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Atividade – Introdução à Filosofia

Pedro Henrique Vieira Fernandes

1. Comente algumas características do surgimento da filosofia ocidental?


Resposta:
Segundo alguns historiadores, a Filosofia haveria nascido no século VI a.C. com o
filósofo Tales de Mileto na Jônia, em um momento caracterizado pela saída de um
pensamento mitológico ou religioso para o estudo e observação científica do primeiro objeto
de estudo da Filosofia antiga, isto é, a physis ou natureza. Dessa forma, não há um consenso
para declarar o motivo pelo qual a Grécia foi a nação onde surgiu essa preciosidade que é a
Filosofia, porém existem alguns pares de teses que tentam explicar o porquê da mudança
entre atribuir acontecimentos naturais à deuses, como por exemplo os raios a Zeus, para
buscar respostas no conhecimento científico, ou melhor, na episteme.
A princípio, o primeiro par de tese evidencia um pensamento sobre a controvérsia entre
o milagre grego e a influência do orientalismo, como princípio da Filosofia. Em vista disso,
não se pode negar que houve uma influência da cultura oriental no surgimento da filosofia
grega, tendo em vista que, houve um desenvolvimento científico considerável na Babilônia
com a astrologia e no Egito com a medicina e a matemática, os quais tiveram um contato
próximo com os gregos, tanto no âmbito comercial, quanto no campo da política.
Entretanto, também não se pode depreciar a filosofia como um milagre grego, pois houve
uma influência considerável da episteme descoberta na Grécia, visto que até a atualidade se
há reverberações imensuráveis, nos campos da política, ciência, estética etc. Portanto, há de
se considerar esse valor inexpressível do milagre grego não como origem espontânea e
natural, mas como consequência de oportunidades ofertadas naquela época, principalmente
em relação aos orientais.
Em seguida, o segundo par de tese compreende uma visão discrepante entre uma
harmonia perfeita sustentado por Goethe e o dilaceramento desenfreado compreendido por
Rousseau e Nietzche. Sendo assim, essa tese tentará explicar a existência do ilustre milagre
grego, ora fruto de uma consonância perfeita entre os contrários, como se os ocidentais
haviam conseguido encontrar o equilíbrio das coisas, por isso teve a capacidade de criar a
Filosofia. Todavia, segundo Rousseau compreende que esse milagre grego não surgiu de
uma harmonia existencial, pelo contrário, foi a luta incessante dos opostos, de embates de
ideias controversas, que tornou capaz a Filosofia ser gerada entre os gregos. Além disso,
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seguindo no mesmo contexto, Nietzche diz que os gregos somente tiveram essa capacidade
porque tiveram a coragem e a braveza de aprofundar-se nessas controvérsias existentes no
mundo, não um mundo harmônico e belo, mas um lugar tenebroso. Dessa maneira, é
verídico dizer que houve um dilaceramento, mas também uma harmonia, pois não há
consonância sem a dissonância.
Por fim, temos a última discussão que perscruta a conexão entre a Filosofia e o mito,
indagando sobre a existência de uma suposta continuação em relação a esses dois aspectos.
Diante disso, necessita-se de uma análise aprofundada sobre a função da mitologia, que vai
muito além do que narrar histórias fantasiosas, visto que, não necessariamente o que é
narrado se torna irreal ou mentiroso, pelo contrário, muitos mitos contam uma história que
expressa uma realidade vigente, como por exemplo os primeiros capítulos do gênesis,
expressando pela visão mítica a ação criadora de Deus e denunciando ações más do ser
humano. Entretanto, o mito com o tempo tornou-se insuficiente, porque já não conseguiam
responder as dúvidas existentes, como ocorreram com os gregos, que ao tentarem responder
os eventos naturais com as histórias divinas viram que não havia respostas suficientes para
tais acontecimentos, surgindo a partir disso o conhecimento científico, que tinha
compromisso com a verdade propriamente dito, contrariando o mito.

2. Por que não se formou entre os gregos a oposição que hoje existe entre filosofia e
ciência?
Resposta:
Os gregos buscavam explicar os acontecimentos naturais a partir dos mitos (Doxa) e, com
o tempo não encontrando respostas satisfatórias para isso, passaram à busca do princípio de
todas as coisas na “physis”(Episteme), ou seja, na natureza, considerando-os como filósofos
fisiológicos. Nesse contexto, a ciência enquanto estudo da natureza e a filosofia enquanto
uso da razão para responder as dúvidas da época, estavam pois em simultaneidade, não
havendo separação entre esses conceitos. Portanto, os gregos não se contentaram com as
narrativas míticas, atribuídas aos deuses, nas quais não se podiam modificar ou duvidar, era
o que era. Porém, com o surgimento da Filosofia deu-se início aos questionamentos, donde
surgiu a ciência, como método de busca da verdade.
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3. O que é arché? Qual arché para Tales, Anaximandro e Anaxímenes?


Resposta:
A palavra arché significa origem. Os filósofos pré-socráticos procuraram a arché de todas
as coisas não mais nos mitos, como seus antecessores fizeram, mas eles tentaram encontrar
a origem de todas as coisas na “physis”, isto é, na natureza. Dessa forma, alguns filósofos
atribuíram elementos da natureza como o gerador de todas as coisas criadas. São estes os
pensadores e suas respectivas teses:
• Tales de Mileto: Compreendia que “tudo era água”, ou seja, a arché para ele era esse
elemento natural. Ele chegou a essa conclusão a partir de estudos empíricos, nos
quais observou que com a seca de uma parte do rio Nilo nesse local não havia vida,
mas quando o rio enchia e essa parte era coberta por água, começara a surgir as
plantas e outros seres vivos.
• Anaximandro: Afirmava que o “Àpeiron”(Ilimitado) era o princípio de todas as
coisas, e essas eram geradas a partir de um conflito incessante entre os elementos
contidos nessa natureza infinita. Além disso, há quatro características importantes
para o “àpeiron”, são elas: 1) Ilimitado; 2) Atemporal; 3) Imortal; 4) Indefinido.
• Anaxímenes: Concordando com seu companheiro Anaximandro, afirmava que a
arché de tudo era una e infinita, porém não era indefinida, pois ele acreditava que o
ar era esse princípio. Além do mais, sua natureza substancial era modificada a partir
da rarefação e da densidade, aos quais tornavam o ar substancialmente diferente, mas
não essencialmente, apreendendo que tudo continha ar.

4. Qual a posição de Platão em relação aos sofistas?


Resposta:
Platão não simpatizava com os sofistas, pois todos eles eram charlatões que não ensinavam
o verdadeiro conhecimento (episteme), mas ludibriava e persuadia seus educandos com suas
visões próprias (doxa) sobre determinados assuntos, como também apresentava
conhecimentos a partir de pontos de vistas selecionados e não a episteme pura, livre de
opiniões. Além do mais, vale ressaltar que na Grécia antiga a política era dominada por
esses homens que sabiam utilizar-se da retórica para conquistar a população, por isso Platão
percebeu tal perigo e denunciou tais atos maldosos.

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