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FORMA E ESTRUTURA DO NOSSO PLANETA

FORMA E MOVIMENTOS DO PLANETA TERRA

FORMA

Na era de ouro da comunicação, pululam informações falsas que buscam difundir crenças sem
qualquer base científica. Conceitos consolidados ao longo de séculos, como a esfericidade da
Terra, passam a ser questionados de forma simplória e irresponsável. Páginas pseudocientíficas
na internet desautorizam, por exemplo, a eficácia de vacinas e a utilidade da energia nuclear.
Mas, conhecer e entender o mundo a partir do método científico é a forma mais eficiente de
melhorá-lo (Moricone, 2018).

Segundo Moricone (2018), um dos conselhos mais conhecidos em divulgação científica é: se


há algo importante a ser dito, que seja dito logo. Cumpra-se, então, o conselho:

A Terra é redonda.

(pixabay)

Para um(a) leitor(a) desavisado(a), pode parecer exagero ter que lembrar o formato de nosso
planeta, mas os tempos mudam e nem sempre para melhor.

Esse fato científico consolidado desde Aristóteles e Eratósthenes, tem sido questionado em
muitos sítios pseudocientíficos na internet.
Nossa tarefa como professores e alunos é consertar esse equívoco, por que aceitamos o método
científico e todas as evidências disponíveis apresentadas por pesquisadores ao longo da história
(modif. Moricone, 2018).

Recentemente, em todo mundo, o que inclui o Brasil, proliferam "sociedades" que defendem a
teoria da Terra plana. Ao contrário do que imaginaríamos a partir de todo o conhecimento e
evidências adquiridos a favor de um planeta esférico, os chamados "terraplanistas" defendem
a ideia de que a Terra é um disco plano, que estaria acelerado "para cima", simulando o efeito
da gravidade. Para os integrantes desses grupos, aliás, a gravidade não existe. Os modelos
sobre a Terra plana são vários, mas a ideia básica de todos é a mesma (Moricone, 2018).

O modelo de Terra plana não é nem um pouco recente. Na verdade, é uma ideia bem arcaica
com a qual civilizações da Idade do Bronze e da Idade do Ferro do Oriente Médio concordavam.
Essa concordância era quase unanime pois as evidências objetivas mostravam que o sol nascia
a leste passava pelo meridiano ao meio dia e se punha a oeste, logo se eu não consigo perceber
meu movimento, mas vejo o Sol se movendo é razoável pensar que estou parado e que todo o
universo se move ao meu redor. Na Índia, até os primeiros séculos d.C. e na Grécia antes do
período helenístico, esse conceito também era popular.

Um conhecimento antigo

Entre os mais esclarecidos, a convicção de que o mundo é uma bola, globo ou esfera, existe
desde os tempos antigos. Ao contrário do que alguns pensam, a Igreja medieval reconhecia
isso, conforme se vê em diversas obras daquele tempo, em que o mundo era representado por
um orbe (esfera) na mão de governantes, inclusive Jesus e Maria, como símbolo de seu poder.

No século 4 a.C. o conceito de Terra esférica já era aceito por boa parte dos filósofos gregos.
Por volta de 350 a.C., Aristóteles formulou seus argumentos para prová-lo e relatou uma
estimativa da circunferência da Terra, talvez de Eudoxo, de 400 mil estádios (cerca de 60 mil
km). Arquimedes relatou que contemporâneos seus estimavam esse valor em 45 mil km. (Veja
aqui Histórico do conceito de terra esférica).

Não discutiremos aqui nenhuma ideia que não leve em conta a ciência e seus métodos.

EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS

O primeiro registro em que se propõe que a Terra é redonda foi feito por Aristóteles
em seu livro De Caelo "Sobre o céu" (1, 2), em 350 a.C.

Nesse livro, ele expõe sua teoria sobre o que forma e diferencia os objetos celestes dos objetos
na região sublunar, isto é, na área abaixo da Lua, próxima à Terra.
Essa região sublunar seria composta dos quatro elementos: terra, água, fogo e ar, ao passo
que a substância das coisas celestes seria diferente, uma substância perfeita chamada éter.

Segundo Aristóteles, no livro Metaphisica, ele menciona que os quatro elementos tenderiam a
se ordenar em torno do centro do mundo, cada qual em seu “lugar natural”. Se um elemento
é removido de seu lugar natural, seu “movimento natural” é retornar de maneira retilínea: terra
e água tendem a descer, ar e fogo tendem a subir. O “movimento violento” envolve a remoção
de um corpo de seu lugar natural, ou é o resultado do exercício de uma força por um agente.
Os corpos celestes envolveriam um quinto elemento, o éter, que daria conta da imutabilidade
dos céus, em seu eterno movimento circular.

Os pré-socráticos falavam no princípio de “atração dos iguais pelos iguais”, o que explicaria
porque a pedra tende a cair para o chão, mas o princípio se aplicava a tudo. Para Aristóteles,
todo movimento tem um agente (um motor) e um paciente (o movido). A fonte do movimento
é uma força (dynamis ou ísquis). No movimento natural a força é interna, e no movimento
violento ela é externa, tendo que haver contato contínuo entre o motor e o movido. (Pessoa Jr.
2022)

Segundo Aristóteles, a Terra é uma coisa; o céu, outra. Passaram-se mais de 2.000 anos para
se entender que a substância do universo é uma e a mesma em todos os lugares, i.e., a matéria
formada por átomos (Moricone, 2018).

O raciocínio de Aristóteles

Para Aristóteles, os "elementos pesados", terra e (com menos intensidade) água, buscam o seu
"lugar natural", que é o centro da Terra e, coincidentemente, o centro do universo. O formato
esférico é o ideal nessa busca.

Aqui, a ideia de uma Terra esférica surge como um ideal de perfeição, racional, sem
comprovação experimental.

Entretanto Aristóteles se baseou em evidências empíricas que dispunha em sua época para
chegar a essa conclusão.

Para a água, o lugar natural é uma concha esférica ao redor da Terra, explicando os mares.

Como bolhas sobem na água, o lugar natural do ar (gás) é acima da água, uma vez que é mais
leve.

Finalmente, o fogo, que sobe com mais intensidade, tem seu lugar acima do ar, ainda na
camada sublunar (Moricone, 2018).

As duas hipóteses aristotélicas: a busca dos elementos pelo seu lugar natural e as
observações que levaram a conceber a Terra esférica e estática se complementam e
resolvem a situação paradoxal do porquê de os viajantes não caírem (fora da Terra) à medida
que se afastam rumo ao horizonte, e resolvem também a observação empírica do porque de
um barco que se afasta de um porto parecer afundar, a sombra da Terra projetada na superfície
da lua durante um eclipse, constelações visíveis em um e outro hemisfério, algo que só pode
ocorrer se a Terra for esférica.

1) Eclipses lunares

Além desse raciocínio puro, Aristóteles forneceu argumentos empíricos, baseados na


observação, para justificar o formato esférico da Terra. Um deles é a observação de eclipses
lunares.

Já era aceito que a Lua refletia a luz do Sol, ou seja, ela não tem luz própria, ideia proposta
pela primeira vez pelo também filósofo grego Anaxágoras (500 - 428 a.C.). O fato de eclipses
lunares apresentarem sempre o formato de um arco circular e serem causados pela sombra da
Terra na Lua é um indicativo, uma evidência (visual) de que a forma da Terra é esférica.

Um fato evidente visível a olho nu, é o de que a sombra da terra projetada na superfície lua em
eclipses lunares totais (quando a Terra passa pela umbra do planeta) apresentarem sempre o
formato de um arco circular. Esse arco circular é o resultado da projeção da sombra da Terra
na superfície da Lua, quando nosso satélite passa pelo cone de sombra da Terra. Esse fato é
uma evidência de que a Terra é esférica.

Eclipse

Eclipse é uma palavra latina: eclīpsis, que vem do grego antigo ἔκλειψις, ékleipsis, “eclipse”, de
ἐκλείπω, ekleípō, “eu abandono, desapareço, oculto”, de ἐκ, ek, “fora” e λείπω, leípō, “eu deixo
para trás”.

O eclipse lunar é um fenômeno astronômico que ocorre quando a Lua é ocultada totalmente ou
parcialmente pela sombra da Terra, sendo visível a olho nu. Isto ocorre sempre que o Sol, a
Terra e a Lua se encontram próximos ou em perfeito alinhamento, estando a Terra no meio
destes outros dois corpos.

Por isso o eclipse lunar só pode ocorrer quando coincidem a fase de Lua cheia e a passagem
dela pelo seu nodo orbital. Este último evento também é responsável pelo tipo e duração do
eclipse.
(WP)

(WP)

(WP)
Os nodos de uma órbita são pontos onde a órbita cruza o plano da eclíptica (WP).

