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IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS EM PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE FAMÍLIA DA IEADPE


Pastor Presidente: Ailton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP 50.040-000 – Fone: 3084 1526

TEMA CENTRAL: PRINCÍPIOS BÍBLICOS PARA UMA FAMÍLIA ABENÇOADA

VIVENCIANDO O PRINCÍPIO DA DISCIPLINA BÍBLICA – PALESTRA V


Texto: Hb 12.5-9
“E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como fillhos: Filho meu, não desprezes a correção do
Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer
que recebe por fillho. Se suportais a correção, Deus vos trata como fillhos; porque que fillho há a quem o pai não
corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não fillhos.
Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos
sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?”

INTRODUÇÃO
Por que a disciplina segundo a Bíblia é tão importante? Como a disciplina bíblica pode ser aplicada em nossa
vida? Ela é realmente necessária para se ter um lar bem ajustado? Ao ler as sagradas Escrituras podemos inferir
que Deus fez todas as coisas em perfeita ordem, pois Ele é perfeitamente disciplinado em tudo o que faz. O Criador,
não somente é disciplinado, mas requer que a sua criação também se mantenha disciplinada (Gn 1.31; Mt 5.48). No
tempo atual, tem-se dado pouca atenção a disciplina como princípio norteador da conduta pessoal e social. No
entanto, sabemos que lares bem disciplinados são o baldrame de uma sociedade bem estruturada e forte. Um povo
indisciplinado jamais será exitoso em seus projetos. Seja uma família, ou mesmo uma nação, para obter sucesso
carecem de disciplina. Em nossa bandeira nacional encontramos o lema: “Ordem e Progresso”. Dessa máxima,
depreendemos que antes do progresso é necessário a ordem, e só haverá ordem se houver disciplina. Como
certamente todos nós queremos ver nossas famílias progredirem, convido você para estudarmos juntos sobre a
disciplina bíblica aplicada à vida pessoal, no lar, no convívio da Igreja e na sociedade.
I – CONCEITUANDO A DISCIPLINA
O termo “disciplina” vem do latin e denota “ação de instruir,” “corrigir”, “pôr em ordem”. No Antigo Testamento,
o termo hebraico utilizado é ‫ר‬P‫ ּוָס‬R‫( מ‬musar), signifilcando “correção”, “instrução”, “repreensão” e está relacionado com
a moral e a ética. No Novo Testamento, vem do grego παιδεία (paideia), cujo signifilcado é “instruir”, “educar”. O
termo deriva de πεδος (pedós: criança), que dá origem a palavra pedagogo, que é a junção dos termos gregos πεδος
(pedós = criança) e αγογος (agogos = condutor), em outras palavras, “aquele que conduz a criança”. Para os gregos
antigos, paideia signifilcava “treinar crianças, a film de impor a conduta certa”.
II – A DISCIPLINA NA PERSPECTIVA BÍBLICA
2.1 A origem divina. Em Hb 12.6-8 lemos: “Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por
fillho. Se suportais a correção, Deus vos trata como fillhos; porque, que fillho há a quem o pai não corrija? Mas, se
estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não fillhos” . Do texto em apreço
podemos destacar pelo menos quatro coisas sobre a disciplina, a saber: (a) que a disciplina procede de Deus; (b) a
disciplina é uma demonstração de amor; (c) que Deus aplica a disciplina a seus fillhos; e (d) que os fillhos não filcarão
sem disciplina. Portanto, filca claro que a disciplina é algo salutar ao ser humano.
2.2 O proveito da disciplina. Como vimos no texto anteriormente citado, o amor de Deus, se manifesta para
conosco, não apenas nas bençãos materiais que Ele nos concede, mas, também, quando Ele nos corrige. O termo
corrigir signifilca consertar, reparar, endireitar, desse modo, a disciplina bíblica é indispensável para aqueles que
