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PREFEITURA MUNICIPAL DO SALVADOR

PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 1 0 ª


VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SALVADOR – BAHIA.

Execução Fiscal nº 8119972-72.2021.8.05.0001

O MUNICÍPIO DO SALVADOR, por seu procurador infrafirmado,


nos autos da Execução Fiscal acima identificada, movida em face de CAROLINE CAMPOS
SARAIVA (CPF:803.250.255-68), vem apresentar IMPUGNAÇÃO À EXCEÇÃO DE
PRÉ-EXECUTIVIDADE de ID: 162748051, pelos fatos e fundamentos a seguir.

1. Da síntese dos fatos

Trata-se de execução fiscal objetivando a satisfação de créditos de R$ 5.660,82


(cinco mil seiscentos e sessenta reais e oitenta e dois centavos), proveniente de Imposto Predial
Territorial Urbano, Taxa de Coleta de Resíduos Sólidos Domiciliares e encargos legais, do(s)
exercício(s) de 2019/2020, corrigidos até esta data, referente à Inscrição nº 000855295-9, com
endereço na TRV ALBERTINO CABRAL HENRIQUE, 212 - PITUAÇU, SALVADOR/BA,
CEP: 41.741-170.

Interpôs a Executada Exceção de Pré-executividade, aduzindo que “(…) a Ré


nunca exerceu a posse do referido imóvel, tendo pleiteado a resolução judicial da promessa de
compra e venda do referido imóvel em 22/08/2017 nos autos da ação tombada sob o nº
05511328-98.2017.8.05.0001 em trâmite na 11ª Vara de Relações de Consumo da Comarca de
Salvador (...)”.

NÃO MERECE PROSPERAR.

Não se vislumbra até o momento sentença julgada procedente em favor da


parte excipiente COROLINE CAMPOS SARAIVA no sentido de declarar a rescisão 1 dos

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contratos de promessa de compra e venda entabulada com OR BA PATAMARES


EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO LTDA e ODEBRECHT REALIZAÇÕES
IMOBILIÁRIAS E PARTICIPAÇÕES S.A, nos autos de número 05511328-98.2017.8.05.0001
em trâmite na 11ª Vara de Relações de Consumo desta comarca.

Portanto, segue em VIGOR o contrato de promessa de compra e venda,


respectivamente as unidades 101 da Torre Natureza, 202 da Torre Natureza e 101 da Torre
Lua, todos integrantes do empreendimento imobiliário em construção e comercializado pelas
Rés, denominado “CONDOMÍNIO PARQUE TROPICAL”, conforme contratos em anexo
nos autos supra.
Não assiste razão a excipiente, visto que ainda é TITULAR do imóvel de
Inscrição nº 000855295-9.

Não assiste razão a excipiente, seja pela via manifestamente inadequada, ou pela
carência de fundamento.

2. Da inadequação da via eleita

O instrumento processual interposto é acima de tudo, manifestamente


inadequado, posto que as pretensões aduzidas extrapolam os seus limites.

Consoante cediço o oferecimento de exceção de pré-executividade somente


é admitido pela doutrina1 em duas hipóteses: a) quando se tratar de matéria de ordem pública,
conhecíveis de ofício pelo juiz, ou quando a alegação dispensarem dilação probatória. O que,
inconcusso, não é o caso.

Neste mesmo sentido, fixou o Superior Tribunal de Justiça através da súmula


393 que “a exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de
ofício que não demandem dilação probatória.”

1 CUNHA, Leonardo José Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo. 4ª Ed. Editora Dialética, 2006,
p. 302.

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As alegações do requerente revestem-se de cunho eminentemente meritório,


somente passíveis de veiculação mediante a competente ação de embargos à execução, com prévia
garantia do Juízo, a teor do art. 16, parágrafo 2º, da Lei nº 6.830/90:

§ 2º – No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda


matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os
documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do Juiz, até
o dobro desse limite.
Com efeito, somente nos embargos é que se deve alegar toda a matéria útil à
defesa, inexistindo a possibilidade de, fora de seu âmbito, serem discutidas quaisquer questões
relativas à execução fiscal, conforme requisitado através do meio processual escolhido pelo
executado.

Logo, se não há provas das alegações narradas pelo excepto quanto ao a


inexistência de débito fiscal por isenção de pagamento do IPTU, estas somente poderiam ser
produzidas em sede de embargos do devedor, nos termos do artigo, art. 38 da lei Federal
6.830/19802 c/c art. 16 do NCPC.

Não versando, pois, a petição encartada aos autos, sobre matérias passíveis de
conhecimento de ofício, pugna o exequente, com esteio no art. 16, § 2º, da Lei nº 6.830/80, pelo
não conhecimento dos pedidos formulados.

