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FORMA
Na era de ouro da comunicação, pululam informações falsas que buscam difundir crenças sem
qualquer base científica. Conceitos consolidados ao longo de séculos, como a esfericidade da
Terra, passam a ser questionados de forma simplória e irresponsável. Páginas pseudocientíficas
na internet desautorizam, por exemplo, a eficácia de vacinas e a utilidade da energia nuclear.
Mas, conhecer e entender o mundo a partir do método científico é a forma mais eficiente de
melhorá-lo (Moricone, 2018).
A Terra é redonda.
(pixabay)
Para um(a) leitor(a) desavisado(a), pode parecer exagero ter que lembrar o formato de nosso
planeta, mas os tempos mudam e nem sempre para melhor.
Esse fato científico consolidado desde Aristóteles e Eratósthenes, tem sido questionado em
muitos sítios pseudocientíficos na internet.
Nossa tarefa como professores e alunos é consertar esse equívoco, por que aceitamos o método
científico e todas as evidências disponíveis apresentadas por pesquisadores ao longo da história
(modif. Moricone, 2018).
Recentemente, em todo mundo, o que inclui o Brasil, proliferam "sociedades" que defendem a
teoria da Terra plana. Ao contrário do que imaginaríamos a partir de todo o conhecimento e
evidências adquiridos a favor de um planeta esférico, os chamados "terraplanistas" defendem
a ideia de que a Terra é um disco plano, que estaria acelerado "para cima", simulando o efeito
da gravidade. Para os integrantes desses grupos, aliás, a gravidade não existe. Os modelos
sobre a Terra plana são vários, mas a ideia básica de todos é a mesma (Moricone, 2018).
O modelo de Terra plana não é nem um pouco recente. Na verdade, é uma ideia bem arcaica
com a qual civilizações da Idade do Bronze e da Idade do Ferro do Oriente Médio concordavam.
Essa concordância era quase unanime pois as evidências objetivas mostravam que o sol nascia
a leste passava pelo meridiano ao meio dia e se punha a oeste, logo se eu não consigo perceber
meu movimento, mas vejo o Sol se movendo é razoável pensar que estou parado e que todo o
universo se move ao meu redor. Na Índia, até os primeiros séculos d.C. e na Grécia antes do
período helenístico, esse conceito também era popular.
Um conhecimento antigo
Entre os mais esclarecidos, a convicção de que o mundo é uma bola, globo ou esfera, existe
desde os tempos antigos. Ao contrário do que alguns pensam, a Igreja medieval reconhecia
isso, conforme se vê em diversas obras daquele tempo, em que o mundo era representado por
um orbe (esfera) na mão de governantes, inclusive Jesus e Maria, como símbolo de seu poder.
No século 4 a.C. o conceito de Terra esférica já era aceito por boa parte dos filósofos gregos.
Por volta de 350 a.C., Aristóteles formulou seus argumentos para prová-lo e relatou uma
estimativa da circunferência da Terra, talvez de Eudoxo, de 400 mil estádios (cerca de 60 mil
km). Arquimedes relatou que contemporâneos seus estimavam esse valor em 45 mil km. (Veja
aqui Histórico do conceito de terra esférica).
Não discutiremos aqui nenhuma ideia que não leve em conta a ciência e seus métodos.
EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS
O primeiro registro em que se propõe que a Terra é redonda foi feito por Aristóteles
em seu livro De Caelo "Sobre o céu" (1, 2), em 350 a.C.
Nesse livro, ele expõe sua teoria sobre o que forma e diferencia os objetos celestes dos objetos
na região sublunar, isto é, na área abaixo da Lua, próxima à Terra.
Essa região sublunar seria composta dos quatro elementos: terra, água, fogo e ar, ao passo
que a substância das coisas celestes seria diferente, uma substância perfeita chamada éter.
Segundo Aristóteles, no livro Metaphisica, ele menciona que os quatro elementos tenderiam a
se ordenar em torno do centro do mundo, cada qual em seu “lugar natural”. Se um elemento
é removido de seu lugar natural, seu “movimento natural” é retornar de maneira retilínea: terra
e água tendem a descer, ar e fogo tendem a subir. O “movimento violento” envolve a remoção
de um corpo de seu lugar natural, ou é o resultado do exercício de uma força por um agente.
Os corpos celestes envolveriam um quinto elemento, o éter, que daria conta da imutabilidade
dos céus, em seu eterno movimento circular.
