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Doutrinas da

Nossa Fé
Doutrinas da
Nossa Fé

3a Edição Especial

Josué Brandão

Feira de Santana / 2020


Copyright © 2020 por Saber Cristão Edições.

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/2/1998. É expressamente proibida
a reprodução total ou parcial sem a permissão prévia, por escrito.
Essa obra foi escrita originalmente na língua portuguesa.

Coordenação editorial e miolo: Magno Paganelli


Marketing: PRINN Mkt
Capa: Miguel Rodrigues
Revisão: Eliceli Katia Bonan
2ª Edição revisada: 2018

Publicado pela Saber Cristão Edições


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www.josuebrandao.com.br
Sumário

Lição 1: Nova Criatura..............................................................................7


Lição 2: Discípulos de Cristo............................................................13
Lição 3: As Sagradas Escrituras....................................................... 22
Lição 4: O Batismo nas Águas...........................................................32
Lição 5: A Santa Ceia do Senhor.....................................................40
Lição 6: Privilégios da Nova Vida......................................................48
Lição 7: Dízimos e Ofertas..................................................................57
Lição 8: A Pessoa do Espírito Santo................................................66
Lição 9: A Obra do Espírito Santo.................................................74
Lição 10: O Pecado e a Blasfêmia contra o Espírito Santo....82
Lição 11: Conhecendo a Doutrina de Deus..............................90
Lição 12: A Excelência do Conhecimento de Cristo...................100
Lição 13: A Obra de Cristo..................................................................113
Lição 1 NOVA CRIATURA
Leitura Coletiva Efésios 4.17-24:
“17E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais
como andam também os outros gentios, na vaidade da sua
mente. 18Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de
Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração;
19
Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à
dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza. 20Mas
vós não aprendestes assim a Cristo, 21Se é que o tendes ouvido,
e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus; 22Que,
quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se
corrompe pelas concupiscências do engano; 23E vos renoveis no
espírito da vossa mente; 24E vos revistais do novo homem, que
segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“Assim que, se alguém está O novo nascimento é a
em Cristo, nova criatura é; experiência por meio da
as coisas velhas já passa- qual nossa velha natureza é
ram; eis que tudo se fez transformada pelo poder re-
novo” (2Co 5.17). generador do Espírito Santo.
8 Doutrinas da Fé Cristã

Devoção Diária
Domingo: 2 Coríntios 5.17 Quinta-feira: Tito 2.11-14
Segunda-feira: 2 Coríntios 5.18-21 Sexta-feira: Efésios 4.20-24
Terça-feira: João 3.1-8 Sábado: Mateus 11.28-30
Quarta-feira: Tito 3.4-7

Objetivos
— Levar o novo convertido a ter um contato inicial com as
verdades bíblicas;
— Gerar no novo convertido a certeza da salvação em Cris-
to Jesus por meio da Palavra de Deus;
— Despertar no novo convertido a consciência do compro-
misso com o Corpo de Cristo;
— Levá-lo a se tornar um evangelizador.

INTRODUÇÃO
Receber a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador é o mais
fascinante projeto de vida que um homem ou uma mulher po-
dem estabelecer. Tal decisão altera sua existência, neste tempo
e na eternidade. A sua decisão de servir a Cristo torna-se motivo
de alegria para a igreja que o recebe e, além disso, para os anjos
no Céu. Jesus declarou que “haverá alegria no Céu por um pe-
cador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos
que não necessitam de arrependimento” (Lc 15.7).
A partir de agora, você vai ter contato mais profundo e con-
tínuo com as Escrituras. Por isso, queremos trazer-lhe algumas
verdades que dizem respeito à sua nova vida em Cristo.

1. VOCÊ PRECISA SABER


1.1 Todos os Homens São Pecadores
A Bíblia Sagrada nos revela que Deus criou o homem perfeito
(Gn 1.26; Ec 7.26). Entretanto, pelo pecado de Adão, todos os
Nova Criatura 9

homens foram feitos pecadores (Sl 51.5; Rm 3.23; 5.12; 11.23).


Somente pelo sangue de Cristo o homem pode ser redimido (Ef
1.7; 1Jo 1.7,9).

1.2 Os Seus Pecados Foram Perdoados


A Bíblia apresenta a nossa vida de outrora como uma vida
de escravidão ao pecado (Jo 8.34; 1Jo 3.4-6,8,9). Mas, ela tam-
bém diz que somos servos da justiça (Jo 8.34; Rm 6.14,18,22).
A partir de agora, o que você era antes de conhecer Jesus não
importa. O que importa agora é o que você é em Cristo hoje:
uma nova criatura (2Co 5.17).

1.3 Você Nasceu de Novo


Em seu diálogo com Nicodemos, príncipe dos judeus, Jesus
chamou de “novo nascimento” a experiência que você vive ago-
ra (Jo 3.1-8). Paulo falou sobre isso em Efésios 4.20-24, quando
disse que o “velho homem” é que se corrompe pelo pecado e
que o “novo homem”, segundo Deus, é criado em verdadeira
justiça e santidade. Pedro disse que fomos feitos participantes
da natureza de Deus (1Pe 1.3,23). A isso a Bíblia chama de ser
“feito filho de Deus” (Jo 1.12,13). O apóstolo Paulo também fez
menção à gloriosa experiência do novo nascimento em Roma-
nos 8.14-17.

2. VOCÊ DEVE PRATICAR


2.1 Leitura Diária da Bíblia
A partir da próxima lição, daremos uma noção de como ma-
nusear a Bíblia como livro. Encontrar os livros e capítulos com
facilidade poderá ajudar você a desenvolver uma leitura satisfa-
tória da santa e inerrante Palavra de Deus, bem como compreen-
der alguns detalhes próprios da linguagem empregada por seus
escritores. Jesus declarou que o homem vive “de toda a palavra
que sai da boca de Deus” (Mt 4.4; Sl 1.2; 119.11). A esta altura,
10 Doutrinas da Fé Cristã

você já deve ter uma Bíblia para seu estudo pessoal e crescimento
espiritual.

2.2 Oração Constante


A oração é o oxigênio da alma. É como uma ponte que une
a Terra ao Céu. A oração é o mais eloquente e o mais humilde
discurso da alma para com o seu Deus. A Bíblia nos admoesta
para que oremos em todo o tempo (1Ts 5.17; 1Tm 2.1,2,8). Orar
não é difícil: basta conversar com Deus como você conversa com
um amigo íntimo. Seja sincero e quebrantado e Ele lhe abenço-
ará com a Sua presença. Jesus nos deixou um modelo de oração
registrado em Mateus 6.9-13. Não se trata de uma oração a ser
repetida, mas de uma oração a ser aprendida.

2.3 Vida de Fidelidade


Vivendo em um mundo em que os valores morais e espiritu-
ais são tidos em pouca conta, Deus ainda espera que sejamos
fiéis. Jesus declarou que somos “sal da terra e luz do mundo”
(Mt 5.13,14). Isso significa que estamos aqui para influenciar o
mundo, não para sermos influenciados por ele (Rm 12.2).

3. SUA EXPERIÊNCIA EM CRISTO INCLUI


3.1 Comunhão Com os Seus Irmãos
Na condição de pecador não redimido, o homem não tem paz
com Deus nem consigo ou com o próxi-
mo. Mas, em Cristo, a paz é ofertada (Jo
Na condição de pecador não 14.27; Ef 2.13-16; Rm 5.1,2). Agora, como
redimido,ohomemnãotempaz
com Deus nem consigo ou com nova criatura, você foi feito membro de
o próximo. Mas, em Cristo, a paz um corpo: a Igreja (1Co 12.12-26). A razão
é ofertada (Jo 14.27; Ef 2.13-16; pela qual nos congregamos como Igreja é
Rm 5.1,2). descrita em Hebreus 10.24,25. Enquanto
membros, mantemo-nos unidos e agre-
Nova Criatura 11

gados para estimularmos uns aos outros na fé em Cristo Jesus (Cl


3.16; Ef 5.18,19).

3.2 Testemunhar de Jesus Cristo


Agora que você conhece a Cristo e experimenta a graça de
Sua salvação, também deve apresentá-Lo a outras pessoas (Mc
5.18-20). Note que o homem que foi liberto dos demônios por
Jesus foi por Ele estimulado a testemunhar aos seus parentes.
Jesus nos ordenou falar d’Ele a todos os povos (Mt 9.35-37; Mc
16.15; Lc 24.47; Jo 4.31-36; At 1.8).

3.3 O Batismo Com o Espírito Santo


Quem lhe trouxe a Cristo Jesus foi o Espírito Santo (Jo 16.18).
Então, no momento em que você se rendeu a Cristo, o Seu Santo
Espírito passou a fazer morada em sua vida (Jo 14.16,17; Ef 2.20-
22). Agora, Ele quer enchê-lo da Sua presença para dar-lhe capa-
cidade para poder servi-Lo com fervor e fazer Sua vontade com
amor devocional. Mais à frente, estudaremos sobre essa grande
bênção detalhadamente.

4. SUA NOVA VIDA


4.1 É Uma Vida Vitoriosa
Vida vitoriosa é uma promessa de Deus para todos aqueles
que n’Ele creem (1Co 15.57; Rm 8.37). Há uma deslumbrante vida
de triunfos em Cristo Jesus reservada para você. Não estamos fa-
lando de uma vida fácil e, sim, de uma vida de vitórias sobre a
carne (Rm 13.13,14; Gl 5.16), sobre o sistema mundano (1Jo 5.4)
e sobre o Diabo (1Jo 5.18). Não se assuste com alguns aparentes
fracassos. Eles também nos ensinam o valor da vitória.

4.2 É Uma Vida Abundante


Há quem pense que ser cristão é ter uma vida sofrida, amar-
ga e retrógrada. Engana-se quem assim pensa. A Bíblia declara
12 Doutrinas da Fé Cristã

que agora todas as bênçãos espirituais são derramadas sobre


nós por Cristo Jesus, nosso Senhor (Ef 1.3; Sl 103.3-5: Mt 6.31-
33; Fp 4.19). Exerça a sua confiança em Deus e desfrute das bên-
çãos que Ele mesmo derramará sobre a sua vida.

4.3 É Eterna
O ponto mais alto de sua experiência de seguir a Cristo é o
privilégio de estar para sempre em Sua augusta presença, bem
como desfrutar das benesses e dos tesouros do Seu Reino vin-
douro (1Co 2.9; Fp 3.20,21; Ap 21.3,4). Leia o que Jesus declara
em João 17.24.

CONCLUSÃO
Agora que você teve o primeiro contato com a sua nova vida
em Cristo Jesus e sabe quem você é n’Ele, não desista de crescer
em conhecimento e em graça (2Pe 3.18). Nas próximas lições,
aprenderemos mais profundamente sobre Deus, sobre as Sagra-
das Escrituras e a vida cristã. Deus nos abençoe abundantemen-
te nesta jornada!

QUESTIONÁRIO
1. Escreva sobre o novo nascimento.

2. Qual a importância da oração para a sua vida em Cristo?

3. Como nova criatura você foi feito membro de um corpo.


Que corpo é este?

4. O que está incluso em sua experiência de vida cristã?

5. Cite duas características de sua nova vida, em Cristo.


Lição 2 DISCÍPULOS DE CRISTO
Leitura Coletiva Mateus 28.18-20:

“18 E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo


o poder no Céu e na Terra. 19 Portanto ide, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo; 20 Ensinando-os a guardar todas as coisas
que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco to-
dos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”.

Marcos 16.15-18:

“15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho


a toda criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas
quem não crer será condenado. 17 E estes sinais seguirão aos
que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão
novas línguas; 18 Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma
coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos
sobre os enfermos, e os curarão”.
14 Doutrinas da Fé Cristã

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“Disse-lhes Jesus: Vinde O maior mandamento do
após mim, e eu vos farei Senhor para nós é fazer
pescadores de homens” discípulos. Todos são
(Mt 4.19). chamados a participar dessa
tarefa, que não depende de
um dom especial, pois é um
mandamento.

Devoção Diária

Domingo: Êxodo 3.8-11 Quinta-feira: João 6.22-29


Segunda-feira: 2Reis 2.1-11 Sexta-feira: Atos 9.10-19
Terça-feira: 2Reis 4.12-15, 25-31 Sábado: Atos 8.26-40
Quarta-feira: Mateus 10.1-10

Objetivos
— O novo convertido deverá compreender que a sua nova
vida inclui seguir os ensinamentos do Senhor Jesus;
— Deverá entender que, uma vez discipulado, se tornará
um discipulador de outros novos convertidos;
— Concluir que, quando somos quebrantados pelo poder
do Evangelho, produzimos frutos para Deus.

INTRODUÇÃO
O maior mandamento do Senhor para nós é fazer discípulos.
Todos são chamados a participar dessa tarefa, que não depen-
de de um dom especial, pois é um mandamento. Diante desse
mandamento, todo aquele que crê em Cristo não tem opção a
não ser obedecer. O caráter do seguidor de Jesus é testado pela
obediência aos Seus mandamentos e o fazer discípulos é, sem
dúvida, a maior implicação da obra do pós-Calvário de Cristo.
Discípulos de Cristo 15

1. O QUE É O DISCIPULADO
1.1 Definindo o Termo
O que significa a palavra DISCÍPULO? Em Discipulado Diário
para Pessoas Comuns, Stuart Briscoe, escreveu:

“No primeiro século, todos sabiam o que era um discípulo. Havia


discípulos às dúzias. Grupos e mais grupos de indivíduos confes-
savam-se discípulos deste ou daquele mestre. Há uma pista quan-
to ao significado original da palavra. Discípulos eram pessoas que
haviam se unido a alguém, não por outro motivo que não fosse
poderem aprender algo com essa pessoa. Quem se unia ao mestre
era chamado MATHETES, e o líder recebia o título de DISDASKALOS,
cujos significados eram, respectivamente, ‘discípulo’ e ‘professor’”.

1.2 Estabelecendo o Padrão


O relacionamento entre um mestre e seu aprendiz, baseado
no modelo de Cristo, é o que chamamos de discipulado cristão.
Por meio dele, o mestre reproduz no aprendiz a plenitude da
vida que há em Cristo, capacitando o aluno a treinar outros para
que também ensinem novos discípulos. Esse relacionamento
liga a pessoa à cadeia de autoridade existente na Igreja. Assim,
o discípulo é acompanhado em seu processo de crescimento e
ajudado a conformar sua vida com o propósito de Deus, como
também a se encaixar na vida da Igreja.
Discipular é transmitir a vida de Jesus. É reproduzir essa vida
em outras pessoas, ensinando-as a guardarem tudo que Ele or-
denou (Mt 28.18-20).

1.3 Cristão e Discípulo


Em Atos 11.26, a Bíblia diz que os discípulos, em Antioquia,
pela primeira vez foram chamados de cristãos. Quem eram os
cristãos? Cristãos era como se chamavam os discípulos de Cristo.
Lembre-se da história da multiplicação dos pães. A Bíblia rela-
ta que muita gente estava no monte. Era uma grande multidão.
16 Doutrinas da Fé Cristã

Havia cerca de seis mil pessoas (Jo 6). Todos eram discípulos?
Certamente que não. Portanto, ser conhecido como cristão, es-
tritamente falando, não é tudo o que Deus quer. Ele espera que
sejamos CRISTÃOS DISCÍPULOS.

2. QUEBRANTADOS PARA SERVIR


2.1 Transformação Interior
Pergunte-se: O que eu sou? Cristão? Evangélico? Nascido de
novo? Discípulo?
É verdade que quando aceitamos a Jesus, Ele introduziu em
nós o Seu Espírito (Jo 14.16,17; 1Co 3.16; Ef 2.20-22). Em Efésios
4.20-24, o apóstolo Paulo usou expressões como “homem inte-
rior” e “homem exterior”. O homem interior é o nosso espírito,
preenchido pelo Espírito de Deus. Quando o Espírito de Deus
vem habitar em nós, Ele cria a vida interior, portanto, o nosso
homem interior. O homem exterior, por sua vez, é a nossa alma.
A alma funciona como a “roupa” do espírito. O corpo, por sua
vez, funciona como a “roupa” da nossa alma.
Se a vida de Deus está em nosso espírito, certamente tere-
mos que permitir que ela conquiste também a nossa alma para
que façamos a vontade de Deus. A esse processo de conquistar
a alma chamamos QUEBRANTAMENTO.
Precisamos ser quebrantados para servir ao Senhor. O que-
brantamento se dá quando percebemos o Senhor trabalhando
em nós, mudando o nosso ser profundamente. Se dá quando
percebemos o Senhor transformando nossa vontade, dirigindo
nossa mente e conquistando nossas emoções. E é duro afirmar
isto, mas poucos de nós já fomos verdadeiramente conquista-
dos pelo Senhor de maneira profunda e integral.

2.2 O Grão de Trigo


Em João 12.24, Jesus mencionou o processo de manifestação
de vida do grão de trigo. O grão de trigo precisa morrer para mani-
festar a vida. Assim somos nós! Para expressarmos a vida de Deus,
Discípulos de Cristo 17

temos que morrer. Sabemos que o grão de trigo tem a “vida” po-
tencialmente, vida esta que está coberta por uma casca dura. Isso
se parece com você?
Um teólogo coreano escreveu:
“A vida está no grão de trigo, mas há uma casca muito dura no lado
de fora. Enquanto aquela casca não for rachada e aberta, o trigo
não pode brotar, nem nascer. ‘Se o grão de trigo, caindo na terra...’
Que morte é essa? É o arrombar da casca mediante a cooperação
da temperatura e da umidade do solo. Uma vez que a casca é fen-
dida e aberta, o trigo começa a crescer”.
Significa dizer que, a partir da nossa conversão, morre o ho-
mem velho, exterior, para que o novo homem, em Cristo, seja
formado.

2.3 Quebrantados Para Tocar a Necessidade do Homem


Todo homem, cristão ou não, tem necessidades específicas.
Nós, como servos do Senhor, ministros escolhidos, discipulado-
res ou líderes de grupos, devemos ter a habilidade espiritual
para tocar o espírito do homem. Como isso será possível? Quan-
do permitirmos que o Senhor nos quebrante! Com a nossa alma
quebrantada, o Espírito de Deus fluirá em nosso espírito e Ele
tocará a alma do homem com quem falamos. Todos aqueles que
o Senhor trouxer a nós, esses serão os que o Senhor quer tocar
através de nós. Deus irá tocá-los quando permitirmos que a vida
de Deus seja liberada em nosso espírito. Veremos, então, que o
discipulador terá a missão de diagnosticar as doenças espirituais
que afligem o novo convertido e apresentar-lhe o remédio.

3. O DISCIPULADO NO MINISTÉRIO DE JESUS


3.1 Discipulado e Princípio de Autoridade
Jesus se utilizou do método. É significativo que logo no iní-
cio do Seu ministério público tenha chamado os discípulos que
formariam o núcleo da Igreja. Diz Marcos que Ele “subiu a um
monte, e chamou os que ele mesmo quis, e vieram a ele” (Mc
3.13-15). É claro que a base do discipulado era a COMUNHÃO
18 Doutrinas da Fé Cristã

com Cristo. Contudo, fica claro que o resultado prático desse re-
lacionamento era o serviço sob a AUTORIDADE DE CRISTO.
Qualquer ideia de DISCIPULADO que não incorpore as ideias
de RELACIONAMENTO pessoal com Cristo, COMPROMISSO de
servi-Lo e a disposição de viver sob AUTORIDADE, por definição,
é inadequada.

3.2 Discipulado e Princípio de Lealdade


Lealdade é a principal qualificação de toda pessoa que venha a
liderar alguma coisa na obra do Senhor. Uma pessoa inexperiente
pensará que quanto mais dons, carisma, talento, simpatia, boa ora-
tória ou formação acadêmica tiver, tanto mais estará qualificada para
o ministério. Porém, as pessoas mais qualificadas para desenvolver
uma atividade ministerial são as pessoas fiéis e leais (1Co 4.2).
Todo líder poderá ter um ministério prático e efetivo por al-
gum tempo. Porém, para um ministério duradouro, é necessário
ter lealdade.
O ministério de Jesus durou três anos e meio, mas Ele esten-
deu Sua influência por todo o mundo através de uma equipe leal
e eficaz, a qual já dura dois mil anos.
A nossa igreja não depende da liderança de uma pessoa es-
pecífica para se manter, pois não somos eternos; o que ela ne-
cessita é uma equipe de líderes e obreiros leais e capazes.
Muitos líderes se levantaram em nosso meio com grande ca-
risma e habilidade, mas alguns se monstraram desleais e com
falhas de caráter (At 20.28-31).

3.3 A Plena Recompensa da Lealdade


No final das contas, os que serão abençoados serão os fiéis e
leais. Um líder de visão sabe honrar aqueles que permanecem
com ele nos tempos difíceis. Os que permanecem são diferentes
daqueles que chegam quando tudo está pronto e funcionando
bem (Lc 22.28,29).
Discípulos de Cristo 19

Em tempos favoráveis, todos


Há pessoas que são leais
parecem leais. Porém, as pes- ao time de futebol, a uma
soas leais são conhecidas em loja, a uma marca, mas não
tempos difíceis. Somos gratos a conseguem ser leais à
Deus pelos líderes que perma- igreja e à sua liderança.
neceram conosco ao longo des-
te ministério.
Há pessoas que são leais ao time de futebol, a uma loja, a
uma marca, mas não conseguem ser leais à igreja e à sua lide-
rança. Exemplo: o hino do Flamengo diz: “Uma vez Flamengo,
sempre Flamengo, Flamengo até morrer”. Alguns são mais leais
ao futebol do que à Igreja ou a Jesus. Quando o seu time perde,
ainda assim faz questão de sair de casa vestindo a camiseta do
clube, mas, quando sua igreja passa por dificuldade, é o primei-
ro a abandoná-la, não levando em consideraç̧ão que sua saída
só aumenta o problema.
Precisamos considerar que o Novo Testamento nos orienta
a pensar no próximo, mais do que em nós mesmos. A falha no
caráter faz com que as pessoas também sejam desleais a Deus,
honrando a si em vez de honrarem a Deus.
Sabe como percebemos isso? Quando uma pessoa gasta, por
exemplo, R$ 600 em um par de tênis ou em qualquer a outra
coisa supérflua e não oferta R$ 100 na casa de Deus! Isso mostra
que quem está no trono daquela vida é a própria pessoa, e não
Deus. Cada um investe em quem mais ama; nesse caso, nele
próprio.

4. O DISCIPULADO NA IGREJA PRIMITIVA


4.1 Discípulos e Multiplicadores
Os discípulos eram multiplicadores. Que seria de nós se Je-
sus não tivesse declarado: “Ide, fazei discípulos em todas as na-
ções”? Por certo não estaríamos aqui!
A Igreja Primitiva cumpriu essa prerrogativa de maneira
completa e extraordinária (At 1.15; 2.41,47; 4.4; Rm 15.18-24).
20 Doutrinas da Fé Cristã

Quando Filipe pregou em Samaria, “as multidões escutavam


unânimes” (At 8.6). Ao chegar a notícia em Jerusalém dos que
se convertiam e eram batizados, logo foram enviados Pedro e
João (At 8.14).
O mesmo ocorreu quando houve a conversão de Saulo em
Atos 9, quando o Senhor enviou um discípulo chamado Ananias
para ensinar ao novo convertido Paulo os primeiros passos da fé
cristã (v. 10-19) e quando Barnabé, um mestre da igreja de Jeru-
salém (At 11.22-24; 13.1), soube do que ocorrera a Saulo, logo
foi buscá-lo em Tarso e o trouxe para Antioquia para torná-lo um
discipulador (At 11.25,26; 13.1,2).

