Você está na página 1de 16

Os filósofos Pré-socráticos

Olavo Vinicius Barbosa de Almeida


Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
O que perguntavam os primeiros filósofos?

● Por que os seres nascem e morrem?


● Por que os semelhantes dão origem aos semelhantes?
● Por que tudo muda?
● Por que a doença invade os corpos, rouba-lhes a cor, a força?
● Por que o que parecia uno se multiplica em tantos outros?
● Por que as coisas se tornam opostas ao que eram?
● Por que nada permanece idêntico a si mesmo? De onde vêm os
seres? Para onde vão, quando desaparecem? Por que se
transformam? Por que se diferenciam uns dos outros?
● Por que tudo parece repetir-se?

Olavo Vinicius Barbosa de Almeida


Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
O nascimento da Filosofia

Além de possuir data e local de nascimento e de possuir o seu


primeiro autor, a Filosofia também possui um conteúdo preciso ao
nascer: é uma cosmologia.
A palavra cosmologia é composta de duas outras: cosmos
(kósmos), que significa “a ordem e organização do mundo”ou “o
mundo ordenado e organizado”, e logia, que vem da palavras
lógos, que significa “pensamento racional, discurso racional,
conhecimento”.
Assim, a Filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do
mundo ou da natureza, donde cosmologia.

Olavo Vinicius Barbosa de Almeida


Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
Principais características da cosmologia
● É uma explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da
natureza, da qual os seres humanos fazem parte, de modo que, ao explicar a natureza, a
Filosofia também explica a origem e a mudança dos seres humanos.
● Não existe criação do mundo, isto é, nega que o mundo tenha surgido do nada (como é
o caso, por exemplo, na religião judaico-cristã, na qual Deus cria o mundo do nada). Por
isso diz: “Nada vem do nada e nada volta ao nada”. Isto significa: a) que o mundo, ou a
Natureza, é eterno; b) que no mundo, ou na Natureza, tudo se transforma em outra
coisa sem jamais desaparecer, embora a forma particular que uma coisa possua
desapareça com ela, mas não sua matéria.
● O fundo eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta é
invisível para os olhos do corpo e visível somente para o olho do espirito, isto e, para o
pensamento.
● O fundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde tudo brota e para onde tudo
retorna e o elemento primordial da Natureza e chama-se physis (em grego, physis vem de
um verbo que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir). A physis e a
Natureza eterna e em perene transformação.
● Afirma que, embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecivel, ela dá
origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que, ao
contrário do princípio gerador, são perecíveis ou mortais.

Olavo Vinicius Barbosa de Almeida


Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
Principais características da cosmologia
● “Embora todos os pré-socráticos afirmassem as ideias que acabamos de
expor, nem por isso concordaram ao determinar o que era a phýsis, e
cada filósofo encontrou motivos e razões para determinar qual era o
princípio eterno e imutável que está na origem da natureza e de suas
transformações. Assim, Tales dizia que a phýsis era a água ou o
úmido; Anaximandro considerava que era o ilimitado, sem qualidades
definidas; Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Pitágoras julgava que
era o número (entendido como estrutura e relação proporcional entre os
elementos que compõem as coisas); Heráclito afirmou que era o fogo;
Empédocles, que eram quatro raízes (úmido, seco, quente e frio);
Anaxágoras, que eram sementes que continham os elementos de
todas as coisas; Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos.”
(Convite à filosofia, Marilena Chaui)
Olavo Vinicius Barbosa de Almeida
Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
Cosmogonia (Hesíodo)
● “Dizei-me, ó Musas das moradas olímpicas!, qual dos Deuses foi o
primeiro. Antes de todas as coisas surgiu o Caos; depois a Terra (Gea)
de vasto seio, assento sempre firme de todos os Imortais que habitam os
cumes do nevado Olimpo, e o Tártaro tenebroso nos recessos da Terra
espaçosa, e Eros, o mais belo dos Deuses Imortais, que livra dos
cuidados todos os Deuses e domina o coração de todos os mortais o
ânimo e o conselho prudente. De Caos nasceram Ébero e a negra
Noite (Nix); e da Noite foram gerados Éter e o Dia (Emera), pois ela os
concebeu ao unir-se com Érebo. E primeiro a Terra gerou , semelhante
a si própria em grandeza, o Céu estrelado (Urano), para que tudo
cobrisse, para que fosse morada segura para os Deuses ditosos. E
gerou depois os grandes Montes, habitações agradáveis dos Deuses e
das Ninfas, que habitam as montanhas cheias de vales. Concebeu
depois Ponto, o mar indomável e estéril que, ao intumescer-se, se lança
furiosos, sem (o concurso) de amoroso amplexo” (Hesíodo Teogonia,
113 e ss.)

