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A civilização egípcia é entre todas as demais civilizações a mais misteriosa e enigmática.

É realmente
intrigante o fato de essa civilização ter nascido pronta, ou seja, não se tem notícia de seus primórdios,
nem foram encontrados vestígios anteriores ao esplendor de sua arte, arquitetura e sofisticação de
conhecimentos astronômicos, matemáticos, médicos, etc. A história oficial interpretou e interpreta a
mitologia e as crenças expressas nos escritos dos papiros superficialmente. O valor intrínseco do
pensamento filosófico e da organização religiosa e mitológica foi relegado a segundo plano, tendo
escolhido como prioridade a pesquisa filológica, a história linear e a arqueologia. Porém, estamos
vivendo a era da síntese, o que implica uma abordagem integral e integrada da história assim como das
demais disciplinas que constituem o conhecimento humano.

Os símbolos, mitos e deuses egípcios possuem um significado profundo que ao serem descobertos
abrem novos prismas de visão e compreensão da grandeza dessa civilização mágica. Os hieróglifos e as
cenas esculpidas nas paredes das tumbas egípcias demonstram que esse povo tinha uma correlação
profunda com a metafísica. Mesmo em suas atividades rotineiras pode-se notar a presença do sagrado.
O povo egípcio desenvolveu todo o seu conhecimento embasado no sagrado. A consciência cósmica
estava sempre presente e era a raiz que nutria o governo, a organização social e inspirava suas práticas
diárias. Os deuses são arquétipos que revelam a multiplicidade dos poderes e atributos de um deus
impessoal, onisciente, nascido de Si mesmo, e são a maneira de conhecê-Lo e senti-Lo intimamente.
Convido vocês para juntos desfrutarmos dos ensinamentos dessa fonte de sabedoria.

COSMOLOGIA EGÍPCIA

A cosmologia egípcia tem como base o conhecimento científico, filosófico e metafísico dos sacerdotes,
conhecimento este que foi transmitido através de narrativas e epopéias nas quais a saga dos deuses
indica os conceitos, valores e princípios que nortearam essa civilização extraordinária onde se enraíza a
cultura ocidental.
De acordo com a cosmologia do antigo Egito o universo é cheio de vida e nele infinitas possibilidades
pulsam em estado latente. Vale chamar a atenção para a semelhança com a física quântica. Eles se
referem a uma Consciência Superior preexistente. Essa Consciência preexistente criou a si mesma, e os
universos, e é imortal, atemporal, onisciente, onipresente e onipotente. Essa Consciência primordial é
uma fonte inesgotável de energia, é invisível, sem forma, e está em constante movimento e expansão.
Essa força consciente e criadora de tudo que existe nunca teve uma representação física. Os neteru, ou
deuses arquetípicos, representam os seus atributos. Esses deuses são masculinos (“neter”) e femininos
(“netert”) e incorporam e formatam através de suas representações a força atuante do Sem Forma. Os
atributos representados pelos neteru são os múltiplos nos quais o Uno se manifesta. Pode-se dizer que
embora considerados pela história oficial como politeístas, os antigos egípcios eram na verdade
monistas, assim como os hinduístas.
NUN – O SER SUBJETIVO

Antes que a vontade do Eterno se manifestasse como impulso criador, existia uma base que vibrava em
estado latente, um abismo líquido, sem início, sem fim nem direção. Era o estado da matéria não
polarizada. O oceano de possibilidades ao qual os antigos egípcios se referiam seria o que os nossos
cientistas atualmente denominam “sopa de nêutrons”, onde a ausência de prótons e elétrons cria um
imenso e denso núcleo. Nesse abismo líquido anterior à manifestação, tudo se resumia à matéria em
estado de compressão. Nun é energia/matéria sem forma, indefinida e não diferenciada.

MAAT – A ORDEM CÓSMICA

Para os sacerdotes do antigo Egito a criação do nosso universo e dos demais universos não foi um
evento físico aleatório, mas um evento simultâneo planejado e executado segundo uma Lei Divina.
Maat é a deusa (netert) que encarna o princípio ordenador do caos. Para a mitologia e astronomia do
antigo Egito existiam outros universos além do nosso e eram habitados. E a humanidade tinha origem
estelar.
ATUM – O SER OBJETIVO

O átomo primordial, Atum, por exsudação criou os gêmeos originais Shu (a umidade) e Tefnut (a
condensação), que representam a dualidade. Esses deram a luz Nut (o firmamento) e Geb (a matéria
densa). Nut e Geb geraram quatro filhos: Ausar (Osires), Auset (Ísis), Set (Steh) e Nebt-Het (Néftis).
Para alguns egiptólogos esse arquétipos representam os quatro elementos. Ausar casou-se com Auset, e
Set casou-se com Nebt-Het. Ausar e Auset simbolizam as polaridades em harmonia, almas gêmeas, a
complementaridade e a superação dos opostos. Set e Ausar simbolizam as trevas e a luz
respectivamente; o antagonismo, o atrito, o confronto entre os opostos. Interessante ressaltar que em
egípcio antigo a palavra irmão e marido significam a mesma coisa, assim como irmã e esposa, por isso
alguns escritores e historiadores traduziram o casamento de Ausar e Auset como uma união incestuosa.

