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NASCIMENTO DA FILOSOFIA

Quando falamos em “nascimento” imediatamente percebemos o sentido de geração de alguma


coisa a partir de algo que se supõe como anterior (por exemplo: os pais são precedentes ao nascimento
de um filho). Assim, ao falarmos de nascimento da Filosofia poderíamos querer estabelecer não só as
condições materiais que permitiram que ele ocorresse, mas também a estrutura cultural que serviria de
base para um tal episódio.
Muitas foram as discussões em que se tentou ou fazer um vínculo entre os gregos e o Oriente ou
evidenciar a originalidade dos gregos em relação à Filosofia. Mas segundo o helenista Jean-Pierre
Vernant, nem milagre, nem orientalismo em suas extremidades, definem o surgimento da Filosofia. Isso
porque claramente ela tem dívida com o Oriente em razão dos contatos com persas, egípcios, babilônicos,
caldeus – mas aquilo em que ela transformou esses conteúdos resulta em algo totalmente inovador no
pensamento humano.
Enquanto muitas técnicas de previsão, cálculo etc., já existiam como práticas exercidas nas
culturas citadas acima, a pergunta filosófica é inteiramente radical em relação àquilo que se tinha no
cotidiano: a Filosofia pergunta sobre o que é a coisa, como é constituída a coisa, qual sua origem e causa.
Mas ainda aqui há uma problemática, pois antes mesmo de se fazer essas perguntas, deslocando-as para
um campo lógico-conceitual, já haviam respostas dadas que satisfaziam, ao menos temporariamente, as
consciências da época.
É nesse ínterim que se desenvolveu a chamada Cosmogonia (cosmos = mundo organizado,
universo; gonia = gênese, origem) que foi a primeira tentativa de se explicar a realidade. Esta era baseada
em mitos (narrativas) que criavam, a partir de imagens de deuses, de seres inanimados, animais, etc., a
estrutura hierárquica e organizada do mundo.
No entanto, a Filosofia surge como Cosmologia (lógos = razão, palavra, discurso, contar, calcular),
ou seja, a compreensão de que o mundo é, sim, organizado, mas os fundamentos de suas explicações
não são meramente seres antropomórficos, mas conceitos de nossa própria racionalidade. A Filosofia
surge para substituir o modelo mitológico-cosmogônico, pelo cosmológico-racional. Não quer dizer que o
processo anterior seja irracional, mas apenas se constitui como uma lógica imanente, no sentido de se
atrelar ao psicológico ou a conteúdos que deem forma aos argumentos, enquanto que a Filosofia, ao se
fazer e se constituir, vai propor o modelo inverso, qual seja, em que a forma lógica constitui melhor os
conteúdos do pensamento, ascendendo ao verdadeiro conhecimento.
Portanto, com essa inversão, há duas consequências: a primeira é a de requerer a autonomia do
ouvinte ou em geral do indivíduo para si mesmo e não mais conferi-la à autoridade externa dos poetas,
rapsodos e aedos (artistas da época); a segunda é a de que esse processo de logicização e
conceitualização promove a distinção entre misticismo e racionalismo de modo a desvelar o homem a si
mesmo, com suas potências para conhecer e agir justificadas na razão, ou seja, finda o agonismo
(combate) entre deuses e homens e fica apenas o agonismo entre os homens, como superação do trágico
de nossa existência.

TALES DE MILETO

Segundo a tradição clássica da filosofia ocidental, o primeiro teórico a formular um pensamento


mais sistemático fundado em bases racionais foi o grego Tales (cerca de 625 a.C. – 558 a.C.). Sendo o
fundador dessa nova forma de pensar, ele é considerado o primeiro filósofo de que se tem notícia,
inaugurando a linhagem filosófica dos pré-socráticos (filósofos que vieram antes de Sócrates).
Nascido na cidade de Mileto, uma colônia grega na região da Jônia (atual Turquia), Tales foi
matemático, astrônomo e negociante. Herdeiro de conhecimentos ainda mais antigos — como a
matemática egípcia e a astronomia babilônica — Tales era tido em sua cidade como um sábio, mas
também como um homem prático: conta-se que, utilizando suas habilidades, soube prosperar como um
hábil mercador.
O que sabemos sobre as ideias desse filósofo resulta de comentários feitos pelos pensadores
gregos que o sucederam, pois não há preservados registros escritos de sua autoria. As principais
referências que temos a seu respeito vêm do filósofo Aristóteles.
Tales inaugurou na filosofia a corrente dos pensadores “físicos”: filósofos que buscavam entender e
explicar a origem da physis — palavra grega traduzida como natureza, mas cujo significado engloba
também a ideia de origem, movimento e transformação de todas as coisas.
Segundo Tales, a origem de todas as coisas estava no elemento água: quando densa,
transformaria-se em terra; quando aquecida, viraria vapor que, ao se resfriar, retornaria ao estado líquido,
garantindo assim a continuidade do ciclo. Nesse eterno movimento, aos poucos novas formas de vida e
evolução iriam se desenvolvendo, originando todas as coisas existentes.
Lançando um olhar crítico, tornam-se evidentes as brechas neste raciocínio. Por exemplo, o que dá
início a este movimento e o que o mantém? Como um único elemento, a água, poderia se transformar em
outra coisa?
Essas falhas, que aos olhos científicos de hoje são evidentes, eram vistas de outra forma na época.
Vale lembrar que no momento em que as ideias de Tales foram criadas, os pensamentos racional e
filosófico ainda eram bastante povoados por elementos mágicos e mitológicos. Portanto, para um grego
antigo, a ideia de que uma coisa simples como a água pudesse se transformar em outra coisa não era
absurda.
O grande mérito de Tales, na verdade, não foi a sua explicação aquática da realidade: foi o fato de
que, pela primeira vez na história, o homem buscava uma explicação totalmente racional para o seu
mundo, deixando de lado a interferência dos deuses.
Tales pode ser tido também como o pai da filosofia unitarista — que busca a explicação de todas as coisas
a partir de um único princípio (no caso dele, a água) — e que teria seu maior expoente na figura de
Heráclito de Éfeso.
A partir de sua teoria, diversos filósofos pré-socráticos buscaram seus próprios caminhos para
explicar a physis. Tales, Anaximandro e Anaxímenes formaram o trio da chamada Escola de Mileto e
ficaram conhecidos como os physiologoi (estudiosos da physis). Era o início da filosofia e do esforço
humano em compreender o espetáculo da existência a partir da racionalidade.

ANAXIMANDRO DE MILETO

Anaximandro de Mileto (610 a.C.- 547 a.C.) foi discípulo de Tales. Assim como seu mestre,
procurou compreender o princípio (arkhé) que origina toda a realidade. Porém, em suas investigações, não
encontrou em nenhum elemento físico este princípio, mas no que chamou de ÁPEIRON.
Segundo Anaximandro, é a partir da transformação de cada coisa no seu contrário, isto é, da
mudança entre pares de opostos da realidade, que podemos perceber que elas estão imersas em um
turbilhão infinito, ilimitado, indeterminado, mas que determina e limita todos os seres. A este turbilhão
original denominou ápeiron.
Para o nosso filósofo, pares de contrários são, por exemplo, quente-frio e seco-úmido. Isto quer
dizer que em cada coisa somente um de cada par pode existir, não podendo, pois, coexistirem em um
mesmo objeto, o quente e o frio. Por isso percebemos a ordem nesta determinação. Mas se nenhuma
predomina eternamente (pois uma só existe quando a outra não está presente) é porque devem ser
determinadas por algo extrínseco (fora) a elas, algo ilimitado, mas que as limita, o ápeiron (ilimitado,
indefinido, indestrutível, indeterminado).
Assim, o que tem geração ou início tem também fim. E a mudança dos seres não pode em si e por
si mesmos se determinar. Logo, a solução encontrada por Anaximandro de um princípio sem limites, sem
fim e sem determinação, era o ápeiron.

ANAXÍMENES DE MILETO

Anaxímenes de Mileto (585 a.C.-528 a.C.) também fez parte da Escola Jônica. Foi discípulo de
Anaximandro e como este, também afirmou ser uma só a natureza ou princípio (arkhé) subjacente a todas
as coisas. No entanto, mesmo que acreditasse ser este princípio ilimitado, não o pensou ser indefinido.
Anaxímenes acreditava ser o AR o princípio que originava todas as coisas no universo. Conforme
seu pensamento, por um processo de condensação, o AR se transformava em objetos líquidos e sólidos
(pedras, metais, terra, água e etc.). E por outro processo, a rarefação, o AR se transformava em gases,
ventos, oxigênio e fogo.
O filósofo também pensou ser a alma feita de ar, observando que o vivente respira (refrigera o
corpo) enquanto que o morto não o faz. Por isso, até hoje temos o costume de dizer “saúde” a quem
espirra. É que para os seguidores de Anaxímenes, o espirro é como se a alma tivesse saindo do corpo e
desejar saúde é um modo de orar, de pedir aos deuses para que ela retorne ao corpo, restabelecendo a
harmonia do ser. E mesmo não tendo consciência disso, herdamos o costume, como também herdamos
muito do pensamento grego em nossa cultura ocidental.

