Cosmologia: Da Antiguidade até o Presente – Como

foi mudando a “nossa visão” sobre o Universo?

 Elementos de uma História da Cosmologia

 Nenhum ramo da ciência possui área de interesse tão

grande quanto a Cosmologia

 Cosmologia  Estudo do Universo (por definição contém

todas as coisas)  Tão antiga quanto a própria
humanidade

 A milhares de anos (e mesmo hoje em algumas regiões

do planeta) o Universo explicado pela ação de espíritos
impulsionados por emoções similares às dos seres
humanos  Universo “antropomórfico”
 Cosmologia Pré-Científica – Mitologia
 Fundação das primeiras cidades estado (~ 10.000 a.C.):
Espíritos afastam-se e passam a ser remotos deuses e
deusas que personificam abstrações do pensamento e da
linguagem

 Magia  Substituída pela religião  Sucessão de

fenômenos naturais regulados pelos desejos, paixões,
caprichos de deuses parecidos com o homem, mas muito
superiores a ele em poder

 Mitologia  Cosmologia Pré-Científica  Entrelaçamento de

mitos em visões de mundos que ilustram as primeiras
tentativas de explicar o Universo pelo pensamento
sistemático
 Os Mitos da Criação

 Universo primitivo era antropocêntrico  No centro

estavam os seres humanos  Geometricamente 
Geocêntrico (Terra no centro)

 Índia  “No inicio todos os

átomos dissolvem-se nas
águas puras, primitivas, da
eternidade, de onde tudo
originalmente surgiu por
ação de Brahma”
 Os Mitos da Criação

 Egito  “No inicio existia

apenas Nun, um espírito
ainda sem forma que trazia
consigo a soma de toda a
existência  Rá (deus sol)
criou todos os deuses e
deusas e todos os lugares”
No antigo Egito, o céu era uma imensa deusa, Nut,
que cobria toda a Terra.
 Os Mitos da Criação

 Babilônia  constelações do
zoodíaco, catálogos de estrelas e
planetas, aritmética, geometria, previam
eclípses

 Marduk  cria o Universo após matar

a deusa do mar Tiamat e cortá-la em dois
pedaços como um “peixe seco”

 Tiamat  1a Parte - céu com o sol e os

planetas, além das estrelas
2a Parte - Terra

 Antes de Marduk  Universo era um

“caos aquoso” dominado por Tiamat
(mar) e Apsu (água doce subterrânea) 
Inércia e Repouso
Lendas indígenas – Nheengatu –
Ação de Tupana
Bíblia
 Nesse mito bíblico da criação, existe apenas
uma divindade, que produz todas as coisas. Nada
surge por si próprio: parecem não existir forças
ativas da matéria. É necessária a decisão e o
poder de um deus para que tudo possa surgir.
 Mitologia – muitos dos temas e idéias básicas se
repetem – tradição de um povo passada a outro
(babilônicos, egípcios, judeus, gregos e outros povos da
Antiguidade.

Povos das Américas, África ou da Austrália –

desenvolvimento de mitos semelhantes.

Festas pagâs (“pagus” – aldeia). Festas realizadas ao

redor do fogo – simbolizam o início de um novo ciclo.
Consideradas “miniaturas” do ciclo inteiro – rituais de
adivinhações ou modificações do futuro.

Noite de São João – solstício de inverno no hemisfério

sul – ritual de repetição do nascimento do mundo.

Água – recolher água e banhar-se após a meia-noite do

solstício.
 Os Mitos da Criação

 Grécia  No começo existiam Nyx

(noite) e Érebo  coexistiam no
seio Caos  desorganização 
Obscuridade da noite (no alto) e
dos infernos (embaixo)

 Érebo liberta Nyx  se encurva

formando uma “esfera” cujas
metades se separam  Abóboda
Celeste e Terra

 Céu e Terra (Ouranos ou Urano /

Gaia) possuem realidade material
ligados por Éros (amor)  natureza
espiritual  coesão do Universo e
inicio das gerações divinas
Okeanos – representado como o rio que circunda todo o
mundo conhecido. Considerado o pai de todos os rios.

Tartaros - embaixo da Terra – região sem luz

Pensamento filosófico – filosofia surge quando a tradição
religiosa e a mitologia são colocadas em dúvida.

Filosofia grega – baseia-se principalmente na razão, no

pensamento, em raciocínios lógicos – modelo fundamental é a
matemática.

Caracteriza-se por períodos antes e depois de Sócrates

Filósofos pré-socráticos – Tales, Anaximandro e Anaxímenes – primeiros
filósofos pré-socráticos – nasceram em Mileto – ensinavam que todas as
coisas se originam em uma matéria primordial – o princípio “arche”
(arqueologia – significa estudo dos princípios.

