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ESTADO DO MARANHÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO
PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA
GABINETE DA SEXTA PROCURADORIA CÍVEL

PROCESSO Nº 0800349-72.2024.8.10.0034.
SIMP: 031867-750/2024.
APELAÇÃO CÍVEL: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL.
APELANTE: SANDRA MARIA LIMA BORBA.
APELADO: BANCO BONSUCESSO CONSIGNADO S/A.
RELATOR: DESEMBARGADOR LUIZ GONZAGA ALMEIDA FILHO.
PROCURADORA DE JUSTIÇA: SÂMARA ASCAR SAUAIA (RESPONDENDO).
QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO.

PARECER MINISTERIAL

1. RELATÓRIO

Trata-se de recurso de Apelação interposto por


SANDRA MARIA LIMA BORBA, nos autos da presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL, em
face de Sentença (ID 34727186) que julgou IMPROCEDENTES os pedidos da
Exordial, nos termos do art. 487, I, do CPC, sob a fundamentação de
regularidade da contratação avençada.

Irresignada com a Decisão, a apelante interpôs o


presente Apelo (ID 34727239), onde requereu, em síntese, o
conhecimento e provimento do recurso, para que a Sentença seja
reformada, no sentido de julgar procedentes os pedidos da Exordial,
declarando-se a invalidade do contrato de empréstimo consignado.

Contrarrazões apresentadas (ID 34727243).


“ 2024 - O Ministério Público do Maranhão no fomento à resolutividade das demandas sociais”

SÂMARA ASCAR SAUAIA (RESPONDENDO)


Procuradora de Justiça
LTPA
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Após, os presentes autos foram remetidos a esta


Procuradoria de Justiça para emissão de parecer (ID 34745391).

É o que se tinha para relatar.


Passa-se à manifestação.

2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1 ADMISSIBILIDADE

No que concerne ao juízo de admissibilidade,


tem-se que os pressupostos intrínsecos e extrínsecos, exigidos para a
interposição do presente recurso, restaram regularmente preenchidos,
pelo que merece ser conhecido.

2.2 MÉRITO
A Recorrente aduz, em suma, não ter contratado o
empréstimo consignado de nº 160666302, no valor de R$ 1.268,68
dividido em 72 parcelas. Afirma ainda, que sofreu descontos
supostamente indevidos em seu benefício em razão do contrato
supramencionado.

Sem muitas delongas, em análise dos presentes


autos eletrônicos, observa-se que o contrato juntado pela instituição
financeira é válido, estando devidamente assinado pela apelante, por
meio de biometria facial (ID 34727167).

Sobre o caso dos autos, cumpre ressaltar, que


nos moldes julgados no IRDR nº 53983/2016, cabe à parte requerida
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(Banco) apresentar o contrato objeto do litígio.

Todavia, cabe à parte autora, ao alegar que não


auferiu a suposta quantia contratada, impugnando o documento, o ônus
de provar que não recebeu o valor pactuado mediante juntada de seus
extratos bancários, conforme estabelecido na 1ª Tese do Incidente
anteriormente descrito:

[...] “Independentemente da inversão do ônus da prova - que deve ser decretada

apenas nas hipóteses autorizadas pelo art. 6º VIII do CDC, segundo avaliação do

magistrado no caso concreto -, cabe à instituição financeira/ré, enquanto fato

impeditivo e modificativo do direito do consumidor/autor (CPC, art. 373, II), o

ônus de provar que houve a contratação do empréstimo consignado, mediante a

juntada do contrato ou de outro documento capaz de revelar a manifestação de

vontade do consumidor no sentido de firmar o negócio jurídico, permanecendo com

o consumidor/autor, quando alegar que não recebeu o valor do empréstimo, o

dever de colaborar com a Justiça (CPC, art. 6º) e fazer a juntada do seu

extrato bancário, embora este não deva ser considerado, pelo juiz, como

documento essencial para a propositura da ação. Nas hipóteses em que o

consumidor/autor impugnar a autenticidade da assinatura constante do contrato

juntado ao processo, cabe à instituição financeira/ré o ônus de provar essa

autenticidade (CPC, art. 429 II), por meio de perícia grafotécnica ou mediante

os meios de prova legais ou moralmente legítimos (CPC, art. 369).”[...]

Observa-se, no entanto, que não foi o caso dos


presentes autos, pois, impugnado o documento apresentado pelo Banco
utilizado para demonstrar a validade do contrato, a recorrente não
provou o recebimento ou não do valor pactuado, visto que deveria ter
juntado aos autos o seu extrato bancário do período questionado, o
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que não o fez.

Dessa forma, considerando a validade do contrato


firmado, bem como a 1ª tese julgada no IRDR nº 53983/2016, verifica-
se que o Banco não cometeu qualquer ilicitude ao descontar o valor da
parcela diretamente do benefício previdenciário da apelante.

3. CONCLUSÃO

Isto posto, manifesta-se esta Procuradoria de


Justiça, pelo CONHECIMENTO e DESPROVIMENTO do referido recurso, para
que a Sentença seja MANTIDA por seus próprios fundamentos.

É o parecer.

São Luís - MA, data do sistema.

______________________________________
SÂMARA ASCAR SAUAIA
PROCURADORA DE JUSTIÇA (RESPONDENDO)

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