PITÁGORAS DE SAMOS

O Grande Mestre, como era chamado por seus discípulos, nasceu em Samos, uma pequena ilha
próxima à região da Jônia (parte asiática das colônias gregas), mas fundou sua escola (Escola Itálica) na
região da Magna Grécia, atual sul da Itália. É a ele que atribuímos a invenção da palavra Filosofia. É
também o criador do famoso Teorema de Pitágoras (que revela que em um triângulo retângulo, o
quadrado da hipotenusa – maior lado – é igual à soma dos quadrados dos catetos – os outros lados que
formam 90º).
Pitágoras, que viveu no séc. V a.C., é classificado na história da filosofia como um pré-socrático por
também atribuir um princípio que origina toda a realidade. Sua escola desenvolveu uma linha de
pensamento que se estendeu de Filolau, Árquitas e Platão até Galileu, Giordano Bruno, Leibniz, Kepler e
Newton: a de que a realidade é composta por números.
Para Pitágoras e seus seguidores, a Natureza é constituída de um sistema de relações e
proporções matemáticas derivadas da Unidade (que ele concebia como sendo o número 1 e a figura
geométrica ponto). Desta, surgia a oposição entre números pares e ímpares que se desdobravam em
figuras geométricas como superfície e volume para produzir a realidade visível. As várias combinações
entre estes elementos apareciam aos nossos sentidos como qualidades contrárias, como quente-frio,
seco-úmido, claro-escuro, duro-mole, etc.
Segundo Pitágoras, o pensamento alcança a realidade em sua estrutura matemática enquanto os
sentidos alcançam o modo como esta estrutura aparece para nós. Os pitagóricos foram os primeiros a
cultivarem as matemáticas de modo sistemático, notando que todos os fenômenos naturais são traduzíveis
por relações numéricas e representáveis de modo matemático. Perceberam também que a música (foi
Pitágoras quem descobriu as 7 notas musicais) obedecia leis de harmonia matemática e que também o
universo, natural e humano, se submetia a essas leis (cada número representava uma característica ou
uma qualidade, como justiça, amor, Deus, etc.).
Hoje, o número é considerado como uma abstração da mente, um ente da razão. Mas para os
antigos eles eram a própria coisa, o ser real em sua unidade básica constitutiva, sendo, pois, um princípio
originário.
Os ciclos da natureza, das estações do ano e etc. eram também subordinados à lei numérica. A
partir disso, Pitágoras foi levado a pensar que a alma também obedece a esses ciclos, criando assim a
teoria da reencarnação cíclica, da qual hoje a religião cristã espírita é seguidora, bem como a budista é
semelhante. Nelas, a reencarnação é um processo natural que obedece uma ordem cósmica cíclica para
expiação (penitência ou castigo) de uma culpa original. Há também a Metempsicose que o Grande Mestre
possuía como um dom de transmigração da alma, isto é, poderia concentrar de tal modo o pensamento
que a alma sairia do corpo e viajaria a qualquer lugar do universo.
É curioso notar que, apesar do pensamento pitagórico assemelhar-se a uma síntese entre filosofia
e religião, a catarse ou purificação das expiações da alma em seus ciclos reencarnatórios era realizada a
partir da busca do conhecimento da verdade. Seu misticismo vigora ainda hoje nas seitas espíritas, mas
também naquelas que mais problemas criaram à Igreja Católica durante a história: a maçonaria, da qual
faziam parte grandes pensadores (como Leonardo Da Vinci) que usavam o conhecimento matemático
para descrever e construir a realidade do mundo, mas que permaneciam crentes na Unidade que originava
todo o universo, Unidade a qual atribuíram à divindade, sendo, portanto, a clássica categorização de
DEUS-UNO (fundamento do monoteísmo, ou seja, que Deus é um só).

HERÁCLITO DE ÉFESO

Para Heráclito de Éfeso, nascido por volta de 540 a.C., tudo o que existe está em permanente
mudança ou transformação. A essa incessante alteração deu o nome de DEVIR.
O mundo, segundo Heráclito, é um fluxo permanente em que nada permanece idêntico a si mesmo.
Tudo se transforma no seu contrário. “A guerra é mãe e rainha de todas as coisas”. É da luta entre os
contrários, ou seja, do devir, do tornar-se, do vir-a-ser, que eles se harmonizam numa unidade. O Lógos
(razão, discurso sobre o ser) é mudança e contradição.
Isso significa que a verdade é dialética, isto é, as palavras dizem as coisas em sua eterna
transformação. Os nossos sentidos enganam-nos, pois enxergamos as coisas imóveis, estáveis, com uma
forma própria e determinada. Porém, nosso pensamento capta a instabilidade e mutabilidade dos seres. “É
impossível entrar no mesmo rio duas vezes”. As águas já são outras e nós já não somos os mesmos.
É na síntese entre os pares de contrários (o dia que se torna noite que se torna dia novamente; a
vida que se torna morte e vice-versa; o quente que se torna frio e o frio que se torna quente; o seco que
umedece, o úmido que seca, etc.), da multiplicidade contraditória que surge a unidade dialética que nos
permite algum conhecimento, ainda que passageiro.
O Obscuro, como era conhecido Heráclito, concebeu o FOGO como o princípio eterno que causa a
mudança e concebe Deus como a harmonia ou síntese entre os contrários. É uma concepção de realidade
que permite compreender o mundo somente no seu devir e na unidade dos opostos. Quer dizer que a
doença torna valorosa a saúde e que jamais entenderíamos o significado da justiça se não houvesse a
ofensa. O sentido, o significado está na harmonia, na conciliação entre os vários pares de contrários.
Por isso, é muito provável que a imagem do inferno criada pela Igreja Católica e pelos artistas
ocidentais tenham referência à filosofia heraclitiana. Isso porque o fogo que significa mudança,
instabilidade se opõe radicalmente ao ar que representa o céu, o repouso em que Deus é fonte confiável
do conhecimento e da ordem.
Por isso também, em geral, os movimentos contra a ordem estabelecida no decorrer da história
(como o comunismo contra o capitalismo; o rock contra a sociedade consumista e alienada, o feminismo,
etc.) fazem reverência à mudança, ao vermelho (fogo) e ao diabo, pois sua intenção é promover a
instabilidade contra os sistemas.
É interessante observar como a filosofia de Heráclito permanece atual. No que se refere à matéria,
essa é mutável e concebida pelos cientistas como eternamente em transformação (como afirmou o
químico Lavoisier no século XVIII, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”). A
atualidade de seu pensamento também pode ser observada no Princípio da incerteza de Heisenberg,
físico que ajudou a desenvolver a mecânica quântica no século XX, que diz ser impossível afirmar com
exatidão a posição de um elétron em um átomo em razão da metodologia de aferição.
Também podemos observar o Devir em nosso próprio metabolismo, pois constantemente estamos
incrementando matéria ao nosso corpo (alimentação que permite o crescimento) e o desgaste físico com a
idade (que é a perda de matéria).
Assim, concebe-se o pensamento de Heráclito como a base do materialismo, ou seja, da filosofia
que concebe como unicamente existente, em todos os níveis, a matéria.

PARMÊNIDES DE ELÉIA

Nascido por volta do ano de 530 a.C., na cidade de Éleia, ao sul da Magna Grécia (Itália),
Parmênides é considerado pelos historiadores da Filosofia como o pensador do imobilismo universal.
Em seu poema, Parmênides narra o que disse ter ouvido das musas que por uma carruagem
puxada por corsas, conduzem-no à luz da verdade (alethéia). O Eleata nos apresenta, então, que a nossa
frente encontramos dois caminhos: o primeiro que é a via da verdade e o segundo, a via da opinião. O
segundo caminho, nos diz Parmênides, temos que nos afastar, pois é o caminho do não-ser, do nada, do
que não existe, do inominável, do impensado e do indizível.
A verdade é, pois, o caminho do pensamento, já que o ser, o que existe é tudo aquilo que pode ser
pensado. Dessa forma, o que não é, o não ser, o que não existe, não pode ser pensado nem, portanto,
dito, sendo este um caminho ilusório.
A via da verdade é o pensamento que Parmênides identifica com o ser. Mas o ser para existir tem
de ser dito, logo, há uma identidade entre SER, PENSAR E DIZER. Sendo a verdade exclusiva dos
deuses, entre os mortais há a via da opinião (dóxa), causada pelas ilusões dos nossos sentidos.
Hoje podemos dizer que a ontologia (estudo sobre o ser) de Parmênides refere-se a uma lógica
material, como se o discurso estivesse compactado à experiência física. Assim, podemos ver porque ele
disse que “o ser é, o não ser não é”. O filósofo apontava para unicidade do ser acreditando que toda forma
de movimento era ilusória (e só Newton, no séc.XVIII, com a física conseguiu resolver esse problema!).
Parmênides julgava o ser uno, imóvel, indestrutível, ingênito (isto é, incriado, não nascido, não
gerado) e eterno. Segundo seu modo de pensar, o não ser, o nada não existe e não pode ser nem dito
nem pensado. Portanto, o ser não pode ter surgido, porque ou teria surgido do nada, o que é impossível,
ou teria surgido de outro ser, justificando que o ser já era e sempre será; logo, é eterno. Nem também o
ser pode se movimentar, pois se se alterar (o movimento em grego era tido como deslocamento,
crescimento, diminuição e alteração) será outro ser, mesmo continuando a ser e, por isso, dois seres são
impensáveis, apenas um ser é pensável. E se não foi criado, nem gerado, também não pode ser
destruído, já que se destruído, algo ficará e assim permanecerá sendo.
Por mais que se possa acreditar que Parmênides seja o iniciador da lógica, sua lógica ainda é
vinculada à ontologia, isto é, ao ser, não podendo ser considerada formal. Em linguagem moderna,
poderíamos dizer que Parmênides fala da MATÉRIA, amorfa, de modo geral e que tudo o que existe é
matéria, não podendo existir o vácuo nem o vazio. E que apesar das suas mudanças em vários elementos,
substâncias, coisas e pessoas, ela, a matéria, é o princípio uno e total, causa de toda a realidade.
Pode-se também pensar que a filosofia de Parmênides, isto é, a do imobilismo universal ou teoria
do repouso absoluto, foi usada pelas tradições religiosas (principalmente a cristã) para descrever Deus e o
céu. Notem que, em geral, os mortos são enterrados com máximas que dizem: “Aqui jaz (repousa)
fulano...”. Deus seria esse princípio Uno e Todo sem partes divididas ou vazias que deveria ser
compreendido, através do pensamento, como princípio de todo o conhecimento. É também interessante
notar como a identidade entre SER e PENSAMENTO e LINGUAGEM, de Parmênides também associa-se
com a tradição do Antigo Testamento. Neste, Deus se revela como o VERBO. Em grego, o verbo é o
LÓGOS, é palavra, discurso e razão. E se para Parmênides o lógos é também o pensar e o ser, então é a
divindade que fala e que fornece a base para conhecermos, isto é, a via da verdade é a razão, o lógos
divino. Por isso, Parmênides concebe o ser de forma circular, pois é, entre os gregos, a forma da
perfeição.