Tales - Água Anaximandro - Apeiron Anaxímenes - Ar

Apeiron - Substância indestrutível ou imortal – continuava a
existir nas diferentes substâncias, tendo apenas adquirido uma
nova aparência.

Apeiron não tem início – sempre existiu.

Apeiron seria infinito, preenchendo todo o espaço. Não existiria

nenhum lugar vazio ou com outro tipo de substância.

Apeiron existiria dentro de tudo o que conhecemos

.
A partir do Apeiron que se forma o mundo
.
Anaximandro foi o primeiro pensador grego a propor uma teoria
racional pela qual o mundo se forma a partir de uma matéria que
existe por si mesma e na qual não existe a intervenção de deuses
ou outros seres sobrenaturais.
 Atomistas – inicia-se com Leucipo e Demócrito – século V a.C.

Primeiros gregos a admitir a exixtência de um espaço vazio, ou vácuo,

no qual se moviam partículas aternas, imutáveis – os átomos.

Admitem uma grande variedade de tipos diferentes de átomos – de

princípios de matéria.

Não existe nada além dos átomos e do vazio.

 Não se pode conceber o limite final do universo. Portanto, ele deve ser
ilimitado, infinito. Como o universo é infinito, ele não tem um centro. É um
erro pensar que a Terra está no centro do universo.
Podem existir mundos esféricos, mas também mundos ovais ou de
qualquer outra forma. Nos outros mundos também poderiam existir as
sementes dos animais, e alimentos adequados para eles – a vida não
precisa ser um fenômeno terrestre.
Não havia Sol, mar, a Terra o ar ou as estrelas. Havia apenas uma mistura
de todos os tipos de elementos. As partículas não conseguiam ficar unidas
pois tinham diferentes formas e tamanhos. Depois ocorre uma separação
das partículas e as partículas semelhantes se unem para formar tudo o que
conhecemos.
Atomismo – concepção revolucionária. Rompe completamente com toda
a visão de mundo que era aceita na época e tira a Terra e o homem do
centro do universo. Nega a existência de deuses capazes de interferir no
mundo.
Finalidade da filosofia atomista – fornecer tranqüilidade que vem do
conhecimento. As pessoas que não conhecem as causas dos fenômenos
da natureza acreditam em deuses e ficam sujeitos ao medo. Acreditando
nos mitos, as pessoas podem temer algum castigo eterno e ficar sob o
domínio de opiniões erradas.
 Pitágoras (VI a.C.):
Chama os céus de
cosmos e a Terra de
esfera. Os corpos
celestes eram divinos e
esferas perfeitas que se
moviam em círculos
perfeitos ao redor de um
fogo central cósmico.
Os corpos celestes
emitiriam notas
harmônicas que
estariam além do
alcance dos ouvidos
humanos
 O Universo segundo os Gregos
 Platão (IV a.C.): Terra esférica e fixa envolvida por outra esfera
de estrelas  planetas movem-se entre as duas esferas

 Aristóteles (IV a.C.): Qualidades

físicas e espirituais às esferas 
Quatro elementos: Terra, Ar,
Água, Fogo na esfera sublunar e
um quinto elemento nas esferas
superiores (Quintaessência). O
Universo é finito  “Se o céu
fosse infinito não completaria
uma volta em torno da Terra
num tempo finito  absurdo”

 Através de eclipse lunar

Aristóteles verifica que a Terra é
esférica
Platão – O Mito de Timeu
 Personagem do diálogo, matemático e
astrônomo, seguidor de Pitágoras. Expõe
certa concepção sobre a origem e o
desenvolvimento do universo.
 Admite que o universo foi criado e
pressupõe que houve um criador e discute
como ele planejou o universo.
 Concepção sobre o surgimento do
universo – a partir da idéia da bondade
divina e da sua vontade de fazer o universo
o mais perfeito possível.
 Deus de Timeu – não é o deus da
mitologia grega (violentos, invejosos,
vingativos, etc..) – concepção abstrata –
não é constituído à imagem e semelhança
dos homens. O Deus descrito não cria o
universo a partir do nada – ele já encontra
alguma coisa, como ponto de partida –
uma desordem que ele vai colocar em
ordem.
“Kosmos” – ordem – o universo é aquilo que foi colocado em ordem,
estruturado e arrumado.

Forma esférica – forma mais perfeita. É a única forma em que todas

as partes são iguais entre si e todos os pontos da superfície estão à
mesma distância do centro.

O criador ou artesão (arquiteto) do universo lhe deu um movimento

circular, em torno do próprio centro, por ser este também o
movimento mais perfeito – grande influência durante muitos séculos.