NEHEB KAU

Significa o provedor das formas/atributos. Trata-se da serpente primordial, e é representada com duas
cabeças, significando a natureza dual da manifestação na matéria. Significa também a natureza densa, o
corpo físico e a natureza sutil, o duplo etérico KA. O ciclo de nascimentos e mortes é simbolizado pelo
movimento solar de nascente e poente. Ra, o sol é o neter da vida e Ausar o neter dos mortos. O
movimento solar contínuo de surgimento e ocaso e de vida e morte é representado pela jornada de Ra
em direção à morte quando se torna Ausar, e este por sua vez ascende e ressurge para voltar a viver
como Rá, Assim eles representam o fluxo contínuo da vida que caminha em direção à morte para mais
uma vez renascer. Desse modo, na mitologia egípcia, vida e morte são inevitáveis e intercambiáveis,
assim como ressurreição e renascimento.

AMON/AMEN/AMUM - O PODER OCULTO


Amen/Amon/Amun significa o oculto. Para a mitologia egípcia é a força indefinível e subjacente na
qual se baseia a criação do universo.

É a essência, o alento divino que define o universo e seus quadrantes.

O Conceito de Trindade

Segundo essa tradição cada ser é único, mas se manifesta como uma força tripla dotada de uma
natureza dupla. Segundo a mitologia, quando Atum cuspiu ou exsudou Shu e Tefnut, logo em seguida
os envolveu em um abraço, e assim o seu Ka, o duplo etérico, penetrou-os para outra vez tornarem-se
Um. Desse modo nasceu a primeira trindade.

O conceito de trindade também se apresenta como a existência de um ser uno constituído de três
princípios, como é o caso de Amon, Ra e Ptah. Ra é o seu rosto, e Ptah o corpo. Existem outras tríades,
como Ptah – Sekmet – Nefertu, porém, a mais conhecida e louvada delas todas é a formada por Ausar
(Osires) – Auset - (Isis) – e Heru (Horus) o portador da luz.. A importância da tríade e da triangulação
para a civilização egípcia também pode ser constatada na disposição do espaço nos templos. Neles
existem os santuários triplos onde o poder trino do deus(a) a que o templo é dedicado se concentra e se
expande ao mesmo tempo.
É no templo que o poder divino se irradia, devido à conexão céu e Terra, a ultrapassagem energética das
distâncias dimensionais. Para os egípcios antigos o triângulo era a representação na manifestação
aferível do Universo. O quadrado simbolizava a concretude e as quatro potências universais. Essas
potências se apresentam como fraca, forte, gravidade e eletromagnetismo. A cosmologia era estudada
em cidades que ancoravam essas energias e simbolizavam essas fases de organização da criação.

Tebas

As cidades principais eram: Heliópolis, Mênfis, Tebas e Hermópolis. São os pares das forças primevas,
os poderes primordiais. Também evidenciam os quatro elementos, os quatro pontos cardiais, os
quadrantes e o aspecto dual da vida manifestada: luz e trevas, masculino e feminino.
Dentre os quatro elementos, a água é base e berço, é o elemento que cria de si mesmo os demais
elementos.
O símbolo da criação e matéria diferenciada é denominado “Tet” ou “Djed”. Trata-se de um pilar que
traduz a criação do universo e a constituição do mundo das formas e também a saga evolucionária da
humanidade. Esse pilar é o símbolo sagrado de Ausar-Osíris e tem sete degraus. Os sete degraus são
uma metáfora da evolução do ser consciente no caminho da auto-realização, e o veículo que o conduz
da matéria ao espírito. O Pilar “Tet” ou “Djed” representa o microcosmo do macrocosmo, e revela na
criação diferenciada a atuação e ressonância constante do som original, provocado pela explosão da
energia condensada de Nun. Esse som é considerado divino e foi a causa primeira para o surgimento do
universo e da criação.
Gostaria de salientar que desde a teoria da relatividade defendida por Einstein o mundo científico
reconhece a matéria como uma forma de energia, e que ela se apresenta como energia condensada. No
mundo material podemos ver e tocar as coisas porque as moléculas vibram em velocidade baixa e
constante. Quanto maior a velocidade vibracional das moléculas, mais sutis e etéreos os elementos se
tornam e nossos sentidos físicos são incapazes de perceber o que vibra e pulsa numa dimensão etérea.
O Tempo e o Espaço

Para os antigos egípcios tempo e espaço eram inseparáveis e a astronomia era aplicada através da
astrologia. Eles contavam o tempo baseados no número 6 e seus múltiplos. Por exemplo: O dia se
formava em 24 horas (6x4); o mês em 30 (6x5) dias; o ano em 12 (2x6) meses e o zodíaco contém 12
(2x6) estâncias, eras e signos.
O mais antigo e belo zodíaco já criado encontra-se no templo de Dendera e é visitado por milhares de
pessoas que buscam um contato com o conhecimento ancestral nele contido. O espaço se traduz
através dos volumes. Para essa tradição o espaço é constituído de seis direções e essas direções são
definidas pela forma geométrica que apresenta seis lados iguais, o cubo. O cubo é uma figura formada
de seis lados iguais, ou seja, acima e abaixo, anterior e posterior e direita e esquerda. O tempo seria uma
unidade organizadora da vida na matéria e o espaço o ambiente onde as formas se revelam e interagem.