Olavo Vinicius Barbosa de Almeida


Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
As escolas pré-socráticas
● Escola Jônica (Ásia Menor)
Principais representantes são Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto,
Anaxímenes de Mileto e Heráclito de Éfeso
● Escola Pitagórica ou Itálica (Magna Grécia)
Pitágoras de Samos, Alcmeão de Crotona, Filolau de Crotona e Árquitas de
Tarento
● Escola Eleata (Magna Grécia)
Xenófanes de Colofão, Parmênides de Eleia, Zenão de Eleia e Melisso de
Samos
● Escola Atomista (Trácia)
Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera
● Escola da Pluralidade
Leucipo e Demócrito de Abdera, Empédocles de Agrigento e Anaxágoras
de Clazómena
Olavo Vinicius Barbosa de Almeida
Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
A escola Jônica
● Tales de Mileto (cerca de 625-558 a.C.)
“A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos
princípios de todas as coisas os que são da natureza da matéria.
Aquilo de que todos os seres são constituídos e de que primeiro são
gerados e em que por fim se dissolvem, tal é para eles o elemento, o
princípio dos seres; e por isso julgam que nada se cria nem se destrói,
como se tal natureza subsistisse para sempre...Tales, o fundador de tal
filosofia, diz ser a água o princípio e por isso também declarou que a
terra está sobre a água” (Aristóteles, Metafísica)
● Anaximandro de Mileto (cerca de 610-547 a.C.)
“Anaximandro de Mileto, sucessor e discípulo de Tales, disse que o
princípio e elemento primordial dos seres é o infinito (ápeiron), sendo o
primeiro que introduziu este nome de “princípio” (arché). Afirmou que
este não é a água nem nenhum dos outros que se chamam elementos,
mas um outro princípio gerador (natureza) infinito, do qual nascem todos
os céus e os universos nele contidos” (Simplício, Física)

Olavo Vinicius Barbosa de Almeida


Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
A escola Jônica
● Anaxímenes de Mileto (cerca de 585-524 a.C.)”
“Anaxímenes de Mileto, filho de Euristarco, companheiro de Anaximandro,
afirma também que uma só é a natureza subjacente e diz, como
Anaximandro, que é ilimitada, mas não como Anaximandro, que é indefinida,
e sim definida, dizendo que ela é o ar” (Simplício, Comentário da Física de
Aristóteles)
“Como nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos, assim
também todo o kósmos, sopro e ar o mantêm” (Aécio, I, 3, 4)
“A grande originalidade de Anaxímenes, perante Tales e Anaximandro, consiste
no fato de que a multiplicidade, transformação e ordenação do mundo se
fazem por alterações quantitativas em um único princípio: menos ar
(rarefação) e mais ar (condensação) determinam toda a variação e
organização do real. O ar, elemento universal, invisível e indeterminado, por
sua força interna própria, movimenta-se: contraindo-se e dilatando-se, vai
engendrando todos os seres determinados como manifestações visíveis de
uma vida perene. O kósmos vive no ritmo de uma respiração gigantesca que
o anima e mantém coesas suas partes” (Marilena Chaui, Introdução à
História da Filosofia. Dos pré-socráticos a Aristóteles. pp 63-64)

Olavo Vinicius Barbosa de Almeida


Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
A escola Jônica
● Heráclito de Éfeso (535-470 a.C.)
“Heráclito é um dos raros pré-socráticos de que possuímos fragmentos
(ao todo 132 ou 135), nos quais alguns traços podem ser claramente
percebidos: o desprezo pela plebe supersticiosa; o sentimento
aristocrático; a crítica à tradição contida nos poemas de Homero e
Hesíodo; a ironia contra o polymátheia de Pitágoras (isto é, a
erudição sobre minúcias e detalhes de inúmeras coisas , sem
alcançar a unidade e profundidade delas (“o fato de aprender muitas
coisas não instrui a inteligência: do contrário teria instruído Hesíodo e
Pitágoras)” (Marilena Chaui, Introdução à História da Filosofia. Dos
pré-socráticos a Aristóteles. p. 80)

“Considerado um dos mais importantes dos pré-socráticos, com


Parmênides de Eleia, Heráclito pode ser vistos como o fundador da
filosofia: ambos colocaram os problemas e as soluções, as questões e
as respostas, as interrogações e os impasses que definiram, nos séculos
seguintes, a reflexão filosófica.
Olavo Vinicius Barbosa de Almeida
Olavo Vinicius
Professor Barbosa de Almeida
de filosofia
Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
ITBwww.fieb.edu.br
Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
A escola Jônica
● Heráclito de Éfeso (535-470 a.C.)
Heráclito afirma que conhecer é decifrar e interpretar signos e que
a verdade é a alétheia ou o que se desoculta por meio de sinais.
Mas quem nos envia os sinais?

“É sábio escutar não a mim, mas ao Lógos que por mim fala e
confessar que tudo é um.”

Os sinais da verdade são enviados pelo Lógos, isto é, pelo


pensamento e pela palavra.

Esse pensamento e essa palavra não são os nossos - não é a mim


que se deve ouvir, escreve Heráclito -, mas são uma razão e uma
linguagem cósmicas ou universais, a presença do divino na
natureza e em nós.
Olavo Vinicius Barbosa de Almeida
Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
A escola Jônica
● Heráclito de Éfeso (535-470 a.C.)
Segundo Heráclito, o lógos diz que “tudo é um”. Como, então,
compreender a multiplicidade e diversidade de todas as
coisas? O lógos também ensina que “a guerra é o rei e o pai
de todas as coisas”. Como, então, compreender que elas
formam e são a unidade? Mas, que é o lógos? É a phýsis ou
o “fogo primordial” que arde eternamente.

Que significa identificar phýsis e lógos? Significa afirmar que o


mundo é um cosmo ou uma ordem racional porque seu
princípio - sua arkhé e a sua phýsis - é a própria razão - o
lógos.

Olavo Vinicius Barbosa de Almeida


Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
A escola Jônica
● Heráclito de Éfeso (535-470 a.C.)

“Temas” da filosofia de Heráclito:

1. O mundo como devir eterno

2. A luta dos contrários

3. A unidade da multiplicidade

4. O fogo primordial como phýsis

5. O conhecimento verdadeiro

Olavo Vinicius Barbosa de Almeida


Professor de filosofia
ITB Professor Munir José/ITB Professora Cristine Goldstein
www.fieb.edu.br
A escola Pitagórica

Você também pode gostar