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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-RRAg-1000926-39.2018.5.02.0264

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A5AF7EB8A0601A.
ACÓRDÃO
(4ª Turma)
GMALR/acmv

AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA COM


AGRAVO INTERPOSTO PELA RECLAMADA.
ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.

1. MEMBRO DA CIPA. ESTABILDIADE


PROVISÓRIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST.
2. MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
CONSIDERADOS PROTELATÓRIOS. ÓBICE DO
ART. 896, C, DA CLT. DECISÃO
MONOCRÁTICA DO RELATOR QUE DENEGA
SEGUIMENTO AO AGRAVO DE
INSTRUMENTO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DO
DESACERTO DA DECISÃO DENEGATÓRIA.
AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA.
CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO.
I. Fundamentos da decisão agravada não
desconstituídos, mantendo-se a
intranscendência, por não atender aos
parâmetros legais (político, jurídico, social e
econômico). II. Agravo de que se conhece e a
que se nega provimento, com aplicação da
multa de 1% sobre o valor da causa
atualizado, em favor da parte Agravada ex
adversa, com fundamento no art. 1.021, § 4º,
do CPC/2015.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Recurso


de Revista com Agravo n° TST-Ag-RRAg-1000926-39.2018.5.02.0264, em que é
Agravante BRABEB - BRASIL BEBIDAS EIRELI E OUTROS e são Agravados WELLINGTON
SABINO DA SILVA e ECOSERV PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MÃO DE OBRA LTDA..

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Por decisão monocrática, na forma do art. 932, III, e IV, “a”, do


CPC/2015, negou-se provimento ao agravo de instrumento interposto pela parte ora
Agravante.
A Reclamada interpõe recurso de agravo, em que pleiteia, em
síntese, a reforma da decisão agravada (sequenciais eletrônicos 18).
Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do Trabalho.
Mediante petição referente ao documento do sequencial
eletrônico nº 13 (Pet - 711741/2023-5), as partes BRABEB - BRASIL BEBIDAS EIRELI;
EMPARE - EMPRESA PAULISTA DE REFRIGERANTES LTDA.; DETTAL-PART PARTICIPACOES,
IMPORTACAO, EXPORTACAO, INDUSTRIA E COMERCIO LTDA (TODAS EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL) solicitam a habilitação da advogada Juliana de Queiroz Guimarães, OAB/SP nº
147.816 e que todas as publicações e intimações sejam endereçadas exclusivamente em
seu nome.
É o relatório.

VOTO

1. CONHECIMENTO
Considerando o julgamento, em sessão do dia 06/11/2020, da
ArgInc-1000845-52.2016.5.02.0461 pelo Pleno desta Corte Superior, em que se
declarou a inconstitucionalidade do art. 896-A, § 5º, da CLT , e, ainda, atendidos os
pressupostos legais de admissibilidade do presente agravo, dele conheço .

2. MÉRITO
A decisão ora agravada está assim fundamentada, na fração de
interesse:
“A Autoridade Regional deu parcial seguimento ao recurso do
Reclamante, nos seguintes termos:
‘PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tramitação na forma da Lei n.º 13.467/2017.
Tempestivo o recurso (decisão publicada no DEJT em
10/12/2019 - Aba de Movimentações; recurso apresentado em
16/01/2020 - id. 6f92d88).
Regular a representação processual, id. 0524821, 6e41c9d e
edb0278.
Satisfeito o preparo (id(s). e4cfede, 63f2381 e f6c9f46).
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PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /
Penalidades Processuais.
Alegação(ões):
O inconformismo da recorrente versa sobre a multa por
embargos protelatórios.
Consta do v. Acórdão:
2. Mérito:
Os presentes embargos de declaração foram opostos com
base no § 1º do art. 897-A da CLT e art. 1.022 do CPC, requerendo
o prequestionamento da matéria.
No presente caso os embargantes pretendem o simples
reexame da matéria. Insistem que por estarem em processo de
recuperação judicial poderiam dispensar empregado membro da
CIPA.
A decisão embargada examinou de forma detida a condição
das embargantes de empresas em processo de recuperação
judicial e explicou que não houve cessação da atividade
econômica. Também foi consignado que uma vez mantida a
atividade econômica, faz-se necessária a manutenção da CIPA, o
que significa dizer que o empregado membro da CIPA deve ser
mantido nos quadros funcionais. Por fim, o julgado registrou que
o motivo de índole econômico apto a autorizar a dispensa de
membro da CIPA deve ser robustamente comprovado nos autos.
A sujeição da empresa a processo de recuperação judicial, por si
só, não é suficiente, especialmente se remanesce a atividade
produtiva. Cabe à empresa demonstrar que adotou medidas para
sanar a dificuldade econômica e que a dispensa do cipeiro
tornou-se inevitável, inclusive com a cessação da atividade
econômica. A referida decisão foi apoiada em julgado do C.TST.
Fica evidente o intuito protelatório destes embargos na
medida em que os embargantes inovaram nestes embargos de
declaração ao alegar que o reclamante não teria comprovado a
sua eleição para a CIPA. Esse fundamento não havia sido invocado
nas contestações (fls. 61/69 e 83/92).
O julgado examinou detidamente cada uma das provas
produzidas tendo declinado as razões de seu convencimento.
A iniciativa dos embargantes tem nítido propósito
protelatório. Essa iniciativa está divorciada do escopo da lei que
confere a esse recurso finalidade integrativa.
Há uma tendência que se verifica no mundo jurídico de
banalização desse remédio salutar, atribuindo-lhe finalidade de
mero reexame dos fundamentos fáticos ou da tese jurídica
adotada. Como todo remédio jurídico seu emprego em