querem agradar a Deus. O escritor da carta aos hebreus, ainda alude a essa verdade, dizendo que através da
disciplina Deus nos faz “participantes da sua santidade” (Hb 12.10). Tudo o que provém de Deus é útil.
III – VIVENCIANDO O PRINCÍPIO DA DISCIPLINA
Cientes da origem divina da disciplina, e que ela existe para o nosso bem, aprendamos agora como podemos
aplicá-la a nossa vida pessoal, no contexto do nosso lar, no convívio na Igreja e em todas as áreas de nossa vida.
3.1 Na vida pessoal. Antes de manifestar-se no convívio social, a disciplina precisa estar presente em nossa vida
pessoal. Alguém cuja vida pessoal é disciplinada, certamente terá a sua vida social também disciplinada, e facilitará
a convivência com outras pessoas. A disciplina deve envolver, tanto as questões materiais como as espirituais. Na
vida material a pessoa deve ter cuidado com a aparência, ter cuidado com a saúde, ser assíduo, pontual, trabalhador,
ter planejamento, ser previdente etc. Quaanto a vida espiritual, deve ser temente a Deus, verdadeiro, puro, virtuoso,
honesto, sincero etc. (Fp 4.8-9).
Infelizmente, a velha natureza, embora amortecida, insiste em querer nos tornar indisciplinados, todavia, como
somos novas criaturas, e vivemos sob a égide do Espírito Santo, somos por Ele ajudados a mantermos nossa vida
sempre bem disciplinada. No entanto, é imperativo entendermos que, ter uma vida disciplinada, depende de uma
decisão nossa. Paulo, escrevendo aos coríntios diz: “Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidãob” (1Co 9.27).
Numa edição da Bíblia em espanhol, este versículo foi traduzido da seguinte maneira: “Castigo o meu corpo e o
obrigo a obedecer”. Ou seja, faz-se necessário querer e se empenhar na busca de uma vida pessoal sob disciplina.
3.2 Na convivência familiar. O casamento, segundo Deus, é uma união indissolúvel entre um homem e uma mulher
(Gn 2.24). Em geral, o casamento possibilita a geração de fillhos, e, consequentemente, o aumento numérico da
família. Torna-se tarefa quase impossível, uma boa convivência familiar, quando os membros da família são
indisciplinados. O histórico de disciplina ou indisciplina na família, em geral, começa com o casal. Pais bem
disciplinados, produzirão fillhos bem disciplinados. O inverso também é verdadeiro. Além de todos os pontos que já
aprendemos no tópico anterior, relacionados a disciplina da vida material, a Bíblia fornece algumas orientações
específilcas para cada membro da família:
(a) Para o marido e pai. Consta no projeto de Deus para a família, que o marido deve amar a sua esposa
incondicionalmente, como Cristo amou a Igreja, ou ainda, amá-la como a seu próprio corpo. Portanto, o marido
precisa se empenhar para que esse afeto por sua esposa, seja evidenciado de todas as maneiras possíveis. Para
tanto, o marido precisa permitir que sua vida sentimental seja sempre disciplinada pelo Espírito Santo, de modo que
a fildelidade, o carinho, o respeito, a afeição e a admiração por sua querida consorte, jamais sejam reduzidos ou
venham a faltar (Ef 5.25,28,29). É de bom alvitre entender, que o fato de Deus ter posto o homem como cabeça da
mulher, não o eleva a condição de um soberano que domina sobre um vassalo, mas, de alguém que foi encarregado
de amar a sua esposa, cuidando e protegendo-a como a si mesmo. No projeto divino para a humanidade, não existe
posição melhor ou pior, superior ou inferior, mas a posição correta.
Quaanto ao relacionamento do pai com os fillhos, a Bíblia diz: “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos fillhos,
mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Existem várias possibilidades para este “provocar a
ira”. Essa ira pode ser provocada (i) pela falta de atenção e cuidado (quando o pai não dedica, ou dedica pouco