Os pré-socráticos falavam no princípio de “atração dos iguais pelos iguais”, o que explicaria
porque a pedra tende a cair para o chão, mas o princípio se aplicava a tudo. Para Aristóteles,
todo movimento tem um agente (um motor) e um paciente (o movido). A fonte do movimento
é uma força (dynamis ou ísquis). No movimento natural a força é interna, e no movimento
violento ela é externa, tendo que haver contato contínuo entre o motor e o movido. (Pessoa Jr.
2022)
Segundo Aristóteles, a Terra é uma coisa; o céu, outra. Passaram-se mais de 2.000 anos para
se entender que a substância do universo é uma e a mesma em todos os lugares, i.e., a matéria
formada por átomos (Moricone, 2018).
O raciocínio de Aristóteles
Para Aristóteles, os "elementos pesados", terra e (com menos intensidade) água, buscam o seu
"lugar natural", que é o centro da Terra e, coincidentemente, o centro do universo. O formato
esférico é o ideal nessa busca.
Aqui, a ideia de uma Terra esférica surge como um ideal de perfeição, racional, sem
comprovação experimental.
Entretanto Aristóteles se baseou em evidências empíricas que dispunha em sua época para
chegar a essa conclusão.
Para a água, o lugar natural é uma concha esférica ao redor da Terra, explicando os mares.
Como bolhas sobem na água, o lugar natural do ar (gás) é acima da água, uma vez que é mais
leve.
Finalmente, o fogo, que sobe com mais intensidade, tem seu lugar acima do ar, ainda na
camada sublunar (Moricone, 2018).
As duas hipóteses aristotélicas: a busca dos elementos pelo seu lugar natural e as
observações que levaram a conceber a Terra esférica e estática se complementam e
resolvem a situação paradoxal do porquê de os viajantes não caírem (fora da Terra) à medida
que se afastam rumo ao horizonte, e resolvem também a observação empírica do porque de
um barco que se afasta de um porto parecer afundar, a sombra da Terra projetada na superfície
da lua durante um eclipse, constelações visíveis em um e outro hemisfério, algo que só pode
ocorrer se a Terra for esférica.
1) Eclipses lunares
Já era aceito que a Lua refletia a luz do Sol, ou seja, ela não tem luz própria, ideia proposta
pela primeira vez pelo também filósofo grego Anaxágoras (500 - 428 a.C.). O fato de eclipses
lunares apresentarem sempre o formato de um arco circular e serem causados pela sombra da
Terra na Lua é um indicativo, uma evidência (visual) de que a forma da Terra é esférica.
Um fato evidente visível a olho nu, é o de que a sombra da terra projetada na superfície lua em
eclipses lunares totais (quando a Terra passa pela umbra do planeta) apresentarem sempre o
formato de um arco circular. Esse arco circular é o resultado da projeção da sombra da Terra
na superfície da Lua, quando nosso satélite passa pelo cone de sombra da Terra. Esse fato é
uma evidência de que a Terra é esférica.
Eclipse
Eclipse é uma palavra latina: eclīpsis, que vem do grego antigo ἔκλειψις, ékleipsis, “eclipse”, de
ἐκλείπω, ekleípō, “eu abandono, desapareço, oculto”, de ἐκ, ek, “fora” e λείπω, leípō, “eu deixo
para trás”.
O eclipse lunar é um fenômeno astronômico que ocorre quando a Lua é ocultada totalmente ou
parcialmente pela sombra da Terra, sendo visível a olho nu. Isto ocorre sempre que o Sol, a
Terra e a Lua se encontram próximos ou em perfeito alinhamento, estando a Terra no meio
destes outros dois corpos.
Por isso o eclipse lunar só pode ocorrer quando coincidem a fase de Lua cheia e a passagem
dela pelo seu nodo orbital. Este último evento também é responsável pelo tipo e duração do
eclipse.
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Os nodos de uma órbita são pontos onde a órbita cruza o plano da eclíptica (WP).