Harmonia com o Universo

Templo de Dendera

Para os egípcios a preservação da vida estava na harmonia entre os céus e a Terra. Por isso, tornaram-se
grandes observadores astronômicos e grandes astrólogos, por considerarem a astrologia uma
continuidade da astronomia. A história ocidental atribui aos gregos os conhecimentos astronômicos,
porém, na realidade, o crédito é dos egípcios e dos sumérios.
Pela astrologia egípcia tão bem retratada em Dendera, no teto do templo dedicado a Hator é possível
observar que os sacerdotes conheciam a influência das eras zodiacais nas diferentes etapas civilizatórias
da Terra. Eles conheciam os ciclos e movimentos solares, os equinócios. Definiam as eras de acordo
com a trajetória do sol pelas casas zodiacais. Cada era tinha o seu signo regente como característica
predominante e determinava todos os meios de expressão criativa como artes, arquitetura, artesanato
cultos, festivais, etc. Os faraós costumavam adicionar o nome da era ao seu próprio nome. As eras
tinham a duração de 2000 anos.

AS ERAS ZODIACAIS

Os sacerdotes conheciam os movimentos dos ciclos dos equinócios e consideravam o início das eras de
acordo com a entrada do sol nas casas zodiacais. O término de cada uma delas acontecia quando o sol
cumpria o circuito zodiacal. Até o momento não se tem um registro histórico sobre o assunto, porém
algumas evidências confirmam a influência dos signos zodiacais na denominação e definição das
eras. Alguns autores consideram a Grande Esfinge de Gizé como uma evidência da Era de Leão. Outros
vêm no culto ao touro Ápis a 4000ª.C, assim como a palavra “mentu” (touro), agregada aos nomes de
faraós como um indicador da era de Touro.Essa era teria terminada com os faraós Mentuhotep do
primeiro ao quinto soberano do mesmo nome. Em um templo dedicado a Mentuhotrp. Mentu o touro
tem destaque. É curioso observar que nesse templo o faraó é retratado como um ancião e não no
esplendor de sua juventude e vigor físico como de costume.
Para alguns historiadores e arqueólogos este seria um sinal do término da Era de Touro. A Era de Áries
(O Carneiro), iniciou-se há 2000 anos A.C , e Mentu, o touro foi substituído por Amon o carneiro. Isso
pode ser observado nas construções dos templos e esfinges que ladeiam a alameda que conduz à
entrada principal do templo de Karnak em Luxor.
Outro fator a ser considerado é a adoção dos faraós do nome Amon ou Amen ou ainda Amum ao seu
próprio nome. Exemplos: Amenhotep, Tutankamon, etc. Dentro do templo de Karnak existe uma
parede com desenhos que representam Amon navegando pelo céu estrelado a bordo de um barco, o que
nos remete ao signo de Áries.
DEUSES E DEUSAS - O PANTEÃO EGÍPCIO

ATUM – é o deus nascido de si mesmo e navega pelas águas primordiais. Movido pelo desejo de ver a si
mesmo, Atum decidiu criar os mundos, deuses, seres humanos e tudo o que existe. Para concretizar seu
desejo Atum lança nas águas primordiais um jato inseminador de vida. Então, o fogo do sêmen de Atum
faz as águas ferverem e a umidade e o vapor criam o meio adequado para que tudo seja criado.
ATOM - o átomo primordial, a origem dos universos, o deus que desloca a energia acumulada e latente
nas trevas e destas manifesta a Luz.

AMON/AMUM/AMEN – o oculto, o poder divino que é e está oculto. Cabe aos seres conscientes
encontrar sua face. É representado pelo carneiro ou um homem com a cabeça adornada com uma coroa
dupla, referentes ao reino humano e o reino divino.

RÁ – é o deus sol, a fonte da vida. A estrela que ao explodir num generoso ato de amor, cria um sistema
estelar, e esparge seus elementos químicos que constituem e mantêm sua criação celestial e garantem a
manifestação da diversidade na natureza e a vida humana sobre o planeta Terra.
AMONET – o aspecto feminino de Amon; o feminino cósmico, a Grande Mãe.

MUT – o firmamento, esposa de Amon. Sua generosidade e acolhimento permitem o espaço para
manifestação das estrelas, constelações, e planetas.

KONSHU – é o deus da Lua, o senhor do tempo, das emoções e do conhecimento oculto. Konshu
regula o crescimento das marés e das plantações e gestações.

