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Ricardo Batista

ANTROPOGÊNESE

Brasília
30 de março de 2007
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SUMÁRIO

Introdução........................................................................................... 3
Antropogênese................................................................................... 4
Bibliografia.......................................................................................... 22
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Introdução

O tema deste trabalho é a antropogênese: surgimento e evolução humana. É


um complemento ao trabalho anterior, que versa sobre a cosmogênese. Sua
espinha dorsal é o Conceito Rosacruz do Cosmos, escrito por Max Heindel.
Entretanto, nalgumas passagens achamos por bem contrapor às suas, as idéias de
Helena Blavatsky, mais precisamente, aquelas oriundas de sua Doutrina Secreta.
Ainda, quanto às características dos povos arianos, foram extraídas informações d’A
Ciência Oculta de Rudolf Steiner, bem como da obra de Scott-Elliot voltada aos
Atlantes e Lemurianos.
Aqui, iniciamos a tarefa de dar conta da evolução humana no que concerne ao
chamado Período Terrestre, ficando suas fases primordiais no tocante aos Períodos
de Saturno, Solar e Lunar já expostos no citado trabalho anterior. De modo que
pensamos que só é possível falar de uma antropogênese quando tomamos por
referência a evolução de nosso globo, a partir da Época Polar do Período Terrestre.
Fica registrado que este se constitui num trabalho de pesquisa, e que uma
leitura mais acurada das obras, utilizadas como base para tratar do tema aqui
exposto, se faz preciso, dado que, a cada leitura, há de nova luz sobrevir ao
estudante.
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Antropogênese

A teoria antropogênica afirmada por Max Heindel (1948), dá conta de que a


evolução humana teve início ainda no Sol (região Polar), quando a Terra não se
havia desprendido deste. A atmosfera era gasosa e as substâncias constituintes da
Terra, em estado ígneo e ardente, encontravam-se em fusão. De modo que, a partir
da substância sutil do Sol, o homem começou a construir seu primeiro corpo mineral,
inconscientemente, auxiliado pelos Senhores da Forma.
Entretanto, o corpo denso atual do homem só foi alcançado, em perfeição, ao
longo de miríades de anos evolucionando. Este primeiro corpo denso “era um objeto
enorme e pesado, com uma abertura na parte superior pelo qual saía ou se
projetava um órgão. Era uma espécie de órgão de orientação e direção” (HEINDEL,
1948, p. 231). Com o tempo ambos uniram-se mais estreitamente, condensando
mais o órgão. Foi se tornando mais e mais sensitivo, assinalando situações de
perigo, impelindo o corpo denso a mover-se a um local mais seguro. Este órgão
evoluiu para a hoje denominada glândula Pineal.
A propagação era realizada mediante a divisão, por excisão, destes seres, em
duas metades, as quais não cresciam, permanecendo do tamanho original a que
haviam sido criadas.
Os Senhores da Forma e os Anjos envolveram o corpo denso humano com o
corpo vital, durante a Época Hiperbórea. De modo que seus corpos começaram a
inchar, absorvendo, por osmose, materiais externos a eles. Propagavam-se, então,
dividindo-se em duas partes desiguais, que cresciam até atingir o tamanho de seu
pai. O homem era, a este tempo, um enorme saco gasoso flutuando sobre a Terra.
Possuía ainda uma consciência de sono sem sonhos, semelhante aos vegetais.
Nesta Época, a Terra começou a diferenciar-se, sendo arremessada para fora da
massa central do Sol, junto com a parte referente à Lua. Ali evolucionava a onda de
vida dos atuais humanos, bem como outras ondas iniciadas nos Períodos Solar,
Lunar e Terrestre, constituindo os atuais reinos animal, vegetal e mineral. Além
destes, havia outros que não conseguiam de forma alguma evoluir, cristalizando a
parte da Terra que habitavam; eram os Fracassados. Para que não impedissem a
evolução dos outros seres terrenos, foram arrojados ao espaço, junto com a porção
da Terra cristalizada em que viviam. Seu destino era desintegrar-se. Daí surgiu a
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Lua, que ajuda os homens a manter uma densidade adequada à vida dos corpos
densos.
A Época Lemúrica é caracterizada pelo surgimento do corpo de desejos, pelo
nascimento da individualidade e pela separação dos sexos. O homem estava
constituído tal como animal; possuía uma consciência de sono com sonhos. Os
Arcanjos e os Senhores da Mente, ajudados pelos Senhores da Forma, deram o
germe mental à maioria dos adiantados. Além do mais, os Senhores da Forma
vivificaram o espírito humano em todos os atrasados do Período Lunar que não
puderam, ainda, receber um germe mental. “Os Senhores da Mente tomaram a seu
cargo a parte superior do corpo de desejos e da mente germinal, impregnando-os
com a qualidade de personalidade separada” (HEINDEL, 1948, p. 235),
possibilitando o nascimento do Indivíduo.
“O espírito desceu dos mundos superiores durante a involução e por ação
concorrente os corpos se elevaram no mesmo período. O encontro destas duas
correntes no foco ou mente é o que marca o ponto em que nasce o indivíduo, o ser
humano, o Ego; quando o Espírito toma posse dos seus veículos” (HEINDEL, 1948,
p. 236-237).
No entanto o desenvolvimento da consciência tal como é hoje ainda demorou
um longo percurso, pois os seus órgãos ainda se encontravam em estado
rudimentar. O primeiro passo para adquirir a inteligência foi a construção do cérebro;
o que se realizou separando a humanidade em sexos distintos, ficando a “Vontade”,
reservada à metade masculina, e a “Imaginação”, à feminina.
Por influência de Marte, o Ego pôde manifestar-se, uma vez que este planeta
polarizou o ferro que exerce controle sobre a temperatura do sangue. E o sangue é
o veículo do Ego no corpo.
Quando o Ego entrou na posse de seus veículos, fez-se necessário
empregar parte dessa força [sexual] na construção do cérebro e da laringe,
que originalmente eram partes do órgão criador. A laringe formou-se
enquanto o corpo denso tinha a forma de saco, inchado, [...] cuja forma é a
que ainda tem o embrião humano. [...] A força dual criadora [...] se dividiu.
Uma parte se dirigiu para cima e se empregou na construção do cérebro e
da laringe, por cujo intermédio o Ego tornou-se capaz de pensar e
comunicar seus pensamentos aos demais seres.
Como resultado desta mudança, unicamente uma parte da força essencial
para a criação de outro ser era utilizável em cada indivíduo e por isso se fez
necessário a cada ser individual procurar a cooperação de outro que
possuísse a parte de força procriadora que lhe faltava (HEINDEL, 1948, p.
239).
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Assim, à custa da metade da sua capacidade procriadora, o homem obteve a