O plano da órbita da Lua em torno da Terra não é o mesmo plano que o da órbita da Terra em
torno do Sol. A figura representa as configurações Sol-Terra-Lua para as fases Nova e Cheia
em quatro lunações diferentes, salientando os planos da eclíptica (retângulo maior) e da órbita
da Lua (retângulos menores). Nas lunações (a) e (c), as fases Nova e Cheia acontecem quando
a Lua está um pouco acima ou um pouco abaixo da eclíptica, e não acontecem eclipses. Nas
lunações (b) e (d) as fases Nova e Cheia acontecem quando a Lua está nos pontos da sua órbita
em que ela cruza a eclíptica, então acontece um eclipse solar na Lua Nova e um eclipse lunar
na Lua Cheia. O plano da órbita da Lua está inclinado 5,2 ° em relação ao plano da órbita da
Terra. Portanto só ocorrem eclipses quando a Lua está na fase de Lua Cheia ou Nova, e quando
o Sol está sobre a linha dos nodos, que é a linha de intersecção do plano da órbita da Terra em
torno do Sol com o plano da órbita da Lua em torno da Terra (UFRGS).
Eclipses do Sol e da Lua são os eventos mais espetaculares do céu. Um eclipse solar ocorre
quando a Lua está entre a Terra e o Sol. Se o disco inteiro do Sol está atrás da Lua, o eclipse
é total. Caso contrário, é parcial. Se a Lua está próxima de seu apogeu (ponto mais distante de
sua órbita), o diâmetro da Lua é menor que o do Sol, e ocorre um eclipse anular .
Um eclipse total da Lua acontece quando a Lua fica inteiramente imersa na umbra da Terra; se
somente parte dela passa pela umbra, e resto passa pela penumbra, o eclipse é parcial. Se a
Lua passa somente na penumbra, o eclipse é penumbral. Um eclipse total é sempre
acompanhado das fases penumbral e parcial. Um eclipse penumbral é difícil de ver diretamente
com o olho, pois o brilho da Lua permance quase o mesmo. Durante a fase total, a Lua aparece
com uma luminosidade tênue e avermelhada. Isso acontece porque parte da luz solar é
refractada na atmosfera da Terra e atinge a Lua. Porém essa luz está quase totalmente
desprovida dos raios azuis, que sofreram forte espalhamento e absorção na espessa camada
atmosférica atravessada (UFRGS).
Embora Hiparcos (c.190-c.120 a.C.) não conhecesse estas variações de distância, com os
epiciclos ele conseguia calcular com precisão de uma a duas horas a ocorrência dos eclipses da
Lua. Seus cálculos foram publicados no Almagesto, de Ptolomeu (85 d.C. - 165 d.C.). As Tabelas
de Toletan, de Abu Ishaq Ibrahim Ibn Yahya Al-Zarqali (Arzachel em latim), foi um famoso
estudioso andaluz latinizado como Arzaquel de Toledo, foram publicadas em 1080, atualizando
os cálculos. As subsequentes foram as Tabelas Alfonsinas, em hora do rei Alfonso X de Leon e
Castilha (1221-1284), publicadas em Toledo em 1252. John Müller de Königsberg (1436-1476),
Alemanha, conhecido como Regiomantanus, notou que o eclipse da Lua ocorria já uma hora
mais tarde do que nas Tabelas Alfonsinas. Domenico Maria Novara da Ferrara (1454-1504),
professor de Nicolao Copérnico (1473-1543), foi seu aluno. Regiomontanus publicou
Ephemerides, com tabelas astronômicas para 30 anos, inclusive dados para se encontrar a
latitude e longitude no mar, provavelmente utilizado por Cristovão Colombo (1451-1503), na
sua primeira viagem de descoberta das Américas, em 1492. Copérnico assume órbitas
circulares em sua teoria, mas usa epiciclos para explicar suas variações, recalcula a
excentricidade do movimento aparente do Sol estabelecida nos epiciclos de Ptolomeu, e publica
tabelas para que a posição aparente do Sol e da Lua possam ser calculadas, refinando o cálculo
dos eclipses. Seu colega Erasmus Reinhold (1511-1553) publicou em 1551 as Tabulae
Prutenicae, baseadas no De Revolutionibus de Copérnico, somente superadas pelas Tabelas
Rudolfinas, publicadas por Johannes Kepler (1571-1630) em 1623 (UFRGS).
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https://youtu.be/I6HAQBgKSv4
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(Fonte: techtudo)
(Fonte: gifs)
(Fonte: gifs)
Nesse esquema: a penumbra é a sombra mais clara projetada pela Terra, enquanto a umbra
(sombra) mais escura. (Fonte:Reprodução/timeanddate.com;Fonte: terra)
(UFMG)
Para quem quiser pesquisar mais sobre nosso satélite natural e seu afastamento. Leia AQUI.
