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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE MOGI DAS CRUZES.

Processo nº 1020882-18.2021.8.26.0361

LOOP GESTÃO DE PÁTIOS S/A, pessoa jurídica inscrita no CNPJ sob o nº


19.395.452/0001-48, com sede na Rua Projetada Um, nº 143, sala 02, Vila São
Francisco, Mogi das Cruzes/SP (atos constitutivos anexos), por seus advogados e
bastante procuradores que esta subscrevem (procuração anexa), autos da Ação de
Cancelamento de Protesto c.c Pedido Liminar, que lhe move NANCY BRAZ, em
trâmite perante esse Juízo e respectivo cartório, vem, respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, interpor o RECURSO DE APELAÇÃO, consubstanciado nas razões
anexas, que deverá ser recebido e processado na forma da lei, para posterior
julgamento pelo E. Tribunal de Justiça de São Paulo.
Requer-se a juntada do comprovante de recolhimento do preparo, atentando-
se para a desnecessidade de recolhimento do porte de remessa e retorno dos autos
por se tratar de processo digital, nos termos do Provimento CSM Nº. 2.090/2013.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 30 de agosto de 2022.

FERNANDO A. ALBINO DE OLIVEIRA


OAB/SP 22.998
RAZÕES DE APELAÇÃO

Apelante: LOOP GESTÃO DE PÁTIOS S/A

Apelada: NANCY BRAZ

Origem: Processo nº 1020882-18.2021.8.26.0361


1ª Vara do Juizado Especial Cível do Foro da Comarca de Mogi das Cruzes - SP

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Ínclitos Julgadores!

I. TEMPESTIVIDADE
a. A r. decisão julgando parcialmente procedente de fls. 173/ 176, foi
publicada 25/08/2022, portanto, o prazo de recurso de 15 dias teve
inicio em 26/08/2022.
b. Considerando o expediente do Tribunal, conforme provimento anexo
(Doc. 02 – Provimento), bem como a contagem de prazo em dias
úteis nos termos do artigo 219 do CPC, é perfeitamente tempestiva a
apelação interposta.

II. BREVE SÍNTESE DA DEMANDA

A apelada ajuizou a presente ação em face da LOOP alegando, em síntese,


que em 02/07/2020, adentrou o sitio eletrônico da ré LOOP para averiguar condições
e valores de veículos dispostos para leilão, pois almejava trocar seu veículo. Aduz
ainda que, entrou em contato com a Apelante Loop e fora orientada a realizar o
cadastro para iniciar os lances.
Nesta esteira, afirma que, na referida data se interessou por um veículo e
que após verificar a oferta de alguns lances até atingir o limite de R$ 7.000,00, a
apelada saiu do leilão online sem realizar o arremate do veículo.

Diante disso, afirma que com surpresa recebeu uma correspondência do


Serasa, informando que seu nome fora negativado no montante de R$ 1.200,00 (mil e
duzentos reais) por suposto débito oriundo da Apelante.

A Apelada ainda afirma que em virtude do não pagamento do boleto


enviado, seu CPF foi negativado pela corré, fato que motivou a propositura da
presente demanda, onde pretende: (i) a rescisão do negócio jurídico celebrado; (ii) a
inexigibilidade do débito de R$ 1.200,00; (iii) a condenação da requerida para
pagamento de indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00 e (iv)
aplicação do Código de Defesa do Consumidor.

Em defesa a Apelante demonstrou que a apelada promoveu o cadastro


junto ao site da Apelante, objetivando adquirir novo veículo. Bem como, realizou e
validou o seu cadastro, através dos dados de e-mail e celular e após o aceite dos
termos e condições gerais do leilão iniciando a oferta de lances.

Ao contrário do que a Apelada narrou, a Apelante demonstrou com as


devidas evidencias legais, que a Apelada ofertou lances em dois veículos, sendo eles:

Lance Vence
Evento Lote Titulo Lance Vencedor dor Status
(1078)02/07/202 PEUGEOT 207HB XR 1.4 R$ R$ Cancela
0 11:00 50 2009/2010 7.000,00 7.000,00 SIM do
(1078)02/07/202 FORD KA 1.0 FLEX R$ R$ Cancela
0 11:00 72 2009/2009 7.500,00 7.600,00 do
GM - CHEVROLET R$
(865)11/12/2019 CLASSIC LS 1.0 12.750,0 R$ Não
15:00 7 2012/2013 0 12.750,00 SIM Vendido
Dessa forma, o que realmente aconteceu foi que a Apelada acabou por
arrematar o veículo, prova disso é que acostou às fls. 55/57 fatura e boletos que lhe
foram enviados por e-mail no dia seguinte após o arremate.

Assim, Excelência, se a Apelada demonstrar claramente que, sabia que


havia arrematado o veículo, motivo esse que teria ficado silente ao receber o boleto e
a fatura para pagamento do produto do arremate. A negativação do nome da
Requerente aconteceu apenas após o prazo de pagamento do boleto exaurir, ou seja,
em 08/2020, cerca de um mês depois, havendo tempo o suficiente para que a Autora
acionasse a Ré.
Ocorre que, em que pese à argumentação da Apelante a ação foi julgada
PARCIALMENTE PROCEDENTE nos termos do dispositivo abaixo:

Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação


para i) declarar a inexigibilidade do débito relativo à anotação de fl. 22,
no valor de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais); e ii) condenar a ré a
pagar à autora o valor de R$3.000,00 (três mil reais) a título de
indenização por danos morais, atualizado a contar desta data (Sumula
362 do STJ), pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça, e acrescido de
juros de mora de 1% ao mês a contar da citação (art. 405 do CC). Em
consequência, EXTINGO o processo, nos termos do artigo 487, I, do
Código de Processo Civil. Sucumbente em maior parte, condeno a ré ao
pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorários
advocatícios do patrono réu, que fixo, por equidade, em R$ 1.000,00
(mil reais), nos termos do art. 85, §8º, do CPC.