Destarte, deve a exceção oposta ser rejeita de pleno, ou, se ainda


apreciada, julgada totalmente improcedente, nas razões a seguir expendidas.

3. DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA EXCIPIENTE

A excipiente alega sua ilegitimidade para figurar no polo passivo da


demanda.

2 “Art. 38. A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta
Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição de indébito ou ação anulatória do ato declarativo da
dívida...”.

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NÃO LHE ASSISTE RAZÃO.

Posto que segue em VIGOR o contrato de promessa de compra e venda,


relativa ao imóvel de Inscrição nº 000855295-9.

Não se vislumbra até o momento sentença julgada procedente em favor da


parte excipiente para declarar a rescisão dos contratos de promessa de compra e venda nos
autos de número 05511328-98.2017.8.05.0001 em trâmite na 11ª Vara de Relações de
Consumo desta comarca.

Conforme preconiza o artigo 1245, § 1º, do Código Civil, somente o


registro do título translativo opera a transferência da propriedade imobiliária, restando
consignado nos documentos apresentados que o referido imóvel deveria ser escriturado em
nome do suposto adquirente.

Assim, para o caso em questão, ainda que tenha ocorrido a transferência


da posse para o suposto adquirente do imóvel, a propriedade permanece inalterada,
consoante preceitua o dispositivo legal supra, ausente no Cartório de Registro de Imóveis, o
antigo proprietário continua a ser havido como dono do imóvel, sendo ineficaz, para efeitos
de transferência de propriedade.

Além de contrariar os textos legais supracitados, a pretensão da


excipiente não tem merecido o beneplácito da jurisprudência, quandrando trazer à cola
precedente do egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Bahia assim ementado:

“EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL.


EMBARGOS À EXECUÇÃO. IPTU. FATO GERADOR.

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PROPRIEDADE. TRANSAÇÃO PARTICULAR NÃO


REGISTRADA. IMPOSSIBILIDADE DE AFASTAR A
RESPONSABILIDADE DO PROPRIETÁRIO.
APLICABILIDADE DO ART. 132 DO CTN. IMPROVIMENTO
DO RECURSO.” (TJ-BA, Apel. Cív. 5368-5/2006, Câmara
Especializada, Relator Juiz Waldemar Ferreira Martinez, julg.
23.05.2006, DPJ 26.05.2006 – grifou-se).

Diante do exposto, considerando que os argumentos deduzidos são


todos insubsistentes, permanecendo íntegra a presunção de certeza e liquidez de que
goza a dívida ativa regularmente inscrita (Lei nº 6.830/80, art. 3º), o Município pugna
pelo indeferimento dos pedidos requeridos pela excipiente.

4. DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO TÍTULO. INEXISTÊNCIA DE


PROVA CABAL QUE O DESCONSTITUA.

Os lançamentos que a parte Autora visa desconstituir são baseados em título


dotado de presunção de certeza e liquidez, a teor do art. 3º da Lei nº 6.830/80, verbis:

“Art. 3º A Dívida Ativa regularmente inscrita goza de presunção


de certeza e liquidez.

Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é


relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do
executado ou de terceiro, a quem aproveite” (grifou-se).

Observe-se que, embora tal presunção possa ser desconstituída — sendo, pois,
do tipo “juris tantum” —, tal efeito só é alcançado por prova INEQUÍVOCA. O legislador
ordinário, como se vê, aparelha a Certidão de Dívida Ativa da segurança que ela, CDA,
efetivamente merece, porquanto, além de ter sido engendrada no âmbito da Administração

Pública, jungida esta, como se sabe, aos princípios constitucionais da


legalidade, moralidade etc, destina-se a realizar crédito titularizado por toda uma
coletividade.
5

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De sorte que, para desconstituir a presunção de certeza e liquidez do título,


deve o executado — ou, eventualmente, terceiro detentor de interesse jurídico relacionado à
causa — produzir prova inequívoca. Não se trata, pois, de qualquer prova, mas de elemento
capaz de, com absoluta segurança, i. é, de forma irrefutável, induvidosa, demonstrar que o
título sobre que repousa a execução fiscal carece da necessária higidez.

Tal linha interpretativa tem sido encampada por todos quantos se dedicaram
a esquadrinhar a Lei de Execuções Fiscais, sendo elucidativo, v. g., o seguinte escólio, da lavra
do eminente José da Silva Pacheco3: “Prova inequívoca há de ser clara, precisa e
própria, sem dar margem a dúvida”. Outra não tem sido a lição do ilustre professor
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR4:

“Ainda que a Fazenda fique omissa, não respondendo aos


embargos, contra ela não se registram os efeitos da revelia. Primeiro,
porque o título exeqüendo por si só é prova completa
do direito da exeqüente, revestindo-se das qualidades de
certeza e liquidez por força de lei. Ao devedor que o ataca é
que toca, por inteiro, o ônus da prova em contrário .
Depois, porque está em jogo direito indisponível não suscetível de
abdicação presumida ou implícita.” (grifou-se).