Além disso, os gregos já haviam notado que nos céus havia mais de um tipo de objeto. Alguns
desses objetos ocupavam o mesmo lugar durante todo o ano, as chamadas estrelas fixas,
enquanto outros detinham um movimento errático, os planetas, cujo significado em grego é,
justamente, "errante" (Moricone, 2018).
Além de perceberem que a Terra deveria ser esférica, os gregos entenderam que se tratava de
uma esfera muito grande, pois o efeito de curvatura é perceptível, mas muito sutil.
À época da navegação do explorador genovês Cristóvão Colombo (1451-1506), ao contrário do
que se pode pensar pelo anedotário popular, a pergunta em aberto não era se a Terra era
redonda, mas qual era o seu tamanho.
(mundoeducação)
(xingu)
(xingu)
Constelações
Uma evidência que certamente já era conhecida por Aristóteles, mas que, por
alguma razão, não foi mencionada em seus escritos é o fato de um barco
desaparecer no horizonte à medida que se afasta do observador. Até hoje, esse é
um fenômeno de fácil observação, mas igualmente encantador (Moricone, 2018).
https://www.youtube.com/watch?v=6k6rpC3imDs
Quando um avião em grande altitude aparece no horizonte ele é visto “em pé”,
como se fosse um foguete indo para o espaço. E quando desce no horizonte oposto
parece estar caindo de bico. No entanto, no distante local onde ele se encontra,
ele está perfeitamente paralelo ao solo. Esse efeito do “avião em pé” ou “caindo”
acontece por causa da curvatura da Terra! O que já não ocorre quando ele está
mais próximo do observador. (Medeiros, 2020).
5) O experimento de Eratósthenes
Euclides, Εὐκλείδης; c. 300 a.C., (Εὐ + κλείδης, nome derivado de εὖ, eu, bem e -
κλῆς, klês, fama, que significa: renomado, glorioso) foi um matemático, geômetra
e lógico greto (WP).
Ele sabia, pelos livros, que ao meio-dia, no solstício de verão, na cidade de Syene,
ou Siena (atual Assuan, no Egito), o Sol estava exatamente no zênite, o que
chamamos de Sol a pino. Nessa situação, uma pessoa em pé não projeta sombra.
Já, na cidade de Alexandria, distante de Syene, nessa mesma data e horário, o Sol
não se encontra no zênite, ou seja, uma estaca projetará uma sombra.
Duas retas paralelas cortadas por uma transversal formam ângulos alternos
internos iguais.
Eratósthenes sabia que num determinado dia de cada ano, no Solstício de Verão
ou solstício de junho, (21 de junho), no hemisfério norte, na cidade de Συήνη,
Syene (hoje Assuan), no sul do Egito, o Sol podia ser visto refletido no fundo de
um poço, o que significa dizer que o Sol estava exatamente no zênite; e as pessoas
e os objetos verticais não produziam sombra.
"We are told by Cleomedes, in a story often retold, that Eratosthenes determined
the size of the earth from the following data:
(1) the distance between Syene and Alexandria is 5000 stades, and these two
places lie on the same meridian;
(2) at noon on summer solstice at Syene there is no shadow, i.e., the sun is directly
overhead; and
(ii) Existe uma maneira de aumentar a proporção entre sombra e gnômon de modo
que o arco correspondente seja um pouco maior que 1/50,5 de um círculo (ou
seja, mais próximo de 1150 de um círculo)?
A estratégia para (i) será encontrar a tangente de 30”, e com o meio ângulo
fórmula mostrada abaixo, as tangentes de 15” e 7 1/2º serão calculadas: esta
fórmula provavelmente era conhecida por Arquimedes, um contemporâneo de
Eratósthenes (cf. Pedersen 1974). Para fazer isso, precisamos de uma forma de
aproximar raízes quadradas e de uma forma de aproximar a proporção de números
grandes que são relativamente primos pela proporção de números pequenos.
Nesse ponto podemos invocar a interpolação linear para encontrar o arco tangente
procurado. (Goldstein, 1984)
Ele percebeu que poderia descobrir o quão grande era a circunferência da Terra
usando conhecimento de geometria da época.