O plano da órbita da Lua em torno da Terra não é o mesmo plano que o da órbita da Terra em
torno do Sol. A figura representa as configurações Sol-Terra-Lua para as fases Nova e Cheia
em quatro lunações diferentes, salientando os planos da eclíptica (retângulo maior) e da órbita
da Lua (retângulos menores). Nas lunações (a) e (c), as fases Nova e Cheia acontecem quando
a Lua está um pouco acima ou um pouco abaixo da eclíptica, e não acontecem eclipses. Nas
lunações (b) e (d) as fases Nova e Cheia acontecem quando a Lua está nos pontos da sua órbita
em que ela cruza a eclíptica, então acontece um eclipse solar na Lua Nova e um eclipse lunar
na Lua Cheia. O plano da órbita da Lua está inclinado 5,2 ° em relação ao plano da órbita da
Terra. Portanto só ocorrem eclipses quando a Lua está na fase de Lua Cheia ou Nova, e quando
o Sol está sobre a linha dos nodos, que é a linha de intersecção do plano da órbita da Terra em
torno do Sol com o plano da órbita da Lua em torno da Terra (UFRGS).

Eclipses do Sol e da Lua são os eventos mais espetaculares do céu. Um eclipse solar ocorre
quando a Lua está entre a Terra e o Sol. Se o disco inteiro do Sol está atrás da Lua, o eclipse
é total. Caso contrário, é parcial. Se a Lua está próxima de seu apogeu (ponto mais distante de
sua órbita), o diâmetro da Lua é menor que o do Sol, e ocorre um eclipse anular .
Um eclipse total da Lua acontece quando a Lua fica inteiramente imersa na umbra da Terra; se
somente parte dela passa pela umbra, e resto passa pela penumbra, o eclipse é parcial. Se a
Lua passa somente na penumbra, o eclipse é penumbral. Um eclipse total é sempre
acompanhado das fases penumbral e parcial. Um eclipse penumbral é difícil de ver diretamente
com o olho, pois o brilho da Lua permance quase o mesmo. Durante a fase total, a Lua aparece
com uma luminosidade tênue e avermelhada. Isso acontece porque parte da luz solar é
refractada na atmosfera da Terra e atinge a Lua. Porém essa luz está quase totalmente
desprovida dos raios azuis, que sofreram forte espalhamento e absorção na espessa camada
atmosférica atravessada (UFRGS).

Como a excentricidade da órbita da Terra em torno do Sol é de 0,0167, o diâmetro angular do


Sol varia 1,67% em torno de sua média, de 31'59". A órbita da Lua em torno da Terra tem uma
excentricidade de 0,05 e, portanto, seu diâmetro angular varia 5% em torno de sua média, de
31'5", chegando a 33'16", muito maior do que o diâmetro máximo do Sol. Quando mais afastada
da Terra, fica menor do que o Sol e ocorre o eclipse anular (UFRGS).

Embora Hiparcos (c.190-c.120 a.C.) não conhecesse estas variações de distância, com os
epiciclos ele conseguia calcular com precisão de uma a duas horas a ocorrência dos eclipses da
Lua. Seus cálculos foram publicados no Almagesto, de Ptolomeu (85 d.C. - 165 d.C.). As Tabelas
de Toletan, de Abu Ishaq Ibrahim Ibn Yahya Al-Zarqali (Arzachel em latim), foi um famoso
estudioso andaluz latinizado como Arzaquel de Toledo, foram publicadas em 1080, atualizando
os cálculos. As subsequentes foram as Tabelas Alfonsinas, em hora do rei Alfonso X de Leon e
Castilha (1221-1284), publicadas em Toledo em 1252. John Müller de Königsberg (1436-1476),
Alemanha, conhecido como Regiomantanus, notou que o eclipse da Lua ocorria já uma hora
mais tarde do que nas Tabelas Alfonsinas. Domenico Maria Novara da Ferrara (1454-1504),
professor de Nicolao Copérnico (1473-1543), foi seu aluno. Regiomontanus publicou
Ephemerides, com tabelas astronômicas para 30 anos, inclusive dados para se encontrar a
latitude e longitude no mar, provavelmente utilizado por Cristovão Colombo (1451-1503), na
sua primeira viagem de descoberta das Américas, em 1492. Copérnico assume órbitas
circulares em sua teoria, mas usa epiciclos para explicar suas variações, recalcula a
excentricidade do movimento aparente do Sol estabelecida nos epiciclos de Ptolomeu, e publica
tabelas para que a posição aparente do Sol e da Lua possam ser calculadas, refinando o cálculo
dos eclipses. Seu colega Erasmus Reinhold (1511-1553) publicou em 1551 as Tabulae
Prutenicae, baseadas no De Revolutionibus de Copérnico, somente superadas pelas Tabelas
Rudolfinas, publicadas por Johannes Kepler (1571-1630) em 1623 (UFRGS).

(WP)

(WP)

https://youtu.be/I6HAQBgKSv4
(WP)
(Fonte: techtudo)
(Fonte: gifs)

(Fonte: gifs)
Nesse esquema: a penumbra é a sombra mais clara projetada pela Terra, enquanto a umbra
(sombra) mais escura. (Fonte:Reprodução/timeanddate.com;Fonte: terra)

Esquema mostrando os nodos lunares ascendente e descendente (clarin)

Nodos lunares (personare)


(UFMG)

(UFMG)

Para quem quiser pesquisar mais sobre nosso satélite natural e seu afastamento. Leia AQUI.

2) Estrelas e Constelações visíveis em cada hemisfério

Além disso, os gregos já haviam notado que nos céus havia mais de um tipo de objeto. Alguns
desses objetos ocupavam o mesmo lugar durante todo o ano, as chamadas estrelas fixas,
enquanto outros detinham um movimento errático, os planetas, cujo significado em grego é,
justamente, "errante" (Moricone, 2018).

O fato de navegantes observarem um movimento das estrelas fixas à medida que se


deslocavam para o norte ou sul indica que a superfície da Terra deve ser curva.

Além de perceberem que a Terra deveria ser esférica, os gregos entenderam que se tratava de
uma esfera muito grande, pois o efeito de curvatura é perceptível, mas muito sutil.
À época da navegação do explorador genovês Cristóvão Colombo (1451-1506), ao contrário do
que se pode pensar pelo anedotário popular, a pergunta em aberto não era se a Terra era
redonda, mas qual era o seu tamanho.

Essa questão tinha, claramente, um valor prático imenso, pois determinava a


quantidade de água e alimento que deveria ser levada nas viagens. Colombo errou com
relação ao tamanho, mas foi salvo por uma descoberta notável no meio do caminho: a América
(Moricone, 2018).

(mundoeducação)
(xingu)

(xingu)

Constelações

Outra fonte de evidência vem da observação de estrelas no céu para orientação


em navegação.

Polaris é uma estrela do tipo variável, de magnitude 1,95 e também é conhecida


como “estrela do norte". Apesar de ter sido muito utilizada no passado nas
navegações que ainda não contavam com satélites e GPS, Polaris não pode ser
vista por qualquer observador na Terra.

A estrela está localizada no pólo norte celeste e, se um observador se move na


direção sul, deixará de observá-la a medida que se aproxima da Linha do Equador.
A geometria esférica da Terra diminui a distância até o horizonte e esconde os
objetos, a medida que nos afastamos do Norte geográfico e celeste. Assim,
constata-se que ao sul do equador, Polaris não é visível e, obviamente, não pode
ser usada para navegação.

No século XVI, Fernão de Magalhães atravessa o mundo circular de Leste a Oeste,


confirmando a forma que já se observava na sombra do planeta Terra projetada
na Lua durante os eclipses.

No século anterior a Fernão, em 1478, Johannes de Sacro Bosco publica o


Tractatus de sphæra (USP), onde apresenta as várias evidências de que a Terra é
redonda além de explorar o formato circular das órbitas aparentes dos demais
planetas. Muito antes da exploração espacial, a humanidade tinha motivos
suficientes para acreditar que a Terra era esférica. A crença de que os antigos
acreditavam que a Terra era plana não se sustenta.

3) Navios se aproximando/afastando do porto

Uma evidência que certamente já era conhecida por Aristóteles, mas que, por
alguma razão, não foi mencionada em seus escritos é o fato de um barco
desaparecer no horizonte à medida que se afasta do observador. Até hoje, esse é
um fenômeno de fácil observação, mas igualmente encantador (Moricone, 2018).

Um fenômeno observado por marinheiros é o seguinte: a medida que o barco se


aproxima de uma cidade na costa, as primeiras estruturas que aparecem são os
edifícios mais altos como torres e picos das montanhas e depois as casas e por fim
a praia.

Para uma análise detalhada desse pormenor, recomendo a leitura do artigo “A


cinemática e a dinâmica da aeronave em voo paralelo ao solo”, disponibilizado pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Navios se afastando ou se aproximando do porto


Note que há dois navios no horizonte, porém um deles está quase que
completamente ocultado, aparecendo apenas as estruturas superiores do navio.
Algo semelhante é observado na imagem seguinte, na qual há dois navios e um
deles está quase que totalmente ocultado, aparecendo apenas os contêineres que
carrega:

(Fonte: Medeiros, 2020)

https://www.youtube.com/watch?v=6k6rpC3imDs

Pesquise outras evidências que mostram o conhecimento da Terra


esférica para postar no seu blog.
4) Aviões no horizonte

Quando um avião em grande altitude aparece no horizonte ele é visto “em pé”,
como se fosse um foguete indo para o espaço. E quando desce no horizonte oposto
parece estar caindo de bico. No entanto, no distante local onde ele se encontra,
ele está perfeitamente paralelo ao solo. Esse efeito do “avião em pé” ou “caindo”
acontece por causa da curvatura da Terra! O que já não ocorre quando ele está
mais próximo do observador. (Medeiros, 2020).

