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● Representação =

re(apresentação), tornar presente (místico), ou seja, participar e estar envolto na história ou


fato narrado
ou
representar uma imagem através de um símbolo, usar um predicado que identifica a
representação, ou seja, observar e contar a história não de forma direta mas pelo contato
indireto com o fato narrado

● Ficção
É um espaço separado do real mas que é alimentado por elementos do que saem do real,
ou seja, se projetam para dentro da ficção. A ficção sempre se expande e aumenta suas
fronteiras mas nunca rompe-se a fronteira entre o real e o ficcional

A FILOSOFIA DO HORROR - LIVRO

Existe a partir dos anos 70 uma crescente do interesse pelo horror no público geral,
que fez com que o tema saísse do nicho e se tornasse tanto mais popular quanto mais
produzido.
A relação entre os filmes e os romances de horror é muito atrelada atualmente. Um
segmento bebe referências do outro e desde o início do estouro o gênero vem se
renovando em seus próprios temas e abrindo portas para novas premissas.
Os filmes de horror já existiam antes mesmo do grande boom de 70 porém tinham
papel marginal no entretenimento e eram pouco populares.
O crescente sucesso desde a década de 70 se deu pelo avanço da televisão, da
ficção científica e da mentalidade adquirida pela população do pós guerra

A história do horror
O horror é um gênero que se inicia no período moderno e tem como ancestral o
gênero gótico, que por sua vez é dividido em 4 categorias. O gótico histórico (Histórias de
um passado imaginário e sem eventos sobrenaturais), o gótico natural (que introduz algo
que parece sobrenatural mas revela sua explicação ao fim da obra), o gótico equívoco (que
deixa ambiguidade entre a existência do sobrenatural ou a origem deste na mente
perturbada dos personagens) e o mais importante para a evolução do gênero do horror: o
gótico sobrenatural (o sobrenatural é escancaradamente afirmado de maneira inegável,
levando o estado mental dos personagens de cético para aceitação do horror).
A partir do gótico sobrenatural foi-se desenvolvendo um perfil de personagens
perseguidos e atormentados pelo sobrenatural, cada vez mais denso e mais assustador e
dessa forma o gênero do horror foi se consolidando.
O horror psicológico e cósmico se tornaram extremamente importantes e muito
desenvolvidos nos Estados Unidos e Inglaterra. Com a evolução do cinema os enredos de
horror passaram a ser adaptados para a tela e apesar da grande explosão do horror se dar
na década de 70 outros "surtos" surgiram a partir da década de 30.

Filosofia do horror
O objetivo deste estudo é entender as características do horror e os sentimentos que
essa forma de arte busca trazer ao público.
Um dos objetivos é responder 2 perguntas que rondam o gênero do horror: porque
as pessoas se horrorizam com algo que sabem não existir e porque buscam se horrorizar
se o sentimento é tão desagradável?
Estudar a estética do horror é uma forma de buscar outros campos de estudo dentro
da filosofia da arte para que se explore a partir de outro ponto de vista as questões que são
mais antigas