4.2 Despenseiros da Graça


Em 1 Coríntios 4.1,2, o apóstolo Paulo afirmou que somos
“despenseiros da graça de Deus”. Aqui, ele usa o termo “minis-
tros” (grego uperetes), em vez de diáconos, para falar que somos
“servos”, “assistentes” ou “ajudantes” (1Co 3.9). No discipulado
cristão, o despenseiro é aquele que recebe a missão de fornecer
o suprimento para que o novo discípulo seja alimentado e fortale-
cido pela Palavra de Deus.

4.3 A Expansão da Igreha Pelo Discipulado


O DISCIPULADO é um processo de avivamento, unidade e
expansão da Igreja. Através dele, somos despertados para o
crescimento em todas as dimensões! Esse crescimento vai se
tornando real e constante, aumentando na medida em que a
estrutura da Igreja vai se tornando cada vez mais parecida em
funcionalidade com a da Igreja Primitiva. Não há fórmulas ou fa-
cilidades. Há um modelo claro estabelecido pelo Espírito Santo
no livro dos Atos dos Apóstolos:
— Adoração simples, sem grandes metodologias litúrgicas
(Jo 16.13,14);
— Koinonia ou comunhão fraternal, mutualidade e compa-
nheirismo. Não como em uma organização religiosa, mas uma
Discípulos de Cristo 21

comunidade que possibilite às pessoas se sentirem abraçadas;


— Liderança, não só formando um ministério plural como
também uma realidade carismática, praticando os dons espiri-
tuais (Ef 5.18,19; 1Co 12.27-31);
— Nutrição, recebida diariamente no templo e nas casas (At
2.42);
— Doutrina absolutamente cristocêntrica (At 5.42);
— Testemunho, a Igreja desfrutando da simpatia de todo o
povo (At 2.47);
— Reuniões no Templo (Pórtico de Salomão) como uma gran-
de congregação (At 2.46), e nas casas, onde os irmãos edifica-
vam-se uns aos outros na fé e na doutrina de Cristo, conforme
recebida dos apóstolos (At 2.46; 5.42, Rm 16; Ef 5.19-21).

CONCLUSÃO
Assim, o novo irmão na fé em Cristo tem consciência de que
ser orientado de maneira sistemática pela Palavra o fará mais
forte e fornecerá subsídios para responder quando for indagado
acerca da sua fé em Cristo (1Pe 3.15).

QUESTIONÁRIO
1. Qual o maior mandamento ministerial do Senhor Jesus
para nós?

2. Qual a definição da palavra “discípulo”?

3. Explique o conceito de Paulo sobre o homem interior e o


homem exterior.

4. Fale sobre discipulado e princípio de autoridade.

5. Descreva o discipulado e o princípio de lealdade.


22 Doutrinas da Fé Cristã

Lição 3 AS SAGRADAS ESCRITURAS


Leitura Coletiva Salmo 119.1-8
“ Bem-aventurados os que trilham com integridade o seu ca-
1

minho, os que andam na lei do Senhor! 2 Bem-aventurados


os que guardam os seus testemunhos, que o buscam de todo
o coração, 3 que não praticam a iniquidade, mas andam nos
caminhos dele! 4 Tu ordenaste os teus preceitos, para que fos-
sem diligentemente observados. 5 Oxalá sejam os meus cami-
nhos dirigidos de maneira que eu observe os teus estatutos!
6
Então não ficarei confundido, atentando para todos os teus
mandamentos. 7 Louvar-te-ei com retidão de coração, quan-
do tiver aprendido as tuas retas ordenanças. 8 Observarei os
teus estatutos; não me desampares totalmente”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“Tu, porém, permanece naquilo Cremos na inspiração verbal
que aprendeste, e de que foste da Bíblia Sagrada, única regra
inteirado, sabendo de quem o infalível de fé normativa para
tens aprendido” (2Tm 3.14). a vida e o caráter cristão.
As Sagradas Escrituras 23

Devoção Diária
Domingo: 2 Pedro 1.20,21 Quinta-feira: Salmo 1.1-3
Segunda-feira: 2Timóteo 3.14-17 Sexta-feira: Mateus 22.29
Terça-feira: 2 Timóteo 2.15 Sábado: 2Tessalonicenses 2.13
Quarta-feira: Josué 1.8

Objetivos
— Levar o estudante a conhecer a Bíblia como livro;
— Provocar desejo pela leitura diária das Sagradas Escrituras;
— Levar o novo convertido ao conhecimento de Deus por
meio das Escrituras;
— Prepará-lo para responder, quando questionado, sobre a
razão de sua fé.

INTRODUÇÃO
“As Sagradas Escrituras constituem o livro notável jamais vis-
to no mundo”, disse Angus Green.
A Bíblia contém os pensamentos de Deus em relação ao ho-
mem, sobre a condição do ser humano, o caminho da salvação,
a condenação dos pecadores, a felicidade dos salvos e a bele-
za celeste. Suas doutrinas são santas, seus preceitos são justos,
suas histórias verdadeiras, suas decisões imutáveis e suas pági-
nas sagradas.
O apóstolo Paulo escreveu a Tito: “Retende firme a palavra
fiel, que é conforme a doutrina, para que sejas poderoso, tanto
para exercer a sã doutrina, quanto para convencer os contradi-
zentes” (Tt 1.9).
Os crentes genuínos e autênticos têm a Bíblia como a Pala-
vra de Deus, única regra de fé e prática. Por isso, não aceita-
mos tradições que contrariam as Escrituras, como também não
24 Doutrinas da Fé Cristã

aceitamos ser guiados por doutrinas e mandamentos dados por


homens. Entretanto, como afirmar que cremos na Bíblia como
única regra de fé e de prática se não a estudarmos diariamente?

1. CRESCENDO EM CONHECIMENTO BÍBLICO


1.1 Como Conhecer as Escrituras
Os homens naturais reclamam que é impossível entender a
Bíblia. Outros dizem que cada um pode interpretá-la como qui-
ser. Porém, a mensagem da Bíblia é central e não é passiva de
interpretação individual ao bel-prazer (2Pe 1.20,21). Para com-
preender a Palavra de Deus, primeiro é necessário ter fé. Crer
que ela é a Palavra de Deus nos conduzirá a recebê-la como
mensagem do nosso Salvador (1Ts 2.13; 2Tm 3.16,17).

1.2 Espiritualidade do Cristão


Sendo a Bíblia Sagrada um livro inspirado por Deus, a com-
preensão dela como Palavra de Deus requer de nós a disposição
de sermos orientados pelo Seu Espírito (1Co 2.14-16), visto que
o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus.
Isso significa que devo ser sensível à operação do Espírito Santo
em meu coração (Jo 14.26; 16.13), bem como devo desenvolver
uma vida disciplinada de oração (Tg 1.5; Mt 6.6).

1.3 O Ministério de Ensino de Mestres Cristãos


Precisamos valorizar o ministério de mestres que primem
pelo ensino sistemático dos pilares da fé cristã. Paulo deixou cla-
ro que “visando o aperfeiçoamento dos santos” o Senhor deu
mestres à Igreja (Ef 4.11,12). Pedro afirmou que nenhuma pro-
fecia bíblica pode ser interpretada particularmente, ou seja, ao
bel-prazer dos leitores (2Pe 1.20,21). Portanto, precisamos de
discipuladores e mestres que nos ensinem as sagradas letras,
como se faz menção a Timóteo (2Tm 3.14-16), bem como da
leitura de livros apropriados que ajudam no nosso crescimento
espiritual pela Palavra (Dn 9.2; 2Tm 4.13).
As Sagradas Escrituras 25

2. A DIVISÃO LITERÁRIA DA BÍBLIA


2.1 O Antigo Testamento
O Antigo Testamento desenvolveu-se em um período aproxima-
do de mil anos. De acordo com o Dr. Joseph Angus, as Escrituras
hebraicas acham-se assim divididas: a Lei (heb. Torá), os Profetas
(heb. Hebhim) e os Escritos (heb. Ketubhim).
Na Bíblia hebraica, a diferença do Antigo Testamento em re-
lação à nossa tradução é de 22 para 39 livros. Isso ocorre porque
alguns livros, que em nossa tradução aparecem como 1 e 2, na
versão hebraica aparecem como livros unificados. São eles: 1 e
2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras e Neemias, Jeremias
e Lamentações, além dos 12 profetas menores.
Como a Bíblia chegou até nós com os seus livros ordenados
por temas, como veremos a seguir, sua disposição não seguiu a
ordem cronológica na qual os livros foram escritos. Isso, porém,
não altera a credibilidade nem a essência do texto sagrado.
a) Lei: Gênesis a Deuteronômio;
b) História: Josué a Ester;
c) Poesia: Jó a Cantares de Salomão ou Cânticos dos Cânticos;
d) Profetas Maiores: Isaías a Daniel;
e) Profetas Menores: Oséias a Malaquias.

2.2 O Novo Testamento


O Novo Testamento está dividido em cinco partes e foi escri-
to entre 45 d.C. e 95 d.C. A maior parte de seus textos foi escrita
em grego koiné (grego comum, a forma corrente da língua grega
do primeiro século).
Os Evangelhos nos dão quatro narrativas diferentes, mas
não conflitantes, sobre o nascimento, vida, ministério, morte e
ressurreição de Jesus Cristo, e procuram mostrar que Ele era o
Messias prometido do Antigo Testamento. Os Evangelhos tam-
bém estabelecem as bases para o ensino do restante do Novo
Testamento.
26 Doutrinas da Fé Cristã

O livro de Atos registra as obras dos apóstolos de Jesus, os


homens que Jesus enviou ao mundo para proclamar o Evange-
lho da salvação. Atos nos fala do início da Igreja e do seu rápi-
do crescimento no primeiro século da Era Cristã. As epístolas
paulinas, escritas pelo apóstolo Paulo, são cartas para igrejas
específicas, e ensinam a doutrina cristã oficial e a prática que
deve seguir essa doutrina. As epístolas gerais complementam
as epístolas paulinas com ensino e aplicações suplementares. O
livro do Apocalipse profetiza os eventos que irão ocorrer no fim
dos tempos.
O Novo Testamento encontra-se assim dividido:
a) Evangelhos: Mateus a João. Os três primeiros são chama-
dos Evangelhos Sinópticos pela semelhança dos relatos;
b) História: Atos dos Apóstolos;
c) Epístolas: Romanos a Judas. De Romanos a 2 Tessaloni-
censes são chamadas paulinas; 1 e 2 Timóteo e Tito, pastorais;
Filemom, a epístola pessoal, e as demais são chamadas epístolas
gerais;
d) Revelação: Apocalipse.

2.3 Os Livros Apócrifos


Nas Bíblias editadas pela Igreja Católica Romana, o total de
livros é 73, porque desde o Concílio de Trento, em 1546 d.C.,
o Vaticano incluiu no Cânon do Antigo Testamento sete livros
apócrifos e quatro acréscimos a livros canônicos, somando 11
apócrifos. Até o século XVI, nem a Igreja Católica reconhecia tais
livros como parte do texto canônico sagrado.
O termo “apócrifo” significa, literalmente, “escondido” ou
“oculto”. No sentido religioso, significa “não genuíno”, “espúrio
desde a sua aplicação” ou “sem comprovação de veracidade”.
Os apócrifos foram escritos no período entre Malaquias e
Mateus, isto é, entre o Antigo e o Novo Testamento, em uma
época em que o cânon hebraico estava definido e o cânon grego
(do Novo Testamento) não havia sido iniciado. Os livros apócri-
As Sagradas Escrituras 27

fos nunca foram aceitos como sagrados pelos rabinos nem pelos
apóstolos. Também nunca foram aceitos pelos eruditos judeus,
jamais foram citados por Jesus ou por qualquer membro da Igre-
ja Primitiva. E, se observarmos exegeticamente, Jesus citou po-
ções de todos os livros da Bíblia, exceto dos apócrifos.
Os livros apócrifos são:
a) Históricos: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus e o complemen-
to ao livro de Ester;
b) Sapienciais: Sabedoria e Eclesiástico;
c) Profético: Baruque e complemento de Daniel.

3. OS LIVROS DA BÍBLIA E SUA ORDEM CRONOLÓGICA


3.1 Antigo Testamento

Livro Abrev. Autor Data aproximada


Jó Jó Moises ou Eliú 1521 a.C.
Gênesis Gn Moisés 1521 a 1500 a.C.
Êxodo Êx Moisés 1490 a.C.
Levítico Lv Moisés 1489 a.C.
Números Nm Moisés 1451 a.C.
Deuteronômio Dt Moisés 1451 a.C.
Josué Js Josué 1424 a.C.
Juízes Jz Samuel 1375 a 1050 a.C.
Rute Rt Samuel 1050 a.C.
1 e 2 Samuel 1,2 Sm Samuel, Natã e Gade 1171 a 1018 a.C.
Salmos Sl Davi, Moisés, Asafe,
Salomão e outros 1500 a 450 a.C.
Cantares Ct Salomão 980 a 1000 a.C.
Provérbios Pv Salomão, Lemuel, Agur 980 a 960 a.C.
Eclesiastes Ec Salomão 975 a.C.
Joel Jl Joel 840 a.C
28 Doutrinas da Fé Cristã

Jonas Jn Jonas 790 a. C.


Amós Am Amós 760 a.C.
Oséias Os Oséias 760 a.C.
Isaías Is Isaías 745 a.C.
Miquéias Mq Miquéias 697 a.C.
Sofonias Sf Sofonias 639 a. C.
Naum Na Naum 630 a.C.
Jeremias Jr Jeremias 626 a. C.
Lamentações Lm Jeremias 626 a.C.
1 e 2 Reis 1,2 Rs acredita-se Jeremias 626 a 560 a.C.
Habacuque Hc Habacuque 620 a 608 a.C.
Daniel Dn Daniel 606 a 534 a.C.
Ezequiel Ez Ezequiel 592 a.C.
Obadias Ob Obadias 586 a.C.
Ageu Ag Ageu 520 a. C.
Zacarias Zc Zacarias 520 a. C.
Ester Et Mardoqueu 509 a. C.
Esdras Ed Esdras 457 a. C
1 e 2 Crônicas 1,2 Cr acredita-se Esdras 450 a. C.
Neemias Ne Neemias 434 a.C.
Malaquias Ml Malaquias 432 a. C.

3.2 Novo Testamento

Livro Abrev. Autor Data aproximada


1 Tessalonicenses 1Ts Paulo 51 d.C.
2 Tessalonicenses 2Ts Paulo 52 d.C.
1 Coríntios 1Co Paulo 56 d.C.
2 Coríntios 2Co Paulo 57 d.C.
Gálatas Gl Paulo 57 d.C.
As Sagradas Escrituras 29

Romanos Rm Paulo 58 d.C.


Mateus Mt Mateus 60 d.C.
Efésios Ef Paulo 61 d.C.
Tiago Tg Tiago 61 d.C.
Filipenses Fp Paulo 62 d.C.
Colossenses Cl Paulo 62 d.C.
Filemom Fl Paulo 63 d.C.
Lucas Lc Lucas 63 d.C.
Hebreus Hb Paulo ou Apolo 63 d.C.
Atos At Lucas 64 d.C.
1 Timóteo 1Tm Paulo 64 d.C.
1 Pedro 1Pe Pedro 64 d.C.
Tito Tt Paulo 65 d.C.
Marcos Mc Marcos 65 d.C.
2 Pedro 2Pe Pedro 64/65 d.C.
2 Timóteo 2Tm Paulo 67 d.C.
Judas Jd Judas 70 d.C.
João Jo João 85 d.C.
1, 2, 3 João 1,2,3 Jo João 90 d.C.
Apocalipse Ap João 96 a 100 d.C.

3.3 A Perfeita Harmonia e Unidade da Bíblia


A existência da Bíblia até os nossos dias só pode ser explicada
como sendo um milagre. Há nela 66 livros, escritos por cerca
de quarenta escritores, cobrindo um período de 16 séculos, ou
1600 anos. Esses homens, na maior parte dos casos, não se co-
nheceram. Viveram em lugares distantes em três continentes,
escreveram em duas línguas principais e uma terceira em por-
ções do texto.
Eram homens vivendo em lugares distintos, que escreveram
no campo, outros na cidade; uns em palácios, outros em vilarejos,
30 Doutrinas da Fé Cristã

ilhas, prisões e até desertos. Moisés escreveu os seus livros nas


solitárias paragens do deserto. Jeremias, nas trevas e imundícies
de uma masmorra. Davi, nas campinas e nas elevações dos cam-
pos. Paulo escreveu suas epístolas ora em prisões, ora em viagens.
João escreveu o Apocalipse exilado na Ilha de Patmos.
Os escritores da Bíblia foram homens de variadas ativida-
des então conhecidas, razão porque encontramos diferentes
estilos na sua escrita. Moisés foi príncipe e legislador. Josué foi
um grande soldado. Davi e Salomão foram reis e poetas. Isaías,
estadista e profeta. Daniel, ministro de Estado. Pedro, Tiago e
João, pescadores. Zacarias e Jeremias, sacerdotes e profetas.
Amós foi agricultor e vaqueiro. Paulo foi teólogo e erudito, e
assim por diante.
Apesar de toda essa variedade na formação e ocupação
profissional dos escritores da Bíblia, examinados os seus escri-
tos, é possível notar como os mesmos se completam, tratando
de um só assunto do começo ao fim.

4. RAZÕES PORQUE CREMOS NA BÍBLIA


4.1 É Divinamente Inspirada
O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mun-
do é a sua inspiração divina (Jó 32.8; 2Tm 3.16; 2Pe 1.21). Por
mais de 2600 vezes, ocorre na Bíblia a expressão “Assim diz o Se-
nhor”. Esse fato corrobora a sua inspiração (2Rs 17.13; Ne 9.30;
Mt 2.15; At 1.16; 3.21; 1Co 2.13; 14.37; Hb 1.1; 2Pe 3.2).

4.2 Jesus a Aprovou e Usou


Muitas pessoas creem em Jesus, nos Seus milagres, na Sua
morte e ressurreição, mas não creem na Bíblia. Tais pessoas pre-
cisam conhecer a atitude de Jesus em relação às Escrituras: Ele a
leu (Lc 4.16-20), ensinou (Lc 24.27), chamou-a de “a Palavra de
Deus” (Mc 7.13), e a cumpriu (Lc 24.44).
As Sagradas Escrituras 31

4.3 A imparcialidade da Bíblia


Se a Bíblia fosse um livro originado do entendimento e da
vontade do homem, ela não poria descobertas as faltas e falhas
cometidas por ele. Os homens jamais idealizariam um livro que
dá toda a glória para Deus e mostra as fraquezas e fracassos hu-
manos (Jó 14; 17.1; 27; Sl 50.21,22; 51.5; 1Co 1.19-25). A Bíblia
tanto diz que Davi era homem segundo o coração de Deus (At
13.22), quanto revela os seus erros e fracassos.

CONCLUSÃO
Enfim, é obvio que não esgotamos o assunto. Nem preten-
díamos. Estamos apenas tratando de familiarizar-nos com as
Sagradas Escrituras para que, por meio dela, possamos crescer
espiritualmente e experimentar a transformação proposta pelo
Evangelho de Jesus Cristo.

QUESTIONÁRIO

1. Cite duas formas por meio das quais é possível conhecer


as Escrituras.

2. Como é dividida a Bíblia do ponto de vista literário?

3. Como está dividido o Antigo Testamento?

4. Como está dividido o Novo Testamento?

5. Cite três razoes porque cremos na Bíblia.


32 Doutrinas da Fé Cristã

Lição 4 O BATISMO NAS ÁGUAS


Leitura Coletiva Mateus 28.16-20:
“16Partiram, pois, os onze discípulos para a Galileia, para o
monte que Jesus lhes designara. 17 Quando o viram, o ado-
raram; mas alguns duvidaram. 18 E, aproximando-se Jesus,
falou-lhes, dizendo: Foi me dada toda autoridade no Céu e
na Terra. 19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
20
ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho
mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos.”

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“Portanto ide, fazei O batismo nas águas não é
discípulos de todas as um sacramento, senão uma
nações, batizando-os em ordenança do Senhor Jesus,
nome do Pai, e do Filho, e do assim como a celebração da
Espírito Santo” (Mt 28.19). Santa Ceia do Senhor.
O batismo nas águas 33

Devoção Diária
Domingo: Mateus 3.5-8 Quinta-feira: Romanos 6.1-7
Segunda-feira: Mateus 3.13-17 Sexta-feira: Atos 19.1-6
Terça-feira: Marcos 1.1-5 Sábado: Mateus 28.19,20
Quarta-feira: Atos 19.1-5

Objetivos
— Conscientizar o novo convertido da importância espiri-
tual do batismo em sua aliança com Cristo;
— Mostrar-lhe que o batismo nas águas se segue à confis-
são de fé em Jesus;
— Orientar-lhe sobre a fórmula do batismo cristão: em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

INTRODUÇÃO
Nossa vida é como uma árvore, que precisa ter raízes bem
profundas para não cair quando o vento soprar mais forte. As-
sim, é muito importante estarmos bem enraizados nas doutri-
nas rudimentares de Cristo, para não sermos derrotados na vida
quando o Diabo nos atacar com ventos de problemas.

1. O BATISMO CRISTÃO
1.1 O Batismo de João Batista
Os judeus já se haviam acostumado com as liturgias e se limita-
vam às cerimônias como a circuncisão, o batismo de prosélitos e os
rituais de purificação, para pensarem que estavam bem com Deus.
João era chamado de “Batista” ou “o emergidor” por causa
do batismo que Deus lhe mandara realizar. Esse batismo, conhe-
cido como batismo de João ou de arrependimento (Mt 3.5-8; Mc
1.1-5; At 19.1-5), era temporário, pois visava preparar o povo
para receber o Messias, Jesus, fazendo a transição da Lei e dos
34 Doutrinas da Fé Cristã

profetas do Antigo Testamento para o Evangelho de Cristo no


Novo Testamento.

1.2 O Batismo Cristão


O batismo cristão não é um sacramento, como ensina a te-
ologia católica. A palavra sacramento não existe no Novo Tes-
tamento; ela provém do latim e significa “o meio de alcançar a
graça divina”. Jesus não nos deixou nenhum sacramento. Jesus
nos deixou duas ordenanças: o batismo e a celebração da Santa
Ceia do Senhor. Convém que todo aquele que for salvo seja tam-
bém batizado, para depois participar da Santa Ceia.
O batismo cristão começou com o Senhor Jesus. Ele foi o pri-
meiro a ser batizado por João Batista. O batismo de João Batista
era para aqueles que se arrependiam para a salvação. O batismo
cristão é para aqueles que já se arrependeram e estão salvos.
Jesus não necessitava de batismo, mas batizou-se, dando-nos
o supremo exemplo como homem (Mt 3.13-17). Ele veio para sal-
var a humanidade e, para isso, precisou se identificar completa-
mente com o homem pecador. Ele, absolutamente sem pecado,
“foi feito pecado por nós” (2Co 5.21). Portanto, diante de Deus,
apresentou-se como culpado, mesmo sendo inocente (Hb 7.26).

