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SEMINÁRIO DIOCESANO SÃO JOÃO MARIA VIANNEY

CENTRO DE ESTUDOS ACADÊMICOS – CEA


CURSO LIVRE DE FILOSOFIA
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA

ANDERSON DE ANDRADE FREITAS


PEDRO HENRIQUE VIEIRA FERNANDES

RESENHA CRÍTICA DA OBRA “O SILÊNCIO DOS INOCENTES”,


DE JONATHAN DEMME

CAMPINA GRANDE
2023.2
RESUMO
A obra cinematográfica “O Silêncio dos inocentes” é um filme de caráter extremamente
psicológico baseado no romance de Thomas Harris. Dirigido por Jonathan Demme, foi
lançado em 1991 com a proposta de apresentar em seu enredo a história de Clarice Starling
(estrelada por Jodie Foster), uma agente do FBI em formação com a missão de adentrar nos
corredores de uma prisão de segurança máxima em vista de entrevistar o Dr. Hannibal Lecter
(Anthony Hopkins), um canibalístico psiquiatra dotado de uma mente brilhante, no entanto,
perturbada.
A trama tem início com a chegada da agente Starling na prisão, ao ser designada para
entrevistar o Dr. Lecter, canibal assassino em série e psiquiatra de uma mente brilhante em
vista de conseguir um auxílio especializado -de um psiquiatra e serial-killer- sobre um caso
em andamento. O caso para o qual foi designada a agente Starling envolve um assassino em
série denominado Buffalo Bill, que sequestra e mata mulheres jovens de características
parecidas entre si, tratando todas as suas vítimas da mesma forma: subtraindo suas peles.
O Dr. Hannibal, apesar de preso, revela ainda ser dotado de uma astúcia e inteligência
próprias de sua formação psiquiátrica. De início ele debocha da jovem agente, demonstrando
saber muito da vida dela através de uma breve análise. Com o desenrolar do diálogo entre a
agente e o psiquiatra canibal, ele toma a decisão de auxiliar Clarice e o FBI, fornecendo
informações sobre Buffalo Bill acessíveis apenas por meio de uma análise psicológica atenta
própria do Dr. Lecter. Ao passo em que, juntos, trabalham em prol de achar o assassino em
série, Hannibal extrai informações pessoais sobre a vida da própria Clarice, fazendo-a acessar
memórias de infância decisivas para sua vida presente. Ao longo de toda a narrativa, a trama
desenrola-se como que em um jogo de esconde-esconde entre Clarice, Lecter e o assassino
Buffalo Bill, ao passo em que ela corre contra o tempo perante a ameaça de uma nova vítima,
dessa vez, filha de uma deputada.
Os diálogos entre o Dr. Lecter e a jovem agente tornam-se crescentemente mais
intensos, ao passo em que chegam mais próximo do alvo (a identidade do assassino), Clarice
tem mais certeza que Hannibal sabe mais sobre sua vida pessoal. Apesar de uma quebra de
confiança da parte da agente para com o encarcerado Dr. Lecter, ele continua a ajudá-la, mas
sempre demonstrando sua soberania sobre as informações do caso. Apesar de já saber as
características do assassino, ele só as revela paulatinamente, o que causa uma tensão sempre
crescente entre a agente e seus superiores do FBI, fazendo-a ser afastada do caso.
Dentro da narrativa, o Dr. Lecter organiza toda uma estrutura de privilégios em vista de
escapar da prisão, com uma perspicácia impressionante, ao passo em que a agente finalmente
consegue descobrir a identidade e o paradeiro de Buffalo Bill e sua vítima.
Por fim, a agente Starling consegue neutralizar a ameaça do serial-killer e libertar a
vítima de seu cativeiro, ao passo em que o canibal Lecter consegue escapar de maneira
sanguinária da prisão, sendo perdido pelas autoridades e conseguindo sua liberdade. Ademais,
Clarice Starling consegue ser efetivada enquanto agente do FBI, em vista do sucesso de sua
operação, que só seria possível com o auxílio do Dr. Lecter, criminoso do qual se tornou
muito íntima e confiável.
O filme recebeu aplausos da crítica e foi um grande sucesso, ganhou, em vista de seu
brilhante enredo, muitos prêmios, inclusive cinco Oscars em categorias principais como
melhor filme, melhores atores e melhor diretor. De fato, o clima de tensão psicológica foi
muito bem empregado, tornando-se um filme cativante ao espectador.
Análise da Metodologia
de Clarice Starling

A personagem Clarice Starling apresenta uma metodologia diversificada, a qual deve


ser estudada a partir de alguns passos necessários à compreensão. Sendo assim, essa análise
expõe de forma clara quais foram os métodos utilizados pela jovem agente do FBI, os quais
tornaram-na capaz de conseguir um marco importantíssimo no contexto da psicologia, isto é,
conseguir uma interconexão entre o psicólogo e o seu paciente.
À priori, no seu primeiro encontro com o psiquiatra Hannibal Lecter, ela introduz sua
ideia de não o confrontar, assim como os antigos investigadores e o Dr. Frederick Chilton
faziam, tratando-o como um animal e estigmatizando a relação com ele. No entanto, Clarice
com seu rosto afável e sua simpatia, iniciou uma conversa tranquila e respeitosa,
identificando, inicialmente, a tamanha inteligência e a eficiência da boa memória de Lecter.
Além disso, ela não concedeu poder ao medo que sentia, uma vez que era principiante na área,
mas conseguiu uma boa interação com o prisioneiro, sem permitir que a intimidasse, pois ela
mostrou a força feminina, evidenciando mais um contexto tratado no filme, o machismo e a
desconfiança sobre a mulher, todavia Clarice quebrou essas concepções durante a obra.
No terceiro encontro, ao trazer uma proposta para Lecter, eles fazem um trato típico de
“bate e volta”, no qual Starling deveria contar algo de sua vida para ele também falar sobre o
Bufalo Bill. Entretanto, nesse momento foi criado uma abertura emocional que Hannibal
poderia se aproveitar, já que conhecendo a agente, seria mais fácil manipulá-la. Todavia, esse
momento não foi apenar valioso para Lecter, mas também serviu como parte da metodologia
da agente, pois a partir dessa abertura, ela também conseguiu criar os primeiros vínculos com
ele, estabelecendo uma relação de confiança.
Diante disso, essa conexão é confirmada no final do filme, quando Lecter liga para
Clarisse e informa que deseja conversar ainda mais com ela, denotando a fascinação dele para
com ela. Isso somente ocorreu pela exatidão e eficiência de seu método aproximativo, o qual
permitiu essa criação de fortes vínculos entre eles.
Portanto, essa aspirante agente foi excepcional, não deixou as suas emoções e crises
interiores dificultarem e impedirem de a almejar seus objetivos, mas pelo contrário, foi
contundente na sua relação com Lecter, assumindo sua posição de poder e permitindo a
compreensão de que o diálogo é importantíssimo para o conhecimento “eu-outro”, no qual se
constrói os principais e fundamentais elos interpessoais. Por isso que o psiquiatra não devorou
Clarisse, porque a viu não como alimento ou objeto de uso, mas como pessoa.

REFERÊNCIAS
O SILÊNCIO DOS INOCENTES (The silence of the lambs, 1991). Direção de Jonathan
Demme e roteiro de Ted Tally. Baseado no romance The silence of the lambs de Thomas
Harris. Distribuidora Metro Goldwyn Mayer. Estados Unidos da América: 1991.

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