A) O avião surge “em pé” no horizonte (subindo parecendo um foguete) e passa


por cima da nossa cabeça, B) e some “caindo” no lado oposto, quando esta se
afastando de nós. C) Só é visto de frente quando estamos próximos a ele e
comumente quando esta taxiando para decolar ou chegando.

(modif. de Medeiros, 2020).

A) Avião "subindo" (Medeiros, 2020).


B) Avião "descendo" (Medeiros, 2020).

C) Avião visto de frente (Medeiros, 2020).

5) O experimento de Eratósthenes

Eratósthenes de Cirene, Ἐρατοσθένης ὁ Κυρηναῖος, Eratosthénes o Cirenaios; c.


276 a.C. - c. 194 a.C., foi um polímata grego: matemático, geógrafo, poeta,
astrônomo e teórico musical. Ele era um homem culto, e bibliotecário chefe da
Biblioteca de Alexandria. Seu trabalho equivale ao que hoje é conhecido como
estudo da Geografia, onde ele introduziu algumas das terminologias usadas ainda
hoje (WP).
Por volta do séc. III a.C., o matemático, astrônomo e geógrafo Eratósthenes de
Cirene, usou uma abordagem simples para provar que a Terra não é plana. Mais
que isso, ele usou geometria básica de Thales de Mileto e Euclides, para calcular
a circunferência de nosso planeta.

Euclides, Εὐκλείδης; c. 300 a.C., (Εὐ + κλείδης, nome derivado de εὖ, eu, bem e -
κλῆς, klês, fama, que significa: renomado, glorioso) foi um matemático, geômetra
e lógico greto (WP).

Considerado o "pai da geometria", Euclides é conhecido principalmente pelo


tratado dos Elementos, onde estabeleceu os fundamentos desta ciência que
dominou amplamente o campo até o início do século XIX, sendo usada até hoje.
Seu sistema, agora conhecido como geometria euclidiana, envolveu inovações em
combinação com uma síntese de teorias de matemáticos gregos anteriores,
incluindo Eudoxo de Cnido, Hipócrates de Quios e Teeteto. Com Arquimedes e
Apolônio de Perga, Euclides é geralmente considerado um dos maiores
matemáticos da antiguidade e um dos mais influentes na história da matemática
(WP). Nos Elementos, Euclides deduziu os teoremas de um pequeno conjunto de
axiomas. Ele também escreveu trabalhos sobre perspectiva, seções cônicas,
geometria esférica, teoria dos números e rigor matemático. Além dos Elementos,
Euclides escreveu um texto inicial central no campo da óptica, Óptica, e obras
menos conhecidas, incluindo Dados e Fenômenos. (WP). Seu método ainda hoje
é usado para demonstrar como podemos chegar à mesma conclusão com
experimentos semelhantes.

Um dos feitos mais notáveis da filosofia natural grega foi a medida da


circunferência da Terra, por Eratósthenes (276 a. C. – 194 a. C.).

Partindo da hipótese de que a Terra é uma esfera, Eratósthenes desenvolveu um


raciocínio geométrico engenhoso.

Ele sabia, pelos livros, que ao meio-dia, no solstício de verão, na cidade de Syene,
ou Siena (atual Assuan, no Egito), o Sol estava exatamente no zênite, o que
chamamos de Sol a pino. Nessa situação, uma pessoa em pé não projeta sombra.

É possível, por exemplo, observar o Sol diretamente a partir do fundo de um poço.

Já, na cidade de Alexandria, distante de Syene, nessa mesma data e horário, o Sol
não se encontra no zênite, ou seja, uma estaca projetará uma sombra.

Eratósthenes contratou um bematista para medir a distância de Alexandria a


Syene, que por sorte estavam ambas quase no mesmo meridiano.
A cidade de Alexandria está ao norte de Syene e portanto em Alexandria no
solstício de verão o Sol NÃO está no zênite. Um estaca cravada verticalmente em
Alexandria, ao meio-dia no solstício, projeta uma sombra cerca de 8 vezes menor
do que a altura da estaca. Ou seja, a luz do Sol ao meio dia (em 21/6) tem uma
orientação que perfaz um ângulo de aproximadamente 50 vezes menor que o
ângulo subtendido pela circunferência, isto é, cerca de 7,2°. (Lang, 2015).

Partindo da hipótese de que a Terra é redonda, Eratósthenes fez um raciocínio


geométrico engenhoso: ele sabia que, ao meio-dia, no solstício de verão, na cidade
de Syene (Egito), o Sol estava a pino e, portanto, não projetava sombras. Já, em
Alexandria, uma estaca projetava sombra na mesma data e horário. Conhecendo
a distância entre Syene e Alexandria, ele fez uma medida geométrica e calculou a
circunferência da Terra. Devemos notar que Eratósthenes provavelmente conhecia
o pensamento de Aristóteles de que a Terra era esférica, mas não sabia que
tamanho tinha essa esfera. Assim, ele

Duas retas paralelas cortadas por uma transversal formam ângulos alternos
internos iguais.

Para calcular a circunferência da Terra, então, Eratóstenes precisava conhecer a


distância entre Syene e Alexandria, o que foi feito mediante a contratação de
itinerantes, pessoas que mediam as distâncias por meio de passadas regulares. A
partir de uma análise geométrica, Eratóstenes obteve um valor para a
circunferência da Terra próximo do conhecido atualmente, que é 40.008 km.
Na Grécia antiga, os bematistas grego antigo: Βηματισταί, grego moderno:
Βηματιστές. de βῆμα, bema, “passo”, eram especialistas treinados para medir
distâncias contando seus passos percorridos entre dois pontos geograficamente
distantes.

Eratósthenes sabia que num determinado dia de cada ano, no Solstício de Verão
ou solstício de junho, (21 de junho), no hemisfério norte, na cidade de Συήνη,
Syene (hoje Assuan), no sul do Egito, o Sol podia ser visto refletido no fundo de
um poço, o que significa dizer que o Sol estava exatamente no zênite; e as pessoas
e os objetos verticais não produziam sombra.

O que Eratósthenes sabia

Ele sabia pela obra de Aristóteles, De Caelo, e pelas evidências disponíveis na


época: navios se aproximando ou se afastando de portos, sombra da Terra
projetada na na Lua durante um eclipse lunar, que a Terra era esférica. Ele sabia
da esfericidade da Terra, mas qual era o tamanho dessa esfera?

"We are told by Cleomedes, in a story often retold, that Eratosthenes determined
the size of the earth from the following data:

(1) the distance between Syene and Alexandria is 5000 stades, and these two
places lie on the same meridian;

(2) at noon on summer solstice at Syene there is no shadow, i.e., the sun is directly
overhead; and

(3) at noon on summer solstice at Alexandria the shadow cast by a point of a


gnomon in a bowl sundial (skuphe) reaches an arc equal to 1/50th of a circle from
the base of the gnomon.

By means of a simple geometric argument Eratosthenes calculated the


circumference of the earth to be 250,000 stades (for the text of this passage, see,
for example: [Thomas 1968, II, 266-2731; on Cleomedes, see also Neugebauer
1941)".
Um relógio de sol em que OA é o gnômon de comprimento g que projeta uma
sombra na linha horizonta AB de comprimento s quando o sol está na direção
BO. O problema é encontrar a quantidade de arco AC a partir da razão entre s e
g.

(i) Como poderia Eratósthenes converter a proporção entre sombra e um gnômon


em um arco; isto é, em termos modernos, como poderia ser avaliada a função
arco tangente?

(ii) Existe uma maneira de aumentar a proporção entre sombra e gnômon de modo
que o arco correspondente seja um pouco maior que 1/50,5 de um círculo (ou
seja, mais próximo de 1150 de um círculo)?

A estratégia para (i) será encontrar a tangente de 30”, e com o meio ângulo
fórmula mostrada abaixo, as tangentes de 15” e 7 1/2º serão calculadas: esta
fórmula provavelmente era conhecida por Arquimedes, um contemporâneo de
Eratósthenes (cf. Pedersen 1974). Para fazer isso, precisamos de uma forma de
aproximar raízes quadradas e de uma forma de aproximar a proporção de números
grandes que são relativamente primos pela proporção de números pequenos.
Nesse ponto podemos invocar a interpolação linear para encontrar o arco tangente
procurado. (Goldstein, 1984)

O que Eratósthenes queria saber

Ele percebeu que poderia descobrir o quão grande era a circunferência da Terra
usando conhecimento de geometria da época.

