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SEMINÁRIO ASHBEL GREEN SIMONTON

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

RESENHA CRÍTICA DE “TIMEU”, DE PLATÃO.

ALUNO: RENAN CASEMIRO DA SILVA

Em sua obra Timeu, Platão apresenta um discurso sobre a origem do mundo e do


homem, uma espécie de Gênesis dos gregos em forma de diálogos (entre Sócrates, Timeu,
Hermócrates e Crítias), suas teorias quanto à origem do mundo e a natureza do homem.

Os diálogos iniciais remetem a um assunto que já havia sido tratado anteriormente


pelos atores, que dizia a respeito de uma sociedade ideal, onde havia separação entre a
classe dos que trabalhavam na terra e outros ofícios de artesãos e a classe daqueles que
defendiam a cidade (estes deveriam ser dotados de sabedoria e natureza enérgica e
deveriam se ocupar exclusivamente da função de guardar a cidade).

Uma sociedade onde todos os casamentos e filhos seriam comuns, ou seja, todos
considerariam todos como sendo da mesma família. Dialogavam também sobre a criação
dos filhos, sobre o tipo de casamento entre os governantes, entre muitos outros tópicos.

Crítias, então, relatou para Sócrates uma história ouvida em sua infância, de um
poeta chamado Sólon, que havia ido para o Egito e supostamente descoberto lá, através
de um sacerdote, grandiosos feitos sobre sua cidade – Atenas. Esses relatos foram de
grande importância, pois mostravam que em Atenas já habitara uma sociedade muito
semelhante àquela que idealizavam como sendo ideal; e que ainda derrotara com grande
furor, inimigos que haviam se levantado contra os atenienses – os homens de Altântida.

De forma egocêntrica, mostrava que nesse Estado habitara a mais bela e grandiosa
casta de homens e que toda ordem e sistematização haviam sido partilhadas pela deusa
aos homens. Já Timeu, mais entendido de astronomia, direcionou seu discurso a falar
sobre a origem do universo, e por último sobre a natureza do homem.

Giovanni Reale, um filósofo, historiador da filosofia e professor universitário italiano


dizia que o Timeu é o que mais se aproximou de um Criacionismo na filosofia grega.
Entretanto, acredito que o diálogo não deva ser confundido com uma criação a partir do
nada como o do gênesis bíblico. Talvez devêssemos muito mais do que nos apegarmos
ao aspecto físico do universo, prestarmos atenção à importância da criação da alma
humana.
Em sua cosmologia não existem uma multiplicidade de universos que teriam
servido de modelo para a criação Divina. Existe na verdade apenas um céu que foi o
modelo do qual Deus fez do nosso uma cópia. Deus criou também a alma antes do corpo
e a tornou imortal. O céu e o tempo também foram criados em semelhança com a
eternidade. Antes do nascimento do céu, o tempo e os dias não existiam. O céu, segundo
Platão, foi, é e será, seguindo sempre a lei dos números. Os planetas foram criados em
forma de esfera e são a divindade visível.

O Demiurgo cria a alma do ser humano de uma mistura e as dividiu em um número


igual ao dos astros, ensinando-lhes a natureza do Todo. Nessa parte é importante já ter
lido o Fedro. Criando as almas, Deus deu a todas o mesmo nascimento e as mesmas
paixões, de maneira que se os homens dominassem essas paixões viveriam na justiça; se
deixassem elas o dominarem, viveriam na injustiça. Se vivessem bem, voltariam para o
céu onde teriam a vida de um deus; se vivessem na injustiça, reencarnariam com forma
feminina, e se persistissem, assumiriam um corpo de animal.

A linguagem empregada por Platão é figurativa. A alma é mais velha do que a


matéria (corpo), e este último submete-se a ela. Em certo sentido, como Deus é eterno, a
matéria e o universo seriam “eternos” também.

Para Platão existem 3 princípios da criação:


1º Mundo das ideias, 2º mundo sensível, 3º Demiurgo,o plasmador olhando para as
ideias.

Ou seja, O deus platônico, o demiurgo é inferior ao mundo das ideias, pois se


baseia para plasmar mundo. O mundo foi criado, porém, não do nada, usou uma espécie
de plasmação. Esse tipo de pensamento, a dicotomia platônica, não se tem uma base
sólida, um beco sem saída, pois como um Deus que é superior é inferior as idéias que ele
se baseia, depois, se ele é inferior e como pode ser Eterno, quem o criou? Nada disso é
explicado.

Criada pelo demiurgo, e, sendo desta forma, a única capaz de contemplar o Mundo
Inteligível.
Vê-se desta forma, que a alma foi feita para comandar o corpo, no entanto, muitas vezes,
é o corpo quem comanda a alma. Apenas uma alma forte, uma alma racional, pode ter o
controle do corpo. Quando esta o tem, assim que ela cumpre sua tarefa de purificação,
ela deixa o corpo para retornar às Ideias.
No final de todo o processo, ou seja após a morte, a alma fica outra vez sem as partes
sensíveis que lhe haviam sido acrescidas. Retornando ao estado puramente espiritual, a
alma fica como inicialmente se encontrava. Estivera num corpo para se purificar de algum
delito. Uma vez purificada, não teria mais sentido permanecer aprisionada no corpo e com
os seus órgãos sensíveis.
Obviamente este é apenas um aspecto desta grandiosa obra de Platão, o filosófico. Existe
também o aspecto místico que fascina gerações. Mas a noção ainda que imperfeita de
criação é o que fará seu pensamento ser tão propagado, inclusive por alguns pais da
igreja.

Semelhantemente, fazendo uma analogia com Gênesis, o primeiro livro da Bíblia,


como dito no inicio, Timeu é uma espécie de Gênesis dos gregos. A duas narrativas tratam
de um Deus que é bom, criador do mundo, vontade própria, o mundo espelha a sua
vontade e sumamente inteligente, porém ao contrário do Deus da Bíblia que criou todas
as coisas do nada: “No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem
forma e vazia;” (Gênesis 1:1) , o Deus apresentado em Timeu “plasma” (cria) do mundo
das ideias.
Essa perspectiva platônica se aproxima da realidade da Criação, por isso, inclusive
atraiu os primeiros grandes doutores da igreja.

Portanto, Em sua obra Timeu, Platão ao apresentar o discurso sobre a origem do


mundo e do homem, chega bem próximo da narrativa Bíblica da Criação, abrindo a mente
e compreensão de muitos em sua época.

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/363788/mod_resource/content/0/Plat%C3%A3o_Timeu-
%20Completo.pdf

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