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desconformidade com fórmula legal pode levar à capitulação do


esforço de se imprimir celeridade na entrega da prestação
jurisdicional.
Cumpre observar que os embargantes pretendem
postergar o término desta demanda cujo resultado lhes foi
desfavorável, o que revela o caráter nitidamente protelatório
destes embargos de declaração.
Registre-se que a conduta dos embargantes não prejudica
apenas a ré mas todos os demais jurisdicionados que aguardam
ansiosamente a apreciação de suas lides. A provocação do Poder
Judiciário sem necessidade real e legítima consome o tempo e os
recursos públicos, os quais devem ser racionalizados para o
cumprimento da missão prevista no inciso LXXVIII do art. 5º da CF.
Assim, diante da reprovável conduta dos embargantes que
opõem embargos de declaração protelatórios, convém lhes
aplicar a pedagógica sanção prevista no § 2º do art. 1.026 do CPC.
A medida adotada faz-se necessária também e razão do
princípio da celeridade alçado à condição de garantia
constitucional (inciso LXXVIII do art. 5º da CF), o qual se dirige não
só ao Poder Judiciário, mas também às próprias partes e seus
advogados.
Conquanto as matérias indicadas nos embargos não
configurem, de fato, omissão da sentença a serem saneadas, as
alegações são razoáveis e estão juridicamente fundamentadas,
motivo pelo qual admito o Recurso de Revista por possível
violação ao art. 5, LV, da CF. Por fim, destaco que, para aplicação
da multa, não é suficiente o fato culposo, sem o componente de
vontade ou erro capital que se possa considerar inescusável.
RECEBO o recurso de revista.
Rescisão do Contrato de Trabalho / Reintegração /
Readmissão ou Indenização / Membro de Cipa.
Do que se observa, o v. Acórdão entendeu que não é
admissível dentre as opções de dispensa de trabalhadores, a
empresa optar pelo trabalhador membro da CIPA por ter garantia
provisória de emprego.
Assim, inespecífico o aresto colacionado com vistas a
corroborar o dissídio de teses, pois não há correlação entre o
caso julgado no acórdão paradigma e a presente demanda.
Registre-se que, nos termos da Súmula 296, I, da Corte Superior, a
divergência jurisprudencial deve revelar a existência de teses
diversas na interpretação do mesmo dispositivo legal, embora
idênticos os fatos que as ensejaram, o que não se verifica na
hipótese vertente.

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Consignado no v. acórdão que o motivo de índole


econômico e financeiro que autoriza a dispensa do membro da
CIPA deve ser robustamente comprovado nos autos, não se
vislumbra ofensa aos dispositivos legais e constitucionais
apontados, da maneira exigida pelo art. 896, "c", da CLT.
DENEGO seguimento.
CONCLUSÃO
RECEBO o recurso de revista em relação ao tema "DIREITO
PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Penalidades Processuais" e
DENEGO seguimento quanto aos demais’.

