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ESCOLA VIVENCIAL DO GED DE PIRACICABA – 2021

A ORAÇÃO DO SENHOR

17/Maio/2021

Introdução ao Pai Nosso -: No Evangelho de Lucas (Lc 11, 1) um dos discípulos de


Jesus pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos seus
discípulos”. É em resposta a este pedido que Jesus confia aos seus discípulos e à
sua Igreja a oração cristã fundamental. O Evangelho de Lucas traz um texto
abreviado de cinco pedidos (Lc 11, 2-4) e o Evangelho de Mateus uma versão mais
desenvolvida, de sete pedidos (Mt 6, 9-13). A tradição litúrgica da Igreja conservou
o texto de São Mateus. Bem cedo, o uso litúrgico concluiu a Oração do Senhor com
uma doxologia: “Pois vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre”, oriunda do
Didaqué (8, 2).

“Pai Nosso” -: Antes de fazermos esta primeira invocação, convém purificar o nosso
coração das imagens deste mundo. A humildade nos faz reconhecer que “ninguém
conhece o Pai a não ser o Filho, e àqueles a quem o Filho o quiser revelar” isto é,
aos pequeninos (Mt 11, 25-27). Podemos invocar a Deus como Pai porque Ele nos
foi revelado pelo Filho. Quando rezamos ao Pai, estamos em comunhão com Ele e
com o Filho, Jesus Cristo. Quando dizemos “Pai nosso” reconhecemos que todas
as promessas anunciadas por Deus através de seus profetas se cumprem na nova
e terna Aliança em Cristo: nós nos tornamos “seu” povo e Ele é “nosso” Deus; por
conseguinte, “nosso” Pai.

“Que estais no céu” -: o “céu” não é um lugar, mas um estado da alma. Não
significa, pois, um afastamento de Deus, mas sua realidade. Nosso Pai não está em
outro lugar, mas sim no coração humilde e contrito. O céu, a casa do Pai, é portanto
a nossa “casa”.

“Santificado seja o vosso Nome” -: Iniciamos com esta frase os nossos sete pedidos
a Deus Pai. Quem poderia santificar a Deus, já que Ele mesmo é quem santifica?
Mas, inspirando-nos nesta frase: “Sede santos, porque eu sou Santo” (Lev 20,
26) pedimos que, santificados pelo Batismo, perseveremos naquilo que começamos
a ser. E devemos pedir todos os dias, porque pecamos todos os dias. Recorremos
então a este pedido, para que a santidade de Deus Pai permaneça entre nós.

“Venha a nós o vosso Reino” -: O Reino de Deus, que existia antes da humanidade,
aproximou-se de nós em Jesus Cristo e veio na sua morte e Ressurreição. O Reino
de Deus chegou a nós desde a instituição da Eucaristia e, portanto, está já no meio
de nós. O Reino de Deus pode também significar Jesus Cristo em pessoa, a quem
invocamos por nossas súplicas e cuja vinda sempre esperamos. Assim como Jesus
é a nossa esperança de ressurreição, assim também Ele pode ser o Reino de
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Deus, pois com Ele nós também estaremos no Reino. “O Reino de Deus é justiça,
paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 7).

“Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu” -: É vontade de Deus “que
todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2, 3-
4). Deus nos deu o conhecimento de sua vontade, que é “a de em Cristo encabeçar
todas as coisas” (Ef 1, 10). Em Cristo, e por sua vontade humana, a vontade do Pai
foi realizada completa e perfeitamente, e de uma vez por todas. Na oração de sua
agonia, Jesus consente totalmente com esta vontade: “Não seja feita a minha
vontade, mas a tua” (Lc 22, 42). Jesus, “embora fosse Filho, aprendeu a obediência
pelo sofrimento” (Hb 5, 8). Com maior razão nós, criaturas e pecadores, pedimos ao
Pai que una nossa vontade à sua.