A natureza do horror
O horror a ser estudado é o horror artístico, ou seja, o gênero artístico do horror. Em
fato, já é intrínseco a nós a definição de horror nesse sentido, porém o livro estudado busca
reconstruir tal significado para minuciosamente analisar a ele e a seus arredores.
O horror artístico é de difícil definição, entretanto a que mais parece satisfatória na
questão de emoldurar o tema seria dizer que o horror artístico está presente em toda obra
que conta com uma entidade corrompida, aversa ao natural e extraordinária que causa
repulsa, medo e, propriamente, horror aos protagonistas.
O público espelha sua reação nos protagonistas que vivem as cenas e tal
característica não costuma ocorrer em outros gêneros, tendo em vista que o gênero do
horror propositalmente atua desta forma, pois outros gêneros de romances desviam de tal
fórmula, pode-se analizá-lo a partir do sentimento que o autor pretendeu passar com seus
personagens.
Uma característica dos monstros do horror é o sentimento de algo abjeto, podre,
corrompido e nauseante que suas aparências produzem nos protagonistas, que ao mero
toque dos monstros perdem a sanidade ou se exaltam pelo medo, nojo e horror.
Determinando como uma emoção súbita se demonstra o autor caracteriza a
sensação de horror acompanhada de uma mudança do estado natural para um de agitação
no corpo do indivíduo, entretanto, ressalta o autor, não existe um estado físico padrão que o
indivíduo deve estar para caracterizar seu estado emocional, apenas é necessário que ele
esteja em um estado anormal e por sua vez, estar em um estado anormal sem carga
emocional, como por exemplo sob influência de drogas, não categoriza um estado
emocional. Não se pode partir do físico para determinar a emoção, mas sem o físico não há
emoção.
Sendo assim o que determina a emoção sentida são as crenças, ao acreditar que
algo lhe apresenta perigo sente-se medo e essa crença desperta uma reação física.
Por fim pode-se dizer que os estados emocionais são um conjunto de reações
físicas causadas pela crença ou pensamento do sujeito em algo.
Analisando agora o estado de horror artístico, esse estado é causado quando as
emoções do público, alinhadas com as dos personagens, demonstram um estado físico
anormal causado pela crença de que a situação representada é ameaçadora e repugnante
e deseja-se fugir desta.
Importante é ressaltar que para estar no estado de horror artístico a ameaça deve
causar tanto medo quanto repugnância.
Um objeto que contém ambas as características é um ponto para onde a emoção de
horror é atraída de dentro para fora de nós, mas esse ponto não é fisicamente parte do
mundo e sim um pensamento sobre esse ponto, ou seja, o que aterroriza é o pensamento
que aquele ponto, ameaçador e repugnante é possível e poderia ocorrer.
Os monstros do horror são criaturas sobrenaturais e inconcebíveis no atual cenário,
seja por não existirem, por terem sido extintas, por não terem sido descobertas ou por
apresentarem poderes e forças além do natural.
Estruturas de enredo do horror

Elementos do enredo de descobrimento complexo:


Irrupção: momento que o público vê o monstro ou percebe sua existência
Descobrimento: momento em que um grupo de personagens descobrem a
existência do monstro.
Confirmação: os céticos que não reconheciam a existência do monstro a aceitam.
Confronto: os momentos de batalha ou batalhas com o monstro onde pode-se ou
não triunfar sobre ele.
É importante observar que um enredo pode variar, subtraindo um destes elementos
narrativos ou combinando-os de forma diferente do sugerido.

Enredos do extrapolador e mais outras combinações


Consiste numa forma de enredo que critica a ganância pelo conhecimento da ciência
e normalmente trata de monstros criados pelos conhecimentos mágicos ou científicos, tem
como estrutura o seguintes passos:
Preparação: O invocador ou extrapolador buscará os pré-requisitos para conceber
seu monstro, após tal momento o invocador irá explicar suas motivações e meios para obter
o que deseja.
Experiência: o momento em que o extrapolador aparenta ser bem sucedido em sua
tentativa.
Confirmação do erro: a criação se mostra algo nefasto, profano ou fora de controle.
Confronto: momento onde o monstro é enfrentado pelos que buscam destruí-lo.

Acerca do impacto das narrativas de horror características


O que atrai o leitor pelo gênero do horror é um elemento em comum nos dois tipos
de enredo analisados: o descobrimento do desconhecido por meio de narrativas que
revelam aquilo que é alheio à realidade anterior.

Horror e suspense
O suspense é um artifício narrativo da narração popular, para entendê-lo deve-se
entender a estrutura da narração popular.
A estrutura da narração popular é erotética, ou seja, os fatos se relacionam com a
proximidade de pergunta/resposta que faz parecer que são uma relação de causa e
consequência quando na verdade são uma relação de proximidade estrutural e não
necessariamente frutos um do outro, mas são uma sequência que está o tempo todo
despertando a expectativa para frustrá-la ou satisfazê-la
Existem dois tipos de perguntas na narração erotética:
Macroperguntas: guiam o andamento da história e são a motivação principal.
Microperguntas: liguam uma cena a outra e são responsáveis por subenredos e
transições mas que estão contidas dentro do grande contexto das macroperguntas.
Tendo conceituado a relação erotética, parte-se para o suspense em si.

A estrutura do suspense
O suspense na ficção de Horror se resume a uma pergunta do estilo da narração
erotética, que te propõe algo para em algum momento futuro respondê-lo, entretanto uma
característica do suspense é que essa pergunta tem de ter pelo menos 2 desfechos
opostos, sendo um moralmente correto mas improvável e o outro moralmente incorreto mas
quase certo de que ocorrerá.

O fantástico
O fantástico é um gênero irmão do horror descrito por Todorov e que consiste em
uma história com interpretação ambígua onde os eventos anormais presenciados mantém
uma interpretação aberta sobre sua causa ser natural ou sobrenatural.

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