capacidade de pensar e transmitir seus pensamentos, o que possibilitou criar uma
linguagem mais elaborada que os sons até então emitidos.
Helena Blavatsky (1978), enuncia que houve sete Grupos humanos evoluindo,
simultaneamente, em sete partes do Globo terrestre. A primeira raça era imperfeita,
posto que ainda não havia os sexos. Esta raça foi destruída e encarnou na segunda
raça, bissexual. Esta, de sua feita, na Raça andrógina e estes na Raça sexuada, ou
Terceira Raça do último período.
Assim, segundo a autora, a primeira raça existiu há cerca de trezentos milhões
de anos e habitou a “Ilha Sagrada e Imperecível”, único continente cujo destino é
durar “desde o começo até o fim do Manvantara” (BLAVATSKY, 1978, p. 20), sendo
também o continente a ser habitado pela última raça. Eram seres etéricos, “sombras
das sombras”, sem sexo e sem mente (Amânasa).
Os homens da Primeira Raça foram, pois, simplesmente as Imagens, os
Duplos Astrais de seus Pais, que eram os vanguardeiros ou as Entidades
mais avançadas de uma Esfera anterior, mas inferior, cujo cascão é hoje a
Lua. Este mesmo cascão é, porém, todo potencial, visto que a Lua, tendo
engendrado a Terra, seu fantasma, e atraída por uma afinidade magnética,
tratou de formar os primeiros habitantes do nosso Globo, os monstros pré-
humanos (BLAVATSKY, 1978, p. 131).
A segunda raça, constituída pelos Pais dos “Nascidos do Suor” e pelos próprios
“Nascidos do Suor”, “foi produzida por brotamento e expansão, a Assexual
procedente da Sem-Sexo” (BLAVATSKY, 1978, p. 131). Os Chhâyâs (ou Sombra;
corpo astral), seres etéreos, assexuais e desprovidos de Kâma Rûpa (corpo de
desejos), “deram origem à Segunda Raça de modo inconsciente, como o fazem
certas plantas, ou talvez como a ameba, só que em uma escala mais etérea, mais
impressionante e mais extensa” (BLAVATSKY, 1978, p. 132). Habitaram o
continente Hiperbóreo, ao sul e ao leste do Pólo Norte, “o país que se estendia além
de Bóreas, o Deus de coração gelado” (BLAVATSKY, 1978, p. 20). Esta Raça
desenvolveu de si mesma aquela que viria a ser a Terceira Raça: os Lemurianos.
Destas duas raças a autora lembra que não foi possível encontrar fossilizações
porque se trata de seres etéreos, não havendo matéria capaz de se cristalizar com o
tempo. As duas fundiram-se numa só, complementando-se.
Max Heindel (1948) discorda da visão de Blavatsky de que estas duas
primeiras raças possam ser chamadas, especificamente, de Raças. Pois se referem
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à evolução humana concernente às Épocas Polar e Hiperbórea. Assim, para ele, a


parte da evolução humana no tocante ao Período Terrestre pode ser dividida em:
[...] sete grandes estados ou Épocas; porém, em realidade não podem ser
chamados propriamente de raças. Nada a que propriamente possa aplicar-
se esse nome apareceu até o final da Época Lemúrica. Desde aquele tempo
diferentes raças sucederam-se umas às outras, através das Épocas Atlante
e Ária, e se estenderão ligeiramente na grande Sexta Época (HEINDEL,
1948, p. 240).
O número total de raças  passadas, presentes e futuras  em nosso
esquema evolutivo é de dezesseis; uma ao final da Época Lemúrica, sete
durante a Época Atlante, sete mais em nossa atual Época Ária, e outra mais
ao começar a Sexta Época. Depois disso não haverá nada mais a que se
possa denominar propriamente raça (HEINDEL, 1948, p. 240).
Na última parte da Época Lemúrica, surgiu a Raça Lemúrica, ou os Lêmures. A
atmosfera ambiente era parecida com a névoa ígnea do Período Lunar, só que mais
densa. Parte da Terra iniciava sua cristalização enquanto outras partes estavam em
fusão. Um mar de águas em ebulição cercava as ilhas de crosta dura. Erupções
vulcânicas e cataclismos eram freqüentes.
Sobre as partes mais duras e resfriadas, cercados de “bosques gigantescos e
animais enormes” (HEINDEL, 1948, p. 244) de formas plásticas, viveram os homens
deste período. Possuíam já um esqueleto formado, mas, também, um enorme poder
de modelar as suas carnes e as dos animais a sua volta.
Quando surgiu o homem, podia ouvir e tinha tato, porém sua visão ou
percepção da luz só veio mais tarde. [...] Os lêmures não tinham olhos.
Tinham duas espécies de manchas pequenas ou pontos sensíveis, que
eram afetados pela luz solar que atravessava, confusa e vagamente, a
atmosfera de fogo da antiga Lemúria, porém até quase o final da Época
Atlante não possuíram a vista tal como hoje a conhecemos. Desde aquele
momento progrediu a construção dos olhos. (HEINDEL, 1948, p. 245).
Só a partir da separação da Terra do Sol é que o homem necessitou enxergar.
À medida que se ia dissipando a névoa que cobria os raios solares, a luminosidade
chegava até a ele, fazendo com que desenvolvesse os olhos.
Sua linguagem era formada de sons, análogos aos da Natureza que, eram para
ele, “como vozes dos Deuses, de quem sabia que ele mesmo descendia” (HEINDEL,
1948, p. 245). Assim, para ele, sua linguagem era algo santa, aplicada com grande
reverência. Por meio de percepções internas, claras e racionais, era que percebia
seus semelhantes.
A propagação da espécie era guiada pelos Anjos, sob direção de Jehová
(governante da Lua), sendo realizada em certas épocas do ano quando os planetas
formavam o ângulo apropriado; os partos, neste tempo, eram desprovidos de dor.
Em verdade, não possuíam consciência do nascimento, pois que eram inconscientes
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do mundo físico. “Unicamente mediante o íntimo contato das relações sexuais o