1.3 O batismo Cristão é Por Imersão


A palavra batismos, do grego, significa “imergir; mergulhar;
colocar para dentro de”. No curso da história, por várias razões,
apareceram outras formas de batismo, como aspersão e ablu-
ção (banho). Algumas dessas razões são justificáveis, como em
regiões onde não havia abundância de água ou, noutros casos,
regiões extremamente frias ou em condições bastante limita-
das. Entretanto, como o batismo é uma identificação com Cristo
em Sua morte e ressurreição, e é isso que imersão significa, não
praticamos outras formas de batismo (Mt 28.18-20; Ef 4.4-6).
Há igrejas que batizam por aspersão ou borrifação. Usam a
palavra rantizo, do grego, que significa “aspergir” ou “salpicar”.
A palavra “batismo”, no entanto, é uma transliteração apenas do
O batismo nas águas 35

grego baptizo. Sempre que a Bíblia se refere ao batismo, a palavra


usada é baptizo e nunca rantizo.
Em Romanos 6.3-5, alguns símbolos reforçam o ensino so-
bre o batismo por imersão, como “sepultados pelo batismo” e
“plantados à semelhança da Sua morte pelo batismo”. Outros
exemplos são o batismo de Jesus e do eunuco (Mt 3.16; At 8.38-
39), através das expressões: “desceram à água” e “saíram da
água”. Portanto, a fórmula batismal mais aceita e praticada pe-
los cristãos é a imersão.

2. A PRÁTICA DO BATISMO
2.1 Em Nome da Trindade
O Senhor Jesus determinou que o batismo fosse feito em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). Há igrejas
que batizam somente em nome de Jesus. Elas se apoiam em
textos como Atos 2.38, 8.16, 10.48, 19.5, que falam sobre batis-
mo em nome do Senhor Jesus. Entretanto, os textos menciona-
dos falam do batismo feito na autoridade do Senhor Jesus (Mt
28.18), assim como Ele mesmo ensinou, “Em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo”. Os textos citam apenas o nome de Je-
sus para distinguir (fazer diferença) de outros batismos da épo-
ca, como o batismo de João, o batismo dos prosélitos, o batismo
dos essênios, etc.
Quando o próprio Senhor Jesus foi batizado, a Trindade es-
tava presente (Mt 3.16-17). Todo salvo que primeiro quer co-
nhecer tudo da Bíblia para depois batizar-se contraria o texto
acima, onde está claro que o salvo deve batizar-se e continuar
aprendendo sempre mais de Deus (Mt 28.20).

2.2 Quem Não Deve Ser Batizado


Não deve ser batizada a pessoa que ainda não fez a sua con-
fissão de fé em Cristo Jesus (Rm 10.8-11). Também não devem
ser batizadas crianças recém-nascidas e aquelas que ainda não
atingiram a idade da razão e tiveram consciência do seu pecado.
36 Doutrinas da Fé Cristã

Visto que uma das condições bíblicas para o batismo é o arre-


pendimento, o batismo de uma criança não tem valor algum nas
Sagradas Escrituras e cria uma doutrina errônea. Não há qual-
quer menção de batismo de crianças na Bíblia. A criança ainda
não pode crer nem se arrepender. E, tanto a fé como o arrepen-
dimento, são operados na razão.
Ninguém pode exercer fé no lugar da criança nem por qual-
quer outra pessoa. Cada um responde por si diante de Deus (Rm
14.12). Pela criança responde a sua inocência (Lc 18.15-17). Se
morrer sem consciência de pecado, estará salva. Nós costuma-
mos apresentar as crianças a Deus, conforme o padrão bíblico
praticado com o próprio Jesus (Lc 2.21-24), consagrando-as e
orando para que Deus as abençoe e as livre do mal.

2.3 Quem Deve Ser Batizado


Em Atos 8.36-38, há uma pergunta sobre a condição para o
batismo. A resposta é: “é lícito, se crês de todo o coração”, isto é,
a fé operou para a salvação.
Em Marcos 16.16, Jesus disse: “Quem crer e for batizado será
salvo; mas quem não crer será condenado”. Cremos ser esta a
interpretação do texto: o “crer”, no original grego, tem um sen-
tido amplo, abrangendo também a atitude que se segue à fé. Se
o novo convertido afirma crer e rejeita o batismo nas águas, su-
bentende-se que sua fé não é íntegra para com o Senhor Jesus.
O batismo não salva, não
O batismo não salva, não ajuda a salvar e não lava os pe-
ajuda a salvar e não lava os cados de ninguém, assim como
pecados de ninguém, assim as boas obras não salvam nem
como as boas obras não ajudam a salvar. E lembre-se:
salvam nem ajudam a salvar. Jesus salva sozinho (Jo 3.16-18;
Rm 3.20, 28; Ef 2.8,9)!
O batismo só deve ser minis-
trado àqueles que já se converteram a Jesus. Assim, deve ser
O batismo nas águas 37

batizado todo aquele que já está salvo, para cumprir e obedecer


à ordenança do Senhor Jesus.

3. O SIGNIFICADO E A FINALIDADE DO BATISMO


3.1 O Significado
O ato do batismo é um momento de alegria no Céu. É um ato
solene, festivo e de grande importância para a vida do batizando
e da igreja que o recebe. Quando o salvo desce às águas batis-
mais e é coberto por elas, declara que, ao crer em Jesus, morreu
para o mundo de pecado e foi sepultado com Cristo. Simbolica-
mente, quando ele sai das águas, está declarando que ressurgiu
para viver uma nova vida em Cristo (Rm 6.6-14; Cl 2.12).
Assim, o significado do batismo é morte, sepultamento e res-
surreição.

3.2 A Finalidade
Quando somos batizados, declaramos que Cristo morreu na
cruz pelos nossos pecados para que morrêssemos para o peca-
do. Declaramos, ainda, que nos arrependemos, cremos pela fé e
aceitamos a Cristo e Seu sacrifício como único meio de salvação.
Também declaramos que recebemos o perdão, estamos salvos e
seguros em Cristo e dispostos a servi-Lo e segui-Lo todos os dias
da nossa vida.
Portanto, a finalidade do batismo é dar testemunho público
da fé e salvação em Jesus Cristo. Com o ato do batismo procla-
mamos, sem palavras e publicamente e, especialmente, diante
da Igreja, a salvação e a transformação que Jesus realizou em
nosso interior. Isso glorifica ao Senhor (1Co 6.20).

3.3 Testemunho Público de Fé


Aquele que experimentou o arrependimento sincero de pe-
cados pela obra regeneradora do Espírito Santo e recebeu, pela
fé em Cristo, a certeza do perdão e da salvação, sentirá imediato
desejo de testemunhar sua experiência e o milagre da salvação
38 Doutrinas da Fé Cristã

recebido. Assim, todo aquele que passa por essa experiência


sente o desejo incontrolável de selar a sua fé pelo testemunho
público do batismo. A Bíblia nos mostra vários exemplos dis-
so. Todos os que criam e eram salvos, eram logo batizados (At
2.38,41; 8.12,16; 8.36-38; 9.18).

4. A RESPONSABILIDADE DO BATIZANDO
4.1 Compromisso Assumido Com Deus e a Igreja
O batizando deve estar liberto de toda sorte de vícios e jogos
(Jo 8.32,36; Lc 21.34-36); ter sua situação matrimonial legal e am-
parada na Palavra de Deus (1Co 6.18); deve vestir-se de forma
decente e conveniente aos crentes em Cristo (1Tm 2.9-10; 1Pe
3.1-7) e a sua aparência precisa condizer com o pudor e o recato
que cabe aos cristãos e servos do Altíssimo (1Co 11.14-15).
Se o salvo morrer sem ter a oportunidade de ser batizado,
sua salvação em Cristo não estará comprometida. Foi o caso do
ladrão da cruz (Lc 23.33-43).

4.2 Direitos do Novo Membro


Quando você creu em Cristo e foi salvo, veio fazer parte da
Igreja, o Corpo de Cristo, e passou à posição de filho de Deus.
Tendo sido batizado, também se tornou membro da igreja local.
Isso lhe concede direitos e deveres.
Como membro da igreja, você passa a participar da Santa Ceia
do Senhor e poderá vir a exercer cargos e atividades na igreja lo-
cal, conforme solicitado e indicado pelo seu pastor. À medida que
crescer na fé e na vida cristã, seu pastor perceberá se há vocação
ministerial em seu serviço ao Senhor e, havendo, ele o conduzirá
conforme o Espírito Santo direcionar, ante à necessidade da igreja
e da obra de Deus.

4.3 Deveres de Um Membro da Igreja


Como membro, você tem o dever de manter comunhão em
Cristo com os seus irmãos, frequentar os cultos, ser fiel em tudo
O batismo nas águas 39

nas diversas áreas de sua vida, diante de Deus e dos homens.


Precisa ser fiel nos dízimos e nas ofertas, participar da vida ativa
da igreja, servindo a Deus de coração, dar testemunho compa-
tível com o Evangelho em todos os aspectos da sua vida. Deve
consagrar a Deus sua vida, sua família e tudo o que você possui
ou que diz respeito a você.

CONCLUSÃO
A tradição do batismo cristão começou com Jesus. Como vi-
mos, o batismo não é um sacramento, mas a primeira ordenan-
ça dada aos discípulos do Senhor. Deve ser feito por imersão e
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O batismo, assim
como as boas obras, não salva nem ajuda a salvar. O batismo
é para os salvos. Todo o salvo deve batizar-se, obedecendo à
ordenança de Jesus, dando o testemunho público de sua fé e
salvação em Jesus Cristo. Deve integrar-se à vida ativa da igreja,
sempre exercendo seus direitos e deveres, sendo abençoado e
sendo uma bênção.

QUESTIONÁRIO

1. Que significa a palavra batismos?

2. Como era conhecido o batismo de João Batista?

3. Quem não deve ser batizado e qual a condição para ser?

4. Qual o propósito do batismo?

5. Fale sobre a responsabilidade do batizando.


40 Doutrinas da Fé Cristã

Lição 5 A SANTA CEIA DO SENHOR


Leitura Coletiva 1 Coríntios 11.23-26
“ Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei:
23

que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;


24
e, havendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo
que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. 25 Seme-
lhantemente também, depois de cear, tomou o cálice dizen-
do: este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, to-
das as vezes que o beberdes, em memória de mim. 26 Porque
todas as vezes que comerdes este pão e beberdes do cálice
estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“E tomando o pão, e havendo A Santa Ceia do Senhor é uma
dado graças, partiu-o e deu-lho, das experiências mais ricas
dizendo: Isto é o meu corpo, vividas pelo cristão. Ela é uma
que é dado por vós; fazei isto expressão concreta do amor de
em memória de mim. Seme- Deus e da experiência de per-
lhantemente, depois da ceia, tencer e ser parte de uma igreja.
tomou o cálice dizendo: este É o momento mais importante
cálice é o novo pacto no meu do culto, por isso a MESA DO
sangue, que é derramado por SENHOR ocupa o lugar central
vós” (Lc 22.19-22). do altar.
A Santa Ceia do Senhor 41

Devoção Diária
Domingo: Mateus 26.17-30 Quinta-feira: 1 Coríntios 10.14-22
Segunda-feira: Marcos 12.12-26 Sexta-feira: João 6.28-40
Terça-feira: Lucas 22.7-22 Sábado: Romanos 8.1-18
Quarta-feira: Atos 20.7

Objetivos
— Todo cristão deve entender que a Santa Ceia do Senhor
nos identifica com o sacrifício de Cristo;
— Comunicar que a Santa Ceia do Senhor é comunhão com
o Corpo de Cristo: a Igreja;
— Orientar sobre os cuidados para não comermos o pão
nem bebermos o cálice do Senhor indignamente.

INTRODUÇÃO
A Santa Ceia do Senhor foi instituída por Jesus Cristo na noite
em que Ele foi traído. Naquela noite, seria celebrada a Páscoa ju-
daica (Lc 22.19,20). A Santa Ceia foi ordenada por Jesus para que
acontecesse por toda a posteridade como uma lembrança viva
de Sua morte e sacrifício na cruz pelos nossos pecados. Por isso,
até hoje a realizamos como um memorial, lembrando a obra de
amor de Jesus por nós.
Além de ser um memorial, a Santa Ceia do Senhor é um mo-
mento de comunhão da Igreja e de fortalecimento espiritual para
cada membro do Corpo de Cristo. É um momento único e especial.

1. A PRIMEIRA CEIA: O EXEMPLO DE JESUS

Quatro textos registram os pormenores da primeira Santa


Ceia do Senhor. Três desses relatos estão nos Evangelhos: Ma-
teus 26.26-29, Marcos 14.22-25 e Lucas 22.19-20, e o outro está
em 1 Coríntios 11.23-26. Podemos aprender como Jesus e os
42 Doutrinas da Fé Cristã

apóstolos celebraram a Ceia comparando esses relatos. Observe


as minúcias:

1.1 O Propósito
“Fazei isto em memória de mim” (Lc 22.19). A Santa Ceia do
Senhor é a nossa oportunidade de lembrar o sacrifício que Jesus
fez na cruz, pelo qual Ele nos oferece a esperança da vida eterna:
“Anunciais a morte do Senhor até que Ele venha” (1Co 11.26). A
Santa Ceia não pretende ser um memorial do nascimento, da vida
ou da ressurreição de Cristo. É um momento especial no qual os
cristãos refletem sobre o Salvador sofredor para serem lembra-
dos do alto preço que Ele pagou por nossos pecados (1Co 2.1,2).

1.2 Os Símbolos
Jesus usou dois símbolos para representar Seu corpo e Seu
sangue. Ele deu aos discípulos pão sem fermento, para repre-
sentar Seu corpo, e o fruto da videira (suco de uva), para re-
presentar o sangue que estava para ser derramado na cruz. Ele
não deixou dúvida sobre a relação deste sacrifício com a nossa
salvação (Mt 26.28).
A tradição católica preconiza que os elementos da Ceia (pão
e vinho) se transformam no próprio corpo e no sangue de Cristo
no momento da celebração, quando consagrados pelo sacerdo-
te (doutrina chamada de transubstanciação). Nós, cristãos re-
formados, rejeitamos esse ensinamento, por entendermos que
ele não tem embasamento bíblico. Os elementos permanecem
da mesma substância que são, pão e vinho. O fiel recebe fisica-
mente apenas o pão e o vinho, mas espiritualmente e pela fé
recebe os benefícios da comunhão com Jesus Cristo. Esse en-
tendimento ficou claro quando Jesus disse “Isto é o meu corpo
... este cálice é o novo pacto no meu sangue”, apresentando aos
discípulos os elementos postos à mesa.
A Santa Ceia do Senhor 43

1.3 A Ordem
Quando comparamos esses quatro relatos, também pode-
mos ver a ordem na qual a Santa Ceia do Senhor foi observada.
Jesus, primeiramente, orou para agradecer a Deus pelo pão e,
então, todos o partilharam. Ele orou novamente agradecendo
ao Senhor pelo cálice, e todos beberam dele. Deste modo, Ele
chamou especial atenção para cada elemento da Ceia.

2. A SANTA CEIA DO SENHOR NA IGREJA PRIMITIVA

O livro de Atos e as cartas escritas às igrejas nos ajudam a


aprender um pouco mais sobre a Santa Ceia do Senhor. Os dis-
cípulos se reuniam no primeiro dia da semana para participar
da celebração (At 20.7). Cada cristão era admoestado a exami-
nar-se para ter certeza de que estava participando da Ceia de
maneira digna (1Co 11.27-29).

2.1 Um Memorial (gr. anamnesis)


Através da Santa Ceia, vemos, mais uma vez, representada
nos elementos (o pão e o vinho) a morte salvífica de Cristo e
o seu significado redentor para nossa vida (1Co 11.24-26; Lc
22.19).

2.2 Ações de Graças (gr. eucharistia)


Na celebração da Santa Ceia, rendemos graças ao Senhor pe-
las bênçãos da salvação provenientes do sacrifício de Jesus na
cruz do Calvário (1Co 11.24; Mt 26.27,28; Mc 14.23).

2.3 Comunhão (gr. koinonia)


A Ceia era entendida como um ato de comunhão com o Se-
nhor (1Co 10.16-18). Era tomada quando toda a congregação
se reunia, como um gesto de fraternidade entre os irmãos (At
4.32-35).
44 Doutrinas da Fé Cristã

A Santa Ceia do Senhor manifesta a comunhão com Cristo e


a participação nos benefícios da Sua morte sacrificial (Fp 1.29;
Cl 1.24; Rm 8.17; 2Tm 2.11-13). E, ao mesmo tempo, também é
comunhão com os demais membros do Corpo de Cristo, a Igreja
(At 2.42,46; 1Jo 1.3).

3. O QUE É A SANTA CEIA DO SENHOR

3.1 Confirmação da Aliança (gr. kaine diateke)


A Santa Ceia do Senhor é o reconhecimento e a proclamação
da Nova Aliança, mediante a qual os crentes reafirmam o senho-
rio de Cristo sobre suas vidas e o reconhecimento de seu compro-
misso com Ele (1Co 11.25; Jr 31.31-34).

3.2 Uma Mensagem de Arrependimento (gr. metanoia)


“Examine-se o homem a si mesmo e assim coma do pão e
beba do cálice” (1Co 11.28). A celebração da Santa Ceia do Se-
nhor é um convite para que todos os participantes façam uma
análise da sua vida cristã e de como estão agradando ao Senhor,
ou de como não O estão agradando. É um chamamento à au-
toanálise, visto que temos grande facilidade de medir nossos
irmãos, negligenciando, assim, a nós mesmos (Mt 7.1,2; Is 6.5).

3.3 Uma Mensagem do Arrebatamento da Igreja (gr.


parousia)
A Santa Ceia do Senhor é um antegozo do reino futuro de
Deus e do banquete messiânico, quando, então, todos os cren-
tes estarão na presença do Senhor (Mt 8.11; 22.1-14; Mc 14.25;
Lc 13.29; 22.17,18,30). Ela antevê o iminente regresso de Cristo
para buscar o Seu povo (1Co 11.26), e evoca as Bodas do Cordei-
ro, quando a Igreja, juntamente com Cristo, celebrará o encon-
tro mais desejado pelos salvos por Jesus (Ap 19.7).
A Santa Ceia do Senhor 45

4. QUANDO DEVEMOS PARTICIPAR DA


SANTA CEIA DO SENHOR

A Igreja Primitiva celebrava constantemente a Santa Ceia do


Senhor (At 2.42). A Igreja evangélica a celebra uma vez por mês.
Jesus mostrou aos Seus discípulos como participar desse memo-
rial, mas não especificou a periodicidade. Aprendemos como e
quando os primeiros cristãos observaram a Ceia pelo exemplo
dos discípulos em Trôade (At 20.7).
Jesus disse: “Fazei isto todas as vezes que beberdes em me-
mória de mim” (1Co 11.25,26). Assim, não podemos perder ne-
nhuma oportunidade de participar da Santa Ceia do Senhor e
devemos fazer isso sempre até que Ele venha.
O cuidado que precisamos tomar deve ser em nosso estado
de vida espiritual e consciência para a participação da mesa do
Senhor.

4.1 Consciência
“Aquele que comer indignamente será réu do corpo e do san-
gue de Cristo” (1Co 11.27).
Cada um que participa da Santa Ceia do Senhor deverá exa-
minar-se para estar certo de que está participando de maneira
correta, discernindo o verdadeiro significado do memorial (1Co
11.27-29). A palavra “indignamente” descreve o modo de parti-
ciparmos. Ou seja, a pessoa que não leva a sério esta comemo-
ração, está brincando com o sacrifício de Cristo e se condenan-
do por não discernir o Seu corpo
(Hb 10.26-29).
Por essa razão, devemos ser Cada um que participa da
Santa Ceia do Senhor deverá
cuidadosos cada vez que parti- examinar-se para estar certo
ciparmos da Santa Ceia. É impe- de que está participando de
rativo esquecermos as preocu- maneira correta, discernindo
pações mundanas e prestarmos o verdadeiro significado do
memorial (1Co 11.27-29).
atenção exclusivamente à morte
46 Doutrinas da Fé Cristã

de Cristo. Se tratarmos a Santa Ceia do Senhor como um mero


ritual ou se a tomarmos levianamente, deixando de meditar no
seu significado, condenamo-nos diante de Deus.

4.2 Com Discernimento


“Pois quem come e bebe sem discernir come e bebe para a
sua própria condenação” (1Co 11.29).
A Santa Ceia é um ato espiritual partilhado pelo Senhor com
aqueles que estão em fraternidade com Ele. Jesus não ofereceu o
pão e o cálice a todos, mas aos Seus discípulos (Mt 26.26). Aqueles
que estão servindo ao Diabo não têm o direito de partilhar desta
refeição com o Senhor (1Co 10.16-22).
João confirma que somos aptos a participar da comunhão es-
piritual somente se andarmos na luz (1Jo 1.5-7). Somente aque-
les que já foram batizados para a remissão dos pecados, a fim
de entrar no Corpo de Cristo, devem participar da Santa Ceia do
Senhor (At 2.38; Gl 3.26-28).

4.3 Respeitando a Orientação do Pastor:


“Quanto às demais coisas eu as ordenarei quando for ter con-
vosco” (1Co 11.34).
Já vimos anteriormente que a Santa Ceia é um ato de comu-
nhão com o Senhor e entre cada cristão, isto é, com o Seu Corpo,
a Igreja. Em Atos 20.7, os discípulos se reuniam para partir o pão.
Em 1 Coríntios 11.20-22, distingue-se a Santa Ceia do Senhor, que
ocorria na reunião da congregação dos santos, das refeições co-
muns, que eram tomadas nas casas de cristãos. Não encontramos
nenhum apoio na Bíblia para participar da Ceia a sós ou fora da
assembleia da igreja.

CONCLUSÃO
Hoje estudamos e pudemos compreender que a Santa Ceia
do Senhor é um ato solene com significados espirituais sublimes
A Santa Ceia do Senhor 47

e de grande importância para a vida espiritual do cristão. Desse


modo, vamos refletir sobre a riqueza e oportunidade que temos,
periodicamente, para renovar nossa fé e comunhão com a Igreja
e com o Senhor, pois é uma oportunidade que poucos podem
aproveitar, de modo que não devemos negligenciá-la, estando
ao nosso alcance.

QUESTIONÁRIO

1. Quais textos relatam a instituição da Santa Ceia?

2. Quais os dois elementos que Jesus utilizou para falar do


Seu corpo e do Seu sangue?

3. Qual o propósito da Ceia do Senhor?

4. Fale sobre a comunhão na celebração da Ceia do Senhor.

5. Explique a expressão bíblica “não discernindo o corpo do


Senhor”.
48 Doutrinas da Fé Cristã

Lição 6 PRIVILÉGIOS DA NOVA VIDA


Leitura Coletiva João 17.21-23
“ Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu,
21

em ti; que também sejam um em nós, para que o mundo creia


que tu me enviaste. 22 E eu dei-lhes a glória que a mim me des-
te, para que sejam um, como nós somos um. 23 Eu neles, e tu
em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que
o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado
a eles como me tens amado a mim”.

Marcos 16.15,16
“ E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho
15

a toda criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas


quem não crer será condenado”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“O ladrão não vem senão para O discipulado prepara o novo
roubar, matar e destruir; eu crente para a maturidade da
vim para que tenham vida, e vida cristã e o torna um eficaz
a tenham em abundância” (Jo discipulador.
10.10).
Privilégios da Nova Vida 49

Devoção Diária

Domingo: 1Timóteo 3.15 Quarta-feira: 2Tessalonicenses 1.3


Segunda-feira: Atos 9.27,28; Quinta-feira: Tiago 3.13-15,17
11.25 Sexta-feira: Gálatas 6.14,15
Terça-feira: 2Pedro 3.18 Sábado: Mateus 5.13,14

Objetivos
— Reconhecer a necessidade de viver uma vida piedosa
diante de Deus e da sociedade;
— Desenvolver novas amizades no seio da igreja;
— Exercer influência positiva na sua comunidade através do
poder transformador do Evangelho.