No que diz respeito ao agravo de instrumento interposto, a parte ora


Agravante insiste no processamento do recurso de revista, sob o argumento,
em suma, de que o apelo atende integralmente aos pressupostos legais de
admissibilidade.
Quanto ao tema “MEMBRO DA CIPA. ESTABILDIADE PROVISÓRIA”, o
recurso de revista não alcança conhecimento, não tendo, a recorrente,
demonstrado, em seu arrazoado, o desacerto da decisão denegatória.
Assim sendo, adoto, como razões de decidir, os fundamentos
constantes da decisão agravada, a fim de reconhecer como manifestamente
inadmissível o recurso de revista e, em consequência, confirmar a decisão ora
recorrida.
Acrescente-se que em decorrência da garantia prevista no artigo 10,
inciso II, alínea "a", do ADCT, na hipótese de dispensa do empregado
integrante da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, o empregador fica
obrigado a comprovar a existência de motivo disciplinar, técnico, econômico
ou financeiro, a fim de não caracterizar dispensa arbitrária, conforme
consagrado no artigo 165 da CLT. A jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho, consubstanciada no item II da Súmula n° 339 do TST, pacificou
entendimento de que não se caracteriza a dispensa arbitrária do empregado
cipeiro nos casos em que há a extinção do estabelecimento. Ocorre que, no
caso dos autos, de acordo com o acordão regional, “as reclamadas não
comprovaram que a dificuldade de ordem econômica seja suficiente para
desativar a CIPA. Não há notícia nesses autos de que as reclamadas tenham
cessado sua atividade econômica” (fl. 217 do sequencial eletrônico 03,
destaques acrescidos).
Nesse sentido, destaca-se precedente da SbDI-1 desta Corte:
"RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA
REGIDO PELA LEI Nº
11.496/2007. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DE
CIPA. DISPENSA. COMPROVAÇÃO DE DIFICULDADES ECONÔMICA
E FINANCEIRA. A estabilidade do empregado eleito para ocupar
cargo da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA,
prevista no artigo 10, II, "a", do ADCT, tem por escopo a proteção
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não do trabalhador que a detém, mas de toda a comunidade de


empregados da empresa, pois visa a garantir a liberdade no
exercício das prerrogativas do membro da Comissão, na
fiscalização do cumprimento das normas de saúde e segurança
do trabalho, as quais possuem proteção constitucional (artigo 7º,
XXII, da Constituição Federal). Se a empresa continua a existir, o
fato de estar passando por dificuldades financeiras, inclusive em
recuperação judicial, não é motivo suficiente para despedir
justamente o empregado membro da CIPA, porquanto
possui estabilidade constitucionalmente assegurada, além de que
há obrigatoriedade da existência da Comissão e de treinamento
dos seus membros, o que implicaria designação de outro
empregado e de novo treinamento, para atender aos ditames da
lei. Saliente-se que, no presente caso, nem ao menos houve
menção quanto ao número de empregados existentes e
dispensados ou se demonstrou que a dispensa do empregado
estável não foi arbitrária. Acrescente-se, ainda, que a
jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que apenas
em casos de extinção do estabelecimento é admitida
a dispensa do cipeiro, por não mais subsistirem as razões para a
existência da CIPA. Esse é o entendimento consubstanciado na
Súmula nº 339 desta Corte. Recurso de embargos de que se
conhece e a que se dá provimento."
(TST-E-RR-1159-40.2010.5.02.0262, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão,
DEJT 31/10/2017).

E de Turmas:
"GARANTIA DE EMPREGO. MEMBRO DA CIPA. EXTINÇÃO DO
CONTRATO DE TRABALHO. MOTIVO ECONÔMICO-FINANCEIRO
COMPROVADO. CONTINUIDADE DAS ATIVIDADES DA EMPRESA.
SÚMULA Nº 339, ITEM II, DO TST. INVALIDADE DA DISPENSA DO
EMPREGADO. Em decorrência da garantia prevista no artigo 10,
inciso II, alínea "a", do ADCT, na hipótese de dispensa do
empregado integrante da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes, o empregador fica obrigado a comprovar a existência
de motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro, a fim de
não caracterizar dispensa arbitrária, conforme consagrado no
artigo 165 da CLT. Por outro lado, a extinção do estabelecimento
ou o encerramento das atividades inviabilizam a própria ação
fiscalizatória do membro da CIPA, fatos que inegavelmente
podem autorizar sua dispensa sem justa causa. Ocorre que,
mesmo sendo incontroverso o abalo econômico-financeiro, se a
empresa continua a existir, tal fato não desautoriza, por si só, a
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garantia de emprego prevista no artigo 10, inciso II, alínea "a", do