espírito sentiu a carne, e o homem conheceu a sua esposa” (HEINDEL, 1948, p.
246). A partir do instante em que passaram a procriar sem respeitar as influências
estelares, não obedecendo ao período correto ao acasalamento, sobreveio a
maldição de Jehová, indicando que “o emprego ignorante da força geradora é a
responsável pela dor, pela enfermidade e pela tristeza” (Id. Ibid., p. 246).
Não possuíam, também, noção da morte. Quando ao longo do tempo chegava
o instante de abandonarem seu corpo, inconscientemente entravam noutro;
encarnavam da mesma forma que uma folha caía das árvores. Isto porque, como se
disse antes, não tinham, ainda, a consciência do Mundo Físico.
A educação dos rapazes diferia da das moças. Tais métodos, porém, não os
prejudicava, uma vez que não possuíam memória. Aliás, através destas práticas é
que se foi despertando neles as lembranças.
Por meio de métodos perversos, buscavam, nos rapazes, despertar a Vontade,
seja fazendo-os lutar uns contra os outros, ou transportar imensas cargas, para que
seus músculos estivessem sempre tencionados.
Quanto às moças, a faculdade imaginativa, também por meio de práticas
desumanas, era a qualidade a ser despertada.
Eram metidas em bosques imensos, para que o som do vento entre as
folhagens lhes falasse e abandonadas em meio à fúria das tempestades e
de inundações.
[...] A educação das meninas desenvolvia a memória germinal e ainda débil.
A primeira idéia de Bem e Mal foi formulada por elas, devido a suas
experiências, que agiram fortemente sobre sua imaginação. As experiências
que produziam o resultado esperado eram consideradas “boas”, enquanto
que as que não produzissem o tão esperado resultado eram consideradas
“más” (HEINDEL, 1948, p. 248).
Os lêmures eram seres mais espiritualizados do que os seus sucessores. No
entanto, seu desenvolvimento dependia do aprendizado e conhecimento das coisas
materiais, uma vez que ignoravam os fatos relacionados com o Mundo Físico. Sob a
direção dos Mensageiros de Deus, dirigiram suas forças à construção das formas
para os reinos animal e vegetal. Apesar de serem magos natos, nunca se orientaram
para a realização do mal, pois eram puros e inocentes.
A inocência, entretanto, não é sinônimo de Virtude. A inocência é a infância
da Ignorância e não pode conservar-se em um universo em que o propósito
da evolução é a aquisição da Sabedoria. Para chegar a esse fim, o
conhecimento do bem e do mal, do justo e do injusto, é essencial, assim
como a liberdade de agir (Heindel, 1948, p. 249).
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Durante a última parte da Época Lemúria e dois terços da Época Atlante, o