Para isso era necessário


1) conhecer (medir) a distância de Alexandria até Syene,

2) Medir alguns ângulos e executar alguns cálculos.

Ele também necessitava fazer algumas suposições que são tidas como "verdade"
por exemplo:

(I) o Sol está muito distante da Terra e se comporta como um ponto luminoso,

(II) Os raios luminosos do Sol se deslocam em linha reta

(II) Os raios solares que chegam na superfície da Terra são paralelos.

(III) Alexandria e Siena devem estar no mesmo meridiano (essa suposição foi um
golpe de sorte de Eratósthenes (?), pois naquela época não existia a ideia de
latitude, e Syene estava quase na mesma latitude de Alexandria) ou teria sido
investigada previamente por Eratósthenes ao produzir um mapa com distâncias
entre as diferentes localidades e o meridiano e paralelos (?).

(IV) A posição das cidades do experimento original exigia que o experimento fosse
realizado no solstício, uma vez que nessa época, a inclinação da Terra em relação
ao eixo da eclíptica é de 23, 4º. Nesse dia o hemisfério norte está voltado para o
sol e nesse dia uma vez que o Sol alcança sua altura máxima e inicia sua volta
para o sul.

(professorinterativo)

(tecconcuros)
Solsticio de inverno e de verão nos hemisférios

(cfg)

No solstício de inverno, a sombra é mais longa e o ponto de sombra da ponta do


gnômon corre ao longo da linha horizontal superior. No equinócio da primavera e
do outono, a sombra se move ao longo da linha média. Na época do solstício de
verão, quando a sombra é mais curta, o ponto de sombra pode ser observado ao
longo da linha inferior (skaphe).

Um meridiano é um círculo imaginário na superfície da Terra que passa pelos pólos


norte e sul. O plano de qualquer meridiano corta a Terra. Se Alexandria e Siena
se encontram no mesmo meridiano, é garantido a Eratósthenes que as duas
cidades e o centro da Terra estão todos contidos no mesmo plano.

(Os paralelos são linhas imaginárias dispostas horizontalmente, formando círculos


concêntricos que diminuem de tamanho conforme se distanciam da Linha do
Equador. A medida dos paralelos é chamada de latitude. Os meridianos, por sua
vez, consistem em semicírculos "traçados verticalmente e que se encontram nos
polos. A medida dos meridianos recebe o nome de longitude (brasilescola).

Como geógrafo, e antes de calcular a circunferência da Terra, Eratósthenes


produziu cartograficamente um mapa com informações disponíveis na época. Para
isso utilizou a enorme quantidade de informações disponíveis na grande biblioteca
de Alexandria. Eratósthenes procurou corrigir o mapa grego tradicional do mundo.
Ele examinou inúmeros textos, compilando registros de distâncias medidas e
comparando vários relatos de semelhanças em flora, fauna, clima, observações
astronômicas, povos locais, etc. O mapa apresentava um “paralelo” principal,
correndo de leste a oeste pela cidade de Rodes, e um meridiano principal, correndo
norte e sul através de Rodes. Usando essas duas linhas principais perpendiculares,
Eratósthenes dividiu o mapa em regiões retangulares, que poderiam então ser
usadas para calcular geometricamente qualquer distância no mundo conhecido,
daí o termo “geografia matemática”. O principal meridiano deste mapa passa
diretamente por várias cidades, incluindo Alexandria e Syene. Portanto, a primeira
suposição de Eratósthenes se baseia em um mapa que ele construiu usando a
riqueza de conhecimentos disponíveis na biblioteca de Alexandria (sphaericaest).

Pelo seu livro, e por ter demonstrado cientificamente a forma da Terra e calculado
sua circunferência Eratósthenes é considerado o pai da geografia e também é o
pai da geografia matemática.

Em seu livro "Geographia" dedica a primeira seção ao estudo dos fenómenos


resultantes da interação entre a superfície da terra e do sol e a lua, juntamente
com estudos de sua forma, também se preocupa com a representação fiel da
superfície da Terra. Na segunda parte do livro expõe suas medições do tamanho
da Terra, sua circunferência.
Mapa de Eratósthenes

Abaixo, uma reconstituição (de autor não identificado) do mapa de Eratósthenes,


de cerca de 220 a.C. O matemático grego e bibliotecário da Alexandria usou os
levantamentos do mundo conhecidos, após as conquistas de Alexandre, o Grande.

Mapa de Eratósthenes

Localização de Alexandria e Syene, no mapa produzido por Eratósthenes.

Como geógrafo, e antes de calcular a circunferência da Terra, Eratósthenes


produziu cartograficamente um mapa com informações disponíveis na época. Para
isso utilizou a enorme quantidade de informações disponíveis na grande biblioteca
de Alexandria. Eratósthenes procurou corrigir o mapa grego tradicional do mundo.
Ele examinou inúmeros textos, compilando registros de distâncias medidas e
comparando vários relatos de semelhanças em flora, fauna, clima, observações
astronômicas, povos locais, etc. O mapa apresentava um “paralelo” principal,
correndo de leste a oeste pela cidade de Rodes, e um meridiano principal, correndo
norte e sul através de Rodes. Usando essas duas linhas principais perpendiculares,
Eratósthenes dividiu o mapa em regiões retangulares, que poderiam então ser
usadas para calcular geometricamente qualquer distância no mundo conhecido,
daí o termo “geografia matemática”. O principal meridiano deste mapa passa
diretamente por várias cidades, incluindo Alexandria e Siena. Portanto, a primeira
suposição de Eratóstenes se baseia em um mapa que ele construiu usando a
riqueza de conhecimentos disponíveis na biblioteca de Alexandria (sphaericaest).

(Fonte: revistagalileu)
Esquema da observação de Eratósthenes.

Raciocínio de Eratósthenes.

A) Observação no dia do solstício de verão (solstício de junho, no hemisfério


norte); B) Esquema dos elementos do problema; C) Usando a proposição 29 dos
Elementos de Euclides que diz:

"A reta, caindo sobre as retas paralelas, faz tanto os ângulos alternos iguais
entre si quanto o exterior igual ao interior e oposto e os interiores e no mesmo
lado iguais a dois retos". Resta então saber o valor do ângulo produzido pela
sombra de uma coluna ou gnomon em Alexandria.

Ele mediu o comprimento da sombra de uma torre alta (haste ou gnomon) em


Alexandria e usou geometria simples para calcular o ângulo entre a sombra e a
torre vertical. Esse ângulo produzido pela sobra equivaleu 7,2 graus. Em seguida,
Eratósthenes novamente usando geometria para mostrar que o ângulo da sombra
seria igual ao ângulo entre Alexandria e Siena, medido a partir do centro da Terra.
O dado da distância de Alexandria até Syene é de cerca de 925 km. Portanto,
assumindo que a Terra é perfeitamente esférica, ele usou o princípio de que o
ângulo central e o comprimento do arco são proporcionais entre si no círculo.

7,2˚: 925km = 360˚: Circunferência da Terra

Ele calculou a circunferência da Terra em cerca de 46.000 km. Este valor é


ligeiramente maior do que o valor medido hoje de cerca de 40.075 km, mas é
muito preciso, considerando a tecnologia de medição da época.

A observação de Eratósthenes mostrou que o ângulo formado pela sombra


projetada pelo gnomon ou coluna em Alexandria é 1/50 de um círculo, significando
1/50 de 360 graus ou 7 1/5° = 7° 12′. Embora tenha sido usada pelas civilizações
babilônicas desde o século V AEC (a.C), a divisão de um círculo nos 360 graus que
conhecemos não foi introduzida na ciência grega até o século II AEC por Hipparco
de Rodes (190-120 a.C.). O sistema de medida angular usado por Eratósthenes
dividiu o círculo em 60 partes, cada uma delas denominada hexacontade.

Esse sistema fornece um dos argumentos mais convincentes quanto à origem dos
2.000 estádios adicionais. Não há como saber se Eratósthenes fez essa medição
ele mesmo, mas muitos estudiosos argumentam que ele provavelmente mediu
esse ângulo usando um relógio de sol hemisférico, conhecido como scaphe, que
foi o melhor instrumento astronômico da época (WP).
Skaphe (gaudiumsubsole)

Skaphe, σκάφη, escafe, tigela; também conhecido como scaphion (diminutivo) ou


scaphium era um relógio de sol que se diz ter sido inventado por Aristarco de
Samos (século III aC) (WP).
Relógio de sol (gnômon) erigido em frente ao templo de Apólo em Pompeia,
Itália sec V a.C.

Um problema histórico curioso é o fato de Eratósthenes ter usado uma medida de


comprimento chamada "estádio", que não tinha um valor muito bem definido,
variando de 156 m à 210 m. A circunferência medida foi de 252 mil estádios;
portanto, estaria entre 39.132 km a 52.920 km.

A análise de fragmentos manuscritos da época leva a crer que Eratósthenes usou


uma medida de estádio equivalente a 157,7 m, resultando em 39.700 km para a
circunferência da Terra, um valor bastante próximo do real.