Nesse sentido é o seguinte precedente do egrégio Tribunal Regional Federal da


5
1ª Região :
“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À
EXECUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA
FONTE. HOMOLOGAÇAO. DIFERENÇA
APURADA. CERTEZA E LIQUIDEZ DO
TÍTULO EXECUTIVO NÃO ILIDIDAS.
AUSÊNCIA DE PROVAS. PARCELAMENTO NÃO
COMPROVADO.

1. A dívida ativa, regularmente inscrita, goza de presunção de


certeza e liquidez, somente ilidível por robusta prova em contrário, a
cargo do sujeito passivo da obrigação(CTN, art. 204; LEF, art.
3º). Nesse sentido, competia ao embargante
mediante provas irrefutáveis infirmar o título
executivo objeto da cobrança judicial, que de restou,
6

3 Comentários à Lei de Execução Fiscal, Ed. Saraiva, 9ª ed., 2002, p. 65;


4 Lei de Execução Fiscal, Saraiva, 8ª ed., 2002, págs. 95/96;
5 Só reproduzimos os itens da ementa que guardam relação com a hipótese ora sub judice;
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Assim é que, na hipótese “sub judice”, a presunção legal de que goza o


título executivo está longe de ser elidida uma vez que o Autor não trouxe qualquer
prova cabal de sua alegação.

5. DO ÔNUS DA PROVA - ART. 373 DO CPC.

Dispõe o artigo 3º da Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80), o seguinte:

“Art. 3º. A Dívida Ativa regularmente inscrita goza de


presunção de certeza e liquidez.

Parágrafo único. A presunção a que se refere este


artigo é relativa e pode ser ilidida por prova
inequívoca, a cargo do executado ou de terceiro, a quem
aproveite.” (GRIFAMOS).

À luz desse enunciado, a Fazenda Pública nada tem que fazer, ao menos no âmbito
judicial, para acrescentar força ou higidez ao título de que dispõe, bastando que a sua
constituição tenha se operado de forma regular, isto é, mediante observância das normas
procedimentais pertinentes e com respeito às garantias constitucionais do devido processo
legal, do contraditório e da ampla defesa.

De modo que, nos termos do parágrafo único do reportado art. 3º, toca o executado
– ou a terceiro, a quem aproveite – a tarefa de desconstituir a presunção legal de certeza e
liquidez que ampara a Certidão de Dívida Ativa – CDA. Para alcançar tal resultado, o

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contribuinte não poderá esquivar-se da produção de prova INEQUÍVOCA, vale dizer, da


produção de prova “clara, precisa e própria, sem dar margem à dúvida”6. Esta a condição
legal para que se desconstitua a presunção de certeza e liquidez. Sem a produção de prova
desse calibre (a cargo, repise-se, do executado), persiste hígido e eficaz o título executivo.

Tais ideias acham-se bem sintetizadas no seguinte precedente do egrégio Tribunal


Regional Federal da 1ª Região:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO.


IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE.
HOMOLOGAÇÃO. DIFERENÇA APURADA. CERTEZA E
LIQUIDEZ DO TÍTULO EXECUTIVO NÃO ILIDIDAS.
AUSÊNCIA DE PROVAS. PARCELAMENTO NÃO
COMPROVADO.

1. A dívida ativa, regularmente inscrita, goza de presunção de


certeza e liquidez, somente ilidível por robusta prova em contrário,
a cargo do sujeito passivo da obrigação (CTN, art. 204; LEF, art.
3º). Nesse sentido, competia ao embargante, mediante
provas irrefutáveis, infirmar o título executivo objeto da
cobrança judicial, que de resto, permaneceu sem mácula.

(…)

Cf. Lição de José da Silva Pacheco, citada em “A Execução da Dívida Ativa da Fazenda
Pública”, de Américo Luís Martins da Silva, Editora Revista dos Tribunais, 2001, p. 88.

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5. Apelação e remessa oficial providas” (Apelação Cível


2000.01.00.033496-1, 7ª Turma, Rel. Juiz Carlos Alberto Simões de
Tomaz, julg. 05.12.2005, DJU 19.12.2005) (GRIFOU-SE).