ADCT. Na mesma compreensão, a jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho, consubstanciada no item II da Súmula n°
339 do TST, pacificou entendimento de que não se caracteriza
a dispensa arbitrária do empregado cipeiro nos casos em que há
a extinção do estabelecimento: "A estabilidade provisória do
cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as
atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser
quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, não
se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração
e indevida a indenização do período estabilitário". Observa-se que
esse verbete sumular não faz referência à perda
da estabilidade nas hipóteses de paralisação de alguns setores do
estabelecimento empresarial ou em qualquer outra situação de
manutenção das atividades da empresa. Aqui não cabe
interpretação extensiva, já que apenas a extinção do
estabelecimento faz cessar o fato gerador da garantia de
emprego. Por consequência, a manutenção das atividades da
empresa em face da permanência de trabalhadores, mesmo em
outras linhas de produção, justifica a continuidade de
desempenho, pelo empregado eleito para cargo de direção da
CIPA, das atribuições que lhe são conferidas. Frisa-se que
a estabilidade do membro da CIPA não guarda relação com a
função por ele exercida, mas se impõe pela necessidade de
garantia da segurança dos trabalhadores de todos os setores do
estabelecimento empresarial, de modo que, persistindo algum
setor, subsiste a necessidade de prevenção de acidentes e
doenças decorrentes do trabalho no local da prestação laboral.
Na hipótese, a Corte de origem registrou que foram dispensados
alguns empregados, entre eles o reclamante, para evitar
demissão em massa de trabalhadores. Ocorre que, mesmo
passando por dificuldades econômicas, não houve a extinção do
estabelecimento empresarial, tampouco o encerramento de suas
atividades e, por ser detentor da garantia de emprego, o
reclamante, eleito como titular representante dos empregados na
CIPA, deveria ser o último na lista de dispensa, sob pena de se
configurar ato de arbitrariedade do empregador. Recurso de
revista conhecido e provido" (TST-RR-1001237-63.2016.5.02.0502,
2ª Turma, Rel. Min. Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 18/10/2019).
"(...) MEMBRO DA CIPA. ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES
DA EMPRESA NÃO COMPROVADO. DISPENSA ARBITRÁRIA. O
Regional, ao concluir pela manutenção da sentença que
condenou a reclamada ao pagamento de indenização decorrente
do período em que o reclamante gozaria de garantia de emprego,

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registrou que não há prova do encerramento das atividades da


empresa. Nesse contexto, para se chegar à conclusão pretendida
pela agravante, de que não houve dispensa arbitrária, pois
decorrente do fechamento da empresa, necessário seria o
reexame do conjunto fático-probatório, o que impossibilita o
processamento da revista, ante o óbice da Súmula nº 126 desta
Corte Superior, a pretexto da alegada contrariedade à Súmula
339, II, do TST, bem como da divergência jurisprudencial
transcrita. Agravo regimental não provido."
(TST-AgR-AIRR-16-19.2016.5.05.0651, 5ª Turma, Rel. Min. Breno
Medeiros, DEJT 18/05/2018).
"(...) ESTABILIDADE. CIPEIRO. EXTINÇÃO DE UMA DAS
ATIVIDADES DA EMPRESA. A jurisprudência deste Tribunal,
consubstanciado no item II da Súmula n° 339 do TST, se firmou no
seguinte entendimento: A estabilidade provisória do cipeiro não
constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos
membros da CIPA, que somente tem razão de ser quando em
atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a
despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração e indevida a
indenização do período estabilitário. Observa-se que esse verbete
sumular não faz referência à perda da estabilidade na hipótese de
paralisação de alguns setores do estabelecimento empresarial,
haja vista que a manutenção das atividades da empresa em face
da permanência de trabalhadores em setores justifica a
continuidade de desempenho pelo empregado eleito para cargo
de direção da CIPA das atribuições que lhe são conferidas.
Frisa-se que a estabilidade do membro da CIPA não guarda
relação com a função por ele exercida, mas se impõe pela
necessidade de garantia da segurança dos trabalhadores de
todos os setores do estabelecimento empresarial, de modo que,
persistindo algum setor, em atividade na empresa, subsiste a
necessidade de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do
trabalho no local da prestação laboral. Na hipótese dos autos,
como o Regional consignou, expressamente, que não houve a
extinção do estabelecimento e sim apenas de uma de suas
atividades (fl. 1.079), não se aplica o entendimento previsto no
verbete sumular invocado pela reclamada. Além do mais, diante
da conclusão firmada na decisão recorrida, para se chegar à
conclusão diversa, como pretende a reclamada, seria necessário o
reexame do conjunto fático-probatório, procedimento que não se
compatibiliza com a natureza extraordinária do recurso de
revista, conforme os termos da Súmula nº 126 do Tribunal
Superior do Trabalho. Do mesmo modo, a divergência
jurisprudencial apresentada pela reclamada não ficou

