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ESTADO DO MARANHÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO
PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA
GABINETE DA SEXTA PROCURADORIA CÍVEL

PROCESSO Nº 0817417-22.2021.8.10.0040.
SIMP: 024703-750/2024.
APELAÇÃO CÍVEL: AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT.
APELANTE: GRACILENE RODRIGUES DE SOUSA.
APELADA: SEGURADORA LÍDER DO CONSÓRCIO DO SEGURO DPVAT S.A.
RELATOR: DESEMBARGADOR ANTÔNIO JOSÉ VIEIRA FILHO.
PROCURADORA DE JUSTIÇA: SÂMARA ASCAR SAUAIA (RESPONDENDO).
QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO.

PARECER MINISTERIAL

1. RELATÓRIO

Trata-se de recurso de Apelação interposto pela GRACILENE


RODRIGUES DE SOUSA, nos autos da presente AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO
OBRIGATÓRIO DPVAT, em face de Sentença (ID 33126095), que julgou
IMPROCEDENTES os pedidos da Inicial.

Inconformada com a Decisão, a Apelante interpôs o presente


Apelo (ID 33126097), requerendo, em síntese, o conhecimento e provimento
total do recurso, para que a Sentença vergastada seja reformada para
majorar a condenação da parte recorrida ao pagamento de indenização no
valor de R$ 843,75 (oitocentos e quarenta e três reais e setenta e cinco
centavos), que corresponde à diferença de valor/teto de R$ 2.531,25 (dois
mil, quinhentos e trinta e um reais e vinte e cinco centavos), subtraído
do valor já pago pela via administrativa.

Contrarrazões (ID 33126099).

Após, os presentes autos foram remetidos a esta Procuradoria


de Justiça para emissão de parecer (ID 33782706).

“ 2024 - O Ministério Público do Maranhão no fomento à resolutividade das demandas sociais”

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Eis o relatório.
Passa-se à manifestação.

2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1 ADMISSIBILIDADE

No que concerne ao juízo de admissibilidade, tem-se que os


pressupostos intrínsecos e extrínsecos, exigidos para a interposição do
presente recurso, restaram regularmente preenchidos, pelo que merece ser
conhecido.

2.2 DO MÉRITO

No mérito, adianta-se merecem prosperar as razões da


recorrente, pelos motivos adiante expostos.

Analisando os presentes autos, observa-se que o acidente


sofrido pela apelante ocorreu no dia 08 de outubro de 2020, conforme
Boletim de Ocorrência nº 249556/2020. Assim, aplica-se a Lei nº 6.194/74,
com as alterações promovidas pela Lei nº 11.945 de 04 de junho de 2009.

Nesse sentido, a Súmula 474/STJ estabelece que “a


indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário,
será paga de forma proporcional ao grau da invalidez”. Ademais, o Julgador
deve observar os laudos oficiais ao proferir sua decisão, nesse sentido:

CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO DPVAT. LAUDO

PERICIAL JUDICIAL. GRADAÇÃO DA LESÃO REALIZADA PELO PERITO.

INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ADMINISTRATIVO. SENTENÇA DE PARCIAL

PROVIMENTO. INCIDÊNCIA DE DOIS REDUTORES. VALOR COMPLEMENTAR QUE DEVE

SER REDUZIDO. RECURSO PROVIDO. 1. A sentença merece ser reformada, eis

que não aplicou a forma de cálculo prevista no artigo 3º da Lei de

DPVAT, conforme tipo e grau da lesão apurada, portanto, deve ser

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reduzido o valor arbitrado. 2. O julgador está adstrito ao laudo

pericial, não podendo substituir o perito na gradação da lesão,

estabelecendo repercussão diferente da quantificada no laudo. 3.

Apelação conhecida e provida. (Ap 0262402017, Rel. Desembargador(a)

JAMIL DE MIRANDA GEDEON NETO, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, julgado em

10/08/2017, DJe 21/08/2017). GRIFO NOSSO.

Ademais, o Supremo Tribunal Federal já decidiu pela


constitucionalidade da Lei nº 11.945/2009:

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO

MARANHÃO SEXTA CÂMARA CÍVEL Sessão do dia 25 de outubro de 2018.

Apelação Cível nº 0802691-82.2017.8.10.0040 - PJe. Comarca :

Imperatriz/MA. Unidade : 4ª Vara Cível. Apelante : Sufia Vital

Ferreira. Advogada : Roberta Setuba Barros (OAB/MA 8866). Apelada :

Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT. Advogado : Alvaro

Luiz da Costa Fernandes (OAB/MA 11735-A). Procurador de Justiça: Dr.