DEMÓCRITO DE ABDERA

De sua vida sabemos poucas coisas seguras, mas muitas lendas. Viagens extraordinárias, a ruína
material, as honras que recebeu de seus concidadãos, sua solidão, seu grande poder de trabalho. Uma
tradição tardia afirma que ele ria de tudo...
Há informações de que começou a escrever (430 a. C.) várias e notáveis obras, cerca de noventa,
hoje desaparecidas, entre elas sobre os números, sobre geometria, sobre tangências, sobre irracionais,
sobre o pitagorismo, sobre a ordem do mundo, sobre ética, etc, restando fragmentos de algumas de
conteúdo moral como pequena ordem do mundo, do bom ânimo e preceitos. Na sua maioria, suas obras
tratavam essencialmente de tratados sobre química e matemática e que mostravam a preocupação do
autor com a origem e mudanças das "coisas", sendo, segundo Cícero, sua linguagem extremamente
literária, como se estivesse escrevendo poemas. Materialmente sua obra trazia uma explicação totalmente
material e mecanicista do mundo. Socialmente pregava que o homem deve aspirar a tranquilidade de
espírito, livre de temores e emoções, e que essa busca precisa ser garantida por leis justas de
convivência. No entanto suas ideias não tiveram seguimento, pois foram praticamente ignoradas pelas
escolas do século seguinte: platônicas e aristotélicas. Embora considerado do período pré-socrático, viveu
adentradamente no socrático.
Demócrito e Leucipo partem do eleatismo. Mas o ponto de partida de Demócrito é acreditar na
realidade do movimento porque o pensamento é um movimento. Esse é seu ponto de ataque: o
movimento existe porque eu penso e o pensamento tem realidade. Mas se há movimento deve haver um
espaço vazio, o que equivale a dizer que o não-ser é tão real quanto o ser. Se o espaço é absolutamente
pleno, não pode haver movimento. Com efeito: 1) o movimento espacial só pode ter lugar no vazio, pois o
pleno não pode acolher em si nada que Ihe seja heterogêneo; se dois corpos pudessem ocupar o mesmo
lugar no espaço, poderia haver uma infinidade deles, pois o menor poderia acolher em si o maior; 2) a
rarefação e a condensação só se explicam pelo espaço vazio; 3) o crescimento só se explica porque o
alimento penetra nos interstícios do corpo; 4) em um vaso cheio de cinza pode-se ainda derramar tanta
água quanta se ele estivesse vazio, a cinza desaparece nos interstícios vazios da água. O não ser é,
portanto, também o pleno, nastón (de nasso, ou aperto), o stereón. O pleno é aquilo que não contém
nenhum Kenón. Se toda grandeza fosse divisível ao infinito, não haveria mais nenhuma grandeza, não
haveria mais ser. Se deve subsistir um pleno, isto é, um ser, é preciso que a divisão não possa ir ao
infinito. Mas o movimento demonstra o ser, tanto quanto o não-ser. Se somente o não-ser existisse, não
haveria movimento. O que resta são os átomos. O ser é a unidade indivisível.
Mas, se esses seres devem agir uns sobre os outros pelo choque, é preciso que sejam de natureza
idêntica. Demócrito afirma, portanto, como Pitágoras, que o ser deve ser semelhante a si mesmo em todos
os pontos. O ser não pertence mais a um ponto do que a outro. Se um átomo fosse o que o outro não é,
haveria um não-ser, o que é uma contradição. Somente nossos sentidos nos mostram coisas
qualitativamente diferentes. São chamadas também idéai ou skhémata. Todas as qualidades são nómo, os
seres só diferem pela quantidade. É preciso, pois, remeter todas as qualidades a diferenças quantitativas.
Elas só se distinguem pela forma (rhysmós, skhéma), pela ordem (diathigé, táxis), pela posição (tropé,
thésis). A difere de N pela forma, AN de NA pela ordem, Z de N pela posição. A principal diferença está na
forma, que indica diferença de grandeza e de peso. O peso pertence a cada corpo (como medida de todas
as quantidades). Como todos os seres são da mesma natureza, o peso deve pertencer igualmente a
todos, isto é, à mesma massa, o mesmo peso. O ser, portanto, é definido como pleno, dotado de uma
forma, pesado; os corpos são idênticos a esses predicados.
Demócrito assim, representa a formação de um mundo: os átomos flutuam, perpetuamente
agitados, no espaço infinito; censurou-se desde a Antiguidade esse ponto de partida, dizendo que o
mundo teria sido movido e teria nascido por "acaso", concursu quodam fortuito, que o "acaso cego"
reinaria entre os materialistas. Esta é uma maneira muito pouco filosófica de se exprimir. O que é preciso
dizer é que há uma causalidade sem finalidade, anánke sem intenções. Não há acaso, mas um conjunto
de leis rigorosas, embora não racionais.

OS SOFISTAS
Após o surgimento da democracia na Grécia antiga, vários transformações ocorreram na
sociedade, exigindo novas formas de se relacionar. A democracia era o sistema de governo que
pressupunha a escolha periódica de executores e elaboradores das leis. E para isso, não havia nenhum
critério.
Neste período, em que já estão avançadas as questões cosmológicas, a busca pelo ser das coisas
deixa de ser o foco principal das questões filosóficas, que agora se ocupa com o homem e suas
potencialidades. Era preciso saber falar para fazer valer seus interesses nas assembleias. Surgem, então,
os famosos oradores denominados Sofistas, palavra que significa sábio em grego.
Esses homens, portadores de uma eloquência incomum, propunham ensinar qualquer coisa aos
cidadãos que almejassem os cargos públicos ou simplesmente que se defenderiam em um caso litigioso.
No entanto, suas técnicas nada mais eram do que ensinar a persuadir convencendo seu interlocutor em
um debate, seja pela emoção, seja pela passividade deste. Ardilosos oradores, os sofistas fascinavam
àqueles que ouviam suas palestras, ensinando como transformar um argumento fraco em um argumento
forte e vice-versa. Para eles, fácil era convencer conforme seus interesses, por isso conseguiam provar
que uma coisa ora era branca, ora preta. O importante era convencer a qualquer custo. Mediante salários
(ou seja, cobravam pelo ensino), eles ensinavam a quem pudesse pagar, sobre qualquer coisa, dizendo
serem portadores de um saber universal. Mas na prática, ensinavam como refutar o seu adversário, não
se preocupando com a relação que as palavras tinham com as coisas, articulando-as segundo as
necessidades do debate para convencer e derrotar seu oponente.
São famosos e numerosos os sofistas que atuaram na Grécia antiga, em especial em Atenas, onde
a cultura floresceu com mais evidência. Híppias, Pródico, Antístenes, Trasímaco são apenas alguns
exemplos históricos destes que inventaram um certo modo de viver numa política que pressupunha a
isonomia (leis iguais para todos os cidadãos). No entanto, podemos destacar especialmente dois dos
maiores sofistas de todos os tempos: Górgias e Protágoras.
Protágoras é conhecido como o primeiro sofista. Sua fama se estendia por todas as colônias e era
um homem culto e bem sucedido. Aliás, a estima do público, a vaidade e o reconhecimento era algo de
que todos os sofistas se valiam, pois para eles o que importa é o momento e jamais o que se tem depois
de morto. Questões espirituais eram descartadas, gerando algumas acusações de impiedade, das quais o
próprio Protágoras conseguiu escapar.
Este eminente orador vivia uma forma de absoluto subjetivismo relativista. Sua máxima “o homem é
a medida de todas as coisas” ilustra bem o modo de pensar das diferentes pessoas. Isto quer dizer que
cada pessoa, pensa, deseja e busca algo para si, de tal forma única que impossibilita que exista uma
verdade absoluta. A verdade, segundo Protágoras, depende de cada um, depende de como cada coisa
aparece para cada um em seu juízo. O que pode ser verdade para um, pode não o ser para outro. Com
esse relativismo moral, ele rejeita toda verdade universal. Se algo te parece bom, faça. Se isso traz
benefício a você e prejuízo aos outros, faça assim mesmo.
Com isso, Protágoras também desacreditava dos deuses. Seu pragmatismo imediatista afirmava
que se você nada pode saber dos deuses, eles não servem para nada e, assim, você pode ser indiferente
a eles. Esse foi um dos motivos pelos quais ele foi acusado de impiedade.
Outro ilustre sofista e não menos importante foi Górgias. Descartando qualquer noção de moral ou
virtude, ele determinou a persuasão como algo essencial ao homem. Segundo ele, o domínio dessa
técnica permite ao homem conhecer todas as coisas e, com isso, ser feliz.
Górgias redigiu um tratado sobre o Não Ser, em resposta ao filósofo Parmênides, em que consta o
resumo de seu modo Niilista de pensar. Para ele, nada existe de real; e se nada existe, o homem não
pode conhecer verdadeiramente nada; e mesmo que algo exista e possa a ser conhecido, seria impossível
comunicar aos outros este conhecimento.
Desse modo, Górgias acentua o seu ceticismo, evidenciando a impossibilidade de um
conhecimento definitivo e propiciando um ambiente em que o mundo só tem o valor daquilo que o homem
confere, consciente de sua efemeridade, ou seja, que o homem é um ser passageiro e que age apenas
para satisfazer seus interesses pessoais.