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demonstrada, pois o único aresto válido colacionado pela parte é


inespecífico, nos termos da Súmula nº 296, item I, desta Corte,
porque trata da hipótese em que houve a extinção do
estabelecimento empresarial. Recurso de revista não conhecido."
(TST-RR-120200-30.2004.5.15.0074, 2ª Turma, Rel. Min. José
Roberto Freire Pimenta, DEJT 24/05/2013, grifou-se).

Logo, a decisão regional encontra-se de acordo com a jurisprudência


adotada pelo TST.
Ainda, conclusão diversa ensejaria o revolvimento do conjunto
fático-probatório dos autos, infenso de reexame nesse momento processual,
nos termos da Súmula 126 desta Corte.
Esclareço que a jurisprudência pacífica desta Corte Superior é no
sentido de que a confirmação integral da decisão recorrida por seus próprios
fundamentos não implica vício de fundamentação, nem desrespeito às
cláusulas do devido processo legal, do contraditório ou da ampla defesa,
como se observa dos ilustrativos julgados: Ag-AIRR-125-85.2014.5.20.0004,
Data de Julgamento: 19/04/2017, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, 1ª
Turma, DEJT 24/04/2017; AIRR-2017-12.2013.5.23.0091, Data de Julgamento:
16/03/2016, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, DEJT
18/03/2016; AgR-AIRR-78400-50.2010.5.17.0011, Data de Julgamento:
05/04/2017, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma,
DEJT 11/04/2017; Ag-AIRR-1903-02.2012.5.03.0112, Data de Julgamento:
28/02/2018, Relator Ministro Breno Medeiros, 5ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 09/03/2018; AIRR-1418-16.2012.5.02.0472, Data de Julgamento:
30/03/2016, Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 01/04/2016; Ag-AIRR-61600-46.2007.5.02.0050, Data de
Julgamento: 07/10/2015, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 16/10/2015; AgR-AIRR -
453-06.2016.5.12.0024, Data de Julgamento: 23/08/2017, Relatora Ministra
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
25/08/2017.
Na mesma linha é o seguinte e recente julgado da Quarta Turma do
Tribunal Superior do Trabalho:
“AGRAVO. CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE
MOTIVAÇÃO. PER RELATIONEM. NÃO PROVIMENTO. A adoção da
técnica de fundamentação per relationem atende à exigência de
motivação das decisões proferidas pelos órgãos do Poder
Judiciário, consoante a jurisprudência consolidada do Supremo
Tribunal Federal, trazida à colação na própria decisão agravada
(STF-ARE 657355- Min. Luiz Fux, DJe-022 de 01/02/2012). Assim,
não se vislumbra a nulidade apontada, pois a v. decisão
encontra-se devidamente motivada, tendo como fundamentos os
mesmos adotados pela Vice-Presidência do egrégio Tribunal
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Regional quando do exercício do juízo de admissibilidade a quo


do recurso de revista, que, por sua vez, cumpriu corretamente
com seu mister, à luz do artigo 896, § 1º, da CLT. Afasta-se,
portanto, a apontada afronta aos artigos 5º, LV, da Constituição
Federal e 489, § 1º, II, III e IV, do NCPC. Agravo a que se nega
provimento” (Ag-AIRR-148-67.2014.5.06.0021, Relator Ministro
Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento:
02/08/2018, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/08/2018).