INTRODUÇÃO
O simples fato de sermos salvos em Jesus Cristo, pela fé no
Seu sacrifício (Ef 2.8) e possuirmos uma nova natureza (2Co 5.17;
2Pe 1.4), constitui-se no mais elevado privilégio que alguém po-
deria almejar. Mas a graça de Deus é abundante e se multiplica
em bênçãos que são renovadas todos os dias (Jo 1.16). Cristo
falou aos Seus discípulos que veio trazer-lhes “vida abundante”
(Jo 10.10). A vida em Cristo é plena de significado. Também é
plena de privilégios que são concedidos a nós por meio do amor
extraordinário de Deus. Neste estudo, vamos destacar alguns
privilégios da nova vida em Cristo.

1. OS REFLEXOS DA NOVA VIDA NA SOCIEDADE


1.1 A Nova Vida não Significa Isolamento
É no mundo rodeado pela sociedade que o novo crente exer-
cerá sua influência transformadora, sem deixar-se corromper
pelo mal (Fp 2.15; Mt 5.13,14). A primeira coisa a ser compreen-
dida, então, é que a nova vida em Cristo não significa isolamento
50 Doutrinas da Fé Cristã

(1Co 5.9-11). Isolar-se iria contrariar a natureza humana, pois o


ser humano é um ser gregário, que se realiza no exercício da soli-
dariedade e do companheirismo.
A primeira consideração que o Criador fez sobre a Sua cria-
tura foi: “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Por sua
vez, Jesus defendeu o mesmo conceito em João 17.15,16. Mas,
então, você pode perguntar: como se interpreta o Salmo 1 à luz
desse princípio?
Primeiro, o Salmo 1 estabelece contraste entre a vida do
cristão e a vida do ímpio vivendo no mesmo espaço geográfico.
Segundo, o Salmo 1 indica uma linha de conduta do salvo nesta
convivência, em que ele não se submente à influência prejudi-
cial do mundo, nem se associa com os pecados do ímpio, tam-
pouco disfarça suas atitudes escarnecedoras (v. 1).

1.2 A Nova Vida Requer Testemunho Pessoal


Na linguagem de Jesus, a árvore que não dá frutos não está
cumprindo o seu propósito e deve ser cortada (Jo 15.1,2). Con-
sequentemente, os frutos testemunham se a árvore é boa ou má
(Mt 7.16-20). Assim, na vida cristã, o testemunho dado é de vital
importância para que o mundo conheça a Cristo por meio de nós
(Cl 4.5; 1Pe 2.15,16). Cabe ao novo crente atitudes que terão efei-
tos positivos na vida daqueles que o cercam. Tais atitudes terão a
marca do respeito, da sinceridade e da solidariedade cristã.

1.3 A Nova Vida Requer Submissão à Autoridade Espi-


ritual
Jamais seremos exemplos de obediência e submissão se não
aprendermos a colocar em prática os princípios emanados na
doce Palavra de Deus. Entre eles, o princípio do reconhecimento
e da honra à autoridade espiritual que Deus estabeleceu para
abençoar nossa vida. Aquele a quem seguimos e atendemos
exercerá grande influência em nosso futuro com Deus. Em Efé-
sios 4.11-17, o apóstolo Paulo diz que Deus estabeleceu obrei-
Privilégios da Nova Vida 51

ros em Sua casa para cuidarem do nosso crescimento espiritual.


Em Números 16.32-35, vemos que Coré, Datã e Abirão, tanto
quanto os seus seguidores, foram destruídos por desonrarem a
autoridade de Deus na vida de Moisés, seu líder espiritual.
A Bíblia nos ensina sobre submissão e obediência. Submissão
é uma questão de atitude interior, de consciência; é uma ques-
tão espiritual. Por sua vez, a obediência é uma questão de atitu-
de exterior, questão de comportamento, de modo que alguém
pode ser obediente e nem por isso ser submisso (At 20.28-31).
A obediência está relacionada a uma ordem, a uma presença. A
submissão está relacionada a uma lei espiritual, um princípio.

2. IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO


2.1 Pelo Batismo
Já tivemos nossa lição sobre o batismo nas águas. Portan-
to, você deve ter entendido os propósitos e a importância da
imersão em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Por ora,
basta relembrar que ser batizado é a declaração pública de sua
decisão e disposição de ser discípulo de Jesus em caráter defini-
tivo, e é sinal de identificação com o Senhor da nova vida, Jesus
Cristo.
O ministério de João Batista era preparar o caminho para a
manifestação do Filho de Deus (Jo 1.29-34). O Senhor Jesus tan-
to aprovou o ministério de João que foi batizado por ele, como
vemos em Mateus 3.13-17. No encerramento do Seu ministério
terreno, Jesus ordenou a Seus discípulos atenderem à essa or-
denança (Mt 28.18-20), tornando-nos, portanto, continuadores
do Seu ministério (At 8.38,39).

2.2 Pela Celebração da Sua Morte


Na noite em que foi traído, pouco antes de Sua morte na cruz,
Jesus celebrou e instituiu a Santa Ceia do Senhor (Mt 26.24-30). A
finalidade da celebração da Santa Ceia é relembrar aos Seus discí-
pulos o sacrifício expiatório na cruz do Calvário (1Co 11.23-28). Ao
52 Doutrinas da Fé Cristã

participarmos da Ceia, estamos nos identificando como membros


da comunidade estabelecida por Cristo, a Sua Igreja, ao mesmo
tempo em que declaramos aceitar o novo pacto entre Deus e os
homens pelo sangue de Cristo. Conforme estudamos na lição an-
terior, a participação na Santa Ceia declara a nossa relação com
Cristo e com o Seu sacrifício, bem como com a Sua Igreja, assim
como revela o nosso reconhecimento de Seu senhorio.

2.3 Pela Comunhão com a Igreja


Em Atos 2.42, o inspirado historiador narra que os cristãos
primitivos “perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comu-
nhão, no partir do pão e nas orações”. A palavra-chave desse
versículo é “comunhão”. Essa comunhão é inspirada e mantida
pela submissão aos ensinos de Cristo, ministrados através dos
Seus apóstolos. Só a comunhão nos leva a viver sob uma orien-
tação comum e compartilhar o recurso que temos com aqueles
que não têm. A comunhão me leva a orar com você e por você.
Ronald J. Sider disse:
“Para os primeiros cristãos Koinonia não era a comunhão enfeitada
de passeios quinzenais patrocinados pela igreja. Não era chá, bis-
coitos e conversas sofisticadas no salão social depois do culto. Era
um compartilhar incondicional de suas vidas com os outros mem-
bros do Corpo de Cristo”.

A primeira grande condição para obtermos uma vida cristã


salutar e autêntica é mantermos uma relação íntima com Deus
através da leitura diária da Bíblia e por meio da oração. A segun-
da condição para que tenhamos uma vida cristã robusta é man-
termos uma comunhão prática e espiritual com os irmãos na fé.
É impossível ser genuinamente cristão e viver isolado do
Corpo de Cristo, Sua Igreja. Alguém disse, apropriadamente,
que quem é ilha não chegará a ser continente. Depois de ex-
perimentarmos as alegrias de uma vida de comunhão, jamais
desejaremos viver isolados (At 20.11; 1Co 1.9; 10.16; 2Co 13.13;
Fp 2.1-5).
Privilégios da Nova Vida 53

3. IDENTIFICAÇÃO COM A COMUNIDADE CRISTÃ


3.1 Pela Adoração
O escritor aos Hebreus admoestou que os servos de Deus
deveriam reunir-se para congregar e se edificarem mutuamen-
te, salientando o cuidado em não abandonar a congregação
(Hb 10.25). O apóstolo Paulo defendeu o mesmo princípio (Ef
5.19,20; Cl 3.16,17).
A adoração é um privilégio da nova vida em Cristo. Em Ro-
manos 12.1,2, o apóstolo falou sobre o que é “culto racional” ou
“culto inteligente”. A palavra que foi traduzida por culto aparece
em algumas traduções como “serviço”. Adoração, ou culto, é ver
Deus em toda a Sua magnificência, santidade e poder. Mas, tam-
bém é uma atitude de obediência amorosa ao Criador.

3.2 Dependendo Uns dos Outros


Quando nascemos, dependemos inteiramente de nossos
pais para sobrevivermos. Sozinho, o ser humano perece. O pla-
no de Deus é que tudo neste mundo seja feito de acordo com
essa mesma ideia. Precisamos uns dos outros!
O apóstolo Paulo deu muita ênfase a essa interdependên-
cia dos membros do Corpo de Cristo, afirmando que nós somos
membros uns dos outros (1Co 12.12-27) e “ajustados” como pe-
ças de uma mesma construção: a Igreja (Ef 2.20-22). Portanto, o
aspecto cooperativo na Igreja do Senhor é próprio de um organis-
mo em que todos os membros cooperam para o mesmo objetivo.
Há diferenças de dons e ministérios na igreja (1Co 12.1-11,
28-31), mas todos são realizados para a glorificação do nome
de Deus, através da edificação e capacitação dos crentes para o
serviço cristão (Ef 4.11,12). Assim, é um privilégio fazer parte da
Igreja de Cristo.

3.3 Servindo Uns aos Outros


Vimos que algumas versões da Bíblia traduzem a palavra “cul-
to” por serviço. Não há qualquer equívoco nisso. Quando servi-
54 Doutrinas da Fé Cristã

mos uns aos outros, também estamos cultuando. Uma análise de


Atos 2.42 revela que todos os discípulos permaneciam na doutri-
na e no partir do pão, assim como nas orações, porque viviam em
comunhão. Ou seja, davam ao partir do pão a mesma importância
dada às orações.
A obediência à sã doutrina era a vida moral e espiritual da
Igreja Primitiva. A comunhão era a expressão de sua vida social
e espiritual, enquanto que a oração denotava a intimidade com
Deus e a sede que tinham de um relacionamento íntimo com
Ele. Porém, era o partir do pão a prova mais evidente de que
eles haviam entendido a doutrina de Cristo e o significado de
comunhão (2Co 9.7,8,14; Tg 2.17,20,26; Lc 6.38; Sl 41.1,2).

4. UMA NOVA VIDA


4.1 Uma Nova Vida Espiritual
É possível que você tivesse uma vida religiosa antes de co-
nhecer a Cristo, vida marcada pela fidelidade a certos princípios
religiosos. Quem sabe, mesmo não sendo religioso, tenha sido
inquiridor da verdade, procurando descobrir o que está por trás
da vida. Mas também pode jamais ter-se inquietado por tais coi-
sas. Agora tudo mudou. Você experimenta a fé viva e verdadei-
ra plantada em seu coração pela Palavra de Deus, que o levou
à salvação. Seria egoísta, a partir de agora, viver recluso e não
anunciar ao mundo a transformação que Deus operou em sua
vida (Gl 1.14-16; 2Pe 3.9).

4.2 Uma Nova Vida Moral


O conceito bíblico de moral é absoluto. Essa área não pode
ser relativizada, como querem alguns, que condenam com du-
reza determinados pecados, mas em relação a outros preferem
o caminho da omissão. Quando este assunto vem à tona, vem
à mente que se trata “apenas” de sexo. No entanto, segundo os
padrões bíblicos, uma vida moral implica em finanças, na pa-
lavra empenhada (sinceridade e verdade), na honestidade nos
Privilégios da Nova Vida 55

negócios e no trato com supe-


O conceito bíblico de moral é
riores e imediatos, na retidão absoluto. Essa área não pode
no cumprimento das normas, ser relativizada, como querem
no não comprometimento com alguns, que condenam com du-
os valores mundanos e no ape- rezadeterminadospecados,mas
em relação a outros preferem o
go à ética cristã (Mt 5.20; 1Co
caminho da omissão.
11.1,2).

4.3 Uma Nova Vida Social


Antes de conhecer o Evangelho, é possível que você tenha
frequentado lugares que agora são impróprios, ou pode ter con-
duzido sua vida de maneira que não convém a um cristão au-
têntico. Falamos que a vida cristã saudável não recomenda o
isolamento. No entanto, os seus olhos espirituais estão agora
abertos para que tenha discernimento de quais são as amizades
saudáveis que deve nutrir (1Co 15.33), que tipo de lugares po-
dem ser frequentados sem colocar sua vida espiritual em risco
(Sl 1) e como afastar-se daquelas situações que, sem dúvida, o
levarão ao fracasso em sua vida espiritual (1Ts 5.22).
É importante lembrar que não podemos deixar de cumprir a
admoestação de Tiago no que tange a ajudar socialmente os mais
carentes. Repartir o nosso pão com os pobres é atitude que nos
identifica com Cristo em Seu amor. Assim, identifique em sua igre-
ja programas de ajuda aos menos favorecidos e participe.

CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo concluiu o capítulo 12 de 1 Coríntios, dizen-
do: “Ademais, eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelen-
te” (1Co 12.31). A partir dessas palavras, começou a dissertar
acerca do amor fraternal. Esta é a base da vida e da fé cristã:
o amor. Fica claro, então, que a vida do crente na comunidade
cristã deve ser permeada pelo caminho mais excelente: o cami-
nho do amor fraternal.
56 Doutrinas da Fé Cristã

QUESTIONÁRIO

1. Quais são os reflexos da sua nova vida na sociedade?

2. Como ocorre a nossa identificação com Cristo no ato da


comunhão com a Igreja?

3. Cite duas formas por meio das quais nos identificamos com
a comunidade cristã.

4. Fale sobre a nossa nova vida moral.

5. Qual o reflexo de nossa nova vida espiritual?


Privilégios da Nova Vida 57

Lição 7 DÍZIMOS E OFERTAS


Leitura Coletiva Malaquias 3.7-11
“ Desde os dias dos vossos pais vos desviastes dos meus es-
7

tatutos, e não os guardastes: tornai-vos para mim, e eu tor-


narei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis:
Em que havemos de tornar? 8 Roubará o homem a Deus?
Todavia, vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos
dízimos e nas ofertas alçadas. 9 Com maldição sois amaldiço-
ados, porque me roubais a mim, vós, toda a nação. 10 Trazei
todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja manti-
mento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o
Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do Céu,
e derramar sobre vós uma benção tal, que dela vos advenha
a maior abastança. 11 E por vossa causa repreenderei o devo-
rador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide
do campo não vos será estéril, diz o Senhor dos Exércitos”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“E digo isto: Que o que A maldição do Senhor habita
semeia pouco, pouco também na casa do ímpio, mas a
ceifará; e o que semeia em habitação dos justos Ele
abundância, em abundância abençoará.
também ceifará” (2Co 9.6).
58 Doutrinas da Fé Cristã

Devoção Diária

Domingo: Deuteronômio 28.1-7 Quarta-feira: Mateus 13.1-8


Segunda-feira: Deuteronômio Quinta-feira: Mateus 23.23-26
28.8-14 Sexta-feira: Lucas 6.30-36
Terça-feira: Deuteronômio Sábado: 1 Timóteo 6.17-19
1.10-11

Objetivos
— Levar o aluno a compreender a verdade bíblica sobre a
mordomia cristã;
— Aceitar o ensino bíblico com relação ao dízimo e às ofer-
tas alçadas:
— Entender que o dízimo é uma ordenança divina;
— Fazer com que desenvolva uma atitude de disposição de
servir ao Senhor com os seus bens.

INTRODUÇÃO
Mordomia é o cargo ou ofício do mordomo. Mordomo é a
pessoa que recebe a incumbência de cuidar de bens alheios. É
um administrador que deve prestar contas daquilo que faz pe-
riodicamente. É, portanto, uma pessoa responsável por cuidar
e preservar o patrimônio de outro até quando tiver de prestar
contas.
Tudo o que temos ou somos pertence ao Senhor. Somos ape-
nas Seus administradores. Até a nossa vida pertence a Ele. O
Senhor espera que saibamos lidar com aquilo que é d’Ele como
despenseiros fiéis (1Co 4.2). Assim, precisamos compreender
que o ato de consagrar nossos dízimos e ofertas no altar do Se-
nhor é um ato de honra Àquele que tudo nos dá (Pv 3.10).
Dízimos e Ofertas 59

1. DEFININDO OS TERMOS
1.1 Gesto de Adoração e Louvor
Nos tempos dos patriarcas, os lugares onde um encontro com
Deus tinha acontecido tornavam-se lugares santos (Êx 3.5). Esses
espaços eram marcados com um altar e era realizado um sacrifí-
cio sobre eles. Quando Abraão deixou Harã e partiu para Canaã,
parando em Siquém, Deus apareceu a ele e disse que aquela terra
estava destinada aos seus descendentes. Note que Abraão edi-
ficou um altar ao Senhor naquele lugar (Gn 12.7). Se seguirmos
a trajetória do patriarca, perceberemos que em todos os lugares
onde parou, um altar foi edificado. O único lugar onde não edi-
ficou um altar foi no Egito. Foi exatamente ali que os seus des-
cendentes foram escravizados por quase quatrocentos anos. Jacó
seguiu o exemplo do seu avô e sempre edificou altares.
Isso nos ensina que onde há uma promessa, há um altar.
Onde há um altar, há um sacrifício. E onde há um sacrifício, há
uma oferta.
O ato de ofertar é uma honra. Por essa razão o Senhor diz ao
Seu povo, através de Malaquias: “Onde está a minha honra?”
(1.6). Vale ressaltar que o livro de Malaquias trata de sacrifícios,
dízimos e ofertas no período pós-cativeiro. O povo de Judá esta-
va saindo do cativeiro babilônico e estava com medo de dispor
seus bens para Deus e enfrentar dificuldades. Então, para que
Deus não ficasse sem ser adorado, eles passaram a dar ofertas de
menor qualidade, o menos valioso. Aquilo que era melhor guar-
davam para si, isto é, as sementes para reprodução. O brado de
Deus através do profeta foi: “Onde vocês estão me honrando?”
Então, ofertar e trazer dízimos ao Senhor é um gesto de hon-
ra (Pv 3.9,10).

1.2 O Que é Dízimo?


A definição de dízimo no dicionário é a seguinte: “Dízimo sig-
nifica a décima parte de algo, paga voluntariamente ou através
de taxa ou imposto”.
60 Doutrinas da Fé Cristã

Apesar de, atualmente, estar associada a uma prática religiosa


judaica ou cristã, muitos reis na antiguidade exigiam o dízimo dos
seus súditos. Na língua hebraica, a palavra dízimo é maasser, com o
significado de “a décima parte de algo”. Em sua raiz, temos o termo
issaron, que significa “décima parte”; também o termo ‘eser, que sig-
nifica “dez”. Na raiz anterior desta palavra, temos o termo ‘asa, que
significa “fazer”, “fabricar”, “realizar”. Também há o termo ma’aseh,
que significa “feito”, “obra”. Dando a entender “a décima parte do
que se realiza”.

1.3 O Que é Oferta?


Por sua vez, a oferta é uma contribuição a ser apresentada no
altar do Senhor como forma de adoração e gratidão. Enquanto
o dízimo fala de fidelidade e reconhecimento, a oferta fala de
gratidão e adoração. A palavra “oferta”, no hebraico, é tarumã.
Esta palavra significa “contribuição”, “levantamento de ofertas”.
A palavra vem de uma raiz (heb. rûm) que significa “altura”, “alti-
vez”, “alto”, “para cima”. Há também a ideia associada de louvor
que nos conduz ao conceito de “altos louvores” ou “louvores ao
alto”. Do mesmo modo, há a ideia de “ser exaltado”. Logo, en-
tendemos que essas ofertas para o Tabernáculo eram oferecidas
para Deus, para o alto. O objetivo delas está implícito no próprio
termo, que fala de louvores sendo prestados a Ele a fim de que
seja exaltado.

2. O PRIVILÉGIO DE DAR
2.1 Dízimo Não é Coisa Nova
O dízimo precede a Lei de Moisés. Ao ler Genesis 14.20, en-
contramos a primeira menção do dízimo feita na Bíblia. Abraão,
ao derrotar os seus inimigos, deu o dízimo de tudo a Melquise-
deque. Aqui está uma lição para nós: antes de se tornar um ato
obrigatório na Lei de Moisés, o dízimo foi praticado por Abraão
como um ato de gratidão e fé. Nos dias de Abraão, não havia
ordens, sacerdócio nem preceitos que requeressem a obrigação
Dízimos e Ofertas 61

sistemática de se entregar o dízimo. Aquele foi um gesto espon-


tâneo, de fé e adoração do patriarca.
Outro patriarca que foi fiel na entrega de seu dízimo antes de
existir a Lei de Deus dada ao povo foi Jacó (Gn 28.20-22).
Assim, para aqueles que alegam que o dízimo é um manda-
mento ultrapassado da Lei de Moisés e, por isso, não é mais
válido para nossos dias, apresentamos verdades bíblicas que
confirmam que, antes mesmo do código de Lei do povo judeu,
os patriarcas dizimavam com regularidade.

2.2 O Dízimo e a Lei de Moisés


Como observamos, o dízimo era praticado pelos servos de
Deus e por outras religiões do
mundo antigo. Com o advento
da Lei, houve a incorporação de Duzentosecinquentaanos
depois da experiência de Jacó
um costume que já era aceito e
em Betel, o Senhor orientou
praticado regularmente. Duzen- Moisés a instituir oficialmente
tos e cinquenta anos depois da o dever de cada judeu de en-
experiência de Jacó em Betel, o tregar o dízimo (Lv 27.30-33).
Senhor orientou Moisés a ins-
tituir oficialmente o dever de
cada judeu de entregar o dízimo
(Lv 27.30-33). Para isso, o judeu deveria ter consciência de que
estava entregando algo ao Senhor (Dt 12.6). Mais tarde, Mala-
quias afirmou que o povo que retinha os seus dízimos estava
roubando ao Senhor (Ml 3.8).

2.3 O Dízimo nos Livros Históricos e Proféticos


Nos Livros Históricos e Proféticos, encontramos lições sobre
a prática do dízimo. Nos grandes avivamentos religiosos da his-
tória de Israel, Deus usou homens para lembrar ao povo o dever
de dizimar. Um exemplo disso temos no avivamento liderado por
Ezequias (2Cr 29 e 30). Ao conclamar o povo ao arrependimento
e à purificação do Templo, Ezequias reorganizou o sacerdócio
62 Doutrinas da Fé Cristã

(2Cr 31.2). Como consequência desse avivamento, o povo foi


conclamado a entregar o dízimo fielmente (2Cr 31.5,6,12,15).
Nos dias de Neemias não foi diferente. Houve um avivamen-
to de arrependimento e confissão dos pecados (Ne 9). O líder do
pós-cativeiro exortou o povo a ser dizimista (Ne 10.37,38; 12.44;
13.5,12). O pacto com Deus foi selado e as bênçãos foram abun-
dantes naqueles dias.
Acrescente-se a esses exemplos o que ocorreu nos dias de
Amós (Am 3.8-10) e nos dias de Malaquias (3.7-11).