MAAT – é a deusa do destino e da justiça. No Amenti (onde as almas são julgadas depois que deixam o
corpo físico), Maat, diante de Osiris(Ausar), julga a evolução das almas. Uma enorme balança pesa a
evolução intelectual e a evolução amorosa, a inteligência do coração. Num dos pratos da balança ela
colocava os atos e no outro o coração do falecido(a). Maat, então depositava em um dos pratos uma
pena de avestruz. Se ambos os pratos permanecessem em equilíbrio, a alma iria para a morada dos seres
luminosos, e dependendo das suas qualidades intelectuais, éticas e espirituais, reencarnaria ou não. Os
maus e indignos da condição humana tinham o coração devorado por Ammut, e a seguir sua alma seria
diluída e deixaria de existir como energia consciente.

AMMUT – a deusa dos infernos. Tinha como função devorar o coração dos malvados e indignos e puni-
los pelo desrespeito à vida e ao sagrado. Dependendo da gravidade da falta ou faltas cometidas, a alma
seria destruída ou aguardaria no fogo da purificação uma nova oportunidade para reencarnar.

TOTH – o deus que era o escriba dos deuses, o Senhor da alquimia e do conhecimento espiritual; o
deus da sabedoria oculta, da magia, da palavra e do autoconhecimento. O livro de Toth continha as
lâminas de ouro com os desenhos dos 22 arcanos e símbolos que permitiam ao consulente obter
revelações.

SECHTAT – era a deusa da sabedoria científica; senhora da astronomia, matemática, medicina, ótica,
engenharia, geometria e proporções sagradas.

MADSET - a deusa do discernimento, arbitra as questões e causas, e julga o que é legal ou seja, que está
de acordo com a lei, e o que é justo, estabelecendo a diferença entre eles. É a deusa que rege a lucidez, o
equilíbrio emocional e a flexibilidade do intelecto.
HATOR – deusa da beleza, da fertilidade, do amor, das artes e da prosperidade. Hator era a esposa
espiritual do faraó e cabia a ela escolher o sucessor do faraó. Ela escolhia quem seria o postulante mais
capaz e portanto, merecedor do trono. Ainda que o herdeiro natural fosse o primogênito, eram feitos
rituais secretos para invocar Hator e receber dela a aprovação ou reprovação. A esposa humana, a
rainha, fazia oferendas a Hator pedindo que seu casamento fosse fértil, e que o amor estivesse sempre
presente na relação do casal. Os jovens oravam e ofertavam no templo da deusa pedindo que ela
enviasse um homem ou uma mulher que pudesse ser o seu companheiro ou companheira ideal.

GEB – filho de Shu e Tefnut. Era o deus que aprisionava os espíritos maus nas profundezas da Terra. Ele
não permitia que os maus espíritos contaminassem a atmosfera.

NUIT – esposa de Geb Nuit, é a deusa das 11 dimensões celestes. Ela conduz os espíritos merecedores de
remissão, depois de serem julgados por Maat e Osiris, para as dimensões e esferas celestes que lhes
correspondem.
ÍSIS – A GRANDE MÃE – deusa do amor incondicional, da generosidade, perseverança e abundância,
irmã e esposa de Osíris. A deusa regente de Sírius, a estrela alfa da constelação do Cão. Sempre que no
céu se desenhava a configuração estelar onde Sírius resplandecia com todo o seu esplendor, a
população comemorava, porque Ísis estaria derramando suas bênçãos sobre o Egito. Era o prenúncio
das cheias no rio Nilo; as águas inundariam as margens arroteando a terra, e resultando no húmus que
serviria de berço para as semeaduras, plantações e consequentes colheitas. Ísis, a deusa mãe, lá dos céus
anunciava para os seus filhos a renovação da vida.

OSÍRIS – o deus faraó, irmão e marido de Ísis. Ele era quando encarnado o deus-homem que promovia
a prosperidade, harmonia e justiça na Terra quando reinou sobre o Egito. Depois de morto, tornou-se o
deus que venceu os limites da morte, e por isso no Amenti é ele quem julga e define o destino das almas
dos mortos.
SETH – Irmão de Osíris e esposo de Neftis. Representa a sombra, o lado obscuro da condição humana.
A ele foi dada a tarefa de governar os desertos, as regiões hostis. Seth é o deus das tempestades, da
violência, da inveja, do ciúme e de todos os antivalores humanos. É irmão de Osiris e ensina que não há
Luz sem Sombra. Seth simboliza o desafio humano diante dos próprios defeitos e maus hábitos. Seth é
o arquétipo que demonstra a importância da coragem de encarar e dialogar com a sombra, caso
contrário não pode existir transformação.

NEFTIS – a deusa dos desertos, a deusa da morte. Irmã e esposa de Seth, nunca aceitou seu casamento,
pois não amava Seth e sim Osíris. Conta o mito que certa vez, usando seus poderes, metamorfoseou-se
em Ísis e seduziu Osíris. Copulou com ele e dessa relação nasceu Anúbis. Por isso tornou-se a rainha
dos desertos, da noite e dos céus profundos. Ela é representada como uma linda mulher, muito
sedutora e envolvente. Neftis representa também a lascívia, os impulsos sensuais que para serem
satisfeitos iludem a mente de quem é tomado por eles, assim como do objeto do seu desejo.