Há de se destacar, ainda, que a jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal também é uniforme no sentido de que “a técnica da
fundamentação per relationem, na qual o magistrado se utiliza de trechos de
decisão anterior ou de parecer ministerial como razão de decidir, não
configura ofensa ao disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal” (RHC
130542 AgR/SC, Relator Ministro Roberto Barroso, Julgamento: 07/10/2016,
Órgão Julgador: Primeira Turma, DJe-228 de 26/10/2016).
Nesse sentido, se o recurso de revista não pode ser conhecido, há de se
concluir que não há tese hábil a ser fixada, com relação aos reflexos gerais de
natureza econômica, política, social ou jurídica e, portanto, a causa não
oferece transcendência (exegese dos arts. 896-A da CLT e 247 do RITST).
Ante o exposto, quanto ao tema “MEMBRO DA CIPA. ESTABILDIADE
PROVISÓRIA”, considero ausente a transcendência da causa e nego
seguimento ao agravo de instrumento.
No que diz respeito ao recurso de revista, admitido quanto ao tema
“MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS”, o recorrente
aponta violação dos arts. 5º, LV, da CF, 165 e 818 da CLT e 373, I, do CPC.
No aspecto, consta do acórdão regional :
“Alega o reclamante que faria jus à reintegração ao
emprego ou ao pagamento de indenização substitutiva. Afirma
que a condição da reclamada em recuperação judicial não teria o
condão de permitir a dispensa de membro eleito da CIPA. Salienta
que somente o encerramento das atividades no estabelecimento
autorizaria a dispensa de empregado membro da CIPA. Cita o
item II da Súmula nº 339 do C.TST.
O art. 165 da CLT c/c alínea "a" do inciso II do art. 10 do
ADCT ao assegurar a estabilidade ao cipeiro objetivou garantir-lhe
o exercício do mandato em benefício da categoria. Em outras
palavras a estabilidade provisória do empregado que exerce
mandato como dirigente da CIPA permite-lhe desemprenhar a
sua função de zelo e preservação do ambiente de trabalho sem
que com isso sofra pressões de seu empregador.
Conclui-se que o objetivo do legislador não foi proteger o
empregado individualmente considerado, mas sim a coletividade
de trabalhadores de um determinado estabelecimento.
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A jurisprudência trabalhista consolidou o entendimento


segundo o qual não subsiste a garantia provisória de emprego do
membro da CIPA se for encerrado o estabelecimento no qual o
cipeiro exercia a sua representação, conforme item II da Súmula
nº 339 do C.TST. Isso porque a extinção do estabelecimento faz
desaparecer a coletividade de trabalhadores alvo da proteção
legal. Se já não mais existe os beneficiários da proteção legal, não
há razão jurídica para assegurar o emprego do representante
daquela comunidade de trabalhadores.
Também não se ignora que o art. 165 da CLT autoriza a
dispensa do empregado membro da CIPA fundada em motivo
disciplinar, técnico, econômico e financeiro.
Em que pese o fato da 1ª, 3ª e 4ª reclamadas estarem
submetidas ao processo de recuperação judicial não se vislumbra
o alegado motivo econômico previsto no art. 165 da CLT.
Isso porque a sujeição da empresa ao processo de
recuperação judicial não implica na cessação da atividade
econômica. A manutenção das atividades da empresa ainda que
em escala menor faz subsistir a necessidade de prevenção de
acidentes no local de trabalho.
Com isso, justifica-se a permanência do empregado eleito
para o cargo de direção ou suplente da CIPA naquele
estabelecimento para que continue a exercer as atribuições que
lhe são cabíveis.
Se a empresa busca uma reestruturação face a crise
econômica que atravessa, é natural que reduza seus custos, o que
lamentavelmente pode significar dispensa de trabalhadores. O
que não se pode admitir é que dentre as opções de dispensa de
trabalhadores a empresa opte por dispensar justamente aquele
trabalhador membro da CIPA por ter garantia provisória de
emprego, mormente porque com a continuidade da atividade
produtiva persiste a imperativa necessidade de prevenção de
acidentes.
O motivo de índole econômico e financeiro que autoriza a
dispensa do membro da CIPA deve ser robustamente
comprovado nos autos. A sujeição da empresa a processo de
recuperação judicial, por si só, não é suficiente, especialmente se
remanesce a atividade produtiva. Cabe à empresa demonstrar
que adotou medidas para sanar a dificuldade econômica e que a
dispensa do cipeiro tornou-se inevitável, inclusive com a cessação
da atividade econômica.
Esse é o entendimento do C.TST: (...) No presente caso as
reclamadas não comprovaram que a dificuldade de ordem
econômica seja suficiente para desativar a CIPA.