Ele também necessitava fazer algumas suposições que são tidas como "verdade"
por exemplo:
(I) o Sol está muito distante da Terra e se comporta como um ponto luminoso,
(III) Alexandria e Siena devem estar no mesmo meridiano (essa suposição foi um
golpe de sorte de Eratósthenes (?), pois naquela época não existia a ideia de
latitude, e Syene estava quase na mesma latitude de Alexandria) ou teria sido
investigada previamente por Eratósthenes ao produzir um mapa com distâncias
entre as diferentes localidades e o meridiano e paralelos (?).
(IV) A posição das cidades do experimento original exigia que o experimento fosse
realizado no solstício, uma vez que nessa época, a inclinação da Terra em relação
ao eixo da eclíptica é de 23, 4º. Nesse dia o hemisfério norte está voltado para o
sol e nesse dia uma vez que o Sol alcança sua altura máxima e inicia sua volta
para o sul.
(professorinterativo)
(tecconcuros)
Solsticio de inverno e de verão nos hemisférios
(cfg)
Pelo seu livro, e por ter demonstrado cientificamente a forma da Terra e calculado
sua circunferência Eratósthenes é considerado o pai da geografia e também é o
pai da geografia matemática.
Mapa de Eratósthenes
(Fonte: revistagalileu)
Esquema da observação de Eratósthenes.
Raciocínio de Eratósthenes.
"A reta, caindo sobre as retas paralelas, faz tanto os ângulos alternos iguais
entre si quanto o exterior igual ao interior e oposto e os interiores e no mesmo
lado iguais a dois retos". Resta então saber o valor do ângulo produzido pela
sombra de uma coluna ou gnomon em Alexandria.
Esse sistema fornece um dos argumentos mais convincentes quanto à origem dos
2.000 estádios adicionais. Não há como saber se Eratósthenes fez essa medição
ele mesmo, mas muitos estudiosos argumentam que ele provavelmente mediu
esse ângulo usando um relógio de sol hemisférico, conhecido como scaphe, que
foi o melhor instrumento astronômico da época (WP).
Skaphe (gaudiumsubsole)
https://youtu.be/JdUrK-zdRzk
Cabe ainda alguns comentários sobre esta medida de Erastóstenes.
Os valores atribuídos a Eratóstenes, reportados por Cleomedes, eram
aproximados, além de que, o raciocínio de multiplicar por 50 a distância entre as
duas cidades somente é válido se elas estiverem sobre o mesmo meridiano. Apesar
de não ser rigorosamente verdade é uma excelente aproximação para Alexandria
(longitude de 30° Leste) e Siene (longitude de 32° Leste).
COERÊNCIA CIENTÍFICA
As duas hipóteses aristotélicas, a busca dos elementos pelo seu lugar natural e as
observações que levaram a conceber a Terra esférica e estática se complementam
e resolvem a situação paradoxal do porquê de os viajantes não caírem à medida
que se afastam rumo ao horizonte. Porém, essas mesmas ideias introduzem
muitos outros problemas. Em particular, observações astronômicas mostram que
a Terra gira ao redor de seu próprio eixo, além de se transladar ao redor do Sol.
Por que, então, o ar e tudo o mais que ‘está solto’ a acompanha? Por que, ao
jogarmos uma pedra para cima, ela cairá no mesmo lugar?
A solução dessas questões levou muito tempo, mas não foi em vão. Podem parecer
questões capazes de pôr um fim a qualquer ideia de uma Terra esférica, mas, na
verdade, abriram as portas para uma nova física, a de Galileu Galilei (1564-1642)
e Isaac Newton (1643-1727).
CURIOSIDADE
Por causa da curvatura da Terra, a distância na qual um navio pode ser visto no
horizonte depende da altura do observador.
Distancia que podemos ver no horizonte é dada pela fórmula acima (quora).
Rotação
A Terra gira em torno do seu próprio eixo a cerca de 1700 quilómetros por hora
no Equador, diminuindo esta velocidade nas restantes regiões à medida que estas
se vão situando mais perto dos polos. Este movimento, que dura
aproximadamente 24 horas 56 min e 4 segundos, dá origem à sucessão dos dias
e das noites.
Translação
A Terra gira ao redor do Sol a cerca de 107000 quilómetros por hora, levando 365
dias, 5 horas e 48 minutos a realizar uma volta completa ao redor do Sol, dando
origem à sucessão dos anos. Como o eixo do planeta Terra apresenta uma
inclinação de 23º e 27’ em relação ao plano da sua órbita em torno do Sol, ocasiona
a sucessão dos solstícios e dos equinócios, com a consequente mudança de
estação.