homem “se converteu num ser pensante, raciocinador, completamente consciente”
(HEINDEL, 1948, p. 252). É designada, esta passagem, de “a queda do homem”. A
ela está relacionado o surgimento da individualidade, através da ação dos Espíritos
Lucíferes. Eram, eles, de uma classe de atrasados da onda de vida dos Anjos.
Portanto, mais evoluídos que os humanos. Assim, não podiam adquirir um corpo
denso como o nosso, embora, ao contrário dos Anjos, necessitassem de um cérebro
físico para a obtenção de conhecimentos.
“Encontravam-se, pois, numa condição muito séria. O único caminho que
podiam encontrar para expressarem-se a si mesmos e adquirir conhecimentos era
usar o cérebro físico do homem, pois podiam fazer-se compreender por um ser
físico, dotado de cérebro, o que não podiam fazer os Anjos” (HEINDEL, 1948, p.
254). Sucedeu que penetraram na coluna espinhal e no cérebro da mulher, posto
que nela a faculdade imaginativa estava desperta. Como tinha, ela, a consciência
interna e pictórica, enxergou aqueles seres como serpentes. De modo que a ela foi
revelado seu próprio corpo e o do homem.
Destarte, os Espíritos Lucíferes abriram os olhos dos homens para o Mundo
Físico no interesse de obterem conhecimentos por intermédio deles. Ensinaram-
lhes, assim, que poderiam ser os governantes de si mesmos, não precisando
obedecer a nenhum poder exterior. Também, que não deveriam temer a morte, uma
vez que possuíam a capacidade de formar novos corpos. Em compensação, em
decorrência da dita Queda, os humanos conheceram a dor e o sofrimento.
Desde então duas forças agem no homem: a dos Anjos, formando novos seres
na matriz, por meio do Amor (que se dirige para baixo; para o órgão da procriação),
e a dos Espíritos Lucíferes, despertando todas as atividades mentais (dirigindo-se
para cima; em direção ao cérebro).
Segundo Blavatsky, só podemos fazer referência ao homem propriamente dito
a partir das raças atlantes gigantescas, “pois só a Quarta Raça foi a primeira espécie
humana completa, sem embargo de possuir uma estatura muito maior que a nossa
de hoje” (BLAVASKY, 1978, p. 245). Portanto, só depois da chamada “Queda” é que
o homem pôs a desenvolver a forma puramente humana. Episódio este ocorrido a
cerca de dezoito milhões de anos segundo os textos sagrados pesquisados pela
autora.
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Cumpre dizer que a parcela de Lêmures que foi iluminada pelos Espíritos
Lucíferes é pequena, restringindo-se àqueles que foram a semente das sete raças
Atlantes. A maior parte, análoga aos animais, teve as suas formas degeneradas
para a dos animais selvagens e antropóides.
Quando nasce uma raça, as formas são animadas por certo grupo de
espíritos que têm a capacidade inerente de evolucionar até certo grau,
porém não mais além. Não pode haver paralisação de nenhuma espécie na
Natureza; portanto, quando se alcança o limite de tal grau, os corpos ou
formas dessa raça começam a degenerar, caindo cada vez mais baixo, até
que a raça se extingue (HEINDEL, 1948, p. 256).
Scott-Elliot afirma que há descendentes dos degenerados da Terceira Raça-
Raiz ainda habitando a Terra. Cita como exemplo os aborígines da Austrália, os
ilhéus de Andaman, algumas tribos montesas da Índia, os bosquímanos da África,
bem como outras tribos selvagens (SCOTT-ELLIOT, p. 61).
Helena Blavatsky discorre sobre o fato dos Lemurianos haverem construído
cidades colossais, não se configurando em meros selvagens paleolíticos. Ali, nestas
cidades,
[...] cultivaram as artes e as ciências, conheceram a Astronomia, a
Arquitetura e as Matemáticas. A civilização primitiva dos Lemurianos não se
seguiu imediatamente à sua evolução fisiológica, como se poderia supor.
Entre a evolução fisiológica final e a construção da primeira cidade
transcorreram muitas centenas de mil anos. Sem embargo, já estavam os
Lemurianos, em sua sexta sub-raça, construindo com pedras e lava suas
primeiras cidades rochosas (BLAVATSKY, 1978, p. 335).
Também afirma que tenham coexistido, concomitantemente, as Terceira e
Quarta Raças.
Sua característica dominante era o orgulho. “A reminiscência desta Terceira
Raça e dos Gigantescos Atlantes transmitiu-se de raça em raça e de geração em
geração até a época de Moisés, e encontrou forma objetiva nos gigantes
antediluvianos” (BLAVATSKY, 1978, p. 289).
Para Max Heindel, à Lemúria, destruída pelos cataclismos vulcânicos, sucedeu
o continente Atlântico. Da parte austral vinha o ar quente dos vulcões em erupção,
enquanto da parte boreal chegavam blocos de gelo. Assim, sua atmosfera estava
sempre impregnada de uma espessa e densa neblina, onde nunca brilhava o Sol
com claridade. Havia uma porção maior de ar na água e muita água suspensa no ar.
O homem possuía cabeça, mas a sua testa quase não havia, posto que seu
cérebro ainda não se desenvolvera frontalmente. Eram gigantes, se comparados à
nossa humanidade e andavam aos saltos, feito cangurus. Guiavam-se mais por sua
percepção interna que por sua visão externa, devido a que seu espírito não estava
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de todo internalizado. Por isso, não podiam, assim, dominar completamente, seu
corpo físico.
“Há um ponto, entre os arcos superciliares, a meia polegada abaixo da pele,
que tem um ponto correspondente no corpo vital” (HEINDEL, 1948, p. 259). Não é o
corpo pituitário, mas sim, “a raiz do nariz”, onde se encontram os corpos físico e
vital; é o assento do espírito interno no homem. Ainda nos primórdios do homem
atlante, esses pontos encontravam-se muito separados um do outro, tal como
sucede entre os animais hoje. Acarretava em uma percepção maior dos mundos
internos que dos externos.
Com o tempo, no último terço desta época, estes dois pontos uniram-se,
fazendo com que os atlantes fossem perdendo o contato com os mundos internos e
percebessem o exterior com mais facilidade, tornando-se conscientes do Mundo
Físico, em detrimento de sua percepção espiritual.
A Rmoahals foi a primeira das raças atlantes. Tinham pouca memória,
geralmente relacionada às sensações. Recordavam das cores e dos sons.
Adquiriram, então, os primeiros rudimentos lingüísticos, um avanço em comparação
aos lêmures. Assim, deram nomes a muitas coisas e, por serem uma raça espiritual,
suas palavras tinham poder sobre as coisas nomeadas. “Por meio do emprego da
linguagem a alma dessa raça pôde pela primeira vez pôr-se em contato com a alma
das coisas do mundo externo” (HEINDEL, 1948, p. 260). Segundo Scott-Elliot, os
remanescentes dessa raça hoje podem ser encontrados entre os lapões, ainda que
não se tenham conservados puros em seus cruzamentos de sangue.
Helena Blavatsky também considera que a Quarta Raça desenvolveu a
linguagem que, segundo o Ensinamento oculto, seguiu a seguinte ordem:
I. Idioma monossilábico: a dos primeiros seres humanos já quase
completamente evolucionados no fim da Terceira Raça-Raiz, homens “cor
de ouro”, de pele amarela, depois da separação em sexos e do despertar de
suas mentes. [...] Este idioma monossilábico foi, por assim dizer, o pai das
línguas monossilábicas mescladas de consoantes duras, ainda em uso
pelas raças amarelas.
II. Idioma aglutinante: Esses caracteres lingüísticos originaram as
línguas aglutinantes, faladas por algumas raças atlantes, enquanto outros
antecessores pertencentes à Quarta Raça conservavam a linguagem
materna. [...] Enquanto a “nata” da Quarta Raça se elevava cada vez mais
rumo ao ápice da evolução física e intelectual, deixando assim, à Quinta
Raça (a raça ariana) nascente, como herança, as línguas de flexão
altamente desenvolvidas, o idioma aglutinante entrou em decadência,
subsistindo apenas como idioma fóssil e fragmentário, aqui e ali, limitando-
se quase às tribos aborígenes da América.
III. Idioma de inflexão: A raiz do sânscrito  tido erroneamente como o
“irmão mais velho” do grego, em vez de seu “pai”  foi a primeira língua da
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Quinta Raça e é hoje a dos mistérios dos Iniciados. As línguas “semíticas”


são descendentes bastardas das primeiras corrupções fonéticas dos filhos
mais velhos do sânscrito primitivo. A Doutrina Oculta não admite divisões
como a ariana e a semita, e só com muitas reservas aceita a turaniana. Os
semitas, e especialmente os árabes, são arianos mais recentes,
espiritualmente degenerados e materialmente aperfeiçoados. A esta
categoria pertencem todos os judeus e árabes (BLAVATSKY, 1978, p. 217-
218).
Os Tlavatlis foram a segunda raça atlante. Era uma raça robusta, de cor
vermelho-acastanhada e amante das montanhas, onde se instalaram
preferencialmente. Podem ser considerados os germes da realeza, pois, pelo valor
que a memória obteve nesta comunidade, passaram a eleger como Guia aquele que
houvesse realizado feitos mais notáveis. Nesta raça, também, surgiu a ambição. “A
humanidade começou a honrar a memória dos seus antecessores e adora-los e
também a outros que houvessem alcançado algum grande mérito. Este foi o
princípio de certa forma de adoração que ainda é praticada hoje em dia por alguns
asiáticos” (HEINDEL, 1948, p. 261). Emigraram para as costas ocidentais do
crescente continente Americano, desde a hoje Califórnia até o Rio de Janeiro.
Também podemos encontra-los nas regiões litorâneas orientais da ilha
escandinava, embora muitos deles se tivessem aventurado pelo oceano,
contornando a costa da África e alcançando a Índia, onde num processo de
miscigenação com a população indígena lemuriana, formaram a raça
dravídica. Mais tarde misturou-se com a Ária de onde a complexidade
tipológica encontrada hoje na Índia.
[...] Atualmente, os únicos povos que podem ser citados como espécimes de
sangue razoavelmente puro dessa raça são algumas tribos pardas de índios
da América do Sul. Os birmaneses e os siameses também possuem sangue
tlavatli nas veias (SCOTT-ELLIOT, p. 25).
A terceira raça foi formada pelos Toltecas que inauguraram a monarquia e a
sucessão hereditária, honrando “aos homens pela proeza de seus antecessores”
(HEINDEL, 1948, p. 261). Isto se justifica, uma vez que, àquela época, através da
educação, o filho absorvia as boas qualidades do pai. “Entre os Toltecas
considerava-se de grande valor a experiência. O homem que havia obtido as mais
variadas experiências era o mais honrado e procurado. A memória era tão grande e
exata que a nossa humanidade atual não é nada em comparação” (HEINDEL, 1948,
p. 262). Os povos desta raça emigraram para o oeste, para a hoje região das
Américas, onde se disseminou e floresceu, constituindo, milhares de anos depois, os
impérios do México e Peru. O índio pele-vermelha pode ser considerado como
remanescente tolteca, embora não se compare ao indivíduo civilizado no apogeu
daquela raça (SCOTT-ELLIOT, p. 26).
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As nações separadas surgem por volta do último terço da Época Atlante.


