Você está na página 1de 3

SEMINÁRIO DIOCESANO SÃO JOÃO MARIA VIANNEY

SEMINÁRIO PROPEDÊUTICO SÃO JOSÉ


CENTRO DE ESTUDOS ACADÊMICOS
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

PEDRO HENRIQUE VIEIRA FERNANDES


JOILTON HONORATO FRAZÃO FILHO
WAGNER PEREIRA DA SILVA

ANÁLISE SOBRE A ALEGORIA DA CAVERNA DE PLATÃO

CAMPINA GRANDE – PB
2023.2
A ALEGORIA DA CAVERNA

No diálogo VII, do livro a República, obra mais importante de sua coleção, Platão
apresenta uma discussão entre Sócrates e Glauco. O pai da filosofia, faz com que seu aprendiz
imagine a existência de uma caverna onde prisioneiros vivessem desde a infância com as mãos
e cabeça presas por correntes, limitando a sua visão a somente sombras que são projetadas na
parede situada a frente.
Nessa caverna havia uma abertura para a luz, como também dentro dela existia uma
fogueira em cima de um tapume, por trás de onde os homens estão presos. Além do mais, entre
o fogo e os acorrentados, havia um caminho comercial, no qual homens passam ante a fogueira,
fazem gestos e passam objetos, formando sombras que, de maneira distorcida, são todo o
conhecimento que os prisioneiros possuíam do mundo. Sendo assim, aquela parede da caverna,
aquelas sombras e os ecos dos sons que as pessoas de cima produziam, eram o mundo restrito
dos prisioneiros.
De forma natural, um deles havia se libertado da antiga prisão, estava curado da sua
própria ignorância. No entanto, é perceptível que após um longo tempo em contato somente
com a escuridão e as sombras projetadas, haveria uma rejeição natural do seu corpo para com
a luz, levando-o a ficar cego por algum tempo e a não conseguir diferenciar o que outrora era
apenas sombras para a imanente realidade. Em outras palavras, como já era de imaginar, o
contato com a verdade requer tempo e adaptação, pois quando estamos completamente imersos
em nossas crenças e falsas seguranças, torna-se difícil o ingresso no caminho real, uma vez que,
é uma via custosa e não pode ocorrer de repente.
À vista disso, Sócrates cita alguns passos que poderiam ajudar ao preso libertado a
ter seu primeiro contato real com o que realmente existe. São estes: Inicialmente, é importante
habituar-se com os objetos projetados