Outro não tem sido a lição da doutrina, ora representada por escólio da lavra de
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR7:

“Ainda que a Fazenda fique omissa, não respondendo aos


embargos, contra ela não se registram os efeitos da revelia.
Primeiro, porque o título exeqüendo por si só é prova
completa do direito do exeqüente, revestindo-se das
qualidades de certeza liquidez por força de lei. Ao devedor que
o ataca é que toca, por inteiro, o ônus da prova em
contrário.”

O Embargante não traz nenhuma comprovação de suas alegações, juntando aos


autos apenas leis estaduais que criam a URBIS além de um documento particular que
demonstra características físicas do terreno, nenhum documento porém que comprova as
alegações levantadas de que o município utilizou a base de cálculo equivocada para calcular
o IPTU.

6. DA IMPOSSIBILIDADE EM CONDENAÇÃO DA MUNICIPALIDADE EM


HONORÁRIOS.

Conforme se verifica nos embargos à execução ora impugnado, a embargante


requereu a condenação da municipalidade em honorários sucumbenciais.

Lei de Execução Fiscal, Saraiva, 8ª ed., pg. 95/96.


1

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Ocorre que, o Município não pode ser condenado por exercer o seu legítimo
direito de cobrança, diante do descumprimento da obrigação pela Embargante no prazo
estabelecido no instrumento de transação.

Nestes termos, patente o descabimento da condenação ao pagamento de


honorários sucumbenciais pela Municipalidade, haja vista que não deu causa ao
ajuizamento da ação.

Assim tem entendido pacificamente o Superior Tribunal de Justiça, de modo


que em situações como esta, considera que a Fazenda Pública não pode suportar os ônus
processuais, uma vez que esta não deu causa à propositura da demanda. Vejamos:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR
PÚBLICO. EXECUÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES PAGOS
ADMINISTRATIVAMENTE NO CURSO DA AÇÃO DE
CONHECIMENTO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA
CAUSALIDADE. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO NÃO
PROVIDO. 1. "Os ônus sucumbenciais subordinam-se ao
princípio da causalidade: devem ser suportados por quem deu
causa à instauração do processo" (REsp 867.988/PR, Rel. Min.
TEORI ALBINO ZAVASCKI, Primeira Turma, DJ de 12/4/07).
2. "Na hipótese de fato superveniente esvaziar total ou
parcialmente o objeto da lide, deve suportar os ônus da
sucumbência aquele que deu causa à demanda, em observância
ao princípio da causalidade. Em conseqüência, não viola o art.
20 do CPC a decisão que determina a incidência da verba
honorária inclusive sobre os valores pagos
administrativamente" (AgRg no REsp 788.424/RN, de minha
relatoria, Quinta Turma, DJ 5/11/07). 3. Agravo regimental não
provido.” (STJ - AgRg no REsp: 1212738 RS 2010/0176657-5,
Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de
Julgamento: 22/03/2011, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 07/04/2011)

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“AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.


APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.
PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE
SE NEGA PROVIMENTO. 1. A jurisprudência do STJ
assentou que, consoante o princípio da causalidade, aquele que
deu causa à instauração do processo deve arcar com os encargos
decorrentes, ainda que tenha sido julgado extinto o processo
sem resolução de mérito, em face da perda do interesse
processual. Assim, cabível a condenação do recorrente aos ônus
sucumbenciais, uma vez que deu causa à propositura da ação. 2.
Agravo regimental a que se nega provimento.” (STJ - AgRg no
AgRg no REsp: 1009888 AL 2007/0279496-0, Relator:
Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO
TJ/SP), Data de Julgamento: 18/08/2009, T6 - SEXTA TURMA,
Data de Publicação: DJe 08/09/2009)

O entendimento revela que o fato da municipalidade cobrar valores de IPTU em


inadimplemento, e mesmo na hipótese do não cumprimento de obrigação no prazo
estabelecido no contrato celebrado, exclui a responsabilidade do ente público ao pagamento
de honorários sucumbenciais.

Ante o exposto, em razão do princípio da causalidade é descabida a


condenação do Município aos honorários advocatícios haja vista não ter dado causa
ao ajuizamento da Execução.

7. Conclusão

Ante todo o exposto, pede que V. Exª inadmita a EXCEÇÃO de PRÉ-


EXECUTIVIDADE em face da inadequação da via eleita. Na improvável hipótese de ser
ultrapassada essa preliminar, pede que a exceção seja julgada improcedente, com a
condenação do executado no pagamento de custas e honorários, prosseguindo-se com a
execução fiscal até a completa satisfação do crédito da Municipalidade.

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Nestes termos, pede deferimento.


Salvador, 21 de setembro de 2022

DANIEL SOUZA TOURINHO


Procurador do Município

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