Novas colônias foram fundadas devido à empatia de grupos de pessoas. Ali,
utilizavam antigos costumes, bem como criavam outros novos. As massas honravam
seus reis que haviam sido preparados pelos Guias da humanidade. Porém, com o
tempo, estes reis tornaram-se soberbos e arrogantes, esquecendo que o poder
havia lhes sido posto nas mãos como algo divino, oriundo da graça de Deus.
Também, os nobres e as classes elevadas oprimiam, assim, às classes inferiores, o
que gerou um quadro de terríveis condições.
Os Turanios originais foram a quarta raça Atlante. Eram especialmente vis
em seu abominável egoísmo. Levantaram templos em que os reis eram
adorados como deuses e oprimiam muitíssimo as classes inferiores
desamparadas. A magia negra da classe pior e mais nauseabunda floresceu
naqueles tempos, e todos os esforços eram encaminhados à gratificação da
vaidade e da ostentação externa (HEINDEL, 1948, p. 263).
Na concepção de Blavatsky, “os ‘de cor amarela’ são os antepassados
daqueles que a Etnografia hoje classifica como turanios, mongóis, chineses e outros
povos antigos; e a terra em que se refugiaram foi a Ásia Central” (BLAVATSKY,
1978, p. 443).
Os Turanios emigraram através das terras hoje do Marrocos e da Argélia, bem
como das costas ocidentais e orientais do mar asiático central, deslocando-se mais
ao leste, posteriormente. Hoje, encontramos nos chineses interioranos os tipos mais
próximos a esta raça. Também, diz-se que os astecas possuíam sangue puro
turaniano (SCOTT-ELLIOT, p. 26-27).
“Os Semitas originais foram a quinta e mais importante raça das sete raças
atlantes, porque nela encontramos o primeiro germe dessa qualidade refreadora: o
pensamento” (HEINDEL, 1948, p. 263). É considerada a semente das sete raças do
período ariano.
Deu-se a mente ao homem na Época Atlante para que tivesse propósito na
ação, porém como o Ego era excessivamente débil e a natureza passional
(de desejos) muito forte, a mente nascente uniu-se ao corpo de desejos; daí
resultou a astúcia, causadora de todas as debilidades dos meados do último
terço da Época Atlante.
Na época Ária começou a aperfeiçoar-se a mente e a razão por meio do
trabalho do Ego para dominar o corpo de desejos e conduzi-lo à realização
da perfeição espiritual, que é o objetivo da evolução (HEINDEL, 1948, p.
263).
Seus desejos (a astúcia e a malícia) eram regulados através da mente,
objetivando a realização de seus fins egoístas. Embora turbulentos, aprenderam a
refrear as paixões, astutamente, de modo a que não recorressem ao uso da força;
privilegiavam, assim, o cérebro aos músculos.
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Foi durante a existência desta raça que a atmosfera da Atlântida começou a


clarear, os dois pontos mencionados dos corpos, vital e denso, encontraram-se e o
homem passou a enxergar o mundo exterior, “à custa de sua visão dos mundos
internos” (HEINDEL, 1948, p. 265). Fato este que foi acolhido com bastante tristeza
entre os Atlantes, lamentando a perda de seus poderes espirituais, ainda que
necessário para que se tornassem independentes de quaisquer guias externos a
eles.
Debaixo da direção de uma Grande Entidade, a raça semítica original foi
levada para Leste do continente Atlântico, através da Europa, para a grande
extensão das estepes da Ásia Central, que atualmente se denomina
Deserto de Gobi. Ali foram preparados para converterem-se na semente das
sete raças da Época Ária, dando-se-lhes potencialmente as qualidades que
deviam ser desenvolvidas por seus descendentes (HEINDEL, 1948, p. 265-
266).
Heindel (1948) nos diz que Jehová tomou um interesse especial pelos Semitas
originais, pois que, sendo sementes de uma nova raça, trabalhou neles de modo a
inculcar as faculdades embrionárias da humanidade de uma nova época. Ou seja,
era o “povo eleito” que herdaria a “terra prometida”. Uma vez estabelecidos no
Deserto de Gobi, “foi necessário esperar durante um período de tempo até que a
nova Terra estivesse em condições de converter-se em possessão da raça Ária”
(HEINDEL, 1948, p.296).
Aos Semitas originais, assim, foi dado o interdito de se casarem com pessoas
de outras tribos ou povos, devendo a endogamia gerar uma nova raça pura.
Entretanto, devido a seu temperamento teimoso e obstinado, guiado pela ambição e
egoísmo, muitos desobedeceram à ordem imposta e foram expulsos da nova Terra.
Os descendentes destes casamentos ilegítimos (entre os filhos de Deus e as filhas
dos homens) foram os progenitores dos judeus atuais.
Cumpre ressaltar que enquanto os homens necessitavam de guias externos,
posto que ainda eram inconscientes de si mesmos, havia, pois, um espírito-grupo
atuando sobre eles. No entanto, a partir do ponto em que o Ego tomou posse de
seus veículos, sendo ainda débil e incapaz de controlar seu corpo denso,
necessitava que seres mais evolucionados auxiliassem-no a preparar seu espírito
individual.
Um protetorado semelhante foi exercido sobre a humanidade nascente por
um Espírito de Raça [...].
Jehová é o mais elevado. É o Deus da Raça, por assim dizer, tendo domínio
sobre todas as Formas. É o legislador-Chefe e o Poder mais elevado na
conservação da forma e no exercício de um governo ordenado sobre ela.
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Os Arcanjos são os Espíritos de Raça, tendo cada um deles domínio sobre


