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Filosofia Antiga

O início da filosofia da natureza


Os pré-socráticos
No século VIII a.C., a Grécia Antiga era formada por diversas cidades independentes (Pólis)
O início da filosofia da natureza
Os pré-socráticos
• Filosofia se ocupa fundamentalmente com a origem do
mundo e as causas das transformações na Natureza. Os pré-
socráticos são os primeiros filósofos. Eles buscavam um
princípio (arkhé), uma explicação racional (logos) do mundo
e da natureza (physis), portanto, os filósofos pré-socráticos
faziam Cosmologia.
Escola Jônica
TALES DE MILETO
O primeiro filósofo
• A filosofia nasceu não na Grécia
propriamente dita, mas nas colônias
gregas do Oriente e do Ocidente, a
saber, na Jônia e na Magna Grécia,
cerca de 624 a.c. em Mileto, nasceu
Tales, o pai da filosofia grega e de
toda a filosofia ocidental.

Matemático e astrônomo,
atribuem-se a ele muitas
descobertas.
A arkhé em Tales de Mileto
Tales certamente viajou pelo Egito e Babilônia, e teve contato com seus mitos
(Marduk – narra um caos aquoso – não racional). Pelo processo racional metafísico,
para Tales, o princípio que se origina todas as coisas é a água (úmido).

A água ao se resfriar torna-se


densa e da origem a terra, ao
se aquecer em vapor e ar, que
retorna como chuva quando
novamente esfriados. Desse
ciclo nascem as diversas
formas de vida.

Sem fabulações.
Surge o pensamento que
“Tudo é Um”.
Escola Jônica
Anaximandro de Mileto
• Anaximandro de Mileto, (611-547
a.C.), discípulo e sucessor de Tales, é
considerado geógrafo, matemático,
astrônomo e político.
• Substância primordial - ápeiron
(ilimitado).
• Princípio abstrato dotado de vida e
As coisas derivam
imortalidade. por um processo de
• Quantitativamente infinita e separação ou
segregação.
qualitativamente indeterminada e em
movimento perpétuo.
Escola Jônica
Anaximandro de Mileto

O apeiron, está em constante movimento, e disso resulta uma série de pares opostos
- água e fogo, frio e calor, etc. que constituem o mundo. Em virtude desse princípio,
do caos evolui a ordem do mundo.
Escola Jônica
Anaxímenes de Mileto
• Anaxímenes (588-524 a.C). Praticamente nada
se sabe da vida de Anaxímenes, além de ser
discípulo e amigo de Anaximandro.
Tudo provém do AR, que é
respiração e vida. A alma é
ar.

Dessa forma, tudo que existe são


variações quantitativas (mais raro,
mais denso) desse único elemento.
Escola Jônica
Heráclito de Éfeso
• Nasceu em Éfeso, na Ásia Menor, no século
VI a.C. Espírito altivo e desdenhoso,
aristocrata de nascimento e engenho,
desprezava a multidão e os falsos sábios e
não poupava, em suas críticas, nem mesmo
a grande tradição literária (poetas) e a
religião.

DEVIR - tudo é vir-a-ser, tudo muda, tudo se transforma. O mundo, o


homem, as coisas estão em incessante transformação.

O vir-a-ser é um dado último e não pode ser ulteriormente decomposto:


nenhuma realidade, imóvel e idêntica a si mesma, escapa ao infatigável
devir.
Escola Jônica
Heráclito de Éfeso
E a realidade, que está toda no vir-a-ser, não é outra coisa senão a renovada
harmonia de contrários (luta de opostos): do dia e da noite, do verão e do
inverno, do bem e do mal, do quente e do frio, da guerra e da paz, da unidade e
da multiplicidade, da identidade e da diferença, da vida e da morte. O logos é o
princípio organizador do Universo.
O principio ou a arkhé das coisas para Heráclito é o fogo primordial. No
movimento descendente o fogo condensa-se e torna-se ar, água e terra. No
movimento ascendente estes elementos se rarefazem e voltam a ser fogo.