Esse é um feito científico memorável, que mostra como o pensamento científico,


observações e deduções matemáticas, nos permitem enxergar algo totalmente
novo e inusitado.

https://youtu.be/JdUrK-zdRzk
Cabe ainda alguns comentários sobre esta medida de Erastóstenes.
Os valores atribuídos a Eratóstenes, reportados por Cleomedes, eram
aproximados, além de que, o raciocínio de multiplicar por 50 a distância entre as
duas cidades somente é válido se elas estiverem sobre o mesmo meridiano. Apesar
de não ser rigorosamente verdade é uma excelente aproximação para Alexandria
(longitude de 30° Leste) e Siene (longitude de 32° Leste).

Um pressuposto relevante é de que a Terra seja esférica. Ou seja, experimento


não prova que a Terra é esférica (Eratóstenes tinha diversas evidências da
esfericidade) e o objetivo do mesmo era calcular a circunferência da Terra e não
provar que a Terra é esférica.

Outro pressuposto importante, além de a luz solar se propagar em linha reta, é de


que o Sol está muito distante da Terra. Isto é, que a distância Terra-Sol seja muito
maior do que o raio da Terra. Na época de Eratósthenes tal suposição estava
sujeita a críticas, embora Aristarco de Samos (310 a.C – 230 a.C.) já ter
determinado a distância Terra-Sol em cerca de 1500 raios terrestres (vide
Determinação da distância da Terra-Sol na antiga Grécia) (Lang, 2015).

COERÊNCIA CIENTÍFICA

As duas hipóteses aristotélicas, a busca dos elementos pelo seu lugar natural e as
observações que levaram a conceber a Terra esférica e estática se complementam
e resolvem a situação paradoxal do porquê de os viajantes não caírem à medida
que se afastam rumo ao horizonte. Porém, essas mesmas ideias introduzem
muitos outros problemas. Em particular, observações astronômicas mostram que
a Terra gira ao redor de seu próprio eixo, além de se transladar ao redor do Sol.

Por que, então, o ar e tudo o mais que ‘está solto’ a acompanha? Por que, ao
jogarmos uma pedra para cima, ela cairá no mesmo lugar?

A solução dessas questões levou muito tempo, mas não foi em vão. Podem parecer
questões capazes de pôr um fim a qualquer ideia de uma Terra esférica, mas, na
verdade, abriram as portas para uma nova física, a de Galileu Galilei (1564-1642)
e Isaac Newton (1643-1727).
CURIOSIDADE

Por causa da curvatura da Terra, a distância na qual um navio pode ser visto no
horizonte depende da altura do observador.

Para um observador no chão com o nível dos olhos em h = 2,0 m (7 pés), o


horizonte está a uma distância de 5,5 km (3 milhas), cada milha marítima igual a
1.852 m.

Para um observador em pé em uma colina ou torre com 30 metros de altura, o


horizonte fica a cerca de 21 km (11,5 milhas).

Um observador no topo de um arranha-céu (300m), poderá ver a cerca de 67 km


(36,3 milhas).

Se você estiver no topo do Monte Everest, ou em um avião (9.000 m de altitude),


poderá ver a cerca de 340 km. (sopesp)

Distancia que podemos ver no horizonte é dada pela fórmula acima (quora).

Animação que mostra porque não vemos a esfericidade da Terra (agradecimento


ao amigo Christian que salvou o vídeo). (Autor desconhecido).
MOVIMENTOS DO PLANETA TERRA

Rotação

A Terra gira em torno do seu próprio eixo a cerca de 1700 quilómetros por hora
no Equador, diminuindo esta velocidade nas restantes regiões à medida que estas
se vão situando mais perto dos polos. Este movimento, que dura
aproximadamente 24 horas 56 min e 4 segundos, dá origem à sucessão dos dias
e das noites.

É o movimento que a Terra faz em torno de si mesma ou no eixo imaginário que


passa pelos seus polos. A duração desse movimento é de 24 horas, ou seja, mais
precisamente de 23 horas, 56 minutos e 4 segundos, e sua velocidade é de 1,666
Km/h na altura do equador. Nos polos a velocidade é nula.

odos os planetas apresentam movimento de rotação

Translação

A Terra gira ao redor do Sol a cerca de 107000 quilómetros por hora, levando 365
dias, 5 horas e 48 minutos a realizar uma volta completa ao redor do Sol, dando
origem à sucessão dos anos. Como o eixo do planeta Terra apresenta uma
inclinação de 23º e 27’ em relação ao plano da sua órbita em torno do Sol, ocasiona
a sucessão dos solstícios e dos equinócios, com a consequente mudança de
estação.
Rotação e translação.
https://www.youtube.com/watch?v=vXjFJe5i-1o

https://youtu.be/WgHmqv_-UbQ?si=SMQ3zjYpxRf6soDv

https://youtu.be/tX3Y5bzNDiU?si=8OY7QGcFrv4puD4P

https://youtu.be/enjorJek2JY?si=kyqBThy1jS7jV86e

Precessão dos equinócios

Movimento giratório realizado pela projeção da rotação terrestre, no sentido dos


ponteiros do relógio, com uma duração cíclica de 25 770 anos. Origina, entre
outras consequências, a antecipação dos equinócios e a aparente mudança de
posição dos astros no céu.

Foi o terceiro movimento terrestre descoberto.

Esse "rebolado" no eixo de rotação da Terra leva cerca de 25.780 anos para
completar um ciclo. Essa duração só não é mais precisa porque é influenciada pelo
movimento das placas tectônicas.

A precessão dos equinócios ocorre, principalmente, devido à força gravitacional


que o Sol exerce sobre a Terra.

Timocharis de Alexandria, Aristarchus de Samos, Aristillus de Alexandria,


Archimedes de Syracusa, and Hipparchus de Nicaea foram os primeiros gregos
conhecidos a dividir o círculo em 360 partes ou moira, μοίρα, de 60 minutos de
arco. Eratosthenes usava um sistema mais simples sexagesimal que dividia o
círculo em 60 partes ou μοίρα, partes. Por isso foi possível chegar uma grande
acuracidade nos dados.

Essa oscilação do eixo terrestre foi descrita pela primeira vez Hipparco, Ἵππαρχος
ο Νικαεύς, Hipparkhos (Hipparcos) o Nicaeus, ou de acordo com alguns, Ίππαρχος
ο Ρόδιος, Hipparco, o Rodios, (190 - 120 a.C.)(WP). foi astrônomo, engenheiro,
cartógrafo, matemático da escola de Alexandria, nascido em 190 a.C. em Niceia,
na Bitínia, hoje Iznik, na atual Turkiye (Turquia). Ele é considerado o fundador da
trigonometria, mas é mais famoso por descobrir a precessão dos equinócios e por
isso também é considerado o “Pai da Astronomia”.

Foi o terceiro movimento terrestre descoberto. Esse "rebolado" no eixo de rotação


da Terra leva cerca de 25.780 anos para completar um ciclo. Essa duração só não
é mais precisa porque é influenciada pelo movimento das placas tectônicas, pela
força gravitacional do Sol, da Lua e dos outros planetas.

Precessão dos equinócios.

https://youtu.be/R5znVHfue80?si=epe4AN5OrZANG7fq

Os primeiros astrônomos e matemáticos gregos foram influenciados pela


astronomia babilônica até certo ponto, por exemplo, as relações de período do
ciclo Metônico e do ciclo Saros podem ter vindo de fontes babilônicas. Hiparco
parece ter sido o primeiro a explorar sistematicamente o conhecimento e as
técnicas astronômicas da Babilônia. Eudoxo de Cnido no século IV a.C. e
Timócharis e Aristilo no século III a.C. já dividiam a eclíptica em 360 partes
(nossos graus, em grego antigo: moira) de 60 minutos de arco e Hiparco deu
continuidade a esta tradição. Foi apenas na época de Hiparco (século II a.C.) que
esta divisão foi introduzida (provavelmente por Hypsikles contemporâneos de
Hiparco) para todos os círculos da matemática. Eratósthenes (século III a.C.), por
outro lado, usava um sistema sexagesimal mais simples dividindo um círculo em
60 partes. Hiparco também adotou a unidade de cúbito astronômico da Babilônia
(grego πῆχυς pēchys) que era equivalente a 2° ou 2,5° (côvado grande).

Hypsicles de Alexandria, Ὑψικλῆς; c. 190 - c. 120 a.C., foi um matemático e


astrônomo grego conhecido por ser o autor de “Sobre a ascensão”, “On
Ascensions”, Ἀναφορικός e do Livro (apócrifo) XIV dos Elementos de Euclides
(WP).

Hipparco também estudou o movimento da Lua e confirmou os valores precisos


para dois períodos de seu movimento que se presume que os astrônomos caldeus
possuíam antes dele. O valor tradicional dado pelo Sistema Babilônico, para o mês
sinódico médio é de 29 dias; 31,50,8,20 (sexagesimal) = 29,5305941... dias.
Expresso como 29 dias + 12 horas +792/1080 horas, este valor foi usado
posteriormente no calendário Judeu.