certo grupo de pessoas ou povo (HEINDEL, 1948, p. 307).
Os Espíritos de Raça guiam as raças através do sangue. Contudo, agem por
meio do ar, à medida que o pulmão o absorve, ao contrário do Ego que age sobre o
calor do sangue. Assim que um clarividente pode ver “o Espírito da Tribo como uma
nuvem que envolve e compenetra toda a atmosfera da terra habitada pelo povo que
está debaixo de seu domínio. Desta sorte produzem-se os diferentes povos e
nações” (HEINDEL, 1948, p. 308).
Jehová veio com seus Anjos e Arcanjos e fez a primeira grande divisão em
Raças, dando a cada grupo, como guia, a influência de um Espírito de
Raça, um Arcanjo. E destinou para cada Ego um Anjo, para que agisse
como guardião, até que o espírito individual fosse suficientemente forte para
emancipar-se de toda influência externa (HEINDEL, 1948, p. 310).
Os Akadios formaram a sexta raça, enquanto que os Mongóis, a sétima das
raças atlantes. “Estes desenvolveram ainda mais a faculdade de pensar, porém
seguiram linhas de raciocínio que os desviaram cada vez mais da corrente principal
da vida em desenvolvimento. Os Chino-Mongóis sustentam até hoje em dia que
esses meios antiquados são os melhores” (HEINDEL, 1948, p. 268). Em decorrência
desta cristalização, essas raças degeneraram como as outras raças atlantes.
Os akadios se constituíram em grandes inimigos dos semitas originais, contra
os quais travaram inúmeras batalhas com grandes contingentes navais de ambos os
lados. Por fim, derrotaram os semitas e estabeleceram uma dinastia na antiga
capital dos derrotados. Tornaram-se, assim, grandes comerciantes, navegadores e
colonizadores, estabelecendo importantes núcleos que serviam de ligação a terras
distantes. Emigraram para o oriente até a Pérsia e a Arábia, ajudando a povoar o
Egito. “Os antigos etruscos, os fenícios, incluindo os cartagineses e os sumério-
acadianos, eram ramificações dessa raça, embora os bascos, provavelmente,
tenham uma porcentagem bem maior de sangue acadiano correndo nas veias”
(SCOTT-ELLIOT, p. 27).
A raça mongólica, originária das planícies da Tartária, na Sibéria Oriental,
desenvolveu-se dos descendentes dos turanianos, aos quais substituiu em toda a
Ásia, multiplicando-se de tal forma que hoje constitui o maior contingente
populacional da Terra. Mais psíquicos e religiosos que seus ancestrais,
desenvolveram formas de governo que exigiam que um suserano exercesse um
poder supremo. Atravessaram o estreito de Bering passando da Ásia à América.
Assim, a presença de sangue desta raça em algumas tribos indígenas norte-
16