3. DÍZIMOS E OFERTAS NO NOVO TESTAMENTO


3.1 Jesus e a Prática do Dízimo
Jesus se referiu ao dízimo duas vezes, em Mateus 23.23 e
Lucas 18.9-14. Na primeira citação, Jesus censurou os escribas
e os fariseus que entregavam o dízimo apenas para se mostra-
rem mais piedosos. Na segunda situação, da mesma maneira,
Ele censurou o fariseu que dava o dízimo apenas para cumprir a
exigência da Lei. Em ambos os casos, Jesus não condenou a prá-
tica do dízimo, mas a motivação equivocada daqueles religiosos.
Algumas considerações a serem pontuadas sobre se Jesus foi
dizimista devem levar em conta o seguinte:
a) Jesus foi educado em um piedoso lar judeu, e os judeus
piedosos eram dizimistas;
b) Jesus declarou que não veio revogar a Lei e os Profetas,
mas cumpri-los (Mt 5.17);
c) Os inimigos de Jesus tentaram convencê-Lo de que estava
violando a Lei, por exemplo, na observância do sábado. Será que
não O acusariam caso violasse a lei do dízimo?
d) O Talmud, coleção judaica de comentários da Lei, proibia a
um judeu zeloso se sentar à mesa com outro judeu não dizimis-
ta. E os fariseus sentaram-se à mesa com Jesus.
Sem dúvida, Jesus não só praticou o dízimo, como foi além
dele.
Dízimos e Ofertas 63

3.2 Paulo e a Prática da Contribuição Financeira


É preciso ter em mente que a prática comum e constante do
dízimo e das ofertas era aceita pelas igrejas do primeiro século.
Portanto, não há maiores preocupações de orientá-las especifi-
camente sobre o assunto. Mesmo porque, podemos ver o que
era a prática da Igreja daqueles dias em Atos 4.32-37.
Mas, vamos ao que Paulo nos orienta sobre o assunto em 1
Coríntios 16.2:
a) Deve ser entregue regularmente: “No primeiro dia da se-
mana”;
b) A entrega é um privilégio de todos: “Cada um de vós”;
c) A mordomia financeira é sagrada: “Ponha à parte”;
d) Devemos entregar o máximo: “O que puder” – basta ver-
mos o exemplo dos macedônios (2Co 8.3);
e) Proporcional à prosperidade: “Conforme tiver prosperado”;
f) É o reconhecimento da graça de Deus sobre nós (1Co 8.1);
g) Devemos fazê-lo voluntariamente (2Co 8.3);
h) Só entendemos o princípio se, antes, nos entregarmos ao
Senhor (2Co 8.5).

3.3 A Prática do Dízimo Hoje


O autor da epístola aos Hebreus escreveu: “E aqui certamen-
te tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de
quem se testifica que vive.” (veja Hebreus 7.8).
O ensino principal de Hebreus 7 é que o sacerdócio de Cristo
é superior ao sacerdócio levítico, pois é um sacerdócio da ordem
de Melquisedeque. O autor usou Gênesis 14.18-24 e o Salmo
110.4 em sua argumentação. Embora o foco principal do texto
não seja o dízimo, tudo o que o texto fala sobre dízimo é, evi-
dentemente, verdadeiro.
Na argumentação do autor de Hebreus, há somente dois
tipos de sacerdócio bíblico: o de Levi (mosaico, da Lei) e o de
Melquisedeque (da promessa), que é superior, definitivo e da
64 Doutrinas da Fé Cristã

mesma natureza que o de Jesus Cristo. Mesmo com a mudança


da Lei, peculiar à mudança de sacerdócio, em ambos os sacerdó-
cios há entrega de dízimos, no de Levi e no de Melquisedeque,
que é semelhante ao de Cristo.
Fica claro que, na nova dispensação, todo ato de adoração a
Deus é movido por fé “e tudo que não é por fé, é pecado” (Rm
14.23).

4. AS FINALIDADES DOS DÍZIMOS E OFERTAS


4.1 Sustento do Sacerdócio
Os levitas dedicavam-se exclusivamente ao serviço do Tem-
plo. O dízimo deveria ser utilizado para o sustento deles e dos
sacerdotes (Nm 8.26).
A Bíblia faz a mesma menção no que se refere àqueles que
vivem integralmente para a obra do Senhor (Fp 4.10-19; 1Tm
5.17,18; Gl 6.6).

4.2 Para a Promoção das Festas Nacionais


As festas nacionais foram organizadas para fortalecer a unida-
de do povo (Dt 14.22-27). Como em todas as festas as despesas
surgem, os dízimos mantinham os encontros nacionais que ale-
gravam o povo de Deus. Assim, nossas celebrações festivas são
arcadas pelas contribuições dos santos.

4.3 Sustento dos Necessitados


Trienalmente, o povo deveria separar um dízimo específico e
entregar ao levita a fim de que o encaminhasse aos pobres (Dt
14.28,29). Quando Malaquias repreendeu o povo acerca da sua
infidelidade no dízimo, a palavra foi: “Para que haja mantimento
na minha casa, diz o Senhor” (3.10).
Dízimos e Ofertas 65

CONCLUSÃO
Longe de ser vista sob o prisma de obrigatoriedade, a partici-
pação financeira é considerada como elevado privilégio da nova
vida em Cristo. Através da contribuição financeira, o crente reco-
nhece que Jesus é o Senhor da sua vida e demonstra, ao mesmo
tempo, o grau de sua identificação com Cristo e de envolvimento
com o Reino de Deus aqui na Terra.
Dízimo gera proteção. Oferta opera para a multiplicação e
sacrifícios geram milagres sobrenaturais.

QUESTIONÁRIO

1. Descreva a função de um mordomo.

2. Defina a palavra dizimo.

3. Defina a palavra oferta.

4. Fale sobre a pratica do dizimo hoje à luz da Epistola


aos Hebreus.

5. Qual o propósito da mordomia financeira na Igreja?


66 Doutrinas da Fé Cristã

Lição 8 A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

Leitura Coletiva João 14.15-17


“ Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. 16E eu
15

rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique
convosco para sempre, 17 a saber, o Espírito da verdade, o
qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o co-
nhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e ele
estará em vós”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária
“Quando vier, porém, Cremos no Espírito Santo
aquele, o Espírito Santo da como a terceira pessoa da
verdade, ele vos guiará a Trindade, genuíno Deus,
toda a verdade; porque não eterno, onipotente, onipre-
falará por si mesmo, mas sente e onisciente.
dirá o que tiver ouvido, e
vos anunciará as coisas vin-
douras. Ele me glorificará,
porque receberá do que é
meu, e vo-lo anunciará” (Jo
16.13,14).
A Pessoa do Espírito Santo 67

Devoção Diária

Domingo: João 3.5-8 Quinta-feira: João 7.38,39


Segunda-feira: Atos 2.1-4 Sexta-feira: João 16.7,8,13,14
Terça-feira: João 20.22 Sábado: 1 Coríntios 2.10,11
Quarta-feira: Efésios 5.18

Objetivos
— Crescer no conhecimento de Deus é imprescindível para
uma vida cristã bem-sucedida. Não conheceremos a Deus
sem reconhecermos o Espírito Santo como Deus;
— Conhecer o Espírito Santo como pessoa santa da Trinda-
de, com o Pai e o Filho;
— Conhecer os símbolos que falam do Espírito Santo nas
Escrituras;
— Reconhecer a operação do Espírito na Igreja.

INTRODUÇÃO
A doutrina do Espírito Santo chama-se “Pneumatologia”, em
referência à pneuma, termo grego que significa “vento”, “sopro”.
Também é conhecida como “paracletologia”, em referência à su-
blime missão do Espírito de intercessor (Rm 8.26,27).
Essa doutrina é de sublime importância em todo o texto bí-
blico. A julgar pelo lugar que ocupa nas Sagradas Escrituras, está
entre as verdades redentoras. Com exceção de 2 e 3 João, todos
os livros do Novo Testamento contêm referências à obra do Es-
pírito Santo. Todos os Evangelhos começam com uma promessa
do derramamento do Espírito Santo (Mt 1.20; 3.11; Mc 1.8,10;
Lc 1.35, 41; Jo 1.32,33).
No entanto, é reconhecidamente a doutrina mais negligen-
ciada. O formalismo e o medo indevido do fanatismo têm pro-
68 Doutrinas da Fé Cristã

duzido uma reação contrária a ênfase dada à obra do Espírito


Santo na experiência pessoal. Naturalmente, isso resulta na de-
cadência espiritual, pois, não há Cristianismo vivo sem o Espírito.
Somente Ele pode fazer real em nós a obra que Cristo realizou.
Subestimar a Sua atuação e delimitar a Sua área de presença
suprime as evidências do verdadeiro Cristianismo.

1. NOMES DO ESPÍRITO SANTO


O Espírito de Deus também é chamado Santo porque a Sua
obra principal é a santificação (At 1.8; 1Ts 4.3; 2Ts 2.13). O Es-
pírito Santo é um ser pessoal que possui em si os elementos
de existência pessoal, em contraste com a existência impessoal,
como pensam alguns. Para esses, o Espírito Santo é apenas uma
força, um poder ou a unção.
É necessário, entretanto, lembrar que Ele é a terceira pessoa
da Trindade Santa. No livro do profeta Isaías, Ele é chamado de
“Espírito do Senhor, Espírito de Sabedoria e de Entendimento,
Espírito de Conselho e de Fortaleza, Espírito de Conhecimento e
de Temor do Senhor” (Is 11.2).

1.1 Espírito de Deus


O Espírito é agente da divindade, operando tanto na esfera
física como moral. Por intermédio do Espírito, Deus criou e pre-
serva o Universo (Gn 1.2; Hb 1.3). Por meio do Espírito, Deus ope-
ra na esfera espiritual convencendo os pecadores, santificando e
sustentando os crentes (Jo 16.7-14).

1.2 Espírito de Cristo


Veja Romanos 8.9. Por que Ele é chamado Espírito de Cristo?
Primeiro, porque Ele foi enviado em nome de Cristo (Jo 14.26).
Segundo, porque a Sua missão é glorificar e tornar glorificado
o nome de Cristo (Jo 16.14). É Ele quem testifica ao coração do
A Pessoa do Espírito Santo 69

pecador a obra de Cristo na cruz do Calvário e o juízo sobre o


pecado (Jo 16.7-13).

1.3 Consolador
Este é o nome dado ao Espírito Santo no Evangelho de João,
sobretudo nos capítulos 14, 16 e 17. Os discípulos, sabendo que
Jesus havia de partir, estavam contristados: “quem nos ensina-
rá?”, “quem nos guiará?”, “quem estará conosco quando anun-
ciarmos o Teu Nome?”. Jesus aquietou essa situação com uma
promessa: “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador
para que fique convosco para sempre” (Jo 14.16).
A expressão “outro consolador” significa “outro semelhante”. O
termo grego para “Consolador” é paracletus e significa “alguém en-
viado para estar ao lado de outrem a fim de ajudá-lo em qualquer
eventualidade, especialmente em processos legais e criminais.”
Nos tribunais antigos, era costume as partes aparecerem acom-
panhadas por um ou mais amigos prestigiosos, que chamavam
de paracletus, no latim advocatus. Esses assistiam seus amigos,
não por remuneração, mas por consideração e amor (Mc 13.11).

2. A OPERAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO


O Espírito Santo é o Executivo da divindade. Ele opera em
todas as esferas da vida do crente para a conversão e a santi-
ficação. O Espírito Santo é uma pessoa divina e real. A razão
principal de muitos crentes não viverem em íntimo e profundo
relacionamento com o Santo Espírito como pessoa e como Deus
está no hábito mental adquirido de imaginá-lo sempre como
algo, e não como Alguém.

2.1 Espírito da Promessa


Ele é assim chamado porque o Seu poder e a Sua graça nos
são prometidos desde o Antigo Testamento (Êx 37.25; Jl 2.28; Pv
1.23; Is 44.3,4; Lc 24.44; Gl 3.14).
70 Doutrinas da Fé Cristã

2.2 Espírito da Graça


É Ele quem dá graça ao homem para que se arrependa e
concede poder para a santificação, perseverança e serviço (Hb
10.29; Zc 12.10) O homem que trata com desdém o Espírito da
Graça afasta o único que pode tocar e comover o coração. E,
assim, afasta de si a graça salvadora de Deus.

2.3 Espírito da Verdade


Pelas funções a Ele atribuídas no Evangelho de João, sabe-
mos que Ele é assim chamado por:
Estar conosco para sempre (Jo 14.16-19);
Dar testemunho de Jesus (Jo 15.26);
Guiar-nos a toda verdade (Jo 16.13);
Ensinar-nos todas as coisas (Jo 14.26).

3. SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO


O Espírito Santo é simbolizado na Bíblia com o propósito de
mostrar-nos a Sua atuação em momentos específicos. Vejamos
quais são esses símbolos:

3.1. Fogo
Veja Lucas 3.16. Como fogo, Ele operou no dia de Pentecos-
tes (At 2.4) quando desceu sobre os crentes da Igreja Primitiva.
Como fogo, Ele operará no dia do Tribunal de Cristo, como ve-
remos à frente, quando nossas obras para Deus serão provadas
(1Co 3.15). No período intermediário entre o Milênio e o Juízo
Final, o Espírito de Deus também atuará como fogo (Ap 20.9).

3.2. Vento
Veja Atos 2.2, Ezequiel 37.9 e João 3.8. Assim como o vento
leva as sementes das plantas, o Espírito leva ao coração do ho-
mem pecador a semente da santa Palavra de Deus (Lc 8.11).
A Pessoa do Espírito Santo 71

3.3 Pomba
Veja Mateus 3.16. Ele opera com a suavidade, discrição e
simplicidade de uma pomba. A cor predominantemente branca
da pomba fala da pureza do Espírito Santo. A pomba é símbolo
de brandura, doçura, amabilidade, inocência, suavidade, paz,
pureza e paciência. Essa é a obra do Espírito em nós (Gl 5.22,23).

3.4 Rios
Veja João 7.37-39, Isaías 44.3, Êxodo 17.6, Ezequiel 36.25-
27; 47.1. Quando Jesus declarou: “... rios de água viva correrão
no seu interior”, estava fazendo menção à obra regeneradora e
renovadora do Espírito de Deus no homem. O Espírito Santo é
a fonte de água viva, a mais pura e a melhor, porque Ele é um
verdadeiro rio de vida.

3.5. Óleo
Veja Zacarias 4.2-6. O óleo na antiguidade tinha duas fun-
ções: ungir e curar os ferimentos. Com essa dupla função, o Es-
pírito age em nós, curando as nossas feridas (Lc 10.34) e nos
ungindo para uso e serviço de Deus (1Sm 16.13).

3.6. Selo
Veja Efésios 1.13; 4.30 e 2 Timóteo 2.19. Na Bíblia, o “selo” é
símbolo de autenticidade. O Espírito Santo é quem autentica o
cristão e sua vida. No mundo antigo, ninguém poderia abrir um
documento selado, senão a pessoa a quem tal documento se
destinava. Assim, só Cristo pode agir e fazer conosco o que bem
lhe aprouver, porquanto estamos selados pelo Seu Espírito.

4. O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA?


4.1 A Ele são Atribuídos Atributos Divinos
4.1.1 Eternidade (Hb 9.14)
4.1.2 Onipresença (Sl 139.7-10)
72 Doutrinas da Fé Cristã

4.1.3 Onipotência (Lc 1.35)


4.1.4 Onisciência (1Co 2.10,11)

4.2 A Ele São Atribuídas Obras Divinas


4.2.1 Cria (Gn 1.2; Jó 33.4)
4.2.2 Regenera (Jo 3.5-8)
4.2.3 Ressuscita (Rm 8.11)
4.2.4 Age na Igreja (Lc 3.21,22; At 2.17)

4.3 Ele é Classificado Junto Com o Pai e Com o Filho


4.3.1 Na operação dos dons e ministérios (1Co 12.4-6)
4.3.2 Na bênção apostólica (2Co 13.13)
4.3.3 No batismo (Mt 28.19)
4.3.4 Na dedicação das cartas às igrejas da Ásia (Ap 1.4)

4.4 Ele é Apresentado com Sentimentos Divinos


4.4.1 Entristece-se (Ef 4.30)
4.4.2 Sente ciúmes por nós (Tg 4.5)
4.4.3 Intercede por nós (Rm 8.26,27)
4.4.4 Ensina (1Co 2.11,13)
4.4.5 Tem vontade (1Co 12.11)
4.4.6 O Espírito Santo ama (Rm 15.30)

CONCLUSÃO
Esperamos que o amado leitor e aluno tenha compreendido
tudo o que foi ministrado nesta aula. Temos consciência de que
o Espírito Santo é quem fará receber as verdades bíblicas de for-
ma profunda e renovadora.
Na próxima lição, continuaremos a estudar sobre a sublime e
extraordinária pessoa do Espírito da Graça de Deus.
A Pessoa do Espírito Santo 73

QUESTIONÁRIO

1. Como se chama a doutrina do Espírito Santo?

2. Cite três nomes pelos quais o Espírito Santo é chamado


na Bíblia.

3. Por que o Espirito Santo é chamado de Espírito da Pro-


messa?

4. Mencione quatro símbolos do Espírito Santo.

5. Cite elementos que provam que o Espírito Santo é uma


Pessoa.
74 Doutrinas da Fé Cristã

Lição 9 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

Leitura Coletiva 1 Coríntios 2.9-11


“ Mas, como está escrito: As coisas que os olhos não viram,
9

nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do ho-


mem, são as que Deus preparou para os que o amam. 10Por-
que Deus no-las revelou pelo Seu Espírito; pois o Espírito es-
quadrinha todas as coisas, mesmo as profundezas de Deus. 11
Pois, qual dos homens entende as coisas do homem senão o
espírito do homem que nele está? Assim também as coisas de
Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“O vento sopra onde quer, É do mais alto valor
e ouves a sua voz; mas, experimental saber que o
não sabes donde vem, nem Espírito Santo não é mera
para onde vai; assim é todo influência ou força impessoal,
aquele que é nascido do senão nosso Amigo e Ajudador,
Espírito” (Jo 3.8). sempre presente, nosso divino
Companheiro e Guia.
A Obra do Espírito Santo 75

Devoção Diária

Domingo: João 20.22 Quarta-feira: João 16.7,8,13,14


Segunda-feira: 1 Tessalonicen- Quinta-feira: Mateus 28.19
ses 5.19 Sexta-feira: Romanos 8.27
Terça-feira: João 15.26 Sábado: Efésios 4.30

Objetivos
— O aluno deverá compreender a ação do Espírito
Santo no Antigo e no Novo Testamento;
— Também deverá compreender a ação do Espírito
Santo no ministério terreno de Jesus;
— Saber que o poder do Espírito Santo age na Igreja.

INTRODUÇÃO
Na lição anterior, primeira parte do estudo sobre a pessoa do
Espírito Santo, vimos alguns nomes pelos quais Ele é conhecido
na Bíblia. Obviamente, não esgotamos o tema, mas compreende-
mos, assim, a Sua ação ao longo das páginas sagradas. Também
estudamos sobre os símbolos do Espírito Santo, Seu ministério
na Igreja, atuando na administração, no ensino, na pregação e na
oração. Vimos, ainda, que o Espírito Santo não é mera energia ati-
va, como defendem alguns, ou uma força iluminadora; antes, ele
é uma pessoa dotada de intelecto que conhece as profundezas
de Deus.
Nesta lição, vamos estudar sobre a atuação do Espírito Santo
no Antigo e no Novo Testamento, bem como Sua participação
direta no ministério terreno de Jesus, o Cristo. Compreender
que a ação do Espírito Santo é contemporânea nos levará a de-
sejar conhecê-Lo mais e desfrutarmos de Sua comunhão.
76 Doutrinas da Fé Cristã

1. O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO


O Espírito Santo não é uma novidade que surge com o Novo
Testamento. É possível observar que Ele está por toda a Bíblia,
executando as obras de Deus. O nome “Espírito Santo” ocorre
três vezes no Antigo Testamento (Sl 51.11; Is 63.10; Zc 4.6).

1.1 Na Criação
O Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade, por cujo po-
der o Universo foi criado. Ele pairava sobre a face das águas e
participou da glória da Criação (Gn 1.2; Jó 26.13; Sl 33.6; 104.30).
O Espírito Santo criou e sustenta o homem (Gn 2.7; Jó 33.4).
Toda pessoa, reconheça a Deus ou não como o seu Criador, é
sustentada pelo poder do Espírito Santo (Dn 5.23; At 17.28).

1.2 Produzindo de Forma Dinâmica


A operação do Espírito criou duas classes de ministros no An-
tigo Testamento:

1.2.1 Obreiros para Deus:


Eram homens de ação organizadora, executivos das coisas e
dos interesses de Deus em relação ao Seu povo. Podemos citar
como exemplos: Josué (Nm 27.8-21), Otoniel (Jz 3.9,10), José
(Gn 41.38-40), Bezaleel (Êx 35.30,31), Moisés (Nm 11.16,17), Gi-
deão (Jz 6.34), Jefté (Jz 11.29), Sansão (Jz 13.24,25), Saul (1Sm
10.15), Davi (1Sm 16.13) e os setenta anciãos (Nm 11.25).

1.2.2 Locutores para Deus


Podemos dizer que os profetas de Israel eram locutores de
Deus. Recebiam do Senhor Jeová as mensagens e as entregavam
ao povo. Em sentido amplo, os primeiros profetas foram os pa-
triarcas, de Adão a Moisés (Gn 20.7). Em sentido restrito, esse
ministério teve início com Samuel (1Sm 3.21). Havia também os
mestres, que, por sua vez, ensinavam as leis de Deus ao povo. A
A Obra do Espírito Santo 77

exemplo, temos os sacerdotes enviados a Samaria (2Rs 17. 26-


28), Josué (Js 8.24) e Esdras (Ed 8).

1.3 Restaurando o Povo de Israel


Uma leitura de Ezequiel 37 revela que a nação de Israel, sem-
pre que estava em crise, era despertada pela ação do Espírito
Santo. Ele levantava profetas para falar ao povo; Ele levantava
mestres para ensinar o povo; Ele levantava líderes que guiavam o
povo na direção que o Senhor os queria.

2. O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO


O nome “Espírito Santo” ocorre 86 vezes no Novo Testamento.
No Antigo Testamento, Ele vinha sobre três classes de pessoas:
reis, profetas e sacerdotes. São muito comuns no Antigo Testa-
mento expressões como “O Espírito veio sobre” e “o Espírito se
apoderou de”. No Novo Testamento, a operação do Espírito Santo
ocorre sobre todo crente. Somos o Seu santuário (1Co 3.16,17;
6.19; 2Co 6.16; Ef 2.20-22).
Vejamos a Sua ação nas páginas do Novo Testamento:

2.1 No Ministério de Jesus


2.1.1 No nascimento
Ele é o agente da milagrosa concepção de Cristo (Mt 1.20; Lc
1.26-35).

2.1.2 No Batismo
Ele é quem inaugura e oficializa o ministério de Jesus. Veja
Mateus 3.16,17. Com essa manifestação do Espírito Santo, Jesus
inicia o Seu ministério terreno.

2.1.3 Na Tentação
É o Espírito Santo quem conduz Jesus ao deserto para ser
tentado pelo Diabo (Mt 4.1). A tentação seria o primeiro mo-
78 Doutrinas da Fé Cristã

mento de confronto direto de Jesus, nosso Salvador, com o ar-


qui-inimigo da humanidade. Ele o venceu!

2.1.4 No Ministério
Todo o ministério de Cristo foi confirmado pelo Espírito Santo
(Mc 1.12; Lc 4.18; 11.20; At 10.38).

2.1.5 Na Crucificação
O mesmo Espírito que O conduziu ao deserto e ali O susten-
tou, operou em Cristo rumo ao Calvário para consumar Seu mi-
nistério na cruz pela salvação da humanidade (Hb 9.14; 12.2).

2.1.6 Na Ressurreição
Veja Romanos 1.4; 8.11. Em João 20.22, Jesus soprou e disse
aos seus discípulos: “Recebei o meu Espírito”. Isso, no entanto,
não pode ser visto como o cumprimento da promessa de Lucas
24.49. Uma comparação com Gênesis 2.7, indica que o sopro
divino simboliza um ato criador. Mais tarde, Jesus foi descrito
como Espírito que dá vida (1Co 15.45). Em João 20.22, o que
Jesus está revelando aos Seus discípulos é o poder da Sua res-
surreição.