Já não se pensava mais na Terra como uma superfície achatada –

sabia-se que a Terra era redonda.
Aristóteles – (384 – 322 a.C) argumenta
que a Terra é redonda

Pensava-se que o mundo terrestre

tivesse um limite – se alguém
navegasse pelo oceano, acabaria
chegando ao final dele – o que
aconteceria depois?

Com a nova visão era possível assim

navegar sempre na mesma direção,
acabaria voltando ao ponto de partida.

TUDO ISSO ERA DIFERENTE E A Terra não está apoiada nem presa a nada
ESTRANHO e, apesar disso, não cai –
IDÉIAS DIFÍCEIS E/OU IMPOSSÍVEIS.
Em qualquer lugar da Terra é possível a
existência de pessoas, portanto,
poderiam existir pessoas que estão de
cabeça para baixo em relação à nós e
que não caem da Terra.
 O Universo segundo os Gregos
 Concepção Atomista de um Universo ilimitado colidia com visão
Aristotélica

 Demócrito  Via Láctea

formada por estrelas

 Heráclito  Terra gira em

torno de seu eixo em um
dia

 Aristarco e Arquimedes 
Terra gira em torno do seu
eixo em um dia e em torno
do sol em um ano
 O Universo segundo os Gregos
 Ptolomeu (II d.C.): Mesmo papel na astronomia que
Euclides (na geometria)

 Sofistica o modelo de
Aristóteles

 Almagesto
(O Grande Sistema)
descreve o movimento
dos planetas com
combinações de
epiciclos  Esse
modelo geocêntrico
dominou até a
renascença
 A Astronomia Medieval
 Hunos avançam para oeste (III d.C.)  pressão dos Chineses e
Mongóis
 Roma é saqueada (455)  cai Império Romano  nasce o Império
Bizantino  colapsa (1453) quando Constantinopla tomada pelos turcos

 400 d.C. até 1453: Hostilidades entre pagãos e os cristãos.

 Biblioteca de Serapis é queimada 

livros que continham conhecimentos
e cultura grega são heréticos.

 Igreja define: Terra é um tabernáculo

retangular rodeado por abismo de
água
 Transição – Era Medieval / Idade Média

 Até 1.000 d.C.  Europa em dormência

 Árabes traduzem “Almagesto” entre outros trabalhos gregos
 Ciência Árabe entra na Europa pela Espanha (X d.C.)

 Tomas de Aquino (XIII): cristianismo pode

acomodar o Universo Aristotélico com
pequenas modificações

 Dante Alighieri (“Divina Comédia”): Inferno no

interior da Terra, o purgatório na esfera
sublunar e as regiões etéreas superiores
acima da esfera lunar

 Universo Medieval consolidado (XIV):

Antropocêntrico, santificado pela religião,
racionalizado pela concepção geocêntrica
 A Revolução Copernicana
 Transição de um Universo geocêntrico para um Universo heliocêntrico
 Nicolau Copérnico (1473-1543): Cristaliza tendências do pensamento
astronômico grego  Universo heliocêntrico e finito (limitado pelas estrelas
fixas) - Aristarco

 1543: “Sobre a Revolução

dos Corpos Celestes”

 Contesta a idéia de
Ptolomeu de que se a
Terra girasse ela
quebraria

 Sua obra foi classificada

como “proibida” pela
Inquisição da Igreja
Católica
 O Modelo de Universo de Tycho Brahe

 Tycho Brahe (1546-

1601): Observações
cuidadosas e refinadas
dos planetas

 Rei Frederico II  Ilha

com Observatório

 Rejeitou o sistema
Copernicano

 Sistema geocêntrico em
que o sol gira em torno
da Terra e os demais
planetas giram em
torno do sol
 As Leis de Kepler

 Johannes Kepler (1571-1630): Torna-se

assistente de Tycho Brahe em 1600  Revendo
os dados de Tycho Brahe obteve de forma
empírica as suas três leis:

I – Cada planeta se move em uma órbita elíptica tal

que o sol ocupa um dos focos (marte)  1609

II – A linha que liga o Sol a um planeta varre áreas

iguais a intervalos de tempo iguais (marte) 
1609

III – O período de um planeta é proporcional a

potência 3/2 do comprimento do eixo maior da
elipse descrita pelo respectivo planeta (satélites
de júpiter)  1619
 Do Século XVII ao XIX

 Galileu Galilei (1564-1642): Com

os telescópios observou os
quatro maiores satélites de
júpiter e percebeu que eles
favoreciam a teoria
Copernicana; sugeriu que a
Via-Láctea era formada por
estrelas