas (ID
1c11e01, p. 11/12) não altera o deslinde da questão, sendo certo que as
conclusões emitidas pela CIPA, nos termos em que transcritas pela recorrente
nas razões recusais, estão baseadas em meros "relatos", sem qualquer
apuração específica do ocorrido (ID 1c11e01, p. 09), como aquela que se
verificou na diligência pericial.
A par dessas considerações, relacionadas às circunstâncias em que
ocorreu o acidente de trabalho, e tendo em vista que o perito médico (laudo
de ID 772122f) apurou o nexo de causalidade entre as atividades
desempenhadas pelo reclamante e a amputação traumática de dedos de sua
mão direita - o que resultou em incapacidade parcial e permanente (p. 09 do
laudo) - nenhum reparo merece a r. sentença que deferiu o pagamento de
indenização por danos morais e estéticos (ID 60300b9, p. 13). A propósito,
como bem salientado pelo julgador de origem, cujas razões de decidir peço
vênia para transcrever:

No caso, verifica-se a conduta culposa da empresa, por intermédio de


seu empregado, que, por imprudência, ligou a máquina que o obreiro estava

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operando e que, por conta disso, provocou o acidente. Caso o funcionário não
tivesse ligado a máquina, o obreiro não teria sofrido o infortúnio. Além disso,
o perito - engenheiro em segurança do trabalho, cabe frisar - é claro em
apontar a existência de abertura em zona de perigo, na máquina em que
ocorreu o acidente obreiro, EM DESCONFORMIDADE COM O ANEXO I DA
NORMA REGULAMENTADORA NR12 DA PORTARIA Nº 3.214/78. Inclusive, à f.
300 do laudo, colaciona foto da máquina em comento com a referida
abertura. É cediço que compete ao empregador orientar seus funcionários na
correta e adequada execução de suas tarefas laborativas, inclusive no
funcionamento com segurança de máquinas e equipamentos, além de
fiscalizar o cumprimento das normas de segurança, garantindo a integridade
dos empregados. Por conseguinte, a culpa da reclamada diante de toda essa
situação é patente, pois, a teor do art. 932, caput e inciso III, do CCB, o
empregador responde pelos autos praticados por seus empregados "no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele". Sendo tal situação
o caso dos autos, eis que o acidente sofrido pelo demandante decorreu de
conduta imprudente de seu colega de trabalho. Ademais, permitiu que o
obreiro manuseasse máquina que estava em desconformidade com a norma
regulamentadora NR 12 da portaria nº 3.214/78, conforme bem ressaltou a
perícia. Encontram-se, portanto, presentes todos os requisitos necessários
para que surja o dever de indenizar: a ação ou omissão do agente, o nexo de
causalidade entre o trabalho e o dano e, como visto, a culpa da empregadora.
Presentes os requisitos do dano indenizável, cabe fixar o valor da indenização
- ID 60300b9, p. 05/06, grifos acrescentados.

[...]

Registro, por fim, que à luz da fundamentação expendida nesta decisão,


não cabe falar em culpa concorrente, na forma do art. 945 do Código Civil,
como requer a recorrente.
Por todo o exposto, comprovado nos autos, a partir da prova pericial, o
nexo de causalidade entre as atividades desempenhadas pelo autor como
mecânico e o acidente de trabalho que provocou a amputação traumática dos
dedos, bem assim a responsabilidade exclusiva da reclamada pela ocorrência
do infortúnio, nego provimento ao recurso, cabendo destacar que a adoção
desse entendimento está em total consonância com o art. 7º, XXVIII, da CF/88
e com os arts. 186 e 927 do Código Civil.

Registre-se, de início, que a motivação por adoção dos

fundamentos da decisão recorrida não se traduz em omissão no julgado ou na negativa

de prestação jurisdicional.

Firmado por assinatura digital em 01/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.11

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A42035541DE54B.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-11907-80.2017.5.03.0029

No tema devolvido no agravo interno, constata-se que,

efetivamente, não foram afastados os fundamentos adotados na decisão agravada, no

sentido de que incide o óbice da Súmula nº 126 do TST à pretensão recursal deduzida

no recurso de revista, pois o Regional foi categórico ao registrar premissa fática no

sentido:
[...] restou comprovado nos autos, a partir da prova pericial, o nexo de
causalidade entre as atividades desempenhadas pelo autor como mecânico e
o acidente de trabalho que provocou a amputação traumática dos dedos,
bem assim a responsabilidade exclusiva da reclamada pela ocorrência do
infortúnio.

Assentando que o autor observou todos os procedimentos

estabelecidos para operação da máquina, quais sejam, bloqueio de segurança, abertura

das portas laterais e posicionamento do calço de segurança. Pontuou, ainda, que além

do equipamento não estar em conformidade com o que prevê a NR-12, o colaborador

Carlos não verificou a luz de emergência indicando que o equipamento estava em

manutenção e desarmou o botão de emergência, sendo esses os fatores determinantes

para a ocorrência do infortúnio.

Por tais fundamentos, não sendo elidido o óbice da Súmula nº

126 do TST, deve ser confirmada a decisão monocrática agravada.

Constatado o caráter manifestamente protelatório do agravo

interno, impõe-se aplicar a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC, no percentual de

2% sobre o valor atualizado da causa.

Nego provimento, com imposição de multa.

ISTO POSTO

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Tribunal Superior do Trabalho fls.12

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ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno e, ante a sua
manifesta inadmissibilidade, aplicar multa de 2%, nos termos do § 4° do art. 1.021 do
CPC.
Brasília, 27 de março de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


JOSÉ PEDRO DE CAMARGO RODRIGUES DE SOUZA
Desembargador Convocado Relator

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