2.1.7 Na Ascensão
Jesus recebeu o Espírito Santo no batismo (Jo 1.33), como já
vimos. E, ao subir aos céus, enviou-O à Sua Igreja (Jo 16.7; At 1.4).

3. O ESPÍRITO SANTO NA IGREJA


Rejeitar a atuação do Espírito Santo na Igreja, hoje, incorre
no mesmo pecado da antiguidade: a idolatria, quando Israel re-
jeitava o Senhor por outros deuses. Incorre também no mesmo
pecado que os judeus dos tempos de Jesus cometeram ao rejei-
tá-Lo como Messias. A vinda do Espírito Santo marca a história
vitoriosa da Igreja de Deus na Terra.
A Obra do Espírito Santo 79

3.1 Marcou o Seu Nascimento


Atos 2.1-4 diz que “cumprindo-se o dia de Pentecostes, es-
tavam todos reunidos no mesmo lugar”. Até aquele momento,
apenas os discípulos receberam o Espírito Santo. A partir de en-
tão, toda a Igreja de Cristo foi revestida com o Seu poder.

3.2 Evidencia a Glorificação de Cristo


O teólogo judeu Myer Pearlman escreveu que “a descida do
Espírito Santo foi um ‘telegrama’ celestial anunciando a chegada
de Cristo junto ao Pai”, assentando-se à Sua destra na glória (Jo
16.7; At 2.23).

3.3 A Vinda do Espírito Santo Anuncia a Consumação


da Obra de Cristo
A descida do Espírito Santo confirma a obra redentora de
Cristo na cruz. Os benefícios da expiação foram consumados em
seu sentido pleno no dia de Pentecostes, com a descida do Espí-
rito Santo, sinalizando que o sacrifício de Cristo fora concluído e
Ele já estava assentado e reinando à destra do Todo-Poderoso.

3.4 A Unção do Espírito Santo na Igreja


Assim como o batismo do Senhor foi seguido de Seu ministério
na Galileia, também o ministério
da Igreja foi iniciado com a desci-
A descida do Espírito Santo
da do Espírito Santo para batizá-la confirma a obra redentora de
com poder, para um ministério Cristo na cruz.
global (Mc 16.19,20). Essa unção
se manifestou em todas as ocasi-
ões da história da Igreja:
3.4.1 No dia de Pentecostes (At 2.1-4)
3.4.2 Na escolha dos primeiros diáconos (At 6.3)
3.4.3 Na escolha de obreiros (At 13.2)
3.4.4 Nas cruzadas de Filipe (At 8.17)
3.4.5 Na casa de gentios (At 10.44)
3.4.6 Nos crentes efésios (At 19.6)
80 Doutrinas da Fé Cristã

4. O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO


O Espírito Santo é o representante de Cristo. A Ele foi entregue
a administração da Igreja de Cristo até a Sua volta. A direção do
Espírito da Graça é reconhecida nos seguintes aspectos da Igreja:

4.1 Administração
Os grandes movimentos missionários da Igreja Primitiva
foram ordenados e aprovados pelo Espírito (At 8.29; 10.44;
13.2,4). Paulo estava consciente de que todo o seu ministério
era inspirado pelo Espírito (Rm 15.18,19). Em todas as suas via-
gens, ele reconhecia a operação do Espírito Santo. Ver ainda
Atos 6.3, 20.28.

4.2 Pregação
Os cristãos primitivos estavam acostumados a ouvir o Evan-
gelho pregado “pelo Espírito Santo enviado do Céu” (1Pe 1.12)
e recebiam com gozo a palavra do Senhor (1Ts 1.6), porque o
Evangelho era pregado pelo poder do Espírito Santo (1Ts 1.5;
1Co 2.1-5).
A.J. Gordon escreveu que “a nossa época está perdendo o
contato com o sobrenatural; o púlpito está descendo ao nível da
plataforma secular”.

4.3 Oração
Jesus ensinou aos discípulos um modelo de oração como
guia de suas petições (Mt 6.5-14). Antes de partir para o Pai, Ele
falou-nos sobre como devemos orar: “em meu nome” (Jo 16.23).
Esse é o meio pelo qual podemos chegar a Deus em oração. A
Bíblia ensina-nos a orar no Espírito (Ef 6.18; Jd 20; Rm 8.26-28).

4.4 Canto
Como resultado de estarem cheios do Espírito Santo, os
crentes cantam “em cantos espirituais.” São hinos espontâneos
A Obra do Espírito Santo 81

dirigidos pelo Espírito Santo (Ef 5.18,19). A expressão “falando


entre vós” significa o canto congregacional. “Salmodiando” é
uma expressão que se refere aos Salmos do Antigo Testamento,
recitados em forma de cânticos ou de ensino cristão.

4.5 Testemunho
Na Igreja Primitiva, todos testemunhavam de Jesus Cristo.
A Igreja era dirigida pelos apóstolos e pastores (Ef 4.11,12),
mas todos sentiam-se devedores do testemunho de Cristo.
Aliás, “testemunhar” é a palavra-chave do livro de Atos (1.22;
10.39,41-44; 13.31; 22.15; 26.16).

CONCLUSÃO
Concluímos mais esta lição e o último tópico de estudo re-
quer sensível atenção para não incorrermos no erro de conhe-
cer a obra do Espírito Santo e desprezá-la por incredulidade e
destemor. Que Ele, o Santo Espírito de Deus, como disse o Se-
nhor Jesus, nos guie a toda a verdade (Jo 16.13), para que, com-
preendendo-a, vivamos para honra e glória do nosso Deus.

QUESTIONÁRIO

1. Descreva a ação do Espírito Santo no Antigo Testamento.

2. Fale do mover do Espírito Santo no ministério de Jesus.

3. Como você descreveria a operação do Espírito Santo na


Igreja?

4. Mencione três aspectos que indicam a gestão do Espírito


Santo sobre a Igreja.
82 Doutrinas da Fé Cristã

Lição 10 O PECADO E A BLASFÊMIA


CONTRA O ESPÍRITO SANTO
Leitura Coletiva 1 Tessalonicenses 5.16-21
“ Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. 18Em tudo dai gra-
16 17

ças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para


convosco. 19Não extingais o Espírito; 20não desprezeis as pro-
fecias, 21mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“Portanto, vos digo: todo As sagradas Escrituras de-
pecado e blasfêmia se per- claram que o Espírito Santo
doará aos homens; mas, a é Deus, possuindo a mesma
blasfêmia contra o Espírito natureza divina. Quando o
Santo não será perdoada” Espírito Santo faz a vontade
(Mt 12.31). do Pai e do Filho, não signifi-
ca que Ele seja inferior. Isso
apenas revela a tão perfeita
união entre as três pessoas
da Santa Trindade.
O Pècado e a Blasfêmia contra o Espírito Santo 83

Devoção Diária
Domingo: 1 Tessalonicenses Quarta-feira: Efésios 4.30
5.19,20 Quinta-feira: João 16.12-15
Segunda-feira: Efésios 3.14-21 Sexta-feira: Mateus 3.7-11
Terça-feira: Efésios 5.18-21 Sábado: Atos 8.18-21

Objetivos
— O aluno deverá ter em mente que o Espírito Santo é uma
pessoa sensível;
— Também deverá saber diferenciar o pecado e a blasfêmia
contra o Espírito Santo;
— Por fim, deverá compreender a missão do Espírito Santo
na Igreja.

INTRODUÇÃO
Vimos nas lições anteriores como foi a operação do Espírito
Santo no Antigo e no Novo Testamento, no ministério de Cristo
e na história da Igreja. Nesta porção do nosso estudo, faremos
uma análise da ação do Espírito da Graça ao longo da História
para entendermos porque Jesus atribuiu ao Espírito Santo maior
sensibilidade no tocante aos pecados contra Ele e a gravidade da
blasfêmia.
Inicialmente, devemos ter em mente que o Espírito Santo
atua na Dispensação da Graça, na plenitude dos tempos, quan-
do, portanto, toda a revelação do plano salvífico de Deus já se
manifestou e ninguém poderá alegar inocência, diferente do pe-
ríodo vétero e neotestamentário, quando essa revelação estava
se desenrolando como um rolo profético (Ef 3.1-12).

1. O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO


O Antigo Testamento emprega o termo rûach para “espírito”,
sendo traduzido por “vento”, “espírito”, “alento”, “hálito”, “so-
84 Doutrinas da Fé Cristã

pro”. Das 378 referências do termo no Antigo Testamento, 136 es-


tão diretamente ligadas ao Espírito de Deus (como em Gn 1.2) e,
principalmente ao Espírito do Senhor (Jz 6.34; 1Sm 16.13; Is 11.2).
O Antigo Testamento dá maior ênfase à atividade do Espírito
do que à Sua natureza e a Sua atividade é demonstrada ampla-
mente na vida do homem, ainda que não exclusivamente, em
três níveis:

1.1 Nível Intelectual


Dando-lhe sabedoria, conhecimento, discernimento e habi-
lidade para atividades específicas, não indicando, necessaria-
mente, uma transformação espiritual (Gn 41.38,39; Êx 31.1-5;
35.30-35).

1.2 Nível Moral


É o Espírito de santidade que cria no homem o caráter moral
de Deus, esquadrinhando o coração humano, entristecendo-se
com o seu pecado e testificando contra o mesmo (Sl 51.11; Ne
9.20,30; Is 63.10,11).

1.3 Nível Religioso


Deus revelava Sua vontade através dos profetas. O Espírito
Santo inspirava, revelava e iluminava aqueles homens (Zc 7.12;
Mq 3.8; 2Sm 23.2).

2. O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO

2.1 Ministério Escriturístico


A inspiração das Escrituras consiste na influência sobrenatu-
ral do Espírito Santo de Deus por meio da revelação e sobre os
homens separados por Ele mesmo, a fim de registrarem de for-
ma inerrante e suficiente toda vontade revelada de Deus. A Bí-
blia é o registro infalível da Palavra de Deus. Sendo assim, Deus é
A Obra do Espírito Santo 85

o Autor primário das Escrituras, sendo a inspiração atribuída ao


Santo Espírito (2Sm 23.2; At 1.16; 4.24-26; 28.25; 2Pe 1.19-21).

2.2 Ministério Cristológico


O Espírito Santo esteve presente e atuante no ministério de
Jesus (At 10.38,39), desde a Sua concepção até o Seu sacrifício na
cruz (Lc 1.35; Hb 9.13,14; Is 53.1-12; 1Pe 1.10-12).

2.3 Ministério Cristocêntrico


O Espírito que atuou em Cristo é o Espírito que aponta para Cris-
to e dá testemunho de Cristo (Jo 15.26; Fp 2.5-8; 1Co 12.3).

2.4 Ministério Soteriológico


Cristo cumpriu perfeitamente as exigências da Lei e adquiriu
todas as bênçãos que envolvem a salvação. A obra do Espírito
consiste em aplicar todos os merecimentos de Cristo aos peca-
dores, capacitando-os a receberem a graça da salvação. Dessa
forma, podemos dizer que o ministério soteriológico do Espírito
Santo se baseia nos feitos de Cristo e que o ministério sacrificial
de Cristo reclama a ação do Espírito (Jo 7.39; 14.26).

2.5 Ministério Eclesiológico


O Espírito está tão essencialmente ligado à Igreja que, na
linguagem de Pedro, mentir à Igreja é o mesmo que mentir ao
Espírito Santo (At 5.3,8,9).

3. PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO


“Portanto, vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos
homens; mas, a blasfêmia contra o Espírito Santo não será per-
doada” (Mt 12.31).
Pode parecer que os itens 1 e 2 desta lição tenham sido re-
petições das duas lições anteriores e, de certa forma, o foram.
86 Doutrinas da Fé Cristã

Mas não por acaso. Queremos que o nosso distinto estudante


da Bíblia e novo convertido entenda que a seriedade do pecado
contra o Espírito Santo se deve à Sua obra em toda a Bíblia, no
Antigo Testamento, revelando o Pai e, no Novo Testamento, re-
velando o Filho. Assim, a Sua obra é tão plena e perene que não
há margem para leviandade na relação com Ele. Toda revelação
do Pai e do Filho, bem como das Escrituras Sagradas e de todo
o plano da salvação, nos vem por meio do Espírito Santo. Assim,
se contra Ele pecamos ou blasfemamos, quem o revelará?
Essas palavras são do Senhor Jesus para aqueles que blas-
femavam d’Ele e do Seu ministério, atribuindo Seus milagres a
Belzebu, príncipe dos demônios. Mas, o que é “blasfemar” con-
tra o Espírito Santo?

3.1 Definindo Pecados Contra o Espírito Santo


3.1.1 Entristecê-Lo
Veja Efésios 4.30. Nossos pecados e ausência de arrependi-
mento e de temor a Deus O entristecem. O texto bíblico afir-
ma-nos que “Ele intercede por nós com gemidos inexprimíveis”
(Rm 8.26). A nossa persistência no pecado, resistindo à ação do
Espírito para o arrependimento, resultará em dureza de coração,
dura cerviz, e isso se constitui em rebeldia.

3.1.2 Extinguir o Seu Poder


Veja 1 Tessalonicenses 5.19. Tentar apagar a chama do Espí-
rito, impedir a Sua ação ou manipular os Seus feitos constitui-se
em pecado contra o Santo Espírito. Por conta disso, muitos já
não desfrutam da Sua operação em suas vidas. Toda tentativa de
manipular a obra do Espírito para glória pessoal ou autopromo-
ção extinguirá Sua ação em nossa vida, pois o Espírito de Deus é
santo e sensível em Sua ação.

3.1.3 Endurecer o Coração Contra a Sua Operação


Entristecer o Espírito Santo, se for ato contínuo, levará à re-
sistência ao Espírito, que, por sua vez, induzirá o indivíduo ao
O Pècado e a Blasfêmia contra o Espírito Santo 87

apagamento do Espírito dentro de si. Isso o levará a um endu-


recimento de coração, que o fará resistir à ação do Espírito. A
consequência será uma mente réproba e depravada a ponto de
chamar o bem de mal e o mal de bem (Hb 3.8-13; Rm 1.28; Is
5.20). Daí em diante, a blasfêmia estará a um passo!

3.1.4 Resistir ao Seu Poder


Veja Atos 7.51. Resistir aqui é “combater”, “se opor”, “con-
frontar”, “medir força”. Se dispor a combater a ação do Espírito
incorre num risco desmedido de ferir a Sua santidade e Sobera-
nia. Ele é Deus, como vimos em lição anterior.

4. A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO


“Portanto, vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos
homens; mas, a blasfêmia contra o Espírito Santo não será per-
doada” (Mt 12.31).
“Jesus explica a seriedade potencial das acusações dos seus inimi-
gos com terrível advertência. Blasfêmia ou acusações difamadoras
contra o Filho do Homem são perdoáveis, mas falar contra a obra
do Espírito Santo é particularmente perigoso” (Comentário Bíblico
Pentecostal – Novo Testamento, CPAD, p. 85).

Em Mateus 12.31 e Marcos 3.29, a blasfêmia contra o Espí-


rito Santo é dizer que as boas obras de Jesus são malignas ou
realizadas pelo Diabo. Já o evangelista Lucas (12.10), identifica
a blasfêmia contra o Espírito Santo como o ato de não dar bom
testemunho inspirado diante de autoridades e governantes e,
ainda por cima, denunciar Jesus. Ou seja, no texto registrado
por Lucas, a blasfêmia está relacionada à negação da ação do
Espírito Santo em Cristo e no Seu ministério.
Note que em Mateus e Marcos a advertência é dada aos ini-
migos de Jesus. Já em Lucas, a advertência é feita aos discípulos.
Em ambos os casos, fica claro que o blasfemo tem plena consci-
ência do seu ato e conhecimento da obra do Espírito Santo.
88 Doutrinas da Fé Cristã

4.1 Entendendo a Blasfêmia Contra o Espírito Santo


4.1.1 Descrer da Sua Palavra
Veja Judas 5. Colocar sub judici a Palavra do Santo Espírito é
blasfêmia. Ter consciência de que Ele falou e colocar em questão
o que o Senhor disse pelo Seu Espírito acarretará em destruição
para quem assim o faz. O texto de Judas faz alusão ao povo he-
breu que saiu do Egito e, mesmo vendo os feitos do Senhor e
as Suas maravilhas, descreu de Sua capacidade de conduzi-los
à terra que prometera. Aos que não creram, foi estabelecida a
sentença de que morreriam no deserto (Nm 14.26-32).

4.1.2 Subornar o Que Lhe Pertence


Veja Atos 8.18-21. Buscar usar o dom do Espírito Santo como
objeto de consumo ou instrumento de negócio colocará o indi-
víduo contra a pureza e santidade que rege a obra do Espírito. Ai
daqueles que fazem do dom do Espírito objeto de lucro e abuso
de Sua graça!

4.1.3 Subestimar o Seu Poder


Veja Levítico 10.1,2. Esses
TerconhecimentodoqueDeus dois jovens sacerdotes morre-
faz pelo Seu Espírito e atribuir ram porque ofereceram fogo es-
isso ao Diabo constitui-se em tranho no altar de Deus. Brincar
blasfêmia contra o Espírito com as coisas espirituais e, por
Santo. Ai dos que assim o falta de reverência, contaminar
fazem! Este foi o caso dos a obra do Espírito com aquilo
fariseus.
que é profano resultará em mor-
te (Is 5.20).

4.1.4 Atribuir ao Diabo o Que Lhe Pertence


Veja Lucas 11.20, Mateus 12.22-32 e 1 Coríntios 12.3. Ter conhe-
cimento do que Deus faz pelo Seu Espírito e atribuir isso ao Diabo
constitui-se em blasfêmia contra o Espírito Santo. Ai dos que assim
O Pècado e a Blasfêmia contra o Espírito Santo 89

o fazem! Este foi o caso dos fariseus. Eles estavam tão enciumados
da popularidade de Jesus que, mesmo vendo um possesso sendo
liberto, atribuíram o milagre ao Diabo. Essa é a razão pela qual Jesus
lhes trouxe a séria advertência. Isso que deixa clara a situação e,
repito, a blasfêmia ocorre quando o blasfemo tem conhecimento da
obra de Deus e a credita ao Diabo. Assim, não apenas nega o Pai e
ao Filho, mas também blasfema contra o Espírito do Santo.

4.1.5 Ferir a Sua Sensibilidade


Veja Atos 5.3,4. Ananias e Safira, cristãos primitivos, morre-
ram por ferirem a sensibilidade do Espírito Santo (1Co 11.28-31).

CONCLUSÃO
Concluindo a nossa décima lição, fica claro que só é possível
blasfemar contra o Espírito Santo quando se tem conhecimento
de Sua obra, como os fariseus, a quem Jesus se dirigiu nessa pas-
sagem. Mesmo conhecendo Sua obra, atribuí-la ao Diabo, credi-
tando a operação de Deus ao maligno. Guarde-nos o Senhor de
assim procedermos!
Outro detalhe importante é que quem blasfema contra o
Espírito Santo não sente arrependimento, porque o Espírito
da Graça não opera em seu favor (Hb 3.7-13; 10.26-31). Assim,
quem se arrepende, o faz porque o Santo Espírito provoca o seu
coração em direção à salvação. Afinal, é Ele quem convence o
homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11).

QUESTIONÁRIO

1. Quantas citações há no Antigo Testamento do termo he-


braico ruach se referindo ao Espirito Santo?
90 Doutrinas da Fé Cristã

2. Em quais níveis é manifestada a operação do Espírito San-


to no Antigo Testamento?

3. Descreva o ministério do Espírito Santo no Novo Testa-


mento.

4. Cite exemplos de pecado contra o Espírito Santo.

5. Descreva a blasfêmia contra o Espírito Santo.


O Pècado e a Blasfêmia contra o Espírito Santo 91

Lição 11 CONHECENDO A
DOUTRINA DE DEUS
Leitura Coletiva Salmo 19.1,7-11
“ Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia
1

a obra das suas mãos. 7A lei do senhor é perfeita e refrigera a


alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos sim-
ples. 8Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o
mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos. 9O temor do
Senhor é limpo, e permanece para sempre; os juízos do Senhor
são verdadeiros e inteiramente justos. 10Mais desejáveis são
do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do
que o mel e o gotejar dos favos. 11Também por eles o teu servo
é advertido; e em os guardar há grande recompensa”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“Ouve, Israel, o Senhor, Cremos em um só Deus, que
nosso Deus, é o único Se- é Santo, Criador de todas
nhor” (Dt 6.4). as coisas, soberano, eterna-
mente subsistente em três
pessoas: o Pai, o Filho e o
Espírito Santo.
92 Doutrinas da Fé Cristã

Devoção Diária
Domingo: Deuteronômio 6.4; Quarta-feira: Atos 17.28,29
Mateus 12.29 Quinta-feira: Salmo 90.1,2
Segunda-feira: Mateus 28.19 Sexta-feira: 1 Crônicas 16.8-12
Terça-feira: Romanos 1.19-21 Sábado: 1 Crônicas 29.11,12

Objetivos
— A criatura precisa reconhecer o seu Criador; a nova cria-
tura precisa conhecer o seu Senhor;
— Proporcionar ao estudante conhecimento mais profundo
de Deus, Seu caráter e Suas obras;
— Levar o crente em Cristo a desenvolver um relaciona-
mento pessoal com Deus por meio do conhecimento d’Ele.

INTRODUÇÃO
“Vivemos num Universo cuja imensidão pressupõe um Cria-
dor poderoso; Universo cuja beleza, desenho e ordem apontam
um sábio Legislador. Não podemos olhar para o mundo sem que
a criação nos cause espanto”. Estas palavras são de Myer Pearl-
man, teólogo judeu convertido ao Cristianismo.
Enfrentamos diariamente o milagre da vida e o mistério da
morte, a glória das árvores em flor, a magnificência do céu estre-
lado, a grandiosidade das montanhas e do mar. Podemos recuar
no tempo, indo da causa para o efeito, mas não podemos con-
tinuar nesse processo de recuo sem reconhecer um Ser sempi-
terno.
Quem é este?
O Eterno, Imutável, Infinito, Justo, Santo, Poderoso Deus.
Aquele que muitas vezes é mencionado, mas pouquíssimo co-
nhecido.
Conhecendo a Doutrina de Deus 93

1. CRENÇAS ERRÔNEAS SOBRE DEUS


A existência de Deus é uma premissa fundamental das Es-
crituras, que não tecem argumentos para afirmá-la ou compro-
vá-la. Por conseguinte, a nossa principal base para a crença na
realidade de Deus se encontra nas páginas da Bíblia.
A Bíblia, portanto, não se destina àquele que nega a exis-
tência de Deus ou a possibilidade de saber se Ele existe ou não.
Também não tem valor para o incrédulo que rejeita a revelação
de Deus e, por isso mesmo, o Deus da revelação. O ateu rejeita o
conceito de Deus por não ser capaz de descobri-Lo no Universo
material. Deus, porém, sendo Espírito, não pertence à categoria
da matéria e, portanto, não pode ser descoberto por investiga-
ções meramente naturais ou materiais.
Algumas crenças distorcidas acerca de Deus são as seguintes:

1.1 Agnosticismo
Etimologicamente, o termo derivou-se da palavra grega ag-
nostos, formada com o prefixo de privação (ou de negação) “a”,
anteposto a gnostos (conhecimento). O agnosticismo acredita
que a questão da existência de um poder superior (Deus) não foi,
nem nunca será resolvida. Daí o termo exprimir a ideia de “crença
suspensa”, ou seja, o indivíduo nem crê, nem deixa de crer.
O ateísmo diz que existem provas negativas da existência de
Deus, pelo que poderíamos ter certeza que Ele não existe. O
agnóstico diz que há provas, negativas e positivas, embora in-
conclusivas. Com esses argumentos, o agnóstico defende que
a mente finita não pode compreender o infinito, “se é que ele
existe”. Todavia, podemos tocar a terra, mas, jamais envolvê-la
com nossos braços; podemos compreender a matemática, mas,
nem por isso, esgotar os números.