PTAH – É a potência cósmica que dá forma à Criação. Ele é o patrono dos ourives, dos artesãos e dos
comerciantes. Como Ptah é o divino ferreiro que forja as formas, foi escolhido o patrono dos ferreiros
no Egito (em Mênfis especialmente). Os 4 elementos da criação estão presentes na atividade dos
ferreiros: o fogo, o ar pelo movimento dos foles para manter o fogo ardendo; a água, para apagar o fogo;
a terra, representada como elemento pelo ferro, o mineral do qual é feita a bigorna. Devido a
capacidade de manipular os elementos, e também de controlar e criar as formas na forja, a arte dos
ferreiros era muito admirada.
ANUBIS – O guardião e condutor das almas é também o senhor das mumificações. Filho de Osíris e
Neftis, ou seja, da deusa da morte e do deus da ressurreição, é o neteru (deus) que conduz as almas
durante a passagem do estado físico para o estado etéreo. Acompanha o desligamento do corpo físico,
auxiliando as almas, durante o trajeto pela crosta terrestre e travessia de portais, a se defenderem dos
espíritos inimigos que surjam no trajeto. É importante salientar que os deuses representados como
animais ou homens com cabeça de animal carregam um profundo simbolismo. Quando o deus era
representado como animal significava que sua função e atributo principal eram louvados como energia
e valor. Caso fossem representados como homens ou mulheres com cabeça de animal, essa função e
qualidade do animal na natureza eram valores atribuídos ao ser humano. Anúbis às vezes é
representado como um chacal sentado sobre as quatro patas, com a cabeça erguida e olhando para o
infinito; noutras como um homem com cabeça de chacal, tendo nas mãos um cetro e um “ank”, a cruz
ansata, o símbolo do homem.
SEKMET – A deusa com cabeça de leoa. É uma deusa solar que protege os guerreiros durante as
batalhas em território inimigo. Ela é também a deusa que desperta a coragem, a autoconfiança e a
capacidade de ousar. Ela guiava a cabeça e o braço do faraó e seus guerreiros em suas batalhas. Sekmet
também auxiliava os seres humanos a vencer suas batalhas interiores, seus conflitos. Ela é a deusa que
rege os instintos humanos e por isso as oferendas a ela oferecidas visavam capacitar o devoto de
discernimento para o uso adequado dos sentidos e a obtenção do apaziguamento dos impulsos e
desejos insaciáveis.

BAST – A deusa em forma de gato. Segundo a mitologia egípcia, o gato manifesta em si mesmo os nove
mundos. Sua visão noturna, o brilho dos seus olhos na escuridão fazia com que as pessoas o(a)
associassem à Lua. Bast é a deusa da flexibilidade, da disciplina sobre as emoções e também da
ludicidade. A deusa Bast é ainda um símbolo de leveza, alegria e adaptabilidade.

KHEPRI – O escaravelho é na mitologia egípcia o símbolo da capacidade transformadora do sol. Khepri


significa “Aquele que cria”. O escaravelho não nasce de uma fêmea, ele é hermafrodita. Quando o
macho decide reproduzir, colhe com as patas um pouco de estrume de vaca e faz uma bola, girando do
leste para o oeste; ali ele deposita os ovos fecundados. É um símbolo de Ra, porque o sol nasce no leste
e se põe no oeste. Muitas vezes Khepri é retratado dentro de uma barca solar como um escaravelho que
tem em suas mãos o disco luminoso do sol. Ra também é representado como um homem com cabeça
de escaravelho.
SOBEK – O deus-crocodilo – símbolo de poder da concentração, paciência, determinação e senso de
oportunidade. O crocodilo define seu propósito, espera a presa com paciência e permanece submerso
nas águas deixando apenas os olhos de fora. Assim devemos imitar essas qualidades: escolher uma
prioridade, concentrarmo-nos nela e esperar com paciência e determinação, além de – principalmente -
desenvolver o senso de oportunidade para sentir o momento adequado com precisão.

TAURET – a deusa-hipopótamo. No panteão egípcio, Tauret é a protetora das mulheres grávidas, dos
partos e dos recém-nascidos. O hipopótamo fêmea enfrenta o macho e não teme seja a ameaça que for,
para defender sua cria. Essa deusa também protege contra pesadelos quando a mente está imersa no rio
do sono, indefesa e a mercê do desconhecido universo subconsciente..
APOPHIS – É a serpente da dualidade. Como Uadite, ela é benévola e adorna a coroa que o faraó
ostenta na cabeça. Apophis ofusca o a luz e o brilho de Ra, provocando o eclipse solar.

HÓRUS – É o deus da vida que venceu a morte. Ele venceu a morte porque foi gerado pelo sêmen de
Osíris mesmo depois deste ter sido morto por Seth. O olho de Hórus é associado ao terceiro olho de
Shiva, a glândula pineal, o olho que tudo vê.
Observe, na imagem, a clara relação entre o símbolo de Hórus
e a glândula pineal.

