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SEMINÁRIO DIOCESANO SÃO JOÃO MARIA VIANNEY

SEMINÁRIO PROPEDÊUTICO SÃO JOSÉ


CENTRO DE ESTUDOS ACADÊMICOS
CURSO: PROPEDÊUTICO
DISCIPLINA: CATECISMO
PE. DANILO CÉSAR

PEDRO HENRIQUE VIEIRA FERNANDES

DE QUE MANEIRA O ENSINAMENTO DO CIC


SOBRE A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO ME ENSINA A REZAR MELHOR?

CAMPINA GRANDE – PB
2022.2
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Introdução

Inicialmente, vale ressaltar a existência de inúmeros métodos e formas de orações as


quais encontram-se a nossa disposição, cumprindo pois a necessidade do homem em se
comunicar com Deus e a Ele suplicar suas necessidades. No entanto, todas elas devem e
necessitam possuir um fundamento essencial que às dará início, isto é a oração do Pai-Nosso.
Dessa maneira, o primeiro ensinamento que o Catecismo irá nos apresentar, é justamente
colocar a oração do Senhor como princípio de toda e qualquer súplica dirigida a Deus, já que
ela é a oração mais perfeita e modelo de todas as outras, como também ela não somente
ensina a como pedir, mas também põe ordem em todos os afetos e paixões do homem. (Cf.
CIC 2761; 2763).
Ao suplicar de forma introdutória o termo “Pai Nosso”, Jesus quis expor a comunhão
entre todos os orantes quando elevam suas intenções ao Pai, uma vez que Ele não diz “Meu
Pai”, individualizando a relação, mas pelo contrário, reflete a unidade que Ele mesmo pregou
e que a Igreja, como corpo místico d’Ele, a mantém até os tempos atuais. Em outras palavras,
Jesus ensina-nos a estarmos unidos em um só coração (Cf. CIC 2768), para chegarmos juntos
ao céu, a morada celeste que nos foi preparada.
Assim, o Senhor convida a todos a chamar Deus de Pai, porém como um ser mortal e
pecador teria a capacidade de possui tamanha intimidade? Sem dúvidas isso somente é
possível pela graça provinda d’Ele mesmo, que em sua misericórdia quer manter seu contato
com o homem miserável a quem tanto ama. Esse termo (“Pai”) é, antes de tudo, uma adoração
direcionada a Deus, pois nisso a Glória de Deus se torna manifesta e o consideramos como
Deus verdadeiro (Cf. CIC 2781). Logo, esta é uma oração de humildade e esperança, tendo
em vista que nos inferimos pequenos diante da graça do Pai e, sobretudo, esperançoso
n’Aquele que tudo pode e há de vir no fim dos tempos.
Além do mais, recebemos a adoção de filhos por Cristo, a qual essa mesma filiação
deve gerar em nós duas movimentações imprescindíveis: “O desejo e a vontade de nos
assemelharmos a Ele” (Cf. CIC 2784). Ou seja, sendo considerados filhos de Deus,
precisamos nos comportar como tal, excluindo integralmente o pecado de nossas vidas.
Seguindo com a oração, ver-se outra prerrogativa que afirma de certo modo o local
onde Deus habita – “Que estais no céu”. Com efeito, é evidente que isso não significa a
localização de onde está Deus, mas sim a sua majestade, que habita para longe de toda e
qualquer concepção humana. Diz Santo Agostinho sobre essas palavras dirigidas a Deus que –
“provém do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também
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aquele que a reza desejará que em si, more aquele a quem invoca” 1. Em outras palavras, ao
clamar que Deus está no céu, também pedimos que habite em nossos corações, uma vez que
eles devam estar purificados de toda malícia e pecado. Isso também nos ensina a
compreendermos nossa essência eterna, de provocar-nos a viver não somente na imanência da
vida puramente material e física, mas na esperança de uma vida futura com o nosso Deus.

Os sete pedidos

Na versão apresentada pelo evangelista São Mateus, são no total sete (7) pedidos ou
súplicas que Jesus dirige ao Pai, o que significa a plenitude, ou seja, tudo aquilo que o homem
necessita em sua vida terrena. Além disso, há uma divisão entre eles, sendo que os três
primeiros têm por objetivo a perfeita glorificação de Deus: Santificado seja o Vosso Nome;
venha a nós ao Vosso Reino; Seja feita a Vossa vontade. Em seguida, os demais pedidos são
direcionados à vida humana, “para nutri-la ou para curá-la do pecado, e se relacionam como
nosso combate visando à vitória do bem sobre o mal”. (Cf. CIC).
Inicialmente, pedimos que o nome de Deus seja santificado. Com efeito, isso não
significa que nós, meros humanos, somos capazes de santificar Deus, pelo contrário, o único
que tem esse poder é Ele e mais ninguém. Todavia, ao pronunciar tais palavras nos tornamos
participantes do seu plano de Salvação, isto é a nossa santificação, pois ao pedir que o seu
nome seja santificado, suplicamos sobretudo que nossa vida seja santa e coerente com o
evangelho, para assim o nome d’Ele, por nosso testemunho, seja santificado em nós. Porém,
se vivermos uma vida de pecado e imersos na maldade, blasfemaremos o nome santo de Deus,
e, sendo assim, que nossas ações sejam somente e puramente para prestar insondáveis
louvores à Deus, para que seu nome seja glorificado em nossas vidas.
Em seguida, suplicamos que Deus venha ao seu Reino, no qual vivemos. Nesse caso,
é essencialmente referenciado a segunda vinda de Jesus, na qual Deus reinará em nossas vidas
eternamente, pelos séculos sem fim. Não obstante, mesmo sendo este um pedido de esperança
em uma vida futura com Cristo, isso não ofusca ou distorce a missão da Igreja no mundo,
antes a mantém ainda mais firme e diligente. Logo, esse pedido deve ser incessante em nossas
tribulações, para que Cristo reine nesse mundo pecador e transgressor, apelando todos os dias
– “Deus meu, vem socorrer-me depressa” (Cf. Sl 71).
Concluindo a primeira parte dos pedidos, rezamos que a vontade do Pai seja cumprida
tanto na terra quanto no céu, isto significa que as nossas vontades e sonhos devem se unir
1
Santo Agostinho, De sermone Domini in monte, 2, 5, 18: CCL 35, 108-109 (PL 34, 1277).
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perfeitamente as de Cristo, para que assim sejamos salvos, cumprindo aquilo que Ele deseja
para cada um de nós em particular.
No quarto pedido, ao pedir o pão de cada dia, reconhecemos a bondade de Deus que
nos cumula de inúmeras graças cotidianas, as quais servem para a nossa subsistência nesse
mundo material. Assim, oramos para que em comunhão com todos, principalmente os mais
necessitados e sofridos, supliquemos ao Pai “o alimento necessário à vida, todos os bens
convenientes, materiais e espirituais” (Cf. CIC 2828). Além disso, esse pão de cada dia é fruto
também do trabalho humano, pois nada “cai do céu”, assim como dizia Santo Inácio de
Loyola - “devemos rezar como se tudo dependesse de Deus e agir como se tudo dependesse
de nós”. Não somente o pão material é pedido, mas também o pão do céu, a eucaristia, que é o
alimento celeste para os fiéis.
O quinto pedido tem uma condição para ser cumprido, visto que antes de sermos
perdoados por Deus, devemos antes perdoar os nossos irmãos, uma vez que não estaremos
abertos para receber a misericórdia d’Ele caso estejamos com um “coração de pedra”,
impelido por mágoas. Dessa maneira, precisamos com a ajuda e o exemplo de Cristo (Cf. CIC
2862), perdoar até mesmo os nossos inimigos, porque a lógica de Deus supera a do homem.
Na penúltima súplica, rezamos que Deus nos dê a graça de caminharmos nos trilhos
que levam à vida e não naqueles que terminam no pecado e na desgraça. Ademais, pedimos
ainda duas coisas importantíssimas para vencer as tentações, isto é o espírito de discernimento
e a virtude da fortaleza, que juntos nos permitem está sempre vigilante para o dia em que
Cristo voltar, haja vista que nunca seremos tentados acima de nossas forças, pois Deus antes
mesmos de sermos tentados, Ele já derrama a sua graça para vencermos às tentações.
Por último, completando a oração, pedimos que Jesus reine sobre o maligno, aquele
que está a todo momento perturbando a humanidade para cair no pecado e na morte. Afinal,
quem sempre permanece com Deus não deve pois temer o diabo, já que “Se Deus é por nós,
quem será contra nós?” (Cf. Rm 8, 31).
Sendo assim, terminada a oração, pedimos com um “Amém”, a realização de todos
estes pedidos.
Por fim, todos estes ensinamentos nos ajudam a rezarmos melhor, haja vista que
conhecemos tudo aquilo que é necessário para a vida humana e, por assim dizer, sabemos o
que de fato suplicar a Deus, tendo esta oração como fundamento de todas as outras.

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