1.2 Politeísmo
Do grego poli, que significa muitos, e theos, deus, resultando
em “muitos deuses”. Consiste na crença em mais do que uma
94 Doutrinas da Fé Cristã

divindade de gênero masculino, feminino ou indefinido, sendo


que cada uma é considerada uma entidade individual e inde-
pendente, com personalidade e vontade próprias, governando
sobre diversas atividades, áreas, objetos, instituições, elemen-
tos naturais e mesmo relações humanas.
O reconhecimento da existência de muitos deuses ou divin-
dades, no entanto, não equivale necessariamente à adoração
de todas as divindades de um ou mais panteões, pois o “crente”
tanto pode adorá-las em seu conjunto, como pode concentrar-
se apenas em um grupo específico de deidades, determinado
por diversas condicionantes, como a sua ocupação, os seus gos-
tos, a experiência pessoal, a tradição familiar, etc.

1.3 Ateísmo
Num sentido amplo, ateísmo é a rejeição da crença na existên-
cia de divindades. Num sentido restrito, o ateísmo é a posição que
defende a não existência de Deus. O termo ateísmo provém do
grego atheos que significa “sem Deus”, e foi aplicado com cono-
tação negativa aos pensamentos que rejeitavam os deuses adora-
dos pela maioria da sociedade.
Com a difusão do pensamento livre, do ceticismo científico
e do consequente aumento da crítica da religião, a aplicação do
termo foi reduzida ao seu escopo. Os primeiros indivíduos a se
identificarem publicamente como “ateus” surgiram no século
XVIII. Em sua essência, são materialistas, negam qualquer pos-
sibilidade de um mundo espiritual e real e utilizam-se da razão
(raciocínio lógico) como meio para conhecerem as coisas.
D.S. Clarck, experiente em engenharia química, escreveu:
“Antes de afirmar que não há Deus, deve-se examinar todos os
pontos do Universo; deve-se investigar todas as forças mecânicas,
elétricas, biológicas, mentais e espirituais; deve-se ter conheci-
mento de todos os seres e compreendê-los completamente; de-
ve-se estar em todos os pontos do espaço em um só tempo, para
que, possivelmente, Deus não esteja em outra parte e, assim, não
Conhecendo a Doutrina de Deus 95

escape à sua atenção. Essa pessoa deve ser onipotente, onipresen-


te, eterna; de fato, essa pessoa deve ser Deus, antes de afirmar
dogmaticamente que não existe Deus”.
Dessa forma, só Deus pode provar que não há Deus.

1.4 Deísmo
O deísmo é uma postura filosófica que admite a existência
de um Deus Criador, mas questiona a ideia da revelação divina.
Pretende enfrentar a questão da existência de Deus através da
razão, em lugar dos elementos comuns da religião teísta, tais
como a revelação divina, os dogmas e a tradição. Argumenta
que Deus é o Criador do mundo, mas que não intervém nos afa-
zeres do mesmo.
Para os deístas, Deus se revela através da ciência e das forças
da natureza. O deísmo admite a ideia de um Deus real, pessoal,
Criador, porém, nega qualquer relação d’Ele com as Suas cria-
turas. Ensina que Deus, ao criar o mundo, imprimiu leis que o
governam, e, afastando-se, entregou-o a uma lei natural.

1.5 Panteísmo
O termo “panteísmo” tem origem nas palavras gregas pan
(tudo) e théos (deus), surgindo daí a ideia primária de que “Deus
é tudo e tudo é Deus”.
O panteísmo é uma doutrina antibíblica, que se assemelha ao
politeísmo, isto é, à crença em muitos deuses. Porém, suas afir-
mações vão muito além quando ensinam que Deus é tudo e tudo
é Deus: o ser humano é deus, o sol é deus, os rios são deuses, as
montanhas são deuses, enfim, tudo é Deus. No panteísmo, Deus
é identificado com o Universo. No entanto, o poema não é o poe-
ta; a arte não é o artista; a música não é o músico, nem a criação
é o Criador.
96 Doutrinas da Fé Cristã

2. É POSSÍVEL CONHECER A DEUS?


O profeta Oséias nos conclama ao conhecimento de Deus:
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (6.3). Se há
uma conclamação profética a esse respeito, portanto, Deus pode
ser conhecido. Porém, não será conhecido pelo tubo de ensaio
do cientista ou pelo telescópio do astrônomo; Seu conhecimento
dar-se-á não simplesmente pela observação dos céus que “decla-
ram a glória de Deus e o firmamento que anuncia a obra das suas
mãos” (Sl 19.1), mas, pela “fé que uma vez foi dada aos santos”
(Jd 3).
A origem do termo “teologia” é grega: theos, Deus, enquanto
logos significa “discurso” ou “razão”. Nós a entendemos como
um esforço para compreender Deus, o Pai, Suas qualidades, Sua
existência, natureza e obras.

2.1 A Natureza
Milhões e milhões de vidas já foram transformadas com a
leitura e aplicação dos textos encontrados nas Sagradas Escritu-
ras. Ela revela-nos que o Criador se fez revelado na criatura: “No
princípio, criou Deus os Céus e a Terra” (Gn 1.1). Outros textos
mencionam a Sua revelação pelas coisas criadas, como: Salmo
19.1-6; Isaías 40.25-28; João 1.1-3; Romanos 1.19,20 e Apoca-
lipse 4.11.

2.2 A Bíblia
A Bíblia é o livro que revela Deus em todas as suas páginas.
Suas palavras são verdade e vida (Sl 119.160; Jo 5.39). A Bíblia
foi escrita por homens sujeitos a todo tipo de fraquezas e erros,
porém, o que foi escrito está isento de tais erros. A mão de Deus
guiou cada traço, palavra e expressão encontrados nas Santas
Escrituras. Portanto, ela é a verdadeira Palavra de Deus (Sl 33.4;
Jo 17.17; 1Tm 4.9). Ela é digna de confiança por ter sido inspira-
da por Ele (2Pe 1.21; 2Tm 3.16,17).
Conhecendo a Doutrina de Deus 97

2.3 Jesus
A vida e o ministério de Jesus, juntamente com Sua ressurrei-
ção, põem o selo confirmatório sobre a inspiração e a autorida-
de divinas das Escrituras.
Jesus mesmo declarou que Ele veio para ser a revelação do
Deus invisível. Sabemos que o homem pecou e se distanciou de
Deus, andando por caminhos que não lhe agradam. No entanto,
a Bíblia afirma que “Deus amou o mundo e de tal maneira” (Jo
3.16), que procurou reconciliar-se com o homem, vindo a este
mundo através do Seu Filho (Mt 1.18-24; Fp 2.5-8; Hb 1.1-4)
para promover a paz e remover a ofensa (pecado) que o separa-
va d’Ele (Rm 5.1,18; 2Co 5.18,21; Ef 2.14-17; Cl 1.20).
Com Sua morte na cruz, Jesus proporcionou a redenção do ho-
mem (Ef 1.7; Cl 1.14), libertando-o dos seus pecados (1Pe 3.18),
fazendo-o nova criatura (2Co 5.17). Dessa forma, Cristo assegu-
rou-nos o direito de sermos herdeiros de todas as bênçãos no
presente e no porvir (Mt 25.34; Rm 8. 17,18).

3. A EXISTÊNCIA DE DEUS PROVADA


A existência de Deus é um fato. Para os que vivem a experi-
ência de Sua comunhão diária, não são necessárias quaisquer
provas ou tese formada para comprovar Sua existência. A Bíblia
não oferece nenhuma demonstração racional de Deus. Todas as
suas afirmações são para os que creem. Afinal, a fé é uma ques-
tão moral e não intelectual.
Entretanto, o conhecimento por vias de argumentos elabora-
dos no campo teológico se faz necessário como meio didático,
orientador, para que a Igreja conheça de forma sistematizada a
revelação bíblica da pessoa de Deus, bem como para refutar as
doutrinas que negam a Sua existência.

3.1 O Argumento da Criação


O teólogo judeu Myer Pearlman, quando apresentou os ar-
gumentos da existência divina, destacou evidências que provam
98 Doutrinas da Fé Cristã

a existência de uma mão que rege o mundo e a sua história:


“A razão argumenta que o Universo deve ter tido um princípio.
Todo efeito deve ter causa suficiente. O Universo, sendo o efeito,
por conseguinte deve ter uma causa. Consideremos a extensão do
Universo”.

Nas palavras de Jorge W. Grey,


“o Universo, como imaginamos, é um sistema de milhares e mi-
lhões de galáxias. Cada uma delas se compõe de milhares e milhões
de estrelas. Perto da circunferência de uma dessas galáxias, a Via
Láctea, existe uma estrela de tamanho médio e temperatura mode-
rada, já amarelada pela velhice, que é o nosso Sol. E imaginem que
o Sol é milhões de vezes maior que a Terra!”

Continua o escritor:
“O Sol está girando numa órbita vertiginosa em direção à circunfe-
rência da Via Láctea a 19.300 metros por segundo, levando consigo
a Terra e todos os planetas, e ao mesmo tempo o sistema solar está
girando num gigantesco circuito à velocidade incrível de 321 quilô-
metros por segundo, enquanto a própria galáxia gira, qual colossal
roda gigante estelar. Fotografando-se algumas seções dos céus, é
possível fazer a contagem das estrelas. No observatório de Harvard
College, vi uma fotografia que inclui imagens de mais de 200 Vias
Lácteas, todas registradas numa chapa fotográfica de 35 x 42 cm.
Calcula-se que o número de galáxias de que se compõe o Universo
é da ordem de 500 milhões de milhões”.

Naturalmente, surgem as seguintes questões: como se ori-


ginou tudo isso? Uma explosão, diriam alguns. Mas, se uma
explosão é a causa originadora do Universo, cabem-nos outros
questionamentos: os resultados de uma explosão não são sem-
pre destrutivos em vez de construtivos? Se forem construtivos,
então, não subentende que foi uma explosão planejada e coor-
denada por uma inteligência? Por que essa explosão só ocorreu
há milhões de anos e não mais se repetiu? E quem provocou
tal explosão? Há alguém, de fato, no controle? Quem é este al-
Conhecendo a Doutrina de Deus 99

guém? E as leis fixas da natureza


O argumento da crença
também são resultado dessa ex-
universal não pode ser
plosão? Quem determinou tais
desprezado. O homem,
leis? E quem impede que toda por toda a parte, acredita
a Terra, resultado de uma explo- na existência de um ser
são, vá ao caos absoluto? E as supremo.
estações, como se originaram?
As respostas a essas ques-
tões certamente gerarão outras
e, afinal, alguém estará no controle. Esse alguém é Deus (Gn
8.22; 21.26-30; Jo 38.4-10; Jr 31.35; Is 40.22-26; 66.1,2; Mc
13.19; At 7.50; 17.24-26; Hb 2.10; 3.4; Ap 4.11).

3.2 O Argumento do Desígnio


O desígnio e a formosura evidenciam-se no Universo; mas, o
desígnio e a formosura implicam um arquiteto. Portanto, o Uni-
verso é obra de um Arquiteto inteligente que pode explicar a Sua
obra (Jó 37.5,6; Pv 8.29; 16.4; Sl 74.16,17).

3.3 O Argumento da História


A marcha dos eventos da História universal fornece evidências
de um poder e de uma providência permanentes e dominantes.
Toda a história bíblica foi escrita para revelar Deus. Os ingleses
veem a derrota da armada espanhola como uma providência di-
vina; os americanos veem a sua colonização por protestantes tam-
bém como providência divina; a existência de Israel diante da força
e tirania da Babilônia, Roma e outros impérios poderosos que se
ergueram e caíram, enquanto esta pequena nação continua em pé,
só pode ser vista como providência divina (Sl 137; 124; 125; 126).

4. A EXISTÊNCIA DE DEUS TESTEMUNHADA


4.1 Pela Crença Universal
O argumento da crença universal não pode ser desprezado. O
homem, por toda a parte, acredita na existência de um ser supre-
100 Doutrinas da Fé Cristã

mo. Tal crença pode ser crua ou mesmo grotescamente demons-


trada. Entretanto, os antropólogos concordam que não há raças,
por mais antigas que sejam, destituídas de concepção religiosa.
Embora alguém cite exceções, sabemos que a exceção não inutili-
za a regra (Jó 32.8; At 17.28-30; Rm 1.19-21, 28,32; 2.15).

4.2 Pela Manifestação do Seu Poder


Os Céus e a Terra, o homem e todos os seres criados são re-
sultados testificadores de um poder que é, ao mesmo tempo,
sobre-humano e sobrenatural. Isso evidencia a sua origem e
preservação. A natureza inteira dá testemunho impressionante
de uma criação universal maravilhosamente planejada e preser-
vada (Rm 1. 19,20; Sl 62.11).

4.3 Pela Natureza Mental, Moral e Emotiva do Homem


O homem possui natureza intelectual e moral, pelo que o seu
Criador dever ser alguém intelectual e moral, juiz e legislador.
O homem tem natureza emotiva: somente um ser dotado de
bondade, amor, poder, sabedoria e santidade poderia satisfazer
essa natureza, o que indica a existência de um Deus pessoal (Gn
1.26,27).

CONCLUSÃO
Deus é um ser real, mas de natureza tão infinita que não po-
demos apreendê-Lo plenamente pelo conhecimento humano
ou mesmo descrevê-Lo satisfatoriamente. Ninguém jamais viu a
Deus (Jo 1.18; Êx 33.20). Nossa busca é por conhecê-Lo confor-
me as Sagradas Escrituras nos revelam.
Na próxima lição, estudaremos um pouco mais sobre os Seus
atributos naturais, ativos e morais, e nomes que O identificam
nas páginas sagradas.
Conhecendo a Doutrina de Deus 101

QUESTIONÁRIO
1. Descreva três crenças errôneas sobre a Pessoa de Deus.

2. Descreva um pouco sobre o politeísmo.

3. Apresente três formas de se conhecer a Deus.

4. Cite um argumento que prova a existência de Deus.

5. Dê dois testemunhos da existência de Deus.


102 Doutrinas da Fé Cristã

Lição 12 A EXCELÊNCIA DO
CONHECIMENTO DE CRISTO
Leitura Coletiva 2 Coríntios 5.16,17
“ Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos se-
16

gundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido a


Cristo segundo a carne, contudo, já não o conhecemos desse
modo. 17Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é:
as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“Porque primeiramente vos Cremos, como dizem as
entreguei o que também Escrituras, na concepção
recebi: que Cristo morreu virginal de Jesus, como obra
por nossos pecados, segun- exclusiva do Espírito Santo.
do as Escrituras, e que foi
sepultado, e que ressurgiu ao
terceiro dia” (1Co 15.3,4).
A Excelência do Conhecimento de Cristo 103

Devoção Diária
Domingo: Atos 3.18-20; 10.43 Quinta-feira: Atos 8.5; 1 Corín-
Segunda-feira: Atos 5.41,42 tios 15.1-4
Terça-feira: Atos 9.19-22 Sexta-feira: Marcos 16.15; Ro-
manos 1.1-3
Quarta-feira: Atos 17.1-3
Sábado: Gálatas 1.6-9

Objetivos
— Conhecer a Jesus Cristo como o Filho Unigênito de Deus;
— Fazer conhecidas as circunstâncias sobrenaturais do Seu
nascimento;
— Defender o poder transformador do conhecimento de
Cristo.

INTRODUÇÃO
Jesus Cristo é a figura central das Sagradas Escrituras e da
história do mundo. Esse (o mundo), não pode esquecer-se d’Ele
enquanto lembrar-se da História, pois, a história do mundo é a
história de Cristo. Ignorá-Lo na História seria como omitir da As-
tronomia as estrelas ou da Botânica as flores. Discutir Sua Divin-
dade seria como tentar convencer um matemático que a soma
dos lados de uma figura geométrica não resultará em seu períme-
tro, ou convencer um químico que a fórmula da água não é H2O.
Bushsnell declarou que “seria mais fácil separar todos os
raios de luz que atravessam o espaço e deles remover uma das
cores primárias do que retirar do mundo o caráter de Cristo”
(Seitas e heresias, Raimundo de Oliveira, CPAD).
O Antigo Testamento prediz a Sua vinda através de tipos,
símbolos e profecias diretas. A pessoa de Cristo não somente
está firmemente engastada na história humana e gravada nas
páginas abertas das Sagradas Escrituras, mas também é expe-
rimentalmente materializada na vida de milhares de crentes e
entrelaçada no tecido de toda civilização digna desse Nome.
104 Doutrinas da Fé Cristã

1. A GRANDEZA DO CONHECIMENTO DE CRISTO


1.1 Duas Maneiras de se Conhecer a Cristo
O versículo 17 de 2 Coríntios 5 fala sobre “transformação”,
que é a essência do Evangelho, mas não aparece na Bíblia como
um texto isolado. Ele está diretamente ligado ao versículo 16,
que fala sobre “conhecer a Cristo”.
Acredito que os dois assuntos estão vinculados um ao ou-
tro. Toda transformação experimentada pelo crente ocorre em
função do conhecimento que ele tem de Jesus Cristo. Há dois
diferentes níveis de conhecimento, mencionados pelo apóstolo
Paulo no versículo 16: o conhecimento “segundo a carne”, que
pertence à dimensão natural; e o conhecimento “de um outro
modo”, que por ser diferente do primeiro, e mencionado em ou-
tros lugares da Bíblia, a que denominamos “conhecimento espi-
ritual” ou ainda “revelação”.
Paulo declara que a forma correta de se conhecer a Cristo é
a segunda. Depois de ter feito essa afirmação, fala sobre o ser
nova criatura, porque isso é uma consequência de se conhecer a
Cristo “de um outro modo”.

1.2 Conhecimento Sem Transformação


Há pessoas que conheceram a Jesus de perto, até mesmo de
forma íntima, e nunca chegaram a provar Seu poder transfor-
mador. Um exemplo claro nós temos em Judas Iscariotes, que,
depois de passar anos andando com Cristo, ainda assim O traiu.
Seu pecado não ocorreu apenas no momento da traição, senão
poderíamos concluir que ele falhou somente naquela hora. João
declarou em seu Evangelho que Judas era ladrão e roubava o
que era lançado na bolsa (Jo 12.6). Essa informação demonstra
que ele nunca foi transformado de fato.
Alguém pode chegar a conhecer muita coisa sobre a história de
Cristo sem nunca ter conhecido a Cristo! As Igrejas evangélicas estão
cheias de gente religiosa, pessoas que foram bem ensinadas sobre
como ser “bons cristãos”, mas nem por isso manifestam transforma-
Conhecendo a Doutrina de Deus 105

ção real em suas vidas! São sempre as mesmas pessoas, fazendo as


mesmas coisas e tendo o mesmo comportamento; não há evidên-
cias de mudança genuína. Isso se deve à falta de revelação que
acompanha uma verdadeira experiência com Cristo (2Tm 3.7).

1.3 Os Irmãos de Jesus


Outro exemplo de conhecimento sem transformação (se-
gundo a carne) pode ser visto nos irmãos de Jesus. Muitos de
nós temos dificuldade de enxergar isso por causa da herança
católica que recebemos, de que Maria sempre foi virgem e não
teve outros filhos além de Jesus; mas esse não é o ensino bíbli-
co. A Palavra de Deus declara que José e Maria não se envolve-
ram fisicamente enquanto Jesus não nasceu (Mt 1.24,25). No
entanto, após o nascimento do Messias, eles tiveram filhos e
filhas (Mc 6.3; Jo 7.3-5).
O texto bíblico diz que houve uma ocasião em que os irmãos
de Jesus quiseram até prendê-Lo, por achar que Ele estava lou-
co (Mc 3.20,21,31).
Imagino que se houve pessoas que puderam conhecer bem
a Cristo (segundo a carne), foram justamente Seus irmãos. Mas
só o conhecimento natural não foi suficiente para transformá
-los. Em Nazaré, muitos também O conheceram sem provar
transformação (Mt 13.58).

2. A REVELAÇÃO DO CONHECIMENTO DE CRISTO


O verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo só se alcança por
revelação da graça, não é transmitido segundo a carne. O próprio
Jesus afirmou que o apóstolo Pedro só chegou a conhecê-Lo devido
à uma revelação (Mt 16.13-17). E essa operação ocorre pelo próprio
Espírito Santo (Jo 16.7-14; 2Co 3.16).

2.1 Paulo
O que Paulo não conseguiu entender com a sua mente, por
meio do seu profundo conhecimento intelectual, foi muda-
106 Doutrinas da Fé Cristã

do quando Cristo apareceu a ele no caminho de Damasco. Há


muitos exemplos bíblicos e também à nossa volta confirmando
que, sem uma revelação acerca de Jesus, alguém pode crescer
dentro de uma igreja, receber uma formação religiosa e até vir
a saber muitas coisas acerca de Jesus, e, com tudo isso, nunca
ser transformado. Porém, quando esta pessoa consegue sair da
dimensão de mero conhecimento intelectual e entrar numa di-
mensão de revelação, sua vida será drasticamente mudada.

2.2 Tiago
O irmão do Senhor (Gl 1.19) é outro exemplo. Tanto ele como
seus irmãos não criam em Jesus. Até o momento da morte de
Jesus, eles sustentaram essa posição, pois não os vemos men-
cionados nos Evangelhos como estando por perto. Reforça a
ideia o fato de Maria estar sozinha, razão pela qual Jesus confiou
o cuidado dela a João (Jo 19.26).
Mas algo aconteceu depois da morte e ressurreição de Jesus.
Não temos um relato detalhado, só a menção do que houve,
e sabemos que algo aconteceu e que isso mudou para sempre
a vida de Tiago (1Co 15.7). Aquele Tiago cínico, que provocava
Jesus, que quis prendê-Lo, que não cria n’Ele, mudou comple-
tamente. Não mudou pelo conhecimento segundo a carne de
toda uma vida fisicamente próximo de Jesus, mas mudou quan-
do provou a revelação do Cristo ressurreto. Acredito que esta
revelação foi o marco da mudança, pois ele passou a ser men-
cionado entre os que estavam reunidos no Cenáculo (At 1.14)
por ocasião do Pentecostes. Tiago se tornou uma das colunas da
Igreja de Jerusalém, mencionado antes mesmo de Pedro e João
(Gl 2.9). Que diferença entre o irmão de Jesus visto nos Evange-
lhos e este grande líder que ele veio a ser!
Somente pela ação do Espírito Santo em nossas vidas pode-
mos nos aproximar e sermos envolvidos por esta dimensão do
entendimento. Foi o que aconteceu conosco quando nos con-
vertemos ao Senhor Jesus. Com o passar do tempo, muitos de
A Excelência do Conhecimento de Cristo 107

nós nos inclinamos a uma busca de entendimento meramente


intelectual (segundo a carne), e isso nos rouba o processo de
transformação, que não se dá por aquisição de informação, mas
pelo impacto do Espírito Santo em nosso interior. Não podemos
parar. Precisamos avançar em receber a revelação de Cristo.