A MORTE DE OSÍRIS, A VITÓRIA DE ÍSIS


E A CONCEPÇÃO DE HÓRUS

Osíris foi um faraó deificado. Um ser vindo das estrelas que chegou à Terra junto com seus irmãos Ísis,
Seth e Neftis. Osíris assume o trono numa época de grande beligerância no Egito. Ísis e Osíris se casam
e ensinam ao povo valores e o poder da transcendência, bem como a arte da convivência pacífica, e
estabelecem a civilização do conhecimento. Espalham ordem, beleza e prosperidade e instruem o povo
das terras egípcias desde o Delta do Nilo, Alto Egito até Tebas. Osíris resolve viajar para levar a
civilização para os povos de terras mais distantes e para tal leva um grupo de sacerdotes que eram os
detentores de todo o conhecimento científico, filosófico, mágico e espiritual, além de vários artistas. Por
onde quer que o faraó passasse deixava um rastro de transformações benéficas. Algumas comunidades
não aceitavam os ensinamentos de Osíris e acreditavam na violência e na disputa como caminho (esse
pensamento era alimentado por Seth: Osíris e Seth, a ação oscilante do bem e do mal nos seres
humanos e suas escolhas e posicionamentos no mundo).
Seth

Quando Osirís voltou para o palácio, Seth preparou uma festa em sua homenagem. Depois do
banquete, Seth reúne os convidados e anuncia que preparou um presente epecial para um deles;
dizendo isto, pede que os serviçais tragam um sarcófago que estaria cheio de pedras preciosas, e aquele
que coubesse dentro dele seria dono do tesouro. Todos tentaram caber no sarcófago, mas ou eram
maiores ou menores que ele. Osíris, sem desconfiar da armadilha criada pela ambição do irmão, entra
no sarcófago. Seth havia mandado fazer o esquife nas medidas do irmão. Feliz, Osíris exclama: “O
tesouro é meu, o sarcófago foi feito para mim!” Seth respondeu: “De fato ele é seu e nele você será
morto”. Dito isto, fechou a tampa e ordenou que o matassem e cortassem o corpo em sete pedaços.
Ordenou depois que pregassem a tampa e a lacrassem com chumbo derretido. A seguir, mandou que
lançassem o sarcófago nas águas do Nilo. O sarcófago foi flutuando até que encalhou em uma enorme
tamargueira. A árvore abriu seu tronco e o envolveu com seus galhos frondosos, encondendo-o
completamente. Seth, com a morte de Osíris, assume o trono, e tem início no Egito uma era de guerras
e desarmonia. Ísis, desesperada e inconformada, inicia a busca para encontrar o corpo do marido.
Depois de anos de peregrinação, ela finalmente encontra a tamargueira que abrigava o sarcófago de
Osíris. As terras onde a tamargueira estava pertenciam ao Rei Malcander e à rainha Astarte; estes, em
troca das bênçãos de Ísis (a rainha vinda da estrela Sírius), permitiram que o esquife fosse resgatado.
Ísis, com a ajuda de Anúbis, conseguiu fazer os rituais fúnebres necessários, e após isso feito, ambos
seguem viagem para resgatar os sete pedaços do corpo do faraó morto. A deusa consegue encontrar seis
pedaços, faltando o pênis. Ísis utilizou seus poderes regeneradores e executou um ritual mágico, e assim
conseguiu recompor a integridade do corpo do marido e trazê-lo de volta à vida.
Ísis e Hórus

Os sete pedaços do corpo de Osíris representam os sete chakras, ou centros de força que compõem o
corpo sutil. Osíris redivivo insemina Ísis, que dá à luz Hórus, o deus enviado como portador da luz
dourada da constelação de Órion. Hórus, como todo deus solar, destrói as trevas, representadas por
Seth, o usurpador, que é degredado para as terras áridas do deserto, e assume o trono do seu pai. Osíris
representa o espírito imortal, que não pode ser fragmentado nem destruído. Ísis é o amor que não
conhece obstáculos, vence a morte, e tem o poder de gerar milagres. Hórus é o poder da vida tão grande
que vence a morte, e renasce dela; é a energia que proporciona percepções diferenciadas e intuições
luminosas que conferem revelações. Hórus representa a metáfora de um nível expandido de
autoconsciência. Seth e Osíris representam a dualidade na existência humana, matéria e espírito. Os
dois irmãos em luta também representam a ignorância e a sabedoria, a sombra e a luz que todos nós
temos na nossa interioridade. Este mito ensina que o amor tudo cria, inspira e transforma. O amor
desencadeia a força transformadora capaz de recolher fragmentos de idéias e sentimentos para reuni-
los e criar novas concepções.
A EXPRESSÃO DUALÍSTICA DA CRIAÇÃO