SÓCRATES DE ATENAS

Nascido em Atenas, Sócrates (469-399aC.), é tradicionalmente considerado um marco divisório da


história da filosofia grega. Por isso, os filósofos que o antecederam são chamados de pré Socráticos. O
próprio Sócrates, porém, não deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos
textos de seus discípulos e de seus adversários. Desenvolvia o saber filosófico em praças públicas,
conversando com os jovens, dando demonstração de que era preciso unir a vida concreta ao pensamento,
o saber ao fazer a consciência intelectual à consciência prática ou moral.
Sócrates opunha-se ao relativismo em relação à questão da moralidade ao uso da retórica para
atingir interesses particulares. Sócrates travou uma polêmica profunda, pois procurava um fundamento
último para as interrogações humanas. (O que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?).
A pergunta essencial que Sócrates tentava responder era: o que é essência do homem? Ele
respondia dizendo que o homem é a sua alma, entendo-se “alma” aqui, como a sede da razão, o nosso eu
consciente, que inclui a consciência intelectual moral, e que, portanto, distingue o ser humano de todos os
outros seres da natureza.
Por isso, autoconhecimento era um dos pontos fundamentais da filosofia socrática. “conhece-te a ti
mesmo”, frase inscrita no Oráculo de Delfos, era a recomendação básica feita por Sócrates e seus
discípulos.
Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos críticos com seus interlocutores. Esses diálogos podem
ser divididos em dois momentos básicos: a ironia e a maiêutica.
No grego, ironia quer dizer interrogação. Sócrates interrogava seus interlocutores sobre aquilo que
pensavam saber. O que é bom? O que é justiça? E a coragem? E a piedade?
Novos problemas que surgiam a cada resposta. Seu objetivo inicial era demolir, nos discípulos o
orgulho, a arrogância, e a presunção do seu saber. A primeira virtude do sábio é adquirir consciência da
própria ignorância. “sei que nada sei”, dizia Sócrates. A ironia socrática tinha um caráter purificador porque
levava os discípulos confessarem suas próprias contradições e ignorâncias.
Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam iniciar o caminho da
reconstrução de suas próprias ideias. Na segunda fase do diálogo, o objetivo de Sócrates era ajudas seus
discípulos a conceberem suas próprias ideias. Essa fase do diálogo socrático era chamada de maiêutica,
termo grego que significa: arte de trazer á luz.
Sócrates não dava importância à posição socioeconômica de seus discípulos. Dialogava com ricos
e pobres, cidadãos e escravos. O que importava eram as condições interiores, psicológicas de cada
pessoa.
Para a democracia ateniense, da qual não participava a maioria da população, composta de
escravos, estrangeiros e mulheres Sócrates foi considerado subversivo. Representava uma ameaça
social, na medida em que desrespeitava a ordem vigente e dirigia suas atenções para as pessoas sem
fazer distinções de classe ou posição social.
Por isso, recebeu a acusação de ser injusto com os deuses da cidade de corromper a juventude.
No final do processo foi condenado a beber cicuta (veneno extraído de uma planta do mesmo nome).
Diante de seus juízes, Sócrates assumiu uma postura viril, altaneira, imperturbável, de que nada teme.
Foi assim, que Sócrates procurou caracterizar sua vida; construindo uma personalidade corajosa e
guindo sua conduta pelo seu critério de justiça. Morreu sem ter renunciado a seus mais caros valores
morais

PLATÃO DE ATENAS

Diversamente de Sócrates, que era filho do povo, Platão nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C.,
de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre prosápia. Temperamento artístico e dialético -
manifestação característica e suma do gênio grego - deu, na mocidade, livre curso ao seu talento poético,
que o acompanhou durante a vida toda, manifestando-se na expressão estética de seus escritos;
entretanto isto prejudicou sem dúvida a precisão e a ordem do seu pensamento, tanto assim que várias
partes de suas obras não têm verdadeira importância e valor filosófico.
Aos vinte anos, Platão travou relação com Sócrates - mais velho do que ele quarenta anos - e
gozou por oito anos do ensinamento e da amizade do mestre. Quando discípulo de Sócrates e ainda
depois, Platão estudou também os maiores pré-socráticos. Depois da morte do mestre, Platão retirou-se
com outros socráticos para junto de Euclides, em Mégara.
Daí deu início a suas viagens, e fez um vasto giro pelo mundo para se instruir (390-388). Visitou o
Egito, de que admirou a veneranda antiguidade e estabilidade política; a Itália meridional, onde teve
ocasião de travar relações com os pitagóricos (tal contato será fecundo para o desenvolvimento do seu
pensamento); a Sicília, onde conheceu Dionísio o Antigo, tirano de Siracusa e travou amizade profunda
com Dion, cunhado daquele. Caído, porém, na desgraça do tirano pela sua fraqueza, foi vendido como
escravo. Libertado graças a um amigo, voltou a Atenas.
Em Atenas, pelo ano de 387, Platão fundava a sua célebre escola, que, dos jardins de Academo,
onde surgiu, tomou o nome famoso de Academia. Adquiriu, perto de Colona, povoado da Ática, uma
herdade, onde levantou um templo às Musas, que se tornou propriedade coletiva da escola e foi por ela
conservada durante quase um milênio, até o tempo do imperador Justiniano (529 d.C.).
Platão, ao contrário de Sócrates, interessou-se vivamente pela política e pela filosofia política. Foi
assim que o filósofo, após a morte de Dionísio o Antigo, voltou duas vezes - em 366 e em 361 - à Dion,
esperando poder experimentar o seu ideal político e realizar a sua política utopista. Estas duas viagens
políticas a Siracusa, porém, não tiveram melhor êxito do que a precedente: a primeira viagem terminou
com desterro de Dion; na segunda, Platão foi preso por Dionísio, e foi libertado por Arquitas e pelos seus
amigos, estando, então, Arquistas no governo do poderoso estado de Tarento.
Voltando para Atenas, Platão dedicou-se inteiramente à especulação metafísica, ao ensino
filosófico e à redação de suas obras, atividade que não foi interrompida a não ser pela morte. Esta veio
operar aquela libertação definitiva do cárcere do corpo, da qual a filosofia - como lemos no Fédon - não é
senão uma assídua preparação e realização no tempo. Morreu o grande Platão em 348 ou 347 a.C., com
oitenta anos de idade.
Platão é o primeiro filósofo antigo de quem possuímos as obras completas. Dos 35 diálogos,
porém, que correm sob o seu nome, muitos são apócrifos, outros de autenticidade duvidosa.
A forma dos escritos platônicos é o diálogo, transição espontânea entre o ensinamento oral e fragmentário
de Sócrates e o método estritamente didático de Aristóteles. No fundador da Academia, o mito e a poesia
confundem-se muitas vezes com os elementos puramente racionais do sistema. Falta-lhe ainda o rigor, a
precisão, o método, a terminologia científica que tanto caracterizam os escritos do sábio estagirita.
A atividade literária de Platão abrange mais de cinquenta anos da sua vida: desde a morte de
Sócrates, até a sua morte. A parte mais importante da atividade literária de Platão é representada pelos
diálogos - em três grupos principais, segundo certa ordem cronológica, lógica e formal, que representa a
evolução do pensamento platônico, do socratismo ao aristotelismo.