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Não há notícia nesses autos de que as reclamadas tenham


cessado sua atividade econômica. Se as reclamadas permanecem
em atividade, remanesce a necessidade de prevenção de
acidentes. Assim, não há justo motivo para a dispensa de cipeiro.
Como já fluiu o período do mandato do reclamante na CIPA
(fl. 45) e se vislumbra o potencial termino do período de garantia
provisória de emprego previsto no inciso II do art. 10 do ADCT até
o trânsito em julgado desta decisão, converte-se a garantia
provisória em indenização substitutiva na forma do art. 496 da
CLT.
Assim, acresça-se à condenação o pagamento na forma de
indenização do valor dos salários, 13º salários, férias acrescidas
de um terço, FGTS e indenização de 40% referentes ao período de
sua dispensa até 01/04/2020, conforme art. 496 da CLT” (fls.
215/217 do sequencial eletrônico 03).

Opostos embargos de declaração, alegam que “o v. acórdão ora


embargado consignou em razões de fundamento que os fatos apresentados
nos autos não evidenciam a viabilização da dispensa do Embargado, sem que
ao menos, seja este último indenizado pelo período da estabilidade como
membro da CIPA, pois as Embargantes não provaram que cessaram a
atividade econômica, como também, não demonstraram a dificuldade
econômica. No entanto, a v. decisão merece complemento, à luz da súmula
339, do C. TST e c/c artigo 165 da CLT, bem como aos artigos 373, I do CPC e
818 da CLT, já que as Embargantes são Recuperandas e, nitidamente
passaram e ainda, passam por dificuldades financeiras e econômicas (...).
Noutro diapasão, é importante salientar que o v. acórdão deixou de observar
que o Embargado apenas traz como prova da sua suposta estabilidade como
membro da CIPA, uma ficha de inscrição e NÃO A SUA ELEIÇÃO. A mera e
simples inscrição como membro da CIPA não dá direito ao obreiro, a
estabilidade, assim, estaria o v. acórdão violando os artigos 373, I do CPC e
818 da CLT” (fls. 263/264 do sequencial eletrônico 03).
Consta do acórdão relativo aos embargos opostos:
“No presente caso os embargantes pretendem o simples
reexame da matéria. Insistem que por estarem em processo de
recuperação judicial poderiam dispensar empregado membro da
CIPA.
A decisão embargada examinou de forma detida a condição
das embargantes de empresas em processo de recuperação
judicial e explicou que não houve cessação da atividade
econômica. Também foi consignado que uma vez mantida a
atividade econômica, faz-se necessária a manutenção da CIPA, o
que significa dizer que o empregado membro da CIPA deve ser

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mantido nos quadros funcionais. Por fim, o julgado registrou que


o motivo de índole econômico apto a autorizar a dispensa de
membro da CIPA deve ser robustamente comprovado nos autos.
A sujeição da empresa a processo de recuperação judicial, por si
só, não é suficiente, especialmente se remanesce a atividade
produtiva. Cabe à empresa demonstrar que adotou medidas para
sanar a dificuldade econômica e que a dispensa do cipeiro
tornou-se inevitável, inclusive com a cessação da atividade
econômica. A referida decisão foi apoiada em julgado do C.TST.
Fica evidente o intuito protelatório destes embargos na
medida em que os embargantes inovaram nestes embargos de
declaração ao alegar que o reclamante não teria comprovado a
sua eleição para a CIPA. Esse fundamento não havia sido invocado
nas contestações (fls. 61/69 e 83/92). O julgado examinou
detidamente cada uma das provas produzidas tendo declinado as
razões de seu convencimento.
A iniciativa dos embargantes tem nítido propósito
protelatório. Essa iniciativa está divorciada do escopo da lei que
confere a esse recurso finalidade integrativa.
Há uma tendência que se verifica no mundo jurídico de
banalização desse remédio salutar, atribuindo-lhe finalidade de
mero reexame dos fundamentos fáticos ou da tese jurídica
adotada. Como todo remédio jurídico seu emprego em
desconformidade com fórmula legal pode levar à capitulação do
esforço de se imprimir celeridade na entrega da prestação
jurisdicional.
Cumpre observar que os embargantes pretendem
postergar o término desta demanda cujo resultado lhes foi
desfavorável, o que revela o caráter nitidamente protelatório
destes embargos de declaração.
Registre-se que a conduta dos embargantes não prejudica
apenas a ré mas todos os demais jurisdicionados que aguardam
ansiosamente a apreciação de suas lides. A provocação do Poder
Judiciário sem necessidade real e legítima consome o tempo e os
recursos públicos, os quais devem ser racionalizados para o
cumprimento da missão prevista no inciso LXXVIII do art. 5º da CF.
Assim, diante da reprovável conduta dos embargantes que
opõem embargos de declaração protelatórios, convém lhes
aplicar a pedagógica sanção prevista no § 2º do art.
1.026 do CPC.
A medida adotada faz-se necessária também e razão do
princípio da celeridade alçado à condição de garantia
constitucional (inciso LXXVIII do art. 5º da CF), o qual se dirige não

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só ao Poder Judiciário, mas também às próprias partes e seus


advogados” (fls. 266/267 do sequencial eletrônico 03).