Rotação e translação.
https://www.youtube.com/watch?v=vXjFJe5i-1o
https://youtu.be/WgHmqv_-UbQ?si=SMQ3zjYpxRf6soDv
https://youtu.be/tX3Y5bzNDiU?si=8OY7QGcFrv4puD4P
https://youtu.be/enjorJek2JY?si=kyqBThy1jS7jV86e
Esse "rebolado" no eixo de rotação da Terra leva cerca de 25.780 anos para
completar um ciclo. Essa duração só não é mais precisa porque é influenciada pelo
movimento das placas tectônicas.
Essa oscilação do eixo terrestre foi descrita pela primeira vez Hipparco, Ἵππαρχος
ο Νικαεύς, Hipparkhos (Hipparcos) o Nicaeus, ou de acordo com alguns, Ίππαρχος
ο Ρόδιος, Hipparco, o Rodios, (190 - 120 a.C.)(WP). foi astrônomo, engenheiro,
cartógrafo, matemático da escola de Alexandria, nascido em 190 a.C. em Niceia,
na Bitínia, hoje Iznik, na atual Turkiye (Turquia). Ele é considerado o fundador da
trigonometria, mas é mais famoso por descobrir a precessão dos equinócios e por
isso também é considerado o “Pai da Astronomia”.
https://youtu.be/R5znVHfue80?si=epe4AN5OrZANG7fq
Obliquidade da eclíptica
Nutação
Outros movimentos
O eixo de translação da Terra umas vezes é mais circular, outras vezes apresenta-
se mais elíptico. Esta variação tem uma duração cíclica de 92 000 anos, tendo sido
responsável pelas grandes glaciações que ocorreram durante a Pré-história.
Deslocamento de periélio
Perturbações Planetárias
Movimento Helicoidal
Órbita realizada pelo centro de massa constituído pelo sistema Terra-Lua em redor
do Sol.
Shen Kuo (1031-1085) foi quem formulou uma hipótese sobre o processo de
formação da terra (geomorfologia) com base em várias observações como
evidência. (WP).
Ele inferiu, baseado nas evidências que havia encontrado, observando as rochas,
que a terra fora remodelada e formada pela erosão das montanhas, soerguimento
e deposição de lodo e lama, depois de observar estranhas erosões naturais das
montanhas Taihang e da montanha Yandang perto de Wenzhou. (WP)
Baseado nessa observação Shen Kuo propôs que esse penhasco já teria sido o
local de uma antiga costa marinha, costa esta que, em sua época, havia se
deslocado centenas de quilômetros para o leste.
Shen também escreveu que, uma vez que bambus petrificados (fósseis) foram
encontrados em camadas sedimentares no subsolo em uma área climática onde
nunca foram cultivados, o clima deve ter mudado geograficamente ao longo do
tempo. Essa observação foi registrada por Shen Kuo por volta do ano 1080.
Shen Kuo observou que os bambus não crescem em Yanzhou, localizado no norte
da China, e ele ficou intrigado durante qual dinastia anterior os bambus poderiam
ter crescido. Considerando que lugares baixos úmidos e sombrios fornecem
condições adequadas para o crescimento do bambu, Shen deduziu que o clima de
Yanzhou deve ter se encaixado nessa descrição em tempos remotos no passado.
Além disso, a teoria de Shen sobre a deposição sedimentar é 738 anos anterior à
do inglês James Hutton, cujo trabalho inovador foi publicado em 1802 e pelo qual
é considerado o pai fundador da Geologia moderna por ter lançado os fundamentos
dessa ciência. (WP)
Outro trabalho inovador foi sua investigação sobre os fósseis e sua natureza.
Devido a este trabalho inovador que intitulou: “De Natura Fossilium” publicado em
1546, ele ficou conhecido como o Pai da Mineralogia.
Além disso, ele tornou-se muito conhecido também por seu trabalho pioneiro
chamado “De re metalicala libri XII”, (Sobre a natureza dos metais, vol. XII)
publicado em 1556, um ano após sua morte.