O Pensamento: A Gnosiologia

Como já em Sócrates, assim em Platão a filosofia tem um fim prático, moral; é a grande ciência que
resolve o problema da vida. Este fim prático realiza-se, no entanto, intelectualmente, através da
especulação, do conhecimento da ciência. Mas - diversamente de Sócrates, que limitava a pesquisa
filosófica, conceptual, ao campo antropológico e moral - Platão estende tal indagação ao campo metafísico
e cosmológico, isto é, a toda a realidade.
Este caráter íntimo, humano, religioso da filosofia, em Platão é tornado especialmente vivo,
angustioso, pela viva sensibilidade do filósofo em face do universal vir-a-ser, nascer e perecer de todas as
coisas; em face do mal, da desordem que se manifesta em especial no homem, onde o corpo é inimigo do
espírito, o sentido se opõe ao intelecto, a paixão contrasta com a razão. Assim, considera Platão o espírito
humano peregrino neste mundo e prisioneiro na caverna do corpo. Deve, pois, transpor este mundo e
libertar-se do corpo para realizar o seu fim, isto é, chegar à contemplação do inteligível, para o qual é
atraído por um amor nostálgico, pelo eros platônico.
Platão como Sócrates, parte do conhecimento empírico, sensível, da opinião do vulgo e dos
sofistas, para chegar ao conhecimento intelectual, conceptual, universal e imutável. A gnosiologia
platônica, porém, tem o caráter científico, filosófico, que falta a gnosiologia socrática, ainda que as
conclusões sejam, mais ou menos, idênticas. O conhecimento sensível deve ser superado por um outro
conhecimento, o conhecimento conceptual, porquanto no conhecimento humano, como efetivamente,
apresentam-se elementos que não se podem explicar mediante a sensação. O conhecimento sensível,
particular, mutável e relativo, não pode explicar o conhecimento intelectual, que tem por sua característica
a universalidade, a imutabilidade, o absoluto (do conceito); e ainda menos pode o conhecimento sensível
explicar o dever ser, os valores de beleza, verdade e bondade, que estão efetivamente presentes no
espírito humano, e se distinguem diametralmente de seus opostos, fealdade, erro e mal-posição e
distinção que o sentido não pode operar por si mesmo.
Segundo Platão, o conhecimento humano integral fica nitidamente dividido em dois graus: o
conhecimento sensível, particular, mutável e relativo, e o conhecimento intelectual, universal, imutável,
absoluto, que ilumina o primeiro conhecimento, mas que dele não se pode derivar. A diferença essencial
entre o conhecimento sensível, a opinião verdadeira e o conhecimento intelectual, racional em geral, está
nisto: o conhecimento sensível, embora verdadeiro, não sabe que o é, donde pode passar
indiferentemente o conhecimento diverso, cair no erro sem o saber; ao passo que o segundo, além de ser
um conhecimento verdadeiro, sabe que o é, não podendo de modo algum ser substituído por um
conhecimento diverso, errôneo. Poder-se-ia também dizer que o primeiro sabe que as coisas estão assim,
sem saber porque o estão, ao passo que o segundo sabe que as coisas devem estar necessariamente
assim como estão, precisamente porque é ciência, isto é, conhecimento das coisas pelas causas.
Sócrates estava convencido, como também Platão, de que o saber intelectual transcende, no seu
valor, o saber sensível, mas julgava, todavia, poder construir indutivamente o conceito da sensação, da
opinião; Platão, ao contrário, não admite que da sensação - particular, mutável, relativa - se possa de
algum modo tirar o conceito universal, imutável, absoluto. E, desenvolvendo, exagerando, exasperando a
doutrina da maiêutica socrática, diz que os conceitos são a priori, inatos no espírito humano, donde têm de
ser oportunamente tirados, e sustenta que as sensações correspondentes aos conceitos não lhes
constituem a origem, e sim a ocasião para fazê-los reviver, relembrar conforme a lei da associação.
Aqui devemos lembrar que Platão, diversamente de Sócrates, dá ao conhecimento racional,
conceptual, científico, uma base real, um objeto próprio: as ideias eternas e universais, que são os
conceitos, ou alguns conceitos da mente, personalizados. Do mesmo modo, dá ao conhecimento empírico,
sensível, à opinião verdadeira, uma base e um fundamento reais, um objeto próprio: as coisas particulares
e mutáveis, como as concebiam Heráclito e os sofistas. Deste mundo material e contingente, portanto, não
há ciência, devido à sua natureza inferior, mas apenas é possível, no máximo, um conhecimento sensível
verdadeiro - opinião verdadeira - que é precisamente o conhecimento adequado à sua natureza inferior.
Pode haver conhecimento apenas do mundo imaterial e racional das ideias pela sua natureza superior.
Este mundo ideal, racional - no dizer de Platão - transcende inteiramente o mundo empírico, material, em
que vivemos.

TEORIA DAS IDEIAS

Sócrates mostrara no conceito o verdadeiro objeto da ciência. Platão aprofunda-lhe a teoria e


procura determinar a relação entre o conceito e a realidade fazendo deste problema o ponto de partida da
sua filosofia.
A ciência é objetiva; ao conhecimento certo deve corresponder a realidade. Ora, de um lado, os
nossos conceitos são universais, necessários, imutáveis e eternos (Sócrates), do outro, tudo no mundo é
individual, contingente e transitório (Heráclito). Deve, logo, existir, além do fenomenal, um outro mundo de
realidades, objetivamente dotadas dos mesmos atributos dos conceitos subjetivos que as representam.
Estas realidades chamam-se Ideias. As ideias não são, pois, no sentido platônico, representações
intelectuais, formas abstratas do pensamento, são realidades objetivas, modelos e arquétipos eternos de
que as coisas visíveis são cópias imperfeitas e fugazes. Assim a ideia de homem é o homem abstrato
perfeito e universal de que os indivíduos humanos são imitações transitórias e defeituosas.
Todas as ideias existem num mundo separado, o mundo dos inteligíveis, situado na esfera celeste.
A certeza da sua existência funda-a Platão na necessidade de salvar o valor objetivo dos nossos
conhecimentos e na importância de explicar os atributos do ente de Parmênides, sem, com ele, negar a
existência do fieri. Tal a célebre teoria das ideias, alma de toda filosofia platônica, centro em torno do qual
gravita todo o seu sistema.

As Ideias

O sistema metafísico de Platão centraliza-se e culmina no mundo divino das ideias; e estas
contrapõe-se a matéria obscura e incriada. Entre as ideias e a matéria estão o Demiurgo e as almas,
através de que desce das ideias à matéria aquilo de racionalidade que nesta matéria aparece.
O divino platônico é representado pelo mundo das ideias e especialmente pela ideia do Bem, que
está no vértice. A existência desse mundo ideal seria provada pela necessidade de estabelecer uma base
ontológica, um objeto adequado ao conhecimento conceptual. Esse conhecimento, aliás, se impõe ao lado
e acima do conhecimento sensível, para poder explicar verdadeiramente o conhecimento humano na sua
efetiva realidade. E, em geral, o mundo ideal é provado pela necessidade de justificar os valores, o dever
ser, de que este nosso mundo imperfeito participa e a que aspira.
Visto serem as ideias conceitos personalizados, transferidos da ordem lógica à ontológica, terão
consequentemente as características dos próprios conceitos: transcenderão a experiência, serão
universais, imutáveis. Além disso, as ideias terão aquela mesma ordem lógica dos conceitos, que se
obtém mediante a divisão e a classificação, isto é, são ordenadas em sistema hierárquico, estando no
vértice a ideia do Bem, que é papel da dialética (lógica real, ontológica) esclarecer. Como a multiplicidade
dos indivíduos é unificada nas ideias respectivas, assim a multiplicidade das ideias é unificada na ideia do
Bem. Logo, a ideia do Bem, no sistema platônico, é a realidade suprema, donde dependem todas as
demais ideias, e todos os valores (éticos, lógicos e estéticos) que se manifestam no mundo sensível; é o
ser sem o qual não se explica o vir-a-ser. Portanto, deveria representar o verdadeiro Deus platônico. No
entanto, para ser verdadeiramente tal, falta-lhe a personalidade e a atividade criadora. Desta
personalidade e atividade criadora - ou, melhor, ordenadora - é, pelo contrário, dotado o Demiurgo o qual,
embora superior à matéria, é inferior às ideias, de cujo modelo se serve para ordenar a matéria e
transformar o caos em cosmos.