Obliquidade da eclíptica

Variação entre o plano da órbita da Terra e o plano da linha do Equador. Ocorre a


cada 42 000 anos, fazendo com que o eixo de inclinação da Terra varie entre 22º
e 24º30’.

Nutação

Pequena variação periódica no eixo de rotação da Terra que surge devido à


influência da Lua sobre o nosso planeta. Ocorre em cada 18,6 anos, não
apresentando consequências dignas de nota.

Rotação junto com a Galáxia


A nossa Galáxia, a Via Láctea, leva cerca de 250 milhões de anos a rodar em torno
do seu centro. A Terra, em conjunto com todo o sistema solar, acompanha esse
movimento a uma velocidade aproximada de um milhão de quilómetros por hora.
(leme).
Translação junto com a Galáxia

Como o Universo se encontra em expansão contínua, a Via Láctea também se


movimenta, levando a Terra consigo.

Outros movimentos

Movimento das Marés

A contração e descontração cíclica da Terra, influenciada pela gravidade da Lua,


dá origem ao movimento das marés.

Variação da excentricidade da órbita

O eixo de translação da Terra umas vezes é mais circular, outras vezes apresenta-
se mais elíptico. Esta variação tem uma duração cíclica de 92 000 anos, tendo sido
responsável pelas grandes glaciações que ocorreram durante a Pré-história.
Deslocamento de periélio

Variação da órbita terrestre ao redor do Sol. O periélio – o ponto da órbita em qua


a Terra se encontra mais próxima do Sol – varia, a cada 21 000 anos, por influência
da órbita de outros planetas.

Perturbações Planetárias

A Terra realiza alguns movimentos imprevisíveis que produzem pequenas


variações nas suas órbitas. Este fenómeno é ocasionado por influência dos outros
planetas solares, principalmente de Vénus e Júpiter.

Movimento Helicoidal

Como o Sol também se desloca, o movimento de translação da Terra realiza um


movimento helicoidal em direção ao próprio Sol.

Movimento do centro de massa Terra-Lua

Órbita realizada pelo centro de massa constituído pelo sistema Terra-Lua em redor
do Sol.

Movimento em torno do centro de massa do Sistema Solar

Movimento realizado pela Terra em redor do centro de massa do Sol e de todos os


planetas que circundam ao seu redor.
ESTRUTURA DO PLANETA TERRA

Podemos facilmente conhecer a superfície do nosso planeta pela observação


direta, os vales e as bacias hidrográficas, vestígios de geleiras, montanhas,
vulcões, mares, oceanos, etc., também reconhecemos distintos tipos de rochas,
como as magmáticas, metamórficas e sedimentares. Seja virtualmente na
internet, por vídeos, filmes, livros, fotos ou aplicativos, ou em nossas viagens
reais. A observação é tudo na vida. Observe a seguir um local muito bonito
existente na fronteira de nossa cidade com a cidade de Viamão: o Parque Estadual
de Itapuã. O que podemos apreender sobre a litosfera do nosso planeta
observando a sua paisagem? Observe o seu bairro, seus pontos geográficos, suas
rochas, descreva-as em seu caderno.

Parque Estadual de Itapuã, criado em 1991, é uma Unidade de Conservação de


Proteção Integral que guarda uma das últimas amostras dos ambientes naturais
da região de Porto Alegre. Localizado no município de Viamão, abrange cerca de
5.570 hectares, onde se encontra uma diversidade de paisagens e ecossistemas
compostos de morros graníticos, praias de água doce, dunas, lagoas e banhados,
bem como um número significativo de espécies raras e ameaçadas de extinção:
cerca de 40 espécies de répteis, 30 espécies de anfíbios, 200 espécies de aves
incluindo as aves migratórias, e um expressivo número de espécies de mamíferos,
entre estes a jaguatirica, a lontra e o bugio-ruivo. O Farol de Itapuã, concluído em
1860, marca o encontro das águas do Lago Guaíba com a Laguna dos Patos.
Existem elementos históricos que evidenciam fatos da Revolução Farroupilha
(1835-1845) no Morro da Fortaleza, na Ilha do Junco e na Ferraria dos Farrapos.
No Centro de Visitantes, há uma exposição fotográfica permanente com diversas
imagens da unidade de conservação, e para grupos agendados é ministrada uma
palestra com as informações e a história do Parque. (Modif. mochileiros).

Localização do Parque Estadual de Itapuã


Parque de Itapuã/RS (detalhe)

O alquimista taoísta Ge Hong (284–364) escreveu sobre o lendário imortal


Magu; em um diálogo escrito por Ge, Ma Gu descreveu como o que antes era o
Mar do Leste (ou seja, o Mar da China Oriental) se transformou em uma terra
sólida onde cresciam amoreiras e um dia seria preenchido com montanhas e terras
secas e poeirentas.

O último estudioso muçulmano persa Abū Rayhān al-Bīrūnī (973–1048)


levantou a hipótese de que a Índia já havia sido coberta pelo Oceano Índico
enquanto observava formações rochosas na foz dos rios.

Shen Kuo (1031-1085) foi quem formulou uma hipótese sobre o processo de
formação da terra (geomorfologia) com base em várias observações como
evidência. (WP).

Suas observações de conchas fósseis em um estrato geológico de uma montanha


a centenas de quilômetros distante do oceano, o deixaram muito curioso e
intrigado.

Ele inferiu, baseado nas evidências que havia encontrado, observando as rochas,
que a terra fora remodelada e formada pela erosão das montanhas, soerguimento
e deposição de lodo e lama, depois de observar estranhas erosões naturais das
montanhas Taihang e da montanha Yandang perto de Wenzhou. (WP)

Ele levantou a hipótese de que, com a inundação de lama e lodo, a terra do


continente deve ter se formado ao longo de um enorme período de tempo.
Ao visitar as montanhas Taihang em 1074, Shen Kuo notou estratos de conchas
bivalves e rochas ovóides em uma extensão horizontal através de um penhasco
como um grande cinturão.

Baseado nessa observação Shen Kuo propôs que esse penhasco já teria sido o
local de uma antiga costa marinha, costa esta que, em sua época, havia se
deslocado centenas de quilômetros para o leste.

Shen escreveu que no período do reinado de Zhiping (1064–1067) um agricultor


de Zezhou desenterrou um objeto em seu jardim que parecia uma serpente ou
dragão e, após examiná-lo, concluiu que o animal morto aparentemente havia se
transformado em "pedra".

O magistrado de Jincheng, Zheng Boshun, também examinou a criatura e notou


as mesmas marcas em forma de escamas que foram vistas em outros animais
marinhos. Shen Kuo comparou isso aos “caranguejos de pedra” encontrados em
rochas em algumas localidades na China.(WP)

Shen também escreveu que, uma vez que bambus petrificados (fósseis) foram
encontrados em camadas sedimentares no subsolo em uma área climática onde
nunca foram cultivados, o clima deve ter mudado geograficamente ao longo do
tempo. Essa observação foi registrada por Shen Kuo por volta do ano 1080.

Ele observou um deslizamento de terra na margem de um grande rio perto de


Yanzhou (moderna Yan'an) havia revelado centenas de caules (colmos) de bambus
petrificados ainda intactos com raízes e troncos, “todos transformados em pedra”,
como escreveu Shen Kuo.

Shen Kuo observou que os bambus não crescem em Yanzhou, localizado no norte
da China, e ele ficou intrigado durante qual dinastia anterior os bambus poderiam
ter crescido. Considerando que lugares baixos úmidos e sombrios fornecem
condições adequadas para o crescimento do bambu, Shen deduziu que o clima de
Yanzhou deve ter se encaixado nessa descrição em tempos remotos no passado.

Embora isso tenha intrigado muitos de seus leitores, o estudo da paleoclimatologia


na China medieval não se tornou uma disciplina estabelecida, todavia foi Shen Kuo
que iniciou seu estudo.(WP).

O filósofo da dinastia Song, Zhu Xi (1130–1200 d.C.), também escreveu sobre


esse curioso fenômeno natural dos fósseis. Ele era conhecido por ter lido as obras
de Shen Kuo. A descrição de Shen da erosão do solo e intemperismo é anterior à
de Georgius Agricola em seu livro de 1546, De veteribus et novis metallis. Entre
as publicações de Shen Kuo que viveu entre, 1031-1085, até a obra de Agrícola
em 1546, passaram 461 anos.

Além disso, a teoria de Shen sobre a deposição sedimentar é 738 anos anterior à
do inglês James Hutton, cujo trabalho inovador foi publicado em 1802 e pelo qual
é considerado o pai fundador da Geologia moderna por ter lançado os fundamentos
dessa ciência. (WP)

Georg Pawer ou Bauer (Pawer ou Bauer, em alemão antigo significa camponês,


agrícola). Georg Bauer Agricola nasceu em Glauchau, Saxónia, no dia 24 de março
de 1494 e morreu a 21 de novembro de 1555 em Chemnitz.