Fogo - Logos
Escola Eleática
Xenófanes de Cólofon
• Tendo vivido mais de noventa anos, o filósofo estabeleceu-se, durante certo
tempo, na Cidade de Eleia, onde formou, junto a Parmênides e Zenão, o que os
historiadores da filosofia chamam hoje de Escola Eleática, no contexto da
Filosofia Pré-socrática.
• Xenófanes era contra o antropomorfismo (criação humana) da religião grega.
Os gregos antigos concebiam os seus deuses como figuras humanas.
• Outro ponto de diferença é que
sua filosofia cosmológica não é
politeísta. O filósofo acreditava que
não poderia haver uma
multiplicidade de deuses
componentes do Universo , pois
esse era uno.
• A unidade restauradora e criadora
era a sua concepção divina: um ser
uno e imutável, que teria criado
tudo e acompanhado todas as
transformações. A partir dessa
ideia, era possível pensar que as
mudanças eram apenas aparências
e que tudo, no fim, estaria Xenófanes de Cólofon
impregnado de apenas uma 475 a.C. - 475 a.C. (95 anos)
essência que definiria todas as Doutrina panteísmo idealista que
existências correlatas. vê uma unidade em toda a
(permanência e unidade do deus matéria.
único e imutável).
Escola Eleática
Parmênides de Eléia
• Nascido por volta do ano de 515 a.C., na cidade de Eléia,
ao sul da Magna Grécia (Itália), onde ensinou e de onde
veio para sua escola o nome de eleática. Viveu na
primeira metade do século V a.C. Provavelmente teve
como mestre a Xenófanes, recordado na história da
filosofia por sua severa crítica ao antropomorfismo
religioso.

A sua obra principal é o poema Sobre a Natureza, dividido em duas partes:


Da verdade e Da Opinião. O núcleo central do seu pensamento é constituído
pela distinção radical entre o ser e o não-ser e pela afirmação da exclusiva
realidade do ser.

Caminho da Opinião (dóxa) e o caminho da Verdade (alétheia).


Escola Eleática
Parmênides de Eléia
• A única realidade é o ser ≠ vir-a-ser – Heráclito
• Ou uma coisa é ou não é. Se é, não pode vir-a-ser,
porque já é. Se não é, não pode vir-a-ser, porque do
nada não se tira nada (se o não-ser fosse alguma
coisa, teríamos a contradição de alguma coisa que,
ao mesmo tempo, é e não é).
• Sua é a expressão: “pois o mesmo é a pensar e
portanto ser”. O pensamento é o ser, o não ser não
pode ser pensável.
• Os sentidos nos enganam (vir-a-ser). Os nomes e
estados das coisas são convenções.
Escola Eleática
Parmênides de Eléia
Princípios do raciocínio lógico: Identidade, Não Contradição e Terceiro Excluído.

• 1º Princípio da Identidade determina que todo o ser é igual a si próprio: (X = X);


(A = A); “ uma girafa é uma girafa”- uma girafa é igual a si mesma.

• 2º Princípio de não Contradição determina que proposições contraditórias não


podem ser verdadeiras ao mesmo tempo: (se X é Verdadeiro, ~ X é Falso) e vice-
versa.
• “ Uma girafa não é uma não girafa e uma não girafa não é uma girafa”.

• 3º Princípio do terceiro excluído determina que uma proposição ou é verdadeira


ou é falsa, não havendo terceira possibilidade ou meio termo: ( se X é
Verdadeiro, não pode ser simultaneamente falso) e vice-versa.
• “ Entre um ser que é uma girafa e um ser que não é uma girafa, não existe
terceira possibilidade ou meio termo: não existem “camelogirafas” ou “
patogirafas”→ esta 3ª hipótese está excluída.
Escola Pitagórica
Pitágoras de Samos
• O pitagorismo foi uma escola de
sábios, de filósofos em torno do
pensamento de Pitágoras, que
nasceu em Samos, por volta do
ano 500 a.c.