As Almas
A alma, assim como o Demiurgo, desempenha papel de mediador entre as ideias e a matéria, à
qual comunica o movimento e a vida, a ordem e a harmonia, em dependência de uma ação do Demiurgo
sobre a alma. Assim, deveria ser, tanto no homem como nos outros seres, porquanto Platão é um
pampsiquista, quer dizer, anima toda a realidade. Ele, todavia, dá à alma humana um lugar e um
tratamento à parte, de superioridade, em vista dos seus impelentes interesses morais e ascéticos,
religiosos e místicos. Assim é que considera ele a alma humana como um ser eterno (coeterno às ideias,
ao Demiurgo e à matéria), de natureza espiritual, inteligível, caído no mundo material como que por uma
espécie de queda original, de um mal radical. Deve portanto, a alma humana, libertar-se do corpo, como
de um cárcere; esta libertação, durante a vida terrena, começa e progride mediante a filosofia, que é
separação espiritual da alma do corpo, e se realiza com a morte, separando-se, então, na realidade, a
alma do corpo.
A faculdade principal, essencial da alma é a de conhecer o mundo ideal, transcendental:
contemplação em que se realiza a natureza humana, e da qual depende totalmente a ação moral.
Entretanto, sendo que a alma racional é, de fato, unida a um corpo, dotado de atividade sensitiva e
vegetativa, deve existir um princípio de uma e outra. Segundo Platão, tais funções seriam desempenhadas
por outras duas almas - ou partes da alma: a irascível (ímpeto), que residiria no peito, e a concupiscível
(apetite), que residiria no abdome - assim como a alma racional residiria na cabeça. Naturalmente a alma
sensitiva e a vegetativa são subordinadas à alma racional.
Logo, segundo Platão, a união da alma espiritual com o corpo é extrínseca, até violenta. A alma
não encontra no corpo o seu complemento, o seu instrumento adequado. Mas a alma está no corpo como
num cárcere, o intelecto é impedido pelo sentido da visão das ideias, que devem ser trabalhosamente
relembradas. E diga-se o mesmo da vontade a respeito das tendências. E, apenas mediante uma
disciplina ascética do corpo, que o mortifica inteiramente, e mediante a morte libertadora, que desvencilha
para sempre a alma do corpo, o homem realiza a sua verdadeira natureza: a contemplação intuitiva do
mundo ideal.

O Mundo

O mundo material, o cosmos platônico, resulta da síntese de dois princípios opostos, as ideias e a
matéria. O Demiurgo plasma o caos da matéria no modelo das ideias eternas, introduzindo no caos a
alma, princípio de movimento e de ordem. O mundo, pois, está entre o ser (ideia) e o não-ser (matéria), e
é o devir ordenado, como o adequado conhecimento sensível está entre o saber e o não-saber, e é a
opinião verdadeira. Conforme a cosmologia pampsiquista platônica, haveria, antes de tudo, uma alma do
mundo e, depois, partes da alma, dependentes e inferiores, a saber, as almas dos astros, dos homens,
etc.
O dualismo dos elementos constitutivos do mundo material resulta do ser e do não-ser, da ordem e
da desordem, do bem e do mal, que aparecem no mundo. Da ideia - ser, verdade, bondade, beleza -
depende tudo quanto há de positivo, de racional no vir-a-ser da experiência. Da matéria - indeterminada,
informe, mutável, irracional, passiva, espacial - depende, ao contrário, tudo que há de negativo na
experiência.
Consoante a astronomia platônica, o mundo, o universo sensível, são esféricos. A terra está no
centro, em forma de esfera e, ao redor, os astros, as estrelas e os planetas, cravados em esferas ou anéis
rodantes, transparentes, explicando-se deste modo o movimento circular deles.
No seu conjunto, o mundo físico percorre uma grande evolução, um ciclo de dez mil anos, não no
sentido do progresso, mas no da decadência, terminados os quais, chegado o grande ano do mundo, tudo
recomeça de novo. É a clássica concepção grega do eterno retorno, conexa ao clássico dualismo grego,
que domina também a grande concepção platônica.

ARISTÓTELES DE ESTAGIRA

Nascido em Estagira, na Macedônia, Aristóteles (384-322 a.C.), foi um dos mais importantes
filósofos gregos de Antiguidade. Desempenhou extraordinário papel na organização do saber grego,
acrescentando-lhe sua genial contribuição, que influenciou decisivamente, a história do pensamento
ocidental.
Filho de Nicômaco, médico do rei da Macedônia, herdou do pai o interesse pelas ciências naturais.
Aos dezoito anos foi para Atenas e ingressou na Academia de Platão, onde permaneceu cerca de vinte
anos.
Com a morte de Platão, a destacada competência de Aristóteles o qualificava para assumir a
direção da Academia. Seu nome foi preterido por ser considerado estrangeiro pelos atenienses.
Decepcionado com o episódio deixou a Academia Assos, na Mísia, Ásia Menor, onde permaneceu até
345aC. Foi convidado por Felipe II, rei da Macedônia para ser professor de seu filho Alexandre. O
relacionamento de Aristóteles e Alexandre foi interrompido quando este assumiu a direção do Império
Macedônico, 340 a.C.
Por volta de 335 a.C. Aristóteles regressou a Aténs, fundando sua própria escola filosófica que
passou a ser conhecida como Liceu, em homenagem ao deus Apolo Lício. Em 323 a.C. Após a morte de
Alexandre, os sentimentos antimacedônicos ganharam grande intensidade em Atenas. Devido a sua
notória ligação co a corte macedônica, Aristóteles passou a ser perseguido, foi então que decidiu
abandonar Atenas, dizendo querer evitar que os atenienses “pecassem duas vezes contra a filosofia” (a
primeira vez teria sido com Sócrates).
Apaixonado pela biologia dedicou inúmeros estudos à observação da natureza e à classificação
dos seres vivos. Tendo em vista a elaboração de uma visão cientifica da realidade, desenvolveu a lógica
para servir de ferramenta do raciocínio.
Segundo Aristóteles, a finalidade básica das ciências seria desvendar a constituição essencial dos
seres, procurando defini-la em termos reais. Reconhecia a multiplicidade dos seres percebidos pelos
sentidos. Assim, tudo o que vemos, pagamos, ouvimos e sentimos é aceito como elemento da realidade
sensível.
Rejeitava a teoria das ideias de Platão. Para Aristóteles, a observação da realidade leva-nos à
constatação da existência de inúmeros seres individuais, concretos, mutáveis, que são captados por
nossos sentidos.
Partindo dessa realidade sensorial – empírica- a ciência deve buscar as estruturas essenciais de
cada ser. Em outras palavras, a partir da existência do ser, devemos atingir a sua essência, através de um
processo de conhecimento que caminha do individual e específico para o universal e genérico.
O objeto próprio das ciências é a compreensão própria das ciências é a compreensão do universal,
visando o estabelecimento de definições essenciais, que possam ser utilizadas de modo generalizado. A
Indução (operação mental que vai do particular para o geral) representa, para Aristóteles, o processo
intelectual básico de aquisição de conhecimento. Assim, por exemplo, o conceito escola – ou qualquer
conclusão cientifica sobre esse conceito – foi elaborado tendo como base a observação sistemática das
diferentes instituições às quais se atribui o nome de escola. Dessa maneira, o conceito escola tem sentido
universal porque, reúne em si a estrutura essencial aplicável ao conjunto das múltiplas escolas concretas
existentes no mundo.
Aristóteles propôs uma nova interpretação ontológica, (relativa ao estudo do ser), segundo a qual
em todo ser devemos distinguir:
• O ato – A manifestação atual do ser aquilo que já existe;
• A potência – As possibilidades do ser (capacidade do ser), aquilo que ainda não é, mas
pode vir a ser.
Conforme Aristóteles, o movimento e a transitoriedade ou mudança das coisas se resumem na
passagem das potencia para o ato. Exemplo: a árvore que está sem flores pode tornar-se, com o tempo,
uma árvore florida.
Por outro lado, utilizando ainda o exemplo da arvore, pode acontecer que em virtude de certas
condições climáticas, uma árvore frutífera não venha a dar frutos. Esses casos, Aristóteles classifica como
um acidente. Algo que não ocorre sempre, somente às vezes, por uma casualidade qualquer , a falta de
chuva ou o excesso de calor.
Assim, segundo Aristóteles , devemos distinguir também em todos os seres existentes:
• A substancia – aquilo que é estrutural e essencial do ser.
• O acidente – aquilo que é atributo circunstancial e não essencial do ser.
A substancia corresponde àquilo que mais intimamente o ser é em si mesmo. Os acidentes
pertencem ao ser, mas não são necessários para definir a natureza de cada ser.
A investigação do ato e da potencia do ser depende, no entanto, de alguns esclarecimentos sobre
a causalidade. Isto porque essa passagem da potencia para o ato não se dá ao acaso ela é causada.
Aristóteles emprega o termo causa em sentido bastante amplo, isto é, no sentido de tudo aquilo que
determina a realidade de um ser. distingue, assim quatro tipos de causas fundamentais
• Causa material – refere-se à matéria de que é feita uma coisa. Ex; o mármore utilizado na
confecção de uma estatua;
• Causa formal – refere-se à forma à natureza especifica, à configuração de uma coisa,
tornando-a “um ser propriamente dito”, ex: uma estátua de forma de homem e não de cavalo.
• Causa eficiente – refere-se ao agente que produziu diretamente a coisa. ex:o escultor que
fez a estátua.
• Causa final – refere-se ao objetivo, à intenção, à finalidade ou à razão de ser de uma coisa.
Ex: o escultor tinha como finalidade exaltar a figura do soldado ateniense.
A causa formal está diretamente subordinada à causa final, pois a finalidade de uma coisa
determina o que os seres efetivamente são. A potência, em si mesma. Não é capaz de formalizar o ser em
ato. Para que se dê essa passagem, é preciso a intervenção de um agente transformador, (causa
eficiente), guiado por uma finalidade (causa final).
É pela causa final, em última instancia, que as coisas mudam, determinando a passagem da
potência para o ato.
Para ser feliz, o homem deve viver de acordo com a sua essência, isto é, de acordo com a sua
razão, a sua consciência reflexiva. E, orientando os seus atos para uma conduta ética, a razão o conduzirá
à prática da virtude. Para Aristóteles, a virtude representa a justa medida de equilíbrio entre o excesso e a
falta de um atributo qualquer. Ex: a virtude da prudência é o meio termo entre a precipitação e a
negligencia; a virtude da coragem é o meio termo entre a covardia e a valentia insana; a perseverança é o
meio termo entre a fraqueza de vontade e a vontade obsessiva.