Georgius Agrícola foi um estudioso humanista alemão, mineralogista e


metalúrgico. Nasceu na pequena cidade de Glauchau, no Eleitorado da Saxônia do
Sacro Império Romano Germânico.

Em 1522 começou a estudar medicina, primeiro em Leipzig e depois em Bologna


e Pádua na Itália, onde se formou em 1526. Apesar de ter sido educado
amplamente em várias áreas do conhecimento, desenvolveu um grande interesse
pela mineração e no refino de metais.

Pela primeira vez, abordou-se questões sobre a formação de minérios e minerais.


Agrícola tentou trazer à luz os mecanismos subjacentes a origem dos minerais e
apresentar suas conclusões em uma estrutura sistemática. Ele expôs todo o
processo em um diálogo acadêmico e o publicou sob o título “Bermannus, sive de
re metallica dialogus”, (Bermannus, ou um diálogo sobre metalurgia) em 1530.

Outro trabalho inovador foi sua investigação sobre os fósseis e sua natureza.
Devido a este trabalho inovador que intitulou: “De Natura Fossilium” publicado em
1546, ele ficou conhecido como o Pai da Mineralogia.

Além disso, ele tornou-se muito conhecido também por seu trabalho pioneiro
chamado “De re metalicala libri XII”, (Sobre a natureza dos metais, vol. XII)
publicado em 1556, um ano após sua morte.

Essa obra foi escrita em 12 volumes e é um estudo abrangente e sistemático, de


classificação e guia metódico sobre todos os aspectos factuais e práticos
disponíveis, que são de preocupação para a mineração, para as ciências da
mineração e para a metalurgia, aspectos estes investigados e pesquisados em seu
ambiente natural por meio de observação direta. Esta obra inigualável em sua
complexidade e precisão, serviu como obra de referência para o estudo dos
minerais e mineração por dois séculos.

Agrícola declarou no prefácio que excluiu todas aquelas coisas que eu mesmo não
vi, ou não li ou ouvi falar. [...] Aquilo que eu não vi, nem considerei
cuidadosamente depois de ler ou ouvir, eu não escrevi sobre o trabalho pioneiro
de G. Agrícola, envolveu observação minuciosa e documentação de toda a
tecnologia mineira existente na época. Em 1531 deixou a Boêmia (hoje Jachymov,
na República Checa) e foi morar na Saxônia para assumir o cargo de médico em
Chemnitz, onde viveu até a sua morte em 1555.

Em Chemnitz exerceu várias funções públicas, entre elas a de burgomestre


(prefeito). É dessa cidade que ele envia ao prelo uma longa série de trabalhos,
iniciada já em sua estada em St. Joachimsthal.

Duas de suas obras publicadas levaram Agrícola a ser considerado o Pai da


Mineralogia: “De ortu et causis subterraneorum libri V”, Gênese dos materiais no
interior da Terra, um livro em cinco volumes e “De Natura Fossilium”, Sobre a
natureza dos fósseis, livro que aborda os fósseis, que na época eram considerados
como restos mortais de monstros antediluvianos, ambos publicados em 1546. “De
re metalica”, Da natureza dos metais, é considerado um clássico da mineralogia,
e foi publicado postumamente em 1556.

Como um estudioso Renascentista, ele estava comprometido com uma abordagem


universal em relação ao aprendizado e à pesquisa do mundo natural. Agrícola
publicou mais de 40 trabalhos acadêmicos completos durante sua vida profissional
abrangendo uma ampla gama de assuntos e disciplinas, como pedagogia,
medicina, metrologia, mercantilismo, farmácia, filosofia, geologia, mineralogia,
zoologia, história natural, história e muito mais. (WP).

Depois de Georg Bauer Agrícola, outro notável observador e estudioso da natureza


que contribuiu para nosso entendimento da Terra, foi Nicolau Steno.

Nicolaus Steno, Niels Steensen ou Niels Stensen, latinizado como Nicolaus


Stenonius, é por vezes referido como Nícolas Steno.
Nicolas Steno (1638-1686) foi um bispo católico dinamarquês e cientista pioneiro
nos campos da anatomia humana e da geologia

Em Outubro de 1666, dois pescadores capturaram um enorme tubarão, próximo


da cidade de Livorno, na Itália, e o grão-duque Ferdinando II de Médici, Grão
Duque da Toscana (1610-1670), ordenou que a cabeça do animal fosse enviada a
Steno para estudo.

Steno observou-a meticulosamente, dissecou-a e publicou as suas descobertas em


1667. O exame dos dentes do tubarão mostrou que estes eram muito semelhantes
a certos objetos chamados glossopetrae, ou pedras língua, encontrados em
algumas rochas sedimentares.
A esquerda dente de um tubarão do passado e

a direita um dente de um tubarão atual. (1)

https://youtu.be/If4I3aF1PRg

Entre os autores antigos, Plinio o Velho (23-79 d.C), acreditava que essas curiosas
formações pétreas eram pedras que haviam caído do céu ou da Lua.

Gaius Plinius Secundus (23/24 – 79 d.C.) Plínio, o Velho.

Morreu tentando estudar a erupção do vulcão Vesúvio e salvar amigos da


tragédia.

Gaius Plinius Secundus (23/24–79 d.C.), chamado Plínio, o Velho, foi um pensador
romano, naturalista, filósofo natural, comandante naval e do exército no início do
Império Romano, e amigo do imperador Vespasiano.

Plínio escreveu uma grande obra enciclopédica intitulada "Naturalis Historia"


(História Natural). Ele passou a maior parte de seu tempo livre observando,
investigando, estudando, e escrevendo sobre fenômenos naturais e geográficos no
campo.

Plínio acreditava que os amonitas dourados (devido à piritização) provenientes da


Etiópia, se colocados embaixo do travesseiro ao dormir, despertariam a capacidade
de prever o futuro em sonhos. Plínio também acreditava que dentes de tubarão
fossilizados eram pedras caídas do céu durante eclipses lunares.
Esses dentes posteriormente seriam interpretados como línguas de cobras
petrificadas pelo apóstolo Paulo durante uma visita às ilhas de Malta.

Essas pedras foram chamadas de Glossopetrae, ou pedras-língua, e eram tidas


como capazes de proteger de mordidas de cobras, sendo utilizadas como amuletos
de proteção e até colocadas em bebidas para neutralizar o efeito de possíveis
venenos.

Outros eram de opinião, também antiga, de que os fósseis cresciam naturalmente


nas rochas. Um contemporâneo de Steno, Athanasius Kircher, por exemplo,
atribuía a existência de fósseis a uma virtude lapidificante dispersa por todo o
corpo do geocosmo. Athanasius Kircher (1601-1680) jesuíta, matemático, físico,
e inventor alemão nascido em Geisa, Rhön, famoso por sua versatilidade de
conhecimentos e particularmente sua habilidade para o conhecimento das ciências
naturais.

Athanasius Kircher (1601-1680).

Por seu lado, Steno argumentou que se os glossopetrae pareciam-se muito com
dentes de tubarão, é porque eram dentes de tubarão, provenientes das bocas de
antigos tubarões, que haviam sido enterrados em lodo e areia (de mares e oceanos
antigos) que eram agora terra seca (rocha intemperizada). Só os dentes haviam
sido preservados porque eram a parte mais dura do animal, uma vez que seu
esqueleto é cartilaginoso e se decompõem facilmente através da ação de
decompositores.
Existiam diferenças de composição entre os glossopetrae e os dentes dos tubarões
atuais, mas Steno argumentou que os fósseis podiam ter a sua composição
química alterada sem que a sua forma tenha sido alterada, através da teoria
corpuscular da matéria.

Megalodon e um tubarão branco atual

Comparação entre tamanhos do Megalodon, tubarão branco e o homem.

O trabalho de Steno sobre os dentes de tubarão levou-o a questionar-se sobre a


forma como um objeto sólido poderia ser encontrado dentro de outro objeto sólido,
como rocha ou uma camada rochosa. Os “corpos sólidos dentro de sólidos” que
atraíram o interesse de Steno incluíam não apenas fósseis como hoje os definimos,
mas também minerais, cristais, incrustações, veios, e mesmo camadas completas
de rocha ou estratos. Os seus estudos geológicos foram publicados na obra
Discurso prévio a uma dissertação sobre um corpo sólido contido naturalmente
num sólido em 1669. Este trabalho seria aprofundado em 1772 por Jean-Baptiste
Romé de LÍsle.
Steno não foi o primeiro a identificar os fósseis como sendo de organismos vivos.
Os seus contemporâneos Robert Hooke e John Ray, também defendiam esse ponto
de vista.

Devemos a Nicolau Steno a descoberta da Lei da sobreposição dos sedimentos,


dos princípios da horizontalidade original, e continuidade lateral: os três princípios
básicos da estratrigrafia.

O primeiro pensamento “geológico” surgiu por volta de 1050, na China. Neste


período, Shen Kuo formulou uma hipótese de como novas terras surgiam com base
na observação de fósseis encontrados por ele em terra firme há quilômetros do
mar.