Deusa Maat

Para os egípcios, o que mantém o mundo integrado é o equilíbrio dos diferentes aspectos do mesmo
princípio fundamental, o Divino. A natureza dualística da manifestação é equilibrada pela
complementaridade. Masculino e feminino, verdadeiro e falso, luz e escuridão, negativo e positivo,
certo e errado e bem e mal. Para eles a vida era regida desde o cosmos, e o caos, a matéria não
diferenciada, tornou-se ordem e equilíbrio pela intervenção da deusa Maat. A criação, por sua vez, é
contínua, múltipla e em expansão, e o ciclo da existência da alma é perpétuo. A existência da alma
imortal e a reencarnação eram vistas como um constante fluxo de vida onde cada morte traz em si uma
nova vida e cada vida abriga em si mesma a própria morte. Assim como Ra (o sol) nasce, morre e
ressurge para o ciclo de um novo dia, os seres humanos percorrem o mesmo moto perpétuo. O neter Ra
é o doador e o mantenedor da vida física, e quando esta termina, Osíris, que reina sobre os mortos,
acolhe a alma liberta da forma física e a prepara para a integração consciente com o todo ou para a
reencarnação em busca de maior aprimoramento. O ser humano é também divino, e para fazer jus à sua
origem cósmica, deve saber discernir e conciliar a razão e o espírito.
Thot

Para a filosofia dos antigos egípcios, os seres humanos pensam com o coração e movimentam a energia
transformadora e o poder de realização pela língua, ou seja, pela palavra. O papel do ser humano
encarnado era unificar o mundo terreno com o mundo espiritual. A coroa que o faraó ostentava e que
foi reconhecida como expressão do seu reinado e poder sobre as terras do alto e do baixo Egito, era
principalmente o símbolo da união consciente das “duas terras”: a vida mundana e a vida espiritual.

O PODER DA TRÍADE

O triângulo era sagrado para os sacerdotes e filósofos do Egito antigo, por ser a manifestação do
universo. A tríade é uma expressão física e também metafísica. Eles consideravam que cada unidade na
verdade tinha uma natureza dupla e um poder triplo. Na mitologia é dito que Atum é nascido de si
mesmo: depois de ter criado Shu e Tefnut de sua própria substância, abraçou-os fortemente junto ao
peito e então o seu “Ka” (a sua essência), penetrou os dois neteru recém criados e que são os ancestrais
de todos os demais neteru; desse modo, Atum tornou-se Um novamente. Ou seja, demonstra que o três
é dois e é um.
As tríades, os triângulos e trindades eram sagrados e não havia diferenças funcionais entre o triângulo
como forma geométrica, as trindades divinas e as tríades musicais. O triângulo era a forma geométrica
que representava a natureza do Universo. Nos templos egípcios o santuário é triplo, dedicado a três
neteru que expressam o poder da trindade.

A IMPORTÂNCIA DO QUADRADO – A NATUREZA DIFERENCIADA

O número quatro representava a natureza diferenciada e também a estabilidade, a solidez, a


concretude. Para a cosmogonia egípcia, o número quatro existia potencialmente antes de o universo ser
criado, e se manifestou como os quatro poderes primordiais: fragilidade, intensidade, gravidade e
eletromagnetismo.
O quatro é o número dos elementos que constituem e formam tudo que existe e é dotado de forma no
planeta. São quatro os pontos cardiais, os quadrantes do universo e as estações do ano. Quatro eram os
centros de ensino cosmológico: Heliópolis, Mênfis, Tebas e Hermópolis, e cada um deles simbolizava as
etapas do desenvolvimento da gênese. Nas pirâmides podemos notar a forma triangular erigida sobre
uma base quadrada.
O PODER DOS NÚMEROS

Papiro de Thind

Para os egípcios os números possuíam um poder cósmico. A maneira de escrever os números procurava
revelar as funções energéticas de cada um deles. Existe um papiro chamado Papiro de Rhind, datado de
1848 A.C. que demonstra claramente que o sistema numérico do Egito Antigo era a base para o
conhecimento de tudo. O método de calcular estava relacionado com os processos e ciclos da natureza
e tinha correlação metafísica, já que cada número correspondia a uma específica força cósmica.
Pitágoras, tempos depois, trouxe para o ocidente o ensinamento do poder dos números e o conceito
hindu e egípcio do número como vibração e ressonância energética.
Papiro de Leiden

Outro documento, o Papiro de Leiden, afirma que os números eram símbolos e constituíam o
fundamento energético das formas. Este papiro é formado por 27 estrofes que são numeradas de 1 a 9,
de 10 a 90, de 10 em 10 e de 100 em 100.
Para os egípcios antigos os números possuíam vida e interagiam entre si. No sistema numérico egípcio,
o número 1 é a essência de todos os demais números e simboliza o universo como energia perfeita. O
número cinco era considerado o número do homem e era escrito como dois traços sobre três ou então
como uma estrela de cinco pontas; é o número que incorpora as polaridades. O seis é o número que
configura volume, tempo e espaço. O tempo era contado com base no seis e seus múltiplos. O sete
representava a união da matéria com o espírito, o três e o quatro juntos; e a pirâmide concretiza isso na
forma do triângulo sobre o quadrado, o três o quatro unidos. O 7 é o número de Osíris. O oito é a oitava
sonora e simboliza o início de um novo ciclo sempre que outro se finda. Para eles, as oitavas
demonstram a continuidade da criação. O sete finaliza e o oito inicia novos ciclos. O oito é o número de
Thot, o neter do conhecimento-sabedoria, a chave para desvendar os mistérios do universo, da vida e da
morte. O número 9 representa os nove neteru (deuses) e os nove mundos. Portanto, traz em si todos os
aspectos e extensões do poder de Ra. Atum é o Um.
OS FESTIVAIS – CELEBRAÇÕES DE RENOVAÇÃO

