Pedro Ernesto
Meu interesse sobre esse tema nasceu a partir do texto Trs Ensaios sobre a Teoria
da Sexualidade, de Sigmund Freud. Resolvi ento pesquisar um pouco mais esse
assunto e encontrei a seguinte bibliografia, que tomarei como base para minhas
reflexes sobre o tema:
comum nos meios psicanalticos escutar que o perverso raramente procura uma
analise. Otto Fenichel chama a ateno para a dificuldade do engajamento do
perverso na analise: o fato de os sintomas serem sentidos como prazerosos,
diferentemente do que se verifica na neurose, acaba sendo um fator complicador no
tratamento psicanaltico da perverso. Assim, o prognostico teraputico melhor nos
casos em que os paciente pior se sentem, isto , nos casos em que existe uma
combinao entre a perverso e a neurose.
Na clinica consideramos a integrao como um caminho rumo sanidade. Essa
pressupe o aparecimento do sofrimento psquico. J o perverso encara o processo
de cura como loucura. Com a clivagem de seu ego ameaada, o perverso pode
experimentar um sentimento de iminente despersonalizao, pois no s a sua
sexualidade que foi construda sobre o alicerce da clivagem, mas sim toda a sua
superfcie identificatria.
Masud Khan abordou com profundidade o problema da analisabilidade do perverso
diante da rigidez de seus mecanismos defensivos, que constituem uma estrutura de
tal modo eficaz, quase autnoma, que acaba por oferecer a mais firme resistncia
contra a mudana e a cura no tratamento.
Se a cura da perverso passa, necessariamente, pela experincia psictica, requerse do analista muita cautela na avaliao dos efeitos de sua interveno. Para
Graa a linha de abordagem a ser seguida deve basear-se na presena de um
analista emocionalmente disposto e tecnicamente preparado para o exerccio da
funo holding (funo materna de sustentao do bebe em uma fase precoce na
qual a dependncia ainda mxima, desenvolvida por Winnicot), mais do que para a
formulao de interpretaes inteligentes.
O analista deve encontrar alguma forma de vida em um mundo, sob outros aspectos,
inconscientemente morto.
O sintoma perverso, como todo e qualquer sintoma neurtico, psictico,
psicossomtico ou psicoptico por mais que nos impressione ou at mesmo cause
incomodo, constitui sempre o arranjo que foi possvel ao sujeito em sua luta pela
sobrevivncia psquica.