Porém, apenas durante a revolução científica, no século XIX, (Iluminismo) que a


geologia se tornou uma disciplina científica. Isso ocorreu a partir da publicação do
livro de James Hutton (1726-1797) intitulado “Theory of the Earth” (Teoria da
Terra). A partir daí, J. Hutton ficou conhecido como o primeiro geólogo.

James Hutton (1726 - 1797)

pintado por Sir Henry Raeburn.

James Hutton FRSE (Fellowship of Royal Society of Edinbourgh) 1726 - 1797) foi
geólogo, agricultor, químico, naturalista e médico escocês. Muitas vezes
considerado como o pai da geologia moderna, ele desempenhou um papel
fundamental no estabelecimento da geologia como uma ciência moderna.
Hutton apresentou a ideia de que a história remota do mundo físico pode ser
inferida a partir de evidências encontradas e observadas nas rochas atuais. Por
meio de seu estudo das características da paisagem e do litoral, das terras baixas
escocesas, como Salisbury Crags ou Siccar Point, ele desenvolveu a teoria de que
as características geológicas não são estáticas, mas sofrem transformações
contínuas por períodos de tempo indefinidamente longos.

A partir disso, ele argumentou que a Terra não poderia ser jovem. Ele foi um dos
primeiros proponentes do que na década de 1830 ficou conhecido como
uniformitarismo, a ciência que explica as características da crosta terrestre como
resultado de processos naturais ocorrendo continuamente ao longo do tempo.
Hutton também apresentou uma tese para um “sistema da Terra habitável”
proposto como um mecanismo deísta projetado para manter o mundo
eternamente adequado para os humanos.

Principais ideias de Hutton

1) As rochas eram fundidas e resfriadas.

2) As rochas são erodidas e reconstruídas, ou seja, as paisagens, relevos, enfim,


tudo poderia ser reaproveitado.

3) O solo se forma continuamente pela ação das intempéries sobre as rochas.

4) A Terra era mais antiga do dizia a Bíblia ou que os pensadores daquela época
imaginavam.

5) Os processos que atuaram no passado (que ocorreram no passado da


Natureza), são idênticos ao que ocorrem nos dias de hoje (atuais).

6) A formação das estruturas geológicas são resultados de processos gradativos e


lentos.

A Terra começou a ser observada de um ponto externo ao planeta a partir da


década de 1950, com o advento das viagens espaciais (corrida espacial). A partir
de 1957, foi possível estudar com mais detalhes a superfície do nosso planeta por
meio das imagens fornecidas pelos satélites artificiais que foram colocados em
órbita, sendo o primeiro satélite artificial o sputnik-1 um satélite russo lançado no
dia 04/out/1957 .

Todavia, a maior parte do interior da Terra é inacessível às observações diretas,


de modo que, para conhecer sua estrutura e constituição interna, é necessário
recorrer a métodos indiretos, que envolvem as seguintes áreas de estudo e
pesquisa:
Geofísica e sismologia

Estudo da propagação das ondas sísmicas (ondas mecânicas) provenientes de


tremores e terremotos.

Geologia e petrologia

Estudo das características das rochas e dos magmas lançados em erupções


vulcânicas.

Gravimetria

Estudo da variação da aceleração da gravidade da Terra.

Geomagnetismo

Estudo da origem e variação do campo magnético terrestre.

MODELOS

A análise dos resultados desses estudos permitiu a construção de dois modelos


complementares para a estrutura interna do nosso planeta: o modelo geoquímico
e o modelo geodinâmico.

MODELO GEOQUÍMICO

Este modelo estuda a distribuição dos componentes químicos que compõem nosso
planeta. O modelo geoquímico e a geoquímica estudam a origem, distribuição e
evolução dos elementos químicos que compõem a Terra e que se encontram
contidos em forma de minerais de rochas e outros minerais derivados dela, ainda
que também seja possível encontrá-los em seres vivos, na água e na atmosfera.

O seu principal objetivo é determinar a abundância dos elementos que


existem na natureza, mediante técnicas analíticas, que servem de
hipóteses para determinar a origem, idade e estrutura do planeta Terra e
do universo.

O modelo geoquímico divide a Terra em camadas concêntricas baseando-se na sua


composição: superior e inferior, referindo-se à crosta e manto, e externo e interno
ao núcleo (ingeoexpert).
(anapiano)

(slideshare)
(slideshare)

MODELO GEODINÂMICO

Este modelo considera as velocidades de propagação das ondas sísmicas dos


tremores e terremotos, dentro do nosso planeta, produzindo uma imagem da
constituição em termos físicos ou das camadas existentes.

Este modelo baseia-se então, nas propriedades físicas dos materiais


terrestres (camadas de rochas ou estratos) e considera que o nosso planeta
é constituído internamente por cinco camadas concêntricas: litosfera,
astenosfera, mesosfera, endosfera externa e endosfera interna.

(slideshare)
(slideshare)

Estrutura do planeta (Carneiro et al., 2003)

(anapiano)
(anapiano)

Estrutura do planeta Terra

A diferença entre esses dois modelos está na classificação do manto. No modelo


geoquímico, o manto está dividido em duas partes: manto superior e manto
inferior. No modelo geodinâmico, o manto está dividido em três camadas: litosfera,
astenosfera e mesosfera.

A litosfera abrange a parte inferior da crosta e a parte mais externa do manto


superior do modelo geoquímico. A astenosfera é a parte do manto superior, que
não foi incluída na litosfera. Por fim, mesosfera é o nome dado ao manto inferior
no modelo geodinâmico.
O INTERIOR DA TERRA

A Sismologia pode ser definida como o estudo das ondas sísmicas (ondas
elásticas), naturais ou artificiais, em sua propagação no interior da Terra,
passando por refrações, reflexões e mudanças de velocidade, segundo as
características do meio atravessado, principalmente a densidade e os parâmetros
que definem a compressibilidade e a rigidez dos materiais percorridos pelas ondas,
além, obviamente, de seu estado físico. A densidade, em particular, já era
abordada em estudos anteriores ao advento da sismologia, para estudo da sua
distribuição em todo o globo, inclusive em profundidade.

Os sismos ou terremotos são reflexos das deformações causadas pela propagação


de ondas sísmicas de origem natural. Mas essas ondas também podem ser geradas
artificialmente, em explosões.

A cada terremoto natural, observatórios sismográficos no mundo todo captam


informações sobre a chegada das ondas sísmicas e a integração de todos os
resultados permite montar um quadro da variação de velocidade de propagação
das ondas. O mesmo é feito nas explosões artificiais, algumas das quais
promovidas justamente para o estudo de determinadas regiões do globo.
As ondas elásticas promovem uma deformação e, logo depois, o restabelecimento
da morfologia inicial (quando não há ruptura). Assim, quanto maior o módulo
elástico do material, mais rápido será o restabelecimento da forma e maior a
velocidade de propagação da onda.

A direção de propagação das ondas sísmicas muda em função das características


do meio: ao passar para um meio de maior velocidade, a onda se afasta da normal
para a interface; ao passar para um meio de menor velocidade, a onda se aproxima
desta normal. (Toledo, s/d)
Os vulcões ativos podem ser perigosos para o homem. Devido às terras férteis
localizadas próximas aos vulcões, os seres humanos colonizaram muitas áreas
vulcânicas ativas. De fato, as cadeias de ilhas vulcânicas e ilhas vulcânicas isoladas
existem porque são construídas por um vulcão. Existem perigos diretos associados
a uma erupção vulcânica. Esses perigos são particularmente importantes para os
vulcões explosivos, como mostrado na figura a seguir.

Fluxos piroclásticos, bombas, cinzas e derrames de lava podem causar efeitos


devastadores nas áreas próximas aos vulcões. Atividades explosivas podem levar
ao colapso de partes laterais dos vulcões ou ao colapso de domos formados no
topo pelo acúmulo de material do vulcão.

Além disso, erupções podem desestabilizar as encostas, gerando fluxos de lama


que podem ser mais mortais que a erupção. Um exemplo foi o fluxo de lama em
Columbia após a erupção do vulcão Nevado Del Ruiz (Tolima, México), em 1985,
que matou cerca de 23 mil pessoas.
Vulcão Nevado Del Ruiz (bluradio)

Vulcão Nevado del Ruiz (hojenahistoria)

Vulcão Nevado del Ruiz em 2021 (clmbrasil)

Mais longínquos são os efeitos das grandes erupções sobre o clima do planeta, que
pode ser alterado por alguns anos. A humanidade testemunhou algumas dessas
erupções, que, em casos extremos, podem mudar o curso da evolução.
Para compreender completamente o nosso planeta vulcânico, é necessário
entender por que as rochas se fundem, a fim de compreender como e onde os
vulcões ocorrem em nosso planeta.

Devemos também aprender a classificação dos vulcões, reconhecer os diferentes


tipos de vulcões e por que eles ocorrem. O passado é a chave do presente, e um
bom conhecimento dos grandes eventos vulcânicos nos dá uma boa ideia do que
os vulcões são capazes tanto física quanto biologicamente.

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