Conforme será demonstrado, com o devido respeito ao entendimento do


d. juízo a quo, a R. Sentença merece reparo, conforme passará as Apelantes a expor.

III. DAS RAZÕES PARA REFORMA DA R. SENTENÇA.


Verifica-se que o d. juízo de primeiro grau não considerou as provas
apresentadas demonstrando que a Apelada, já efetuou diversos acesso e inclusive
efetuou a compra de outro veículo por no sites correspondente.

Ocorre que, o entendimento exarado pelo d. juízo não deverá prevalecer,


na medida em que não pode desistir da arrematação nem dos lances. Isso é muito
importante saber, os lances são irretratáveis. Por quê? Porque o leilão é uma disputa
simultânea de lances então, imagina que um arrematante desistindo, ele deixou
daquele que deu um lance imediatamente anterior de ser o arrematante.

Assim, verifica-se que não há amparado pelo Código de Defesa do


Consumidor, visto que o Leilão não é amparado pelo Código de Defesa do Consumidor
exatamente porque a Apelada estava comprando um bem conforme edital do
leiloeiro, que tem fé pública: no estado de conservação em que ele está, nas
condições de venda determinadas pelo comitente vendedor ou pelo poder judiciário,
ou seja, aquele que participa do leilão aceitou suas condições. Por isso que não pode
desistir dos lances dados, devolver o bem ou qualquer alternativa que encontraria em
um mercado comum de compra e venda de outros bens.

Este entendimento é confirmado pelo voto proferido pelo


Desembargador Amorim Canturia nos autos do Agravo de Instrumento 1.150.546-
00/1-25, conforme se verifica abaixo:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO – OBRIGAÇÃO DE FAZER E LUCROS
CESSANTES – VEÍCULO AUTOMOTOR ADQUIRIDO EM LEILÃO –
EXECUÇÃO DE INCOMPETENCIA APRESENTADA PELO RÉU E QUE FOI
ACOLHIDA PARA DETERMINAR A REMESSA DOS AUTOS AO FORO DE
DOMICÍLIO PROFISSIONAL DO LEILOEIRO – DECISÃO MANTIDA – NÃO
INCIDENCIA DO CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR PARA SE
RECONHECER O PRIVILEGIO DE FORO AO ARREMATANTE –
INEXISTENCIA DE RELACAO DE CONSUMO ENTRE LEILEOEIRO E
ARREMATANTE – BEM ADQUIRIDO, ADEMAIS, SEGUNDO A PROPRIA
INICIAL COMO INSUMO DA ATIVIDADE DE TRANSPORTE – AUSENCIA
DE QUALQUER PRESSUPOSTO QUE PUDESSE AUTORIZAR O
RECONHECIMENTO DO PRIVILEGIO DE FORO – NÃO INCIDENCIA DO
ART. 101 DO CDC – DEVIDO PROCESSO LEGAL, AMPLA DEFESA E
CONTRADITORIO NÃO OBSTADOS PELA EVIDENTE PROXIMIDADE
FISICA DAS COMARCAS ACESSIVEIS AO RECORRENTE – PREVALENCIA
DA REGRA GERAL DO CODIGO DE PROCESSO CIVIL – CPC ART 94 –
INCIDENCIA – RECURSO NÃO PROVIDO. (GRIFO NOSSO)”
(TJ/SP – AGRAVO DE INSTRUMENTO N 1.150.546-00/1 - 25
COMARCA: SALTO; 1 VARA CIVEL)

“VOTO 9.149
(...)
O arrematante que participou do certame realizado pelo leiloeiro,
evidentemente se submete as regras dos editais publicados para a
preparação daquele evento e é da natureza do negocio a induvidosa
certeza de que o leiloeiro não é dono dos bens levados a leilão e se
presta serviços, o faça exclusivamente para o concomitante vendedor
ou alienante.
O leiloeiro, de fato, não exerce o comercio. As funções do leiloeiro
são especificadas pelo Decreto 21.981 de 19 de outubro de 1932 e,
realmente, a teor do artigo 22 daquela legislação regulamentar, resta
claro que o leiloeiro quando exerce seu oficio é reputado como
verdadeiro consignatário ou mandatário do alienante.”
(...)

Outrossim, os printis de tela do site Reclame Aqui que a Autora


colaciona aos autos, nada tem o condão de provar. Pois infelizmente, muitos são os
casos em que os participantes não se atentam às condições do leilão e promovem
reclamações na internet, não podendo tais materiais, serem usados como prova.

Não assiste razão, portanto, a condenação na declaração da inexigibilidade


do débito no valor de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais), bem como na condenação da
Apelante no pagamento no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) a título de
indenização.
Dessa forma, de rigor a reforma da r. sentença para o reconhecimento da
existência da divida, com a consequente improcedência da ação.

IV. DO PEDIDO

Diante do exposto, requer-se seja conhecido e provido o recurso de


apelação, para que a r. sentença de mérito seja anulada em virtude do cerceamento
de defesa e, caso assim não se entenda, o provimento do recurso para que a ação seja
julgada improcedente, reformando-se a r. sentença de mérito nos termos acima
expostos, por ser esta medida de inteira JUSTIÇA!

Termos em que,
Pede deferimento.

São Paulo, 04 de março de 2022.

Fernando Antonio Albino de Oliveira


OAB/SP 22.998

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