Eduardo Daniel Pereira Filho. Relatora : Desa. Anildes de Jesus

Bernardes Chaves Cruz. Acórdão nº _______________. E M E N T A DIREITO

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE COBRANÇA DE

DIFERENÇA DO SEGURO DPVAT – INVALIDEZ PARCIAL INCOMPLETA COM PERDA DE

MÉDIA REPERCUSSÃO – ACIDENTE DE TRÂNSITO OCORRIDO APÓS A VIGÊNCIA DA

LEI Nº 11.945/2009 – PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM –

CONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF – CRITÉRIOS DE

PROPORCIONALIDADE DA INVALIDEZ – APLICAÇÃO DA TABELA (SÚMULAS Nº 474 e

544/STJ) – SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA – VALOR JÁ RECEBIDO NA VIA

ADMINISTRATIVA – RECURSO DESPROVIDO. I – Aplicáveis, ao caso, as

disposições da Lei nº 11.945/09, em obediência ao Princípio Tempus

Regit Actum, vez que o acidente de trânsito ocorrera após sua vigência

e, dessa forma, havendo previsão expressa de escalonamento dos graus

de invalidez (tabela de proporcionalidade). Constitucionalidade da

norma já reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal – STF (ADI’s nº

4350 e 4627, Rel. Min. Luiz Fux, sessão de 23/10/2014). II – Os

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critérios de proporcionalidade da indenização do seguro DPVAT são

expressamente previstos em lei que mantém sua vigência plena, cabendo

sua obrigatória observância, cujos percentuais escalonados são

plenamente justificáveis para se indenizar os beneficiários segundo o

grau da lesão sofrida, sob pena de permitir-se o pagamento de quantias

iguais para situações absolutamente distintas (invalidez total,

parcial completa e parcial incompleta). III – A aplicação da tabela de

proporcionalidade, que leva em conta o grau de invalidez do

beneficiário, é matéria pacificada no âmbito do STJ, tanto em sua

Súmula nº 474 quanto na Súmula nº 544, que inclusive reconhece a

validade de sua incidência aos sinistros anteriores à entrada em vigor

da Medida Provisória nº 451/2008 (que deu origem à Lei nº 11.945/09).

IV – Tratando-se de lesão que causou invalidez parcial incompleta, ou

seja, sem afetar a totalidade da funcionalidade do membro atingido

(punho), deve ser aplicado o percentual de 25% (vinte e cinco por

cento) estabelecido na tabela anexa à Lei nº 6.194/74, sobre o qual

deverá incidir o redutor de 50% (cinquenta por cento) por se tratar de

perda de repercussão média. V – Calculado o valor da indenização e

apurado que já recebera pela via administrativa, deve ser mantida a

sentença que consignou não haver saldo residual a receber. VI –

Apelação desprovida. (TJMA. Número do Processo:0802691-

82.2017.8.10.0040 (PJE). Data do registro do acórdão:29/10/2018.

Relator: ANILDES DE JESUS BERNARDES CHAVES CRUZ. Data de

abertura:05/07/2018. Data do ementário:29/10/2018. Órgão: 6ª Câmara

Cível). GRIFO NOSSO.

Assim, conforme restou concluso em Laudo Pericial Médico do


IML (ID 33125763), o dano sofrido pela autora resultou em “perda anatômica
e/ou funcional incompleta do membro inferior esquerdo com repercussão
intenso” com percentual de perda funcional resultante em 18,75%, do valor
máximo da cobertura.

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Diante disso, após comprovado o nexo causal entre o acidente


e a invalidez parcial, bem como, demonstrados os requisitos legais, vê-se
que o valor devido a parte autora, a título indenizatório, é de R$
2.531,25 (dois mil, quinhentos e trinta e um reais e vinte e cinco
centavos).

Considerando que na via administrativa foi efetuado o


pagamento do valor de R$ 1.687,50 (um mil, seiscentos e oitenta e sete
reais e cinquenta centavos), tem-se que resta devido pela apelada o
pagamento do valor de R$ 843,75 (oitocentos e quarenta e três reais e
setenta e cinco centavos).

Por todo o exposto, observa-se que as razões recursais


merecem guarida e a reforma da Sentença é medida que se impõe.

3. CONCLUSÃO

Ex positis, esta Procuradoria de Justiça, manifesta-se pelo


CONHECIMENTO e PROVIMENTO da vertente pretensão recursal, nos termos
pleiteados pela apelante.

É o parecer.

São Luís, data do sistema.

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SÂMARA ASCAR SAUAIA
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