FONTES:

- http://www.brasilescola.com/filosofia/

- http://www.infoescola.com/filosofia

- http://www.mundoeducacao.com/filosofia

- http://www.vestibular1.com.br

- http://www.mundodosfilosofos.com.br

- ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à Filosofia. 4ª edição, São Paulo:


Moderna, 2009

- COTRIM, Gilberto. Fundamentos de filosofia: elementos da história do pensamento, São Paulo: Saraiva.

ATIVIDADES

01. (IFRS) - A filosofia ocidental teve início com os pensadores anteriores a Sócrates, por isso chamados
de pré-socráticos, dos quais a maioria viveu em colônias gregas distantes de Atenas; destes pensadores
pode-se dizer que:
a) Com os pré-socráticos a filosofia se constitui numa ciência particular e não mais no estudo da realidade
total.
b) A mitologia tradicional grega fazia parte das suas doutrinas.
c) Pitágoras e os seus discípulos dedicaram-se ao estudo da política e recusaram a interferência da
matemática no estudo da cosmologia.
d) Heráclito defendeu a ideia de permanência substancial e constante do ser, contra a noção de devir.
e) Os naturalistas da Jônia dedicavam-se, sobretudo ao estudo do cosmo, e muitos deles buscavam o
princípio constitutivo do mundo em algum de seus elementos: ar, água, terra, ou fogo.

02. (sofilosofia.com) - A Filosofia nascente é grega, isto é, surgiu na Grécia no século V antes de Cristo. É
atribuída a Pitágoras a invenção da palavra Filosofia, que é a junção de philos (amor) e sophia
(sabedoria), significando amor à sabedoria. É considerado primeiro filósofo:
a) Anaximandro de Mileto.
b) Parmênides de Eléia.
c) Tales, da Escola de Mileto.
d) Anaxímenes de Mileto.
e) Anaxágoras.

03. (FUNCAB – 2012) O nascimento da reflexão filosófica na Grécia antiga está associado aos
pensadores que antecederam a Sócrates, os chamados pré-socráticos. As questões fundamentais
propostas por esses filósofos são de âmbito eminentemente:
a) moral.
b) político.
c) cosmológico.
d) educacional.
e) religioso.

04. (UFU-MG - modificado) Leia o texto abaixo:


“Afasta o pensamento desse caminho de busca e que o hábito nascido de muitas experiências humanas
não te force, nesse caminho, a usar o olho que não vê, o ouvido que retumba e a língua: mas, com o
pensamento, julga a prova que te foi fornecida com múltiplas refutações. Um só caminho resta ao
discurso: que o ser existe.” REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: filosofia pagã antiga. Tradução de Ivo
Storniolo. São Paulo: Paulus, 2003. p. 35.

Segundo o pensamento do filósofo pré-socrático Parmênides


a) Os sentidos atestam e conduzem à verdade absoluta do ser.
b) O ser é o eterno devir, mas o devir é de alguma maneira regido pelo Logos.
c) O discurso se move por teses e antíteses, pois essas são representações exatas do devir.
d) Quem afirma que “o ser não existe” anda pelo caminho do erro.
e) O devir é movido pelas chamas do fogo.

05. (UEM-PR) O que é um filósofo? É alguém que pratica a filosofia, em outras palavras, que se serve da
razão para tentar pensar o mundo e sua própria vida, a fim de se aproximar da sabedoria ou da felicidade.
E isso se aprende na escola? Tem de ser apreendido, já que ninguém nasce filósofo e já que filosofia é,
antes de mais nada, um trabalho. Tanto melhor, se ele começar na escola. O importante é começar, e não
parar mais. Nunca é cedo demais nem tarde demais para filosofar, dizia Epicuro [...]. Digamos que só é
tarde demais quando já não é possível pensar de modo algum. Pode acontecer. Mais um motivo para
filosofar sem mais tardar”. (COMPTESPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Apud ARANHA, Maria Lúcia de Arruda;
MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. revista. São Paulo: Ed. Moderna, 2009. p.15) .

A partir dessas considerações, assinale o que for correto


a) A filosofia é uma atividade que segue a via pedagógica de uma prática escolar, já que não pode ser
apreendida fora da escola.
b) O enunciado relaciona a filosofia com o ato de pensar.
c) O enunciado contradiz a motivação filosófica contida na seguinte afirmativa de Aristóteles: “Todos os
homens têm, por natureza, desejo de conhecer”.
d) Para André Compte-Sponville, quanto antes e com mais intensidade nos dedicarmos à filosofia, mais
cedo estaremos livres dela, pois todo assunto se esgota.
e) A citação do texto afirma que sempre é tarde para começar a filosofar, razão pela qual a filosofia é uma
prática da maturidade científica e o coroamento das ciências.

06. (Ueap) ...que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda da Persuasão (porque acompanha a
Verdade); o outro diz que não é e que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma vereda em que
nada se pode aprender. De fato, não poderias conhecer o que não é, porque tal não é fatível./ nem poderia
expressá-lo. (NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. Editora Globo, 2005.)

O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo?


a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o mundo sensível e o inteligível.
b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre pensamento e realidade.
c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio de todas as coisas.
d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar,
ser e conhecimento.
e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é.

07. (IFRS) Os filósofos pré-socráticos lançaram questões centrais sobre o problema do ser, do conhecer e
da origem da natureza, do universo. Parmênides e Heráclito são duas referências importantes nesse início
da filosofia ocidental que ocorreu na Grécia Antiga entre os séc. VII e V a.C. Qual é a principal diferença
na forma de pensar entre Heráclito e Parmênides?
a) Heráclito é dialético e Parmênides é analítico;
b) Heráclito é platônico e Parmênides é aristotélico;
c) Heráclito diz que os sentidos enganam e Parmênides valoriza os sentidos;
d) Heráclito considera que tudo na natureza se transforma, pois todas as coisas estão em constante
movimento e, portanto, conhecer é captar a mudança contínua. Já Parmênides concebe que conhecer é
alcançar o idêntico, imutável;
e) Para Heráclito ninguém consegue se banhar duas vezes no mesmo rio e para Parmênides todos "os
banhos" são iguais.

08. (sofilosofia.com - modificado) A Filosofia nascente é grega, isto é, surgiu na Grécia no século V antes
de Cristo. É atribuída a Pitágoras a invenção da palavra Filosofia, que é a junção de philos (amor) e sophia
(sabedoria), significando amor à sabedoria. É considerado primeiro filósofo:
a) O próprio Pitágoras, já que foi ele quem criou o nome Filosofia.
b) Parmênides de Eléia.
c) Tales de Mileto.
d) Aristóteles.
e) Sócrates.

09. (UEL-PR) - “Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um
princípio originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água.
Essa proposta é importantíssima... podendo com boa dose de razão ser qualificada como a primeira
proposta filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.” (REALE, Giovanni. História da filosofia:
Antigüidade e Idade Média.São Paulo: Paulus, 1990. p. 29.)

A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filósofos foram os chamados pré-socráticos.
De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles investigado.
a) A ética, enquanto investigação racional do agir humano.
b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.
c) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos.
d) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo.
e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua legislação.

10. (UEL-PR) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está ordenado. Os deuses disputaram
entre si, alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do
Tártaro ou para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? Quem são eles?”
(VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras,
2000. p. 56.)

O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o mito pode ser uma forma de
conhecimento, assinale a alternativa correta.
a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de comprovação.
b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-analítico para estabelecer suas
verdades.
c) As explicações míticas constroem-se, de maneira argumentativa e autocrítica.
d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo, e sua verdade independe de
provas.
e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento racional, tais como a lei de não-
contradição.

11.(UEL – 2003) Leia o texto, que se refere à ideia de cidade justa de Platão.
“Como a temperança, também a justiça é uma virtude comum a toda a cidade. Quando cada uma
das classes exerce a sua função própria, ‘aquela para a qual a sua natureza é a mais adequada’, a cidade
é justa. Esta distribuição de tarefas e competências resulta do fato de que cada um de nós não nasceu
igual ao outro e, assim, cada um contribui com a sua parte para a satisfação das necessidades da vida
individual e coletiva. (...) Justiça é, portanto, no indivíduo, a harmonia das partes da alma sob o domínio
superior da razão; no estado, é a harmonia e a concórdia das classes da cidade.” (PIRES,
Celestino. Convivência política e noção tradicional de justiça. In: BRITO, Adriano N. de; HECK, José N. (Orgs.). Ética e
política. Goiânia: Editora da UFG, 1997. p. 23.)