tempo e recursos para atender as necessidades do fillho); (ii) pela ausência física (quando o pai é filsicamente
ausente, não pega no colo, não abraça, não beija o fillho); (iii) pelo distanciamento afetivo (quando o pai não
demonstra afeto na relação paterno-fillial); (iv) pela violência doméstica (quando a relação paterno-fillial é sempre
em tom de ameaças e agressões físicas e verbais), tudo isso e muito mais, pode gerar no fillho um sentimento de
aversão pelo pai, provocando rupturas incontornáveis no relacionamento familiar.
(b) Para a esposa e mãe. Considerando aquilo que passa pelas mentes desse tempo atual, no que concerne as
confilgurações familiares classifilcadas como progressistas, não é muito fácil para a mulher – até mesmo a mulher
cristã – aceitar voluntariamente, o lugar que Deus reservou para ela na família. Todavia, permitir ser disciplinada
pela palavra de Deus no tocante a essa questão é a única maneira de se obter uma família equilibrada. É imperativo
à mulher, libertar-se completamente de ideologias como o feminismo, por exemplo, para poder abraçar a disciplina
da palavra de Deus em sua vida.
Em Ef 5.22-24, lemos:“Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a
cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja: sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que,
assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.” A
palavra grega para sujeição é ὑποτάσσω (hupotasso), um termo militar usado para indicar a organização de uma
tropa sob o comando de um líder. Desse modo, a mulher cristã que tem a sua vida disciplinada pela Bíblia, entende
que deve submeter-se a seu marido como se submete ao Senhor. No entanto, disso não decorre nenhum tipo de
subserviência ou aviltamento a condição feminina, mas, o reconhecimento de posições diferentes na hierarquia
familiar, estabelecidos pelo Criador, tendo em vista o bom funcionamento do lar.
Aceitar submeter-se ao marido não signifilca concordar com a tão propalada desvalorização da mulher, mas,
assentir com o lugar reservado por Deus para a esposa na complexa engrenagem familiar (complexa por ser
formada por seres humanos que, quase sempre, são refratários aos planos de Deus). Observe que o parâmetro
evocado pela palavra para a relação entre esposo e esposa é a relação entre Cristo e a Igreja. Portanto, diferente do
que pregam as feminazis, nada há de desonroso para a mulher, sujeitar-se ao marido. Quaanto ao relacionamento da
mãe com os fillhos, pode-se aplicar o mesmo que foi dito em relação ao pai. Acrescendo-se o fato da dádiva divina,
outorgada únicamente a mulher, de gerar e gestar fillhos. A benção da maternidade é algo tão especial que, quando
nasce uma criança, nasce também uma mãe. Os cuidados maternos para com o fillho desde a concepção faz da mãe
um ser especial. Enquanto o feminismo e outras ideologias fazem a mulher odiar a maternidade, o Criador não
apenas deu esse privilégio e mulher, mas a enaltece por isso (Sl 113.9; 1Tm 2.15).
(c) Para os fillhos. De igual modo, a Bíblia disciplina a relação entre os fillhos e os pais, dizendo: “Vós, fillhos, sedes
obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe que é o primeiro mandamento
com promessa; Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.” (Ef 6.1-3). Obedecer aos pais não é uma
opção, é, antes de tudo, uma obrigação perante Deus. Nunca, o princípio da autoridade foi tão atacado como
atualmente. As pessoas são ensinadas, desde cedo, a viverem uma vida autônoma, sem ter que dar satisfação a
ninguém. No entanto, o Deus que criou os pais e os fillhos, determinou que os fillhos devem estar sujeitos ao governo
dos pais (Ef 6.1-3; Cl 3.20). Não se trata daquilo que alguém acha ou deixa de achar, mas de uma determinação
divina. É só notar que o verbo “Ser” está no imperativo “Sede”. Esse mandamento é algo tão importante que está