Agrícola declarou no prefácio que excluiu todas aquelas coisas que eu mesmo não
vi, ou não li ou ouvi falar. [...] Aquilo que eu não vi, nem considerei
cuidadosamente depois de ler ou ouvir, eu não escrevi sobre o trabalho pioneiro
de G. Agrícola, envolveu observação minuciosa e documentação de toda a
tecnologia mineira existente na época. Em 1531 deixou a Boêmia (hoje Jachymov,
na República Checa) e foi morar na Saxônia para assumir o cargo de médico em
Chemnitz, onde viveu até a sua morte em 1555.
https://youtu.be/If4I3aF1PRg
Entre os autores antigos, Plinio o Velho (23-79 d.C), acreditava que essas curiosas
formações pétreas eram pedras que haviam caído do céu ou da Lua.
Gaius Plinius Secundus (23/24–79 d.C.), chamado Plínio, o Velho, foi um pensador
romano, naturalista, filósofo natural, comandante naval e do exército no início do
Império Romano, e amigo do imperador Vespasiano.
Por seu lado, Steno argumentou que se os glossopetrae pareciam-se muito com
dentes de tubarão, é porque eram dentes de tubarão, provenientes das bocas de
antigos tubarões, que haviam sido enterrados em lodo e areia (de mares e oceanos
antigos) que eram agora terra seca (rocha intemperizada). Só os dentes haviam
sido preservados porque eram a parte mais dura do animal, uma vez que seu
esqueleto é cartilaginoso e se decompõem facilmente através da ação de
decompositores.
Existiam diferenças de composição entre os glossopetrae e os dentes dos tubarões
atuais, mas Steno argumentou que os fósseis podiam ter a sua composição
química alterada sem que a sua forma tenha sido alterada, através da teoria
corpuscular da matéria.
James Hutton FRSE (Fellowship of Royal Society of Edinbourgh) 1726 - 1797) foi
geólogo, agricultor, químico, naturalista e médico escocês. Muitas vezes
considerado como o pai da geologia moderna, ele desempenhou um papel
fundamental no estabelecimento da geologia como uma ciência moderna.
Hutton apresentou a ideia de que a história remota do mundo físico pode ser
inferida a partir de evidências encontradas e observadas nas rochas atuais. Por
meio de seu estudo das características da paisagem e do litoral, das terras baixas
escocesas, como Salisbury Crags ou Siccar Point, ele desenvolveu a teoria de que
as características geológicas não são estáticas, mas sofrem transformações
contínuas por períodos de tempo indefinidamente longos.
A partir disso, ele argumentou que a Terra não poderia ser jovem. Ele foi um dos
primeiros proponentes do que na década de 1830 ficou conhecido como
uniformitarismo, a ciência que explica as características da crosta terrestre como
resultado de processos naturais ocorrendo continuamente ao longo do tempo.
Hutton também apresentou uma tese para um “sistema da Terra habitável”
proposto como um mecanismo deísta projetado para manter o mundo
eternamente adequado para os humanos.
4) A Terra era mais antiga do dizia a Bíblia ou que os pensadores daquela época
imaginavam.
Geologia e petrologia
Gravimetria
Geomagnetismo
MODELOS
MODELO GEOQUÍMICO
Este modelo estuda a distribuição dos componentes químicos que compõem nosso
planeta. O modelo geoquímico e a geoquímica estudam a origem, distribuição e
evolução dos elementos químicos que compõem a Terra e que se encontram
contidos em forma de minerais de rochas e outros minerais derivados dela, ainda
que também seja possível encontrá-los em seres vivos, na água e na atmosfera.
(slideshare)
(slideshare)
MODELO GEODINÂMICO
(slideshare)
(slideshare)
(anapiano)
(anapiano)
A Sismologia pode ser definida como o estudo das ondas sísmicas (ondas
elásticas), naturais ou artificiais, em sua propagação no interior da Terra,
passando por refrações, reflexões e mudanças de velocidade, segundo as
características do meio atravessado, principalmente a densidade e os parâmetros
que definem a compressibilidade e a rigidez dos materiais percorridos pelas ondas,
além, obviamente, de seu estado físico. A densidade, em particular, já era
abordada em estudos anteriores ao advento da sismologia, para estudo da sua
distribuição em todo o globo, inclusive em profundidade.
Mais longínquos são os efeitos das grandes erupções sobre o clima do planeta, que
pode ser alterado por alguns anos. A humanidade testemunhou algumas dessas
erupções, que, em casos extremos, podem mudar o curso da evolução.
Para compreender completamente o nosso planeta vulcânico, é necessário
entender por que as rochas se fundem, a fim de compreender como e onde os
vulcões ocorrem em nosso planeta.