O número é o elemento fundamental e o princípio


explicativo da ordem, da harmonia e do equilíbrio
existente no Universo. “Tudo é número”. O número
não é uma abstração mental como é para nós, mas
uma coisa real existente na Physis, dessa forma, o
número e a ordem do Cosmos. Os números sempre
existiram no cosmos, o homem apenas descobriu.
Escola Pitagórica
Pitágoras de Samos
• Criador da seita religiosa e mística do Orfismo.
• Identificação com o divino para eliminar
os conflitos e se salvar – através da harmonia.
Comprimento da corda
exemplo: música.
• A harmonia é a medida justa. A desordem e a falta de
harmonia
• Das relações numéricas surgem opostos, e complementos,
pares, impares, limitado, Ilimitado, esquerda, direita...

• Os números irracionais foi uma grande descoberta. O


pitagorismo foi Importante para o pensamento filosófico e
científico. O mundo deixou de ser dominado por forças
obscuras e indecifráveis, tornando-se número, que expressa
ordem, racionalidade e verdade.
Escola da Pluralidade
Empédocles de Agrigento
Por volta do ano de 492 a. C., na cidade de
Agrigento, nasceu Empédocles, um homem
que certamente possuía muitas virtudes: foi
médico, dramaturgo, político, poeta e filósofo.

• O pensamento vem através dos


sentidos.
• A vida é a mistura dos elementos da
natureza. A morte é a separação
desses elementos.
• Os elementos fundamentais não
tem inicio ou fim, sendo múltiplo,
móvel e heterogêneo. Difere de
Parmênides que pensava o ser uno.
• A arché são os quatro elementos da
natureza: fogo, terra, água e ar
(éter).
Escola da Pluralidade
Empédocles de Agrigento
• A vida é uma luta cósmica entre o amor e o
ódio.
• A união dos elementos vem pelo amor. A
separação vem pelo ódio.
• “O semelhante conhece o semelhante” e é
atraído por ele. O doce pelo doce, o
amargo pelo amargo, etc.
• O amor une o dessemelhante ao
dessemelhante, ou seja, o amor envolve.

Porém, como o amor pode


envolver os contrários com a ideia
de que o “semelhante conhece o
semelhante”?
Escola da Pluralidade
Anaxágoras de Clazômenas
• Sabe-se que ele nasceu na cidade
de Clazômenas, na Jônia, onde
teve contato com a Filosofia pré-
socrática. Quando adulto, passou a
residir em Atenas.
• Anaxágoras foi o primeiro
pensador a explicar, da maneira
correta, a ocorrência de um eclipse
solar, e sua teoria contrariava a
existência do deus Apolo. Foi
condenado por isso e forçado fugir
de Atenas.
Escola da Pluralidade
Anaxágoras de Clazômenas
• Nada é criado ou destruído, pois tudo é
completo. Tudo é misturado e separado.
• “Em cada coisa há uma porção de cada coisa”.
Tudo está junto.
• Para Anaxágoras o que existem são partículas
semelhantes ou iguais chamadas de
homeomerias (sementes - spérmata, no Grego
antigo). )produzidas por uma inteligência
cósmica (noûs).
Escola da Pluralidade
Os atomistas: Leucipo e Demócrito
• Pouco se sabe de Leucipo. Provavelmente nasceu
em Mileto por volta de 500 a.C. Teve por mestres
Parmênides e Zenão de Eleia.
• Demócrito foi seu principal aluno.
• Demócrito nasceu em Abdera por volta de 460 a.C.
• Os escritos deixados por esses pensadores
encabeçam as teorias da chamada Escola de
Abdera, fundada por Leucipo.
• As teorias de Leucipo e Demócrito deram origem à
Química como estudo sistemático dos elementos
que compõem a natureza. E não podemos separar
o pensamento de um do outro, pois ambos se
complementam na teoria atomista como proposta
para a origem natural.
Escola da Pluralidade
Os atomistas: Leucipo e Demócrito
O pensamento dos atomistas nos diz
que o Universo é indefinido, porque
não foi criado nem por ninguém
nem por nada. Dessa forma, não há
começo; a ordem que existe se deve
à necessidade que tudo ordenou.
O universo é regido por leis
naturais. Não há amor, nem ódio.