atrelado a própria vida do fillho. A palavra diz que o fillho que quiser ter vida-longa e ser bem-sucedido, terá que
honrar os seus pais. No entanto, para que o fillho submeta-se a autoridade dos pais, precisa ser uma pessoa
disciplinada pela palavra de Deus.
3.3 Na convivência na Igreja. A palavra de Deus nos ensina que devemos ser pessoas disciplinadas também na
Igreja. Devemos contribuir para que haja uma convivência harmoniosa entre irmãos (Ef 4.31-31; 5.1-5). Precisamos
aprender, por exemplo, a disciplinar a nossa língua, pois ela pode se tornar um instrumento perigoso de
contaminação, capaz de atear fogo num bosque (Tg 3.5-6). Pessoas há que inadvertidamente semeiam contenda
entre irmãos, causando dissenções. Salomão diz que entre as coisas que Deus aborrece estão: o coração que
maquina pensamentos perversos, a língua mentirosa, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia
contendas entre irmãos (Pv 6.16-19). Por isso mesmo, o apóstolo nos orienta a colocar um freio em nossa boca,
como fazemos com o cavalo (v. 3).
Outra orientação essencial sobre a disciplina bíblica que encontramos nas Escrituras, é que, na Igreja, estamos
debaixo da autoridade dos pastores e líderes espirituais (Hb 13.7,17). A pessoa investida de autoridade espiritual é
um canal através do qual Deus aplica a disciplina em nossas vidas. Numa Igreja verdadeiramente cristã, os pastores
não se autoproclamam pastores, como ultimamente algumas pessoas têm feito, mas são estabelecidos pelo próprio
Cristo (Ef 4.11). Desobedecer a um pastor, ou líder espiritual, ou causar algum tipo de sofrimento àqueles que
velam por nossas almas, implica na colheita de consequências desagradáveis (Hb 13.17). Uma ovelha que se
mantêm sob a disciplina da palavra de Deus, e honra os seus pastores e líderes, contribui para o bem-estar de toda a
Igreja.
3.4 Na convivência na sociedade. A Palavra de Deus recomenda:“Toda alma esteja sujeita às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.
Por isso, quem resiste a autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a
condenação” (Rm 13.1-5). Como cidadãos do céu, somos instados a cumprir a Constituição Sagrada (Bíblia); como
cidadão da terra, via de regra, temos que nos submeter aos diplomas legais (Constituição Federal, Cod. Civil etc.),
exceto, se a lei humana entrar em confliito com alguma lei ou princípio divino. Aplicando a disciplina bíblica em
nossa vida, não seremos somente justos perante Deus, mas contribuiremos para a construção de uma sociedade
bem ajustada, onde prevaleça a justiça e a paz.
Obedecer as autoridades constituídas, naquilo que não fere a nossa fé, é dever de cada cristão. Por isso mesmo,
como cidadãos, devemos ter muito cuidado com as escolhas políticas que fazemos. Escolher uma pessoa ímpia para
colocá-la em posição de autoridade sobre mim, é o mesmo que escolher deliberadamente ser perseguido e odiado,
simplesmente por ser cristão. Embora tenhamos sido avisados por Jesus de que neste mundo seríamos odiados e
perseguidos (Jo 15.18,19; 16.33), disso não decorre que devamos provocar ou contribuir de alguma forma para que
aconteça essa perseguição. Destarte, devemos também, vivenciar os princípios da palavra de Deus, quando agimos
no exercício da nossa cidadania terrena. (Jó 1.1; Sl 1.1; 37.27; Pv 1.10; 14.16; 16.17; 1Pe 3.11).
CONCLUSÃO
A palavra de Deus destaca a importância da disciplina divina como meio de preservação e bênção para todos os
que se submetem a ela. A ausência da disciplina divina na vida da pessoa, prejudica não apenas ela mesma, mas o
meio em que ela vive, seja a família, Igreja ou mesmo a sociedade. Oremos ao Senhor, leiamos e vivamos a Bíblia e
seremos disciplinados em tudo! Amém!

Depto. de Família – IEADPE – 2022

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