americanas já foi admitida por alguns etnólogos. “Sabe-se que tanto os húngaros
quanto os malaios são ramificações dessa raça, enobrecida, no primeiro caso, por
uma estirpe de sangue árico, degradada, no segundo, pela miscigenação com os
exaustos lemurianos” (SCOTT-ELLIOT, p. 28).
Para Rudolf Steiner (1982), dentre os homens atlantes houve alguns que se
desenvolveram mais, integrando-se o menos possível ao mundo sensível. Assim,
longe de exercer um entrave à evolução da humanidade, a influência Luciférica
converteu-se em meio para um progresso superior. São chamados de iniciados e,
dominando o apetite do corpo físico, podiam ligar-se mais estreitamente com o reino
dos Espíritos da Forma, deles aprendendo como eram governados pelo Ser Solar.
Estes “iniciados tornaram-se os guias do restante da humanidade, à qual podiam
comunicar os mistérios que haviam contemplado. [...] Eles cultivavam sua ciência
misteriosa e as práticas que a ela conduziam, num local especial que chamaremos
de Oráculo de Cristo ou Oráculo do Sol” (STEINER, 1982, p. 129).
Quando se efetuou a completa transformação do corpo físico humano, com a
aquisição do cérebro e das faculdades do pensamento, o líder destes iniciados só
pôde comunicar os mistérios do mundo a um número reduzido de acólitos
(ajudantes) ainda que numa escala limitada. “As demais massas humanas esparsas
pela Europa, Ásia e África conservaram, nos mais diversos graus, os restos dos
antigos estados de consciência; possuíam, portanto, uma experiência imediata do
mundo supra-sensível” (STEINER, 1982, p. 135). Assim, estes acólitos, apesar de
intelecto mais desenvolvido, eram os menos desenvolvidos no tocante aos domínios
do supra-sensível àquela época. “Afim de preservá-los o mais possível de um
contato com homens menos avançados na evolução da consciência, aquele iniciado
conduziu-os do oeste para o leste até uma região da Ásia Central” (STEINER, 1982,
p. 135). Os sete mais desenvolvidos dentre estes acólitos foram preparados e
tornaram-se guias dos homens que, na época pós-atlântica, estabeleceram-se no
sul da Ásia, especialmente na antiga Índia.
Max Heindel considera as raças Árias como descendentes dos Semitas
originais, talvez o povo guiado pelos iniciados do Oráculo Solar na concepção de
Steiner. Segundo ele, “na Época presente (a quinta, ou Ária) o homem conheceu o
uso do fogo e de outras forças, cuja divina origem foi-lhe ocultada intencionalmente,
a fim de que pudesse depois emprega-los livremente para os mais elevados
propósitos do seu próprio desenvolvimento” (HEINDEL, 1948, p. 268).
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As raças da Época Ária, segundo Max Heindel, até o presente momento, são: a
Ária, que se dirigiu para o sul da Índia; a Babilonio-Assírio-Caldéa; a Perso-Grego-
Latina; a Céltica; e a Teuto-Anglo-Saxônica. Assim, considera que da miscigenação
das diferentes nacionalidades que se efetua nos Estados Unidos é que nascerá a
semente da raça da Sexta Época. Ainda, considera que duas raças mais se
desenvolverão em nossa época, sendo uma delas a Eslava e a outra derivará desta.
Particularmente, achamos que a América do Sul contribuirá inequivocamente para a
formação desta nova raça.
Na Índia, o povo ali que se desenvolveu, conservou uma viva recordação do
antigo estado anímico dos atlantes, o que lhes possibilitou as experiências do
mundo espiritual. “O traço dominante da alma hindu era a nostalgia desse mundo,
que lhe aparecia como a pátria original do homem, da qual fora ele transplantado
para um mundo que podia propiciar a contemplação sensível exterior e o intelecto a
ela ligado. Considerava-se o mundo supra-sensível como o verdadeiro, e o mundo
sensível como engano da percepção humana, como uma ilusão (maya)” (STEINER,
1982, p. 136). Temos, então, uma cultura que foi impregnada por uma sabedoria
supra-sensível, já que os ensinamentos eram transmitidos, inicialmente, de uma
forma mágica e só posteriormente, através dos Vedas, fixados numa linguagem que
só uma visão retrospectiva supra-sensível pode revela-los.
A este período pós-atlântico, Steiner denomina “cultura índica”. A ele
sucederam a “cultura proto-pérsica” e a “cultura egipto-caldaica”, além da “cultura
greco-latina”. Do mesmo modo, a Índia passou por um segundo e terceiros períodos,
só neste último constituindo o que se convencionou chamar a “Índia antiga”.
Outra característica dessa antiga cultura hindu é a mentalidade que levou
posteriormente à divisão dos homens em castas. Os habitantes da Índia
eram descendentes de atlantes pertencentes a diversos tipos de homens,
isto é, descendentes de saturninos, jupterianos, etc. Através dos
ensinamentos supra-sensíveis, compreenderam que uma alma não se
encarnava por casualidade nesta ou naquela casta, e sim por uma
autopredestinação para a mesma. Essa compreensão dos ensinamentos
supra-sensíveis era favorecida especialmente pelo fato de, em muitos
homens, ser possível estimular as mencionadas reminiscências dos
antepassados, embora na verdade essas reminiscências conduzissem
facilmente a uma idéia errônea da reencarnação (STEINER, 1982, p. 137).
Na Ásia Ocidental, estabeleceu-se, em decorrência das várias caravanas que
partiram da Atlântida, o povo conhecido como descendência persa e tribos afins.
Sua missão, ao contrário dos hindus, localizava-se no mundo físico sensorial.
Afeiçoados à Terra, relegaram valores às conquistas humanas no mundo material,
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ao que se podia conquistar por intermédio das forças terrestres, o que os levou a
grandes façanhas como guerreiros e a invenções que pudessem extrair da Terra
suas preciosidades. “[...] o perigo, para eles, era o de perder inteiramente o contato
anímico com o mundo supra-sensível, devido ao interesse que demonstravam pelo
mundo sensível” (STEINER, 1982, p. 138). Possuíam também um grande poder no
domínio de forças naturais, dispondo de forças interiores relacionadas com o fogo e
outros elementos. Podem ser denominados de magos, ainda que, comparados à
força dos homens num passado mais remoto, a sua era completamente débil. Sob a
influência luciférica afastavam-se do caminho que conduz à evolução da
humanidade.
Foi, então necessário, a fim de compensar essas particularidades de seu
caráter, dar um impulso espiritual a este povo. Foi enviado um guia, Zaratustra,
antecessor do Zaratustra histórico, para que os fizesse enxergar o mundo físico-
sensível como algo que não se encontrava vazio de sentido espiritual. Sua missão
consistiu em que o povo proto-persa compreendesse que “[...] a alma humana,
enquanto entregue à ação do mundo físico-sensível, é o palco de uma luta entre o
poder do Deus de Luz e o de seu adversário, e como deve ser a conduta do homem
para que este último, ao invés de precipitá-lo no abismo, veja sua influência
transformada em bem pela força do primeiro” (STEINER, 1982, p. 140).
A terceira época cultural do período pós-atlântico de que fala Rudolf Steiner, é
oriunda dos povos que migraram para a Ásia Ocidental e ao norte da África.
Desenvolveu-se entre os caldeus, babilônios e assírios, como também entre os
egípcios. Possuíam num grau maior que os proto-persas o desenvolvimento do
pensamento e do intelecto e sua alma já não tinha, em grande parte, as faculdades
supra-sensíveis. De modo que buscaram as manifestações espirituais no mundo
físico, desenvolvendo-se por meio da invenção e descoberta dos meios culturais
deste mundo. “As ciências humanas nasceram da investigação dentro do mundo
físico-sensível, das leis espirituais ocultas atrás deste; o conhecimento e a utilização