Pela primeira vez admite-se o vazio


(não ser) ou o vácuo como algo real,
existente. O movimento dos átomos
é eterno. Tudo ocorre pela
agregação e desagregação dos
átomos.
Não um único ser como pensava Parmênides,
mas vários. Os átomos são partículas do ser primordial.
Escola da Pluralidade
Os atomistas: Leucipo e Demócrito
• Conhecimento Ético:
• Por convenção existe o doce e por convenção existe o
amargo, por convenção o quente, por convenção o frio, por
convenção a cor; na realidade, porém, átomos e vazio [... ]
Em realidade, não conhecemos nada de preciso, mas em
mudança, a opinião de cada um depende da posição do
corpo e das coisas que nele penetram e se chocam,
afluência dos átomos. (SEXTO EMPÍRICO, Fundamentos)

• Os homens não se tornam felizes pelos dotes físicos nem


pelas riquezas, mas pela retidão e pela prudência.
(DEMÓCRITO, fr. 40)
Questões
• (UFU) De acordo com o pensamento do filósofo Parmênides de
Eléia, marque a alternativa correta.

• A) A identidade é uma característica inerente ao domínio da


opinião, uma vez que a pluralidade das opiniões é o que atesta a
identidade de cada indivíduo.
• B) Segundo Parmênides, um mesmo homem não pode entrar duas
vezes em um mesmo rio, posto que a mutabilidade do mundo
impede que o mesmo evento se repita.
• C) Uma das leis lógicas, presente no pensamento de Parmênides, é
o princípio de identidade, segundo o qual todas as coisas podem
ser e não ser ao mesmo tempo.
• D) O caminho da verdade é também a via da identidade e da não
contradição. Nesse sentido, somente o Ser – por ser imóvel e
idêntico – pode ser pensado e dito.
Questões
• (UFU) Heráclito nasceu na cidade de Éfeso, região da Jônia,
e viveu aproximadamente entre 540 e 480 a.C. Ficou
conhecido como “o obscuro”, porque seus escritos eram,
em geral, aforismos, isto é, frases enigmáticas que
condensam a ideia transmitida. Dentre suas ideias mais
destacadas está a do “eterno devir”.
• A partir dessas informações, marque a alternativa que
descreve corretamente o significado de “eterno devir”.
• A) O princípio de que tudo é água ou o elemento úmido.
• B) A permanência do ser.
• C) Transformação incessante das coisas.
• D) O Mundo das Ideias.
Questões
• Empédocles estabelece quatro elementos corporais — fogo, ar,
água e terra —, que são eternos e que mudam aumentando e
diminuindo mediante mistura e separação; mas os princípios
propriamente ditos, pelos quais aqueles são movidos, são o Amor
e o Ódio. Pois é preciso que os elementos permaneçam
alternadamente em movimento, sendo ora misturados pelo Amor,
ora separados pelo Ódio.
• SIMPLÍCIO. Física, 25, 21. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

• O texto propõe uma reflexão sobre o entendimento de


Empédocles acerca da arché, uma preocupação típica do
pensamento pré-socrático, porque
• A) exalta a investigação filosófica.
• B) transcende ao mundo sensível.
• C) evoca a discussão cosmogônica.
• D)fundamenta as paixões humanas.
• E) corresponde à explicação mitológica.

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