Os festivais egípcios tinham como função celebrar a renovação cíclica das configurações cósmicas e sua
influência nos ritmos e rumos da vida na Terra. Os festivais também propiciavam a renovação de
propósitos mundanos e espirituais. O calendário obedecia às formações e conjunções planetárias e
indicava as datas propícias para cada celebração. Os festivais aconteciam quando os poderes cósmicos
atuavam mais fortemente sobre a Terra e renovavam a vida através da energia dos neteru (deuses). Uma
grande parte do ano - 162 dias - eram dedicados aos festivais.
O antigo calendário egípcio se baseava no chamado ano sótico, ou seja, um ano fixo que tinha como
base o surgimento helíaco da estrela Sírius – a estrela Alpha da constelação Cão Maior. Várias
divindades eram louvadas nesses festivais e escolhidas como regentes durante essas celebrações cíclicas.
A população participava ativamente das festividades que mobilizavam o país inteiro em torno do
sagrado e transcendental. A civilização egípcia mantinha uma relação orgânica com o universo, e os
festivais renovavam a lembrança de que céu e Terra estão em eterna conjunção.

OS TRÊS CICLOS

O ciclo solar define as estações e as etapas da vida; o ciclo lunar rege a fertilidade, os humores
glandulares, os períodos biológicos, as marés e as semeaduras e colheitas. O ciclo semanal é regido
pelos 7 planetas móveis e está relacionado aos 7 sons harmônicos da escala diatônica criada pelos
egípcios antigos. Eles acreditavam que cada planeta tinha um tom e uma vibração particular e emitia
um som específico.
Festival de Auset - Ísis e Ausar – Osíris

Reza o mito que depois que a alma de Osíris ascendeu para dimensões superiores, Ísis derramou uma
lágrima no rio Nilo e chorou 40 dias seguidos, e assim teve início o ciclo de cheias que inundam e
fertilizam as terras do vale do Nilo. As águas do Nilo sobem à medida que o Ka de Osíris se eleva até o
Amenti. Ísis trazia a semente de Osíris plantada no seu útero, e os camponeses acreditavam que era o
momento auspicioso para semear a terra, e assim como Ísis gestava Hórus, as terras gestariam os grãos
para a nova colheita. Eles associavam o plantio à morte e ressurreição de Osíris. Na semeadura a
semente enterrada morre e depois germina, ou seja, a vida ressurge da morte. Cinquenta dias depois de
derramada a primeira lágrima de Ísis no leito do Nilo, Osíris renasce como o deus Hórus.

Festival do Novo Ano


O ano novo celebrava também o rejuvenescimento do faraó para que ele tivesse vida longa. Nesse
festival uma grande efígie de Osíris era colocada numa barca ornamentada e lançada no rio
acompanhada em procissão por 34 imagens de divindades colocadas em 34 barcos iluminados por 365
velas acesas. As velas representavam os dias no ano que se iniciava. Desse modo o povo saudava o faraó,
os deuses e o ciclo solar.

Cada deus e deusa do panteão egípcio tinha seu festival. Nessas ocasiões o povo e a realeza, assim como
a classe sacerdotal, celebrava em conjunto o aspecto divino encarnado na forma dos deuses e os valores
por eles representados.

A VIDA APÓS A MORTE

Sarcófago

Segundo historiadores como Heródoto, por exemplo, os povos do Antigo Egito foram os primeiros a
defender o conceito da existência da alma e da reencarnação. O coração era tido como a morada da
consciência, por isto era o único órgão que permanecia no corpo, na mumificação; os demais órgãos
eram retirados e colocados nos vasos funerários chamados "canopos”.
Depois que o Ka se desprendia do corpo físico, era conduzido por Anúbis até a presença de Osíris para a
avaliação da qualidade do seu desempenho na Terra. Durante o caminho, Anúbis protegia a alma
contra a ira dos espíritos de seus desafetos. Após o julgamento, a alma era encaminhada para diferentes
dimensões, onde deveria cumprir novos requisitos para poder ser digna de ascender para dimensões
superiores. Ao chegar ao mundo espiritual, a alma recebia assistência para adaptar-se à nova realidade.
A alma ressuscitada, depois de atingir um nível mais alto de consciência, poderia ou não reencarnar;
caso não reencarnasse, faria parte das forças cósmicas que têm ação consciente e constante no eterno
curso de existência do Universo

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