Sobre a cidade justa na concepção de Platão, é correto afirmar:


a) Nela todos satisfazem suas necessidades mínimas, e inexistem funções como as de governantes,
legisladores e juízes.
b) É governada pelos filósofos, protegida pelos guerreiros e mantida pelos produtores econômicos, todos
cumprindo sua função própria.
c) Seus habitantes desejam a posse ilimitada de riquezas, como terras e metais preciosos.
d) Ela tem como principal objetivo fazer a guerra com seus vizinhos para ampliar suas posses através da
conquista.
e) Ela ambiciona o luxo desmedido e está cheia de objetos supérfluos, tais como perfumes, incensos,
iguarias, guloseimas, ouro, marfim, etc.

12. (UEL – 2005)


“- Mas a cidade pareceu-nos justa, quando existiam dentro dela três espécies de naturezas, que
executavam cada uma a tarefa que lhe era própria; e, por sua vez, temperante, corajosa e sábia, devido a
outras disposições e qualidades dessas mesmas espécies.
- É verdade.
- “Logo, meu amigo, entenderemos que o indivíduo, que tiver na sua alma estas mesmas espécies,
merece bem, devido a essas mesmas qualidades, ser tratado pelos mesmos nomes que a cidade”.
(PLATÃO. A república. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7 ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. p. 190.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a justiça em Platão, é correto afirmar:
a) As pessoas justas agem movidas por interesses ou por benefícios pessoais, havendo a possibilidade de
ficarem invisíveis aos olhos dos outros.
b) A justiça consiste em dar a cada indivíduo aquilo que lhe é de direito, conforme o princípio universal de
igualdade entre todos os seres humanos, homens e mulheres.
c) A verdadeira justiça corresponde ao poder do mais forte, o qual, quando ocupa cargos políticos, faz as
leis de acordo com os seus interesses e pune a quem lhe desobedece.
d) A justiça deve ser vista como uma virtude que tem sua origem na alma, isto é, deve habitar o interior do
homem, sendo independente das circunstâncias externas.
e) Ser justo equivale a pagar dívidas contraídas e restituir aos demais aquilo que se tomou emprestado,
atitudes que garantem uma velhice feliz.

13. (Uncisal 2012) No contexto da Filosofia Clássica, Platão e Aristóteles possuem lugar de destaque.
Suas concepções, que se opõem, mas não se excluem, são amplamente estudadas e debatidas devido à
influência que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento ocidental. Todavia é necessário salientar
que o produto dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição filosófica que remonta a
Parmênides e Heráclito e que influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os racionalistas,
empiristas, Kant e Hegel.
Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas opções abaixo aquela que se identifica
corretamente com suas concepções.
a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível X mundo inteligível) se opõe radicalmente as concepções de
caráter empírico defendidas por Platão.
b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e pragmatismo, afastando-se do misticismo e de
conceitos transcendentais.
c) Segundo Platão a verdade é obtida a partir da observação das coisas, por meio da valorização do
conhecimento sensível.
d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento sensível são ilusórios.
e) As concepções platônicas negam veementemente a validade do Inatismo.

14. (Uenp 2011) Platão foi um dos filósofos que mais influenciaram a cultura ocidental. Para ele, a filosofia
tem um fim prático e é capaz de resolver os grandes problemas da vida. Considera a alma humana
prisioneira do corpo, vivendo como se fosse um peregrino em busca do caminho de casa. Para tanto,
deveria transpor os limites do corpo e contemplar o inteligível. Assinale a alternativa correta.
a) A teoria das ideias não pode ser considerada uma chave de leitura aplicável a todo pensamento
platônico.
b) Como Sócrates, Platão desenvolveu uma ética racionalista que desconsiderava a vontade como
elemento fundamental entre os motivadores da ação. Ele acreditava que o conhecimento do bem era
suficiente para motivar a conduta de acordo com essa ideia (agir bem).
c) Platão propõe um modelo de organização política da sociedade que pode ser considerado estamental e
antidemocrático. Para ele, o governo não deveria se pautar pelo princípio da maioria. As almas têm
natureza diversa, de acordo com sua composição, isso faz com que os homens devam ser distribuídos de
acordo com essa natureza, divididos em grupos encarregados do governo, do controle e do abastecimento
da polis.
d) Platão chamava o conhecimento da verdade de doxa e o contrapõe a uma outra forma de conhecimento
(inferior) denominada episteme.
e) Para Platão, a essência das coisas é dada a partir da análise de suas causas material e final.

15. (Uncisal 2011) Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates ficou famoso por interpelar os transeuntes e fazer
perguntas aos que se achavam conhecedores de determinado assunto. Mas durante o diálogo, Sócrates
colocava o interlocutor em situação delicada, levando-o a reconhecer sua própria ignorância. Em virtude
de sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à morte sob a acusação de corromper a juventude,
desobedecer às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos. Considerando essas informações
sobre a vida de Sócrates, assim como a forma pela qual seu pensamento foi transmitido, pode-se afirmar
que sua filosofia
a) transmitia conhecimentos de natureza científica.
b) baseava-se em uma contemplação passiva da realidade.
c) transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma escrita entre a população ateniense.
d) ficou consagrada sob a forma de diálogos, posteriormente redigidos pelo filósofo Platão.
e) procurava transmitir às pessoas conhecimentos de natureza mitológica.

16. (ENEM-2013) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e
esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais
nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes
atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos
como felicidade. ARISTOTELES. A Política. São Paulo: Cia das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
b) plenitude espiritual e ascese pessoal.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.

17. (UEL-PR) “Toda cidade [polis], portanto, existe naturalmente, da mesma forma que as primeiras
comunidades; aquela é o estágio final destas, pois a natureza de uma coisa é seu estágio final. (...) Estas
considerações deixam claro que a cidade é uma criação natural, e que o homem é por natureza um animal
social, e um homem que por natureza, e não por mero acidente, não fizesse parte de cidade alguma, seria
desprezível ou estaria acima da humanidade.” (ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Trad. De Mário da Gama Kuri. Brasília:
Ed. Universidade de Brasília, 1997. p. 15.)
De acordo com o texto de Aristóteles, é correto afirmar que a polis:
a) É instituída por uma convenção entre os homens.
b) Existe por natureza e é da natureza humana buscar a vida em sociedade.
c) Passa a existir por um ato de vontade dos deuses, alheia à vontade humana.
d) É estabelecida pela vontade arbitrária de um déspota.
e) É fundada na razão, que estabelece as leis que a ordenam.

18. (UFU-MG) Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser segundo a potência e o ato”, indicam-
se dois modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos. Aristóteles, de fato, chama o ser da
potência até mesmo de não-ser, no sentido de que, com relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-
ser-em-ato. REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio de Lima Vaz e Marcelo Perine.
São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.

A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles,
assinale a alternativa correta.
a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em algo diferente dele
mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua (ser-em-potência).
b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o movimento percebido no mundo sensível. Tudo
o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de assumir ou receber uma forma diferente de si),
que tende a se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma).
c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento
verificado no mundo material é apenas ilusório, e o que existe é sempre imutável e imóvel.
d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível (das coisas materiais) e a potência se encontra
tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o intelecto.
e) Aristóteles acredita que o ser-em-ato pode ser transformado em ser-em-potência através das virtudes
dos seres e das substâncias encontradas no acidente.

19. (Uncisal 2012) No contexto da Filosofia Clássica, Platão e Aristóteles possuem lugar de destaque.
Suas concepções, que se opõem, mas não se excluem, são amplamente estudadas e debatidas devido à
influência que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento ocidental. Todavia é necessário salientar
que o produto dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição filosófica que remonta a
Parmênides e Heráclito e que influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os racionalistas,
empiristas, Kant e Hegel.
Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas opções abaixo aquela que se identifica
corretamente com suas concepções.
a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível X mundo inteligível) se opõe radicalmente as concepções de
caráter empírico defendidas por Platão.
b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e pragmatismo, afastando-se do misticismo e de
conceitos transcendentais.
c) Segundo Platão a verdade é obtida a partir da observação das coisas, por meio da valorização do
conhecimento sensível.
d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento sensível são ilusórios.
e) As concepções platônicas negam veementemente a validade do Inatismo.

20.(UEL-PR) Leia o texto a seguir.


A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa mediania, isto é,
a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de
sabedoria prática. (Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
Livro II, p. 273.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada ética em Aristóteles, pode-se dizer que a virtude
ética:
a) reside no meio termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a falta.
b) implica na escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na falta.
c) consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o excesso ou a falta.
d) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências pragmáticas.
e) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é que nos torna mais
perfeitos.

GABARITO

01 – E
02 – C
03 – C
04 – D
05 – B
06 – D
07 – D
08 – C
09 – D
10 – D
11 – B
12 – D
13 – D
14 – C
15 – D
16 – C
17 – B
18 – B
19 – D
20 – A

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