Conforme se verifica das transcrições acima, diversamente do alegado


pela recorrente, não se verificam omissões, contradições ou obscuridades nos
pontos analisados pela Corte Regional.
As questões trazidas à exame, relativas às possibilidade de dispensa de
membro da CIPA, foram analisadas e fundamentadas, concluindo-se pela
ausência de comprovação de motivos que justificassem tal ato.
Ainda, conforme consignado, “os embargantes inovaram nestes embargos
de declaração ao alegar que o reclamante não teria comprovado a sua eleição
para a CIPA. Esse fundamento não havia sido invocado nas contestações (fls.
61/69 e 83/92, destaques acrescidos)”, o que evidencia o intuito protelatório e
o inconformismo da parte com a decisão e a pretensão de obter novo
julgamento, o que é inviável nesta esfera recursal.
Nesse contexto, inexiste ofensa ao art. 5º, LV, da Constituição Federal.
Acentue-se que as garantias constitucionais do contraditório e da ampla
defesa, com os meios e recursos inerentes, não são absolutas e devem ser
exercitadas com a observância da legislação infraconstitucional que disciplina
o processo judicial. Assim, não constitui negação dessas garantias a
condenação ao pagamento de multa quando a parte opõe embargos de
declaração fora das hipóteses legais de cabimento.
Ante o exposto, considero ausente a transcendência da causa e não
conheço do recurso de revista.
Por fim, ressalto às partes que o entendimento que prevalece na Quarta
Turma deste Tribunal Superior é no sentido da aplicabilidade da multa
prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015”.

Na minuta de agravo (sequencial eletrônico 18), a parte


Agravante insiste no conhecimento e provimento do seu apelo, a fim de ser reformada
a decisão embargada.
Entretanto, o agravo não merece provimento.
Como consignado na decisão ora agravada, o recurso de revista
não alcança conhecimento, prevalecendo, no particular, os fundamentos adotados pela
Autoridade Regional na decisão denegatória de origem.
Assim, os argumentos da parte Agravante não logram
desconstituir a decisão agravada, razão pela qual nego provimento ao agravo.
Na hipótese em exame, o agravo é manifestamente
improcedente, assim reconhecido à unanimidade por esta Turma, conforme razões de
decidir ora expostas. Neste contexto, é de rigor a aplicação da multa prevista no art.
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1.021, §4º, do CPC, que determina que “quando o agravo interno for declarado
manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em
decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um
e cinco por cento do valor atualizado da causa”.
A consequência normativa em destaque não constitui restrição
ao direito à ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, da CF),
uma vez que a parte agravante teve assegurado o amplo acesso às vias recursais,
inclusive ao próprio agravo interno. Trata-se, em verdade, de legítima escolha do
legislador, a fim de sancionar a parte agravante, quando o agravo for, reitere-se,
"manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime" - exatamente a
hipótese dos autos.
Assim sendo, considerando que o presente agravo é
manifestamente improcedente, em decisão proferida à unanimidade, condeno a
parte Agravante a pagar multa de 1% (um por cento) sobre o valor da causa atualizado,
em favor da parte Agravada ex adversa, com fundamento no art. 1.021, § 4º, do
CPC/2015.
Defiro os pedidos formulados na petição referente ao
documento do sequencial eletrônico nº 13 (Pet - 711741/2023-5) e determino que a
Secretaria da Eg. Quarta Turma adote as providências necessárias.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal Superior


do Trabalho, à unanimidade:
(a) conhecer do agravo; no mérito, negar-lhe provimento e
condenar a Agravante a pagar multa de 1% (um por cento) sobre o valor da causa
atualizado, em favor da parte Agravada ex adversa, com fundamento no art. 1.021, § 4º,
do CPC/2015;
(b) deferir o pedido formulado na petição referente ao
documento do sequencial eletrônico nº 13 (Pet - 711741/2023-5) e determinar que a
Secretaria da Eg. Quarta Turma adote as providências necessárias.
Brasília, 2 de abril de 2024.

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ALEXANDRE LUIZ RAMOS
Ministro Relator

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