2.3 O Conhecimento de Cristo Revelado nos Salmos


A palavra Cristo, no grego Christos e no hebraico mãsiah, sig-
nifica “ungido”. Ele próprio referiu-se à Sua pessoa, em Lucas
24.44, citando a Sua revelação nos Salmos.
Vejamos o que eles citam de Jesus:
O Salmo 2 fala da rebelião das gentes contra o Messias e da
Sua vitória contra os inimigos de Deus. No versículo 7, há uma
alusão direta ao Messias. A afirmação é corroborada no Novo Tes-
tamento (Mt 3.17; At 13.33; Hb 1.5; 5.5; 7.28; 2Pe 1.17).
O Salmo 16 alude à Sua ressurreição.
Os Salmos 22, 23 e 24 são conhecidos como o Salmo da cruz
(22), do cajado (23) e do trono (24). O primeiro descreve o sofri-
mento do Messias na cruz e a reação do Pai em Seu santo trono;
o segundo apresenta-nos o bom pastor, ressuscitado, conduzin-
do o Seu rebanho aos pastos verdejantes; o terceiro apresenta
-O assentado no Seu trono, reinando com os Seus e pelos Seus.
O Salmo 27 aponta Jesus sendo acusado por falsas testemu-
nhas.
O Salmo 34.20 faz alusão aos seus ossos que não foram que-
brados na cruz, como era o costume.
O Salmo 68.18 faz referência à Sua ascensão.
O Salmo 69.21 menciona um momento específico da cruz
(Mt 27.34; Mc 15.23).
No Salmo 110.1, Ele está assentado à destra do Pai Eterno
(Mt 22.44; Mc 12.36; Lc 20.42; At 2.34; Hb 1.13).
108 Doutrinas da Fé Cristã

Em João, Jesus foi apresen- 3. JESUS NOS EVANGELHOS


tado como o“Filho de Deus”, Alguns relatos estão varia-
sem genealogia, porque é o dos quanto à linguagem entre
Verbo,nãotemprincípionem um Evangelho e outro. Isso não
fim. É o Alfa e o Ômega.
altera a veracidade dos aconte-
cimentos, mas se deve ao fato
de que cada escritor escreveu para um público diferente e, por-
tanto, a comunicação deveria atender a cultura e hábitos do
povo para quem se escrevia.

3.1 Mateus
Escreveu para os judeus. Em seu Evangelho, Jesus é descri-
to como rei. Por esse motivo, o evangelista começou seu texto
com a genealogia de Jesus, visto que um rei precisava ter gene-
alogia demonstrável.

3.2 Marcos
O evangelista Marcos escreveu para o povo gentio. Nes-
te Evangelho, Jesus é apresentado como servo. Além disso, o
público de Marcos era o povo romano, que nada conhecia da
história dos judeus. Como o servo não precisava de genealogia
e os romanos não conheciam a história judaica, Marcos não de-
monstra tal preocupação em sua obra.

3.3 Lucas
Em Lucas, Jesus é o “Filho do homem”. Daí o cuidado de Lu-
cas ao apresentar a humanidade de Jesus com maior ênfase, in-
clusive a sua genealogia que retrocede a Adão, diferente da de
Mateus, que foi até Abraão. Seu público leitor eram os gregos,
daí a necessidade do maior detalhamento no texto de Lucas.

3.4 João
Em João, Jesus foi apresentado como o “Filho de Deus”, sem
genealogia, porque é o Verbo, não tem princípio nem fim. É o
Alfa e o Ômega. Seus leitores eram os romanos.
A Excelência do Conhecimento de Cristo 109

4. O MINISTÉRIO TERRENO DE JESUS


4.1 Sua Missão
Era, provavelmente, o ano 4 a.C., num contexto político con-
turbado. A Judeia e a Galileia estavam sob jurisdição de Roma,
e eram governadas por Herodes, o Grande. Naquele tempo nas-
ceu Jesus, em Belém da Judeia (Mt 2.1-18).
Por anos, o palco dos acontecimentos esteve armado para
grandes conflitos, numa terra instável, onde traições, assassina-
tos e outras atrocidades podiam ocorrer a qualquer momento.
Herodes havia se casado com Mariamne, neta de um ex-sumo sa-
cerdote, da qual nasceram dois filhos. Por temor e tendo-os como
ameaças à sua permanência no trono, ordenou a morte de todos
os bebês. Em meio a essas lutas e guerras internas, nasceu Jesus.

4.2 O Precursor do Messias: João Batista (Lc


1.58,59,63,76)
João, o Batista, exerceu um papel essencial e importantíssimo
na manifestação do Filho de Deus. Como Jesus, sua concepção tam-
bém foi milagrosa, bem como sua existência neste mundo, onde
teria uma tarefa árdua e difícil (Lc 1.76). A manifestação de João Ba-
tista a Israel aconteceu quando tinha, aproximadamente, 30 anos
de idade. Lucas fez essas considerações no capítulo 3.1-17 de seu
Evangelho. A mensagem de João tinha o propósito de preparar o
povo de Israel, moral e espiritualmente, para a chegada do Messias.
O curtíssimo ministério de João Batista foi marcado por uma
mensagem de juízo divino aos incrédulos (Lc 3.8), mas graciosa
ao mesmo tempo, pois também visava as almas sedentas que
ouviam suas pregações (Lc 3.11). João cumpriu cabalmente o
seu ministério. A ele coube a responsabilidade de preparar o ca-
minho do Senhor e apresentá-Lo a Israel (Jo 1.29-34).

4.3 A Manifestação do Messias


A plenitude dos tempos havia chegado (Gl 4.4), o Messias pro-
metido havia nascido em Belém da Judeia (Mt 5.5). Cedo, aos 12
anos de idade, Ele foi encontrado em uma discussão teológica
110 Doutrinas da Fé Cristã

com os doutores da Lei e, em uma resposta incisiva à Sua mãe


Maria, percebe-se o grau de consciência sobre Sua missão na Ter-
ra como o Filho de Deus (Jo 3.1).
Após esses acontecimentos, houve um silêncio, natural-
mente omitido pelas Sagradas Escrituras, sobre a Sua vida. De
repente, Jesus vem à Galileia para ser batizado por João (Mt
3.13). Esse fato deu início ao ministério terreno de Jesus, como
o Messias enviado por Deus (Mt 3.13-17; Jo 1.32-34).
Compreender o contexto histórico do tempo em que Jesus
nasceu é imprescindível para termos uma noção do momento
em que Deus escolheu para revelar o Seu Filho à humanidade.
Não nos preocupamos em apresentar cada detalhe dos fatos
ocorridos no tempo de Jesus, nem os milagres realizados por
Ele ou de tratarmos de assuntos puramente teológicos, discus-
sões em torno de questões já abordadas no início desta aula. À
priori, queremos dar ênfase à ética ministerial de Jesus e à se-
riedade com que tratou Sua missão. Esses são parâmetros que
valem por toda a vida e, se os negligenciarmos, poderemos ser
qualquer coisa, menos a Igreja do Senhor.

4.4 O Caráter de Jesus


Entende-se por caráter os traços psicológicos, as qualidades,
o modo de ser, de sentir e agir de um indivíduo. Em Jesus Cristo,
encontramos as boas qualidades de um indivíduo em graus ele-
vadíssimos, sendo, desta forma, o modelo para todos os cren-
tes em todas as épocas e lugares.
Seu modelo é imperativo, não são uma opção para aqueles
que desejam viver segundo o Evangelho. O caráter de Jesus é
a medida exata para a nossa vida. Preceitos como amor, man-
sidão, humildade, bondade e santidade são a marca distintiva
do Seu ministério. Jesus é o modelo a ser seguido, Seu caráter
ímpar é a fonte de inspiração e o alvo a ser alcançado.
Em cada circunstância vivida por nosso Senhor com as pesso-
as que se relacionavam com Ele, mesmo com aqueles que só que-
A Excelência do Conhecimento de Cristo 111

riam a Sua morte, não deixava de colocar em prática Suas virtudes


e isso confundia os Seus adversários (1Pe 2.21-24; Lc 23.34). Sua
vontade é amar a todos indistintamente (Jo 3.16; 1Jo 4.8).
Por fim, outra marca da personalidade de Jesus, imprescin-
dível para a vida de qualquer líder cristão, é a mansidão (Mt
11.28,29; Is 53.7; Tt 3.2; 1Co 4.21; 2Co 10.1; Gl 6.1).

CONCLUSÃO
Como o querido leitor pôde ver, o assunto é inesgotável.
Como afirmamos em lições anteriores, não pretendíamos que
fosse possível esgotá-lo. Convido-o, portanto, a reler o que foi
estudado hoje, procurando em sua Bíblia cada referência apon-
tada, pois isso o fará mais íntimo das Sagradas Escrituras e do
Senhor que nos salvou.

QUESTIONÁRIO

1. Quais as duas maneiras de se conhecer a Cristo?

2. Fale do conhecimento de Cristo na experiência de Paulo.

3. Descreva a presença de Cristo nos Salmos.

4. Descreva o público alvo de cada um dos escritores dos


evangelhos.

5. Descreva a participação de João Batista no ministério de


Jesus.
112 Doutrinas da Fé Cristã

Lição 13 A OBRA DE CRISTO


Leitura Coletiva 1 Timóteo 6.13-16
“Diante de Deus, que todas as coisas vivifica, e de Cristo Jesus,
que perante Pôncio Pilatos deu o testemunho da boa confis-
são, exorto-te a que guardes este mandamento sem mácula
e irrepreensível, até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; a
qual, no tempo próprio, manifestará o bem aventurado e úni-
co soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores, aquele que
possui, Ele só, a imortalidade, e habita em luz inacessível; a
quem nenhum dos homens tem visto nem pode ver; ao qual
seja honra e poder sempiterno. Amem”.

Texto Áureo Verdade Doutrinária


“A qual, no tempo próprio, A morte e a ressurreição de
manifestará o bem-aventura- Jesus são o ponto mais elevado
do e único soberano, Rei dos de Sua vida e ministério. Tudo
reis e Senhor dos senhores” o que Ele realizou se fez imortal
(1Tm 6.15). por Sua morte e a Sua ressurrei-
ção declara que o sacrifício por
nós foi aceito por Deus.
A Obra de Cristo 113

Devoção Diária
Domingo: 1 Coríntios 15.3,4 Quarta-feira: 1 Timóteo 3.16
Segunda-feira: 2 Coríntios Quinta-feira: Hebreus 9.13,14
5.18-20 Sexta-feira: João 19.30
Terça-feira: Colossenses 1.17-20 Sábado: João 20.1-10

INTRODUÇÃO
Cristo realizou muitas obras (Jo 20.30,31). Porém, a obra su-
prema que consumou foi morrer pelos pecados do mundo (Mt
1.21; Jo 1.29). Incluídas nesta obra expiatória, figuram a Sua
morte, ressurreição e ascensão. Ele não somente devia morrer
por nós, mas também viver por nós. Ele não somente devia res-
surgir por nós, mas também ascender para interceder por nós
diante do Pai (Rm 8.34; 4.25; 5.10).

1. OS INIMIGOS DE JESUS
1.1 Seus Conterrâneos
Tendo sido batizado por João, o Batista, Jesus foi conduzido
pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo Diabo (Lc 4.1). De-
pois de quarenta dias jejuando, sob fortes ataques do inimigo,
Jesus dá início ao Seu ministério. Ele decidiu iniciá-lo na cidade
onde fora criado: Nazaré (Lc 4.14-16).
Na cidade, Ele tomou o rolo do livro do profeta Isaías e leu
(4.17-21). Quando Jesus começou a aplicar a profecia de Isaías
a Si e ao Seu tempo, houve tumulto na sinagoga, inicialmente,
de grande euforia: “E todos lhe davam testemunho, e se maravi-
lhavam das palavras de graça que saiam de sua boca, e diziam:
‘Não é este o filho de José?’” (Lc 4.22). No entanto, à medida
que Ele fez a exposição do texto, o semblante dos seus ouvintes
foi mudando e, em não muito tempo, “ouvindo estas coisas se
encheram de ira” (v. 28).
Foi tão grande a revolta que não se contentaram em expul-
sá-Lo da sinagoga. Expulsaram-No da cidade e ainda quiseram
114 Doutrinas da Fé Cristã

lançá-Lo monte abaixo (v. 29). Lançar monte abaixo não era uma
prática incomum. Alguns tipos de apedrejamento ocorriam nes-
sas situações. O acusado era lançado monte abaixo e, se sobre-
vivesse, terminavam de matá-lo lançando pedras.
A partir deste momento, Jesus mudou de cidade e foi se ins-
talar em Cafarnaum, que passa a ser a base do Seu ministério na
Galileia (v. 31,32).

1.2 O Traidor
No Salmo 55.12-14, a profecia menciona que o traidor seria
alguém próximo do Messias. Jesus não foi traído pelos romanos,
seus inimigos políticos; não foi traído pelos samaritanos, seus
inimigos religiosos; não foi traído pelos gregos, inimigos ideoló-
gicos. Jesus foi traído pelo Seu próprio povo (Jo 1.11).
O nome “Judas” é uma variante grega do hebraico “Judá”.
Isso sugere que o traidor era da mesma tribo do Messias. A ex-
pressão “Iscariotes” é, literalmente, “nascido em Quiriote”. Essa,
por sua vez, era uma das cidades da tribo de Judá (Js 15.25), o
que confirma a afirmação anterior.
Por que Judas traiu Jesus? De acordo com a Bíblia, Judas ti-
nha quatro linhas de comportamento que o impeliam na direção
do cumprimento das profecias que apontavam o traidor: era la-
drão (Jo 12.6); hipócrita (Lc 22.48); diabo, endemoninhado (Jo
6.70); e nunca desejou a bênção (Sl 109.17). Quem não deseja
a bênção recebe a maldição. Foi o que aconteceu com ele. Por
isso, devemos ter em mente que “pequenas coisas” aparentes
podem nos empurrar para abismos profundos.

1.3 Os Líderes Religiosos


Jesus foi réu de um julgamento montado para executá-Lo,
porque assim interessava aos sacerdotes e religiosos de Sua
época. Seu julgamento ocorreu à noite, quando já se faziam os
preparativos para a celebração da Páscoa. Por isso foi levado à
casa de Caifás, onde já se celebrava a ceia festiva que antecipa-
A Obra de Cristo 115

va as comemorações. O evangelista Mateus escreveu que os es-


cribas e os anciãos estavam reunidos (Mt 26.57), bem como os
príncipes dos sacerdotes. João chama de “a coorte” (Jo 18.12).
Em Mateus 27, está escrito que Ele foi condenado durante a ma-
drugada. Judas soube da notícia “pela manhã cedo” (Mt 27.1).
Lucas declara que o concílio aconteceu ao amanhecer, ou seja,
na madrugada (Lc 22.66).
O julgamento foi realizado em quatro sessões diferentes:
com o sumo-sacerdote Caifás (Mt 26.57; Jo 18.24); Anás, seu
sogro (Jo 18.13); Herodes (Lc 23.8) e Pilatos, por onde Jesus pas-
sou cerca de três vezes (Mt 27.2; Lc 23.11).
Observe que houve uma orquestração para condenar o Filho
de Deus. Em todos os relatos, no entanto, fica claro que tudo
isso fazia parte do plano salvífico de Deus (Jo 18.11; Mc 14.49;
Mt 26.52-54).

2. A OBRA DE JESUS
2.1 Seus Milagres
2.1.1 Sobre as forças da natureza (Lc 8.23-35)
2.1.2 Sobre as forças das trevas (Mc 1.22-27; Lc 10.17; Mc
16.17; At 10.38)
2.1.3 Sobre as enfermidades (Mc 1.30-34; Jo 5.1-9; 16 17,18)

2.2 Sua Morte


O evento mais importante do período do Novo Testamento,
bem como sua doutrina central, resume-se nas seguintes pala-
vras: Cristo morreu (o evento) por nossos pecados (a doutrina),
como indica Myer Pearlman (ver 1 Coríntios 15.3).

2.2.1 Na morte de Cristo está a revelação dos nossos pecados


Na Sua morte Cristo, tomou sobre si as nossas transgressões
(Gn 3.15-19; Sl 51.5; Is 53.5,6; Rm 3.23; 11.23).
116 Doutrinas da Fé Cristã

2.2.2 Na morte de Cristo está a manifestação mais clara do


amor de Deus para com a humanidade (Jr 31.3; Jo 3.16; 15.9,
12,13; Rm 5.8; 1Jo 4.19)

2.2.3 Na morte de Cristo está a nossa reconciliação com Deus


O pecado rompeu a comunhão entre Deus e o homem (Gn
3.9, 23,24; Is 59.2). Por meio de Sua morte, Cristo derrubou a
parede de separação que se havia estabelecido (Mt 27.51-53; Ef
2.13,14,16; 2Co 5.18-20).

2.3 Sua Ressurreição


A ressurreição de Cristo é o grande milagre do Cristianismo,
uma vez que, estabelecida a realidade desse evento, é desne-
cessário procurar provar dos demais milagres dos Evangelhos. A
base do Cristianismo está na morte e ressurreição de Jesus. Ele
está vivo! Essa é a verdade fundamental da nossa fé.

2.3.1 Na Bíblia
2.3.1.1 Foi predita
a) Por Davi: Salmo 16.10;
b) Por Isaías: Isaías 53.10-12;
c) Por Jesus: Lucas 9.22.

2.3.1.2 Foi tipificada


Ver Mateus 12.39,40.

2.3.1.3 Foi consumada


Ver Lucas 24.1-9.

2.3.1.4 Foi anunciada


Ver Lucas 24.9-12.

2.3.1.5 Foi confirmada


Ver Lucas 24. 36-43 e João 20.1-10.
A Obra de Cristo 117

3. A ASCENÇÃO DE JESUS
Os Evangelhos, o livro de Atos e as epístolas dão testemunho
da ascensão. Ela nos ensina que o nosso Mestre é:

3.1 O Cristo Celestial


Jesus deixou o mundo por-
Jesus deixou o mundo
que havia chegado a hora de re-
porque havia chegado a
gressar ao Pai. Sua partida deste hora de regressar ao Pai.
mundo foi sobrenatural (At 1.9), Sua partida deste mundo foi
assim como Seu nascimento foi sobrenatural (At 1.9).
sobrenatural, como vimos nas li-
ções anteriores (Lc 1.26-38; 1Tm
3.16).

3.2 O Cristo Exaltado


Foi em vista de Sua ascensão e exaltação que Cristo declarou:
“É me dado todo o poder [autoridade] no Céu e na Terra” (Mt
28.18; ver Ef 1.20-23; 1Pe 3.22; Fp 2.9-11). O texto bíblico afirma
que Ele foi exaltado pelo Pai em recompensa por Sua obediência
até à morte.

3.3 O Cristo Soberano


Cristo ascendeu a um lugar de autoridade sobre todas as
criaturas. Ele é a “cabeça de todo varão” (1Co 11.3), a “cabeça
de todo o principado e potestade” (Cl 2.10). Todas as autorida-
des do mundo invisível, tanto como as do mundo dos homens,
estão sob Seu domínio (1Pe 3.22; Rm 14.9; Fp 2.10,11). Essa so-
berania universal é exercida em favor da Sua Igreja, a qual é Seu
corpo (Ef 1.20-23).

3.4 O Cristo que Prepara o Caminho


A separação entre Cristo e Sua Igreja na Terra não é perma-
nente. Ele subiu como um precursor a preparar o caminho para
118 Doutrinas da Fé Cristã

os que O seguem (Hb 6.19,20; Jo 12.26; 14.3). Em sentido espi-


ritual, a Igreja já está seguindo o Cristo glorificado (Ef 2.6). En-
tretanto, haverá uma ascensão literal da Igreja para estar com
Cristo (1Ts 4.13-17; 1Co 15.52).

3.5 O Cristo Intercessor


Em virtude de ter assumido a nossa natureza e ter morrido
por nossos pecados, Jesus é o Mediador entre Deus e os homens
(1Tm 2.5). Mas o Mediador é também um intercessor e a inter-
cessão vai um pouco além do que a mediação. Um mediador
pode ajuntar as duas partes e depois deixá-las por si mesmas
para que resolvam as suas dificuldades. Porém, um intercessor
diz algo em favor da pessoa pela qual se interessa.
Ele morreu por nós, ressuscitou por nós, ascendeu por nós e
intercede por nós (Rm 8.34). Nossa esperança não está em um
Cristo morto, mas em um Cristo que vive e não somente vive,
mas em um Cristo que vive e reina com Deus. O sacerdócio de
Cristo é eterno; portanto, sua intercessão é permanente.

4. POR QUE CREMOS EM SUA RESSURREIÇÃO?


A fé cristã não está fundamentada em falácias e conjectu-
ras. Ou, como descreve o apóstolo Paulo, não está estabelecida
na filosofia dos homens, mas no poder de Deus que ressuscitou
a Jesus Cristo dentre os mortos (1Co 2.1-5). Todas as profecias
messiânicas se cumpriram em Cristo. Assim, também cremos
não apenas que Ele é o Filho Unigênito de Deus, mas também
cremos que Ele morreu e ressuscitou ao terceiro dia e reina à
destra do Deus Pai.

4.1 O Túmulo Vazio (Lc 24.3; Jo 20.1-8)


“Vocês cristãos vivem na fragrância de um túmulo vazio”, dis-
se um cético francês. Tem verdade mais gloriosa que a certeza
de servir ao Cristo cujo túmulo está vazio?
A Obra de Cristo 119

4.2 O Silêncio dos Inimigos (Mt 28.11-14)


Os inimigos da fé não conseguiram preencher o túmulo. Si-
lenciaram rendidos ao milagre da ressurreição.

4.3 As Aparições do Senhor (At 1.1-3; 1Co 15.5-9)


As principais aparições de Jesus ocorreram após Sua morte,
sepultamento e ressurreição, mas antes de Sua ascensão. Paulo
listou diversas aparições pós-ressurreição de Jesus a várias pes-
soas. No Evangelho de Mateus, Jesus aparece para Maria Mada-
lena em Seu túmulo vazio. Posteriormente, aos 11 discípulos na
montanha da Galileia, onde lhes comissionou à expansão de Sua
obra na Terra, na propagação do Evangelho em Seu nome. Isso
causa uma mudança radical no caráter dos seus próprios discí-
pulos e também nos Seus irmãos, filhos de José e Maria, como
já vimos em lição anterior (Jo 7.3-5; 1Co 15.7; Gl 1.19), e marca
para sempre a vida de cada um deles (At 2.14, 22-24).

4.4 A Mudança no Dia da Adoração (At 20.7; 1Co 16.2)


O Domingo da Ressurreição torna-se o “dia do Senhor” para
as igrejas cristãs em toda a História. Daí o nome domingo, do
latim dominicus, que significa “dia do Senhor”, em referência ao
Seu domínio e ao poder que O ressuscitou do poder da morte
(Ap 1.18).

4.5 A Descida do Espírito Santo (At 1.8; 2.1-4; At 8. 12-


16; 10.44-46; 19.3-6)
A descida do Espírito Santo sobre a Igreja no dia de Pente-
costes é a evidência mais gritante de que Ele vive e assentou-
se à direita de Deus. Todas as evidências anteriores podem ser
argumentadas como temporárias e externas. Mas a presença do
Espírito Santo no crente é permanente e pessoal (Jo 14.16,17;
16.7).
120 Doutrinas da Fé Cristã

CONCLUSÃO
Assim, concluímos com a frase de Santo Agostinho: “Creio,
para que possa entender”.
A fé em Cristo e o conhecimento de Cristo exigem entrega
de quem se dispõe a crer, para que possa compreender as coi-
sas espirituais. Só pode haver conhecimento com base nesse
princípio. O Cristo da fé só será compreendido, crido, honrado
e adorado quando da rendição dos céticos ante à compelidora
realidade do homem JESUS.

QUESTIONÁRIO

1. Qual foi a obra suprema de Jesus?

2. Cite quem eram os inimigos de Jesus.

3. Mencione três revelações que a morte de Jesus nos trouxe.

4. Fale sobre a ressurreição de Jesus.

5. Por que cremos na ressurreição de Jesus?

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