das forças do mundo físico deram origem à técnica humana, ao trabalho artístico e
aos instrumentos e meios adequados aos mesmos” (STEINER, 1982, p. 141). Para
os caldaico-babilônicos, o mundo sensível não se constituía numa ilusão, mas,
antes, em manifestações de atos espirituais ocultos e cabia ao homem desvendar as
suas leis. Para o egípcio, a Terra era o local a ser transformado por suas faculdades
intelectuais, servindo de testemunho do poder humano.
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O povo egípcio foi guiado por Hermes, que recebera seus ensinamentos dentro
dos mistérios persas de Zaratustra. Dado que não era possível ensinar àquele povo
que poderia contemplar o mundo espiritual como um plano ao qual tivesse acesso
ao longo da vida, fê-los enxergar que viveriam num mundo dos espíritos após a
morte, desde que empregassem suas forças sobre a Terra, segundo as intenções
das potências espirituais, com o maior zelo possível.
A orientação do interesse humano para o físico-sensível fazia-se notar mais
do lado caldaico-babilônico do que do lado egípcio dessa corrente cultural.
Estudaram-se as leis deste mundo e, através das reproduções sensíveis,
contemplaram-se os arquétipos espirituais. Contudo, o povo continuava
apegado ao mundo sensível em variados aspectos: ao invés de ressaltar o
espírito estelar, valorizava-se a estrela, e ao invés de ressaltar outros seres
espirituais, colocavam-se em primeiro plano suas reproduções terrenas
(STEINER, 1982, p. 142).
A quarta época cultural diz respeito à cultura greco-latina, florescida nas
regiões da Europa Meridional e da Ásia Ocidental. Ali, instalaram-se massas
oriundas das mais diversas partes do mundo antigo. Haviam oráculos como
continuação dos múltiplos oráculos atlânticos, assim como homens que, por
atavismo, conservavam a clarividência e outros que podiam adquiri-la por meio da
disciplina.
[...] tais povos possuíam em si a tendência para criar um domínio que fosse,
no plano físico, a expressão do espiritual sob forma perfeita. Juntamente
com muitas outras, a arte grega é uma das múltiplas conseqüências desta
tendência. [...] Os tesouros da sabedoria dos iniciados afluíram, por vias
misteriosas, às almas dos poetas, dos artistas e dos pensadores. Nos
sistemas de cosmovisão dos antigos filósofos gregos encontram-se os
mistérios dos iniciados sob a forma de conceitos e idéias. E as influências
da vida espiritual e os mistérios dos centros e iniciação asiáticos e africanos
afluíram a esses povos e seus guias (STEINER, 1982, p. 142).
O quinto período cultural pós-atlântico teve início entre os séculos IV e VI da
era cristã, desenvolvendo-se na Europa. Estes povos, “não haviam penetrado nas
regiões em que se haviam enraizado as culturas correspondentes; em compensação
desenvolveram, à sua maneira, as culturas da Atlântida” (STEINER, 1982, p. 148).
Muitos conservaram a antiga clarividência nebulosa e conheciam, por sua
experiência, o mundo espiritual, comunicando-o a seus contemporâneos. Destas
vivências espirituais nasceu todo um conjunto de contos e lendas. Por outro lado
havia homens que, não possuindo esta clarividência, “desenvolviam as faculdades
dirigidas ao mundo físico-sensível conforme sensações e sentimentos
correspondentes a essa mesma clarividência” (STEINER, 1982, p. 148).
Desenvolveram, então, um ocultismo iniciático, donde cria-se que as potências
espirituais ocultavam-se por trás das forças da natureza. As mitologias européias
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estão erigidas sobre estes mistérios que, por sua vez, trazem em si uma forma
menos perfeita dos mistérios contidos nas sabedorias meridionais e orientais.
A alma conservou, dos antigos tempos, a tendência para o espiritual, mas
não com a força suficiente para poder manter a conexão entre o mundo
espiritual e o mundo sensível. Conservou-a apenas como disciplina do
sentimento e da sensação, mas não como uma visão imediata do mundo
supra-sensível. Por outro lado, o olhar do homem voltou-se, cada vez mais,
para os domínios do mundo sensorial. E todas as forças do entendimento,
despertadas nos últimos tempos da Atlântida, todas as energias humanas
cujo instrumento é o cérebro físico aperfeiçoaram-se para o mundo sensível,
para seu conhecimento e seu domínio. Havia, por assim dizer, dois mundos
em desenvolvimento na alma humana: um dirige-se à existência físico-
sensível; o outro é receptivo à manifestação do espiritual até o ponto de
penetrá-lo com o sentimento e a sensação, mas sem o perceber (STEINER,
1982, p. 149).
Assim, produziu-se, por intermédio desta dualidade anímica, de um lado a
penetração da doutrina de Cristo na Europa sem, contudo, estabelecer uma ligação
entre o mundo espiritual e o científico e, de outro, a ciência que se limitava aos
fenômenos do mundo sensível. Esta separação foi fundamental para que se
atingisse o domínio da cultura material, uma vez que, dedicando-se exclusivamente
à vida física, “as faculdades humanas cujo instrumento é o cérebro puderam
alcançar a intensificação que tornou possíveis a ciência e a técnica modernas”
(STEINER, 1982, p. 149).
Helena Blavatsky nos diz que “a nossa Quinta Raça-Raiz já tem de existência
 como Raça sui generis e de todo independente de seu tronco  cerca de
1.000.000 de anos” (BLAVATSKY, 1978, p. 453). Considera, ainda, que a nova Raça
e as futuras estão em via de formação, o que já se iniciou na América. Configura-se,
assim, neste continente o germe da Sexta Raça, quando toda uma série de
cataclismos destruirá o continente americano (quinto continente), bem como a Raça
Ariana. “Mas os últimos remanescentes do Quinto Continente só desaparecerão
algum tempo depois do nascimento da nova Raça: quando uma nova morada, o
Sexto Continente, terá surgido sobre as novas águas na superfície do Globo, para
receber o novo hóspede” (BLAVATSKY, 1978, p. 463).
A vida exuberante então palpitará fortemente no coração da raça que agora
se acha na zona americana, mas já não haverá Americanos quando iniciar a
Sexta Raça, como não haverá Europeus; porque então terá surgido uma
nova Raça com muitas nações novas. Contudo, a Quinta Raça não ficará
extinta, mas sobreviverá durante certo tempo, permeando a nova Raça por
muitas centenas de milênios, e a sua transformação, conforme já dissemos,
se fará mais lentamente que a de sua sucessora, embora mudando por
completo no mental, no físico em geral e na estatura. A humanidade não
voltará a desenvolver corpos de gigantes, como no caso dos Lemurianos e
dos Atlantes, porque a evolução da Quarta Raça conduziu os Atlantes ao
último grau de materialidade, no seu crescimento físico, ao passo que a
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Raça atual está em seu arco ascendente, e a Sexta virá rapidamente a


libertar-se dos entraves da matéria, inclusive os da carne (BLAVATSKY,
1978, p. 463-464).
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BIBLIOGRAFIA

BLAVATSKY, H. P. A doutrina secreta: síntese de ciência, filosofia e religião.


Tradução Raymundo Mendes Sobral. 9 ed. São Paulo: Pensamento, 1978. (v. 3)
HEINDEL, M. Conceito rosacruz do cosmos: ou ciência oculta cristã. São Paulo:
Fraternidade Rosacruciana São Paulo, 1948.
SCOTT-ELLIOT, W. Atlântida e Lemúria: continentes desaparecidos. Disponível
em: http://emule-project.net. Acesso em: 03 abril 2007.
STEINER, R. A ciência oculta: esboço de uma cosmovisão supra-sensorial.
Tradução Rudolf Lanz. São Paulo: Antroposófica, 1982.

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