“O pão nosso de cada dia nos dai hoje” -: Jesus nos ensina que é verdadeira a
nossa esperança no Pai, que tudo concede aos seus filhos. O Pai, que nos deu a
vida, não deixa de nos dar o alimento necessário à vida. Por isso, a Terra está
plena de alimentos até mesmo mais que suficientes para todas as suas criaturas.
Se você tem o pão de cada dia, agradeça a Deus Pai pela sua bondade. Se alguém
passa fome, não é por culpa de Deus e sim por culpa dos seres humanos, daqueles
que não cumprem a sua vontade. O drama da fome no mundo convoca os cristãos
para uma responsabilidade efetiva em relação a seus irmãos mais necessitados.
Este pedido da Oração do Senhor não pode ser isolado das parábolas do pobre
Lázaro e do Juízo Final. E para finalizar este pedido, é da maior importância
lembrar que a Eucaristia é o nosso pão cotidiano. A maior virtude deste alimento
espiritual é a força que nos une ao Corpo de Cristo e nos faz seus membros. Que
nunca falte a Eucaristia entre nós é também o significado deste pedido.

“Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos tem
ofendido” -: É um pedido surpreendente. Se fosse apenas pela primeira frase, ela
poderia ser incluída nos três primeiros pedidos, pois o sacrifício de Jesus é para a
remissão dos pecados. Mas, de acordo com a segunda frase do pedido, não
seremos atendidos, a não ser que tenhamos antes correspondido à exigência de
também perdoarmos àqueles que nos ofenderam. Neste novo pedido completo, nós
nos voltamos a Deus Pai como o filho pródigo, e nos reconhecemos pecadores.
Nosso pedido começa com uma “confissão” onde declaramos, ao mesmo tempo,
nossa miséria humana e nossa esperança na bondade do Pai. E encontramos,
então, o sinal da misericórdia de Deus e de seu perdão nos Sacramentos da Igreja.
As palavras do Senhor Jesus sobre o perdão são diretas e assim, vão diretamente
ao coração de todos os que se dizem cristãos. A parábola do servo desumano, que
foi perdoado mas não perdoou e por isso foi condenado, nos ensina que “Eis como
meu Pai celeste agirá convosco, se cada um de vós não perdoar, de coração, ao
seu irmão” (Mt 18, 35).

“Não nos deixeis cair em tentação” -: Nossos pecados são frutos do nosso
consentimento na tentação. Pedimos ao Pai que não nos deixe cair nela. Este
pedido implora ao Espírito os dons de discernimento (inteligência) e de fortaleza.
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Não cair em tentação envolve uma decisão do coração. “Onde está o seu tesouro,
aí estará também o seu coração” (Mt 6, 21). Assim, São Paulo nos lembra
que “Deus é fiel; não permitirá que sejais tentados acima de vossas forças” (1Cor
10, 13). O nosso combate contra a tentação só será vencedor através da oração
confiante.

“Mas livrai-nos do mal” -: O último pedido da Oração do Senhor diz respeito a cada
um de nós pessoalmente, mas somos sempre “nós” que rezamos, em comunhão
com toda a Igreja. Neste pedido, o catecismo da Igreja nos ensina que o Mal é
Satanás em pessoa, o diabo (Dia-bolos, aquele que “se atravessa no meio”). Foi
por ele que o pecado e a morte entraram no mundo. Pedimos então que Deus Pai
nos liberte de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais o diabo é o
instigador. Por isso, a Igreja pede a Deus, no santo Sacrifício da missa: “Livrai-nos
de todos os males, Senhor, e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados pela vossa
misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos,
enquanto, vivendo a esperança, aguardamos a vinda do Cristo Salvador”.

A doxologia final -: “Pois vosso é o Reino, o Poder e a Glória”. Cristo restitui assim
ao Pai a Realeza, o Poder e a Glória que lhe são devidos, e que o diabo tentou
assumir.

“Amém” -: É a nossa confissão de esperança e confiança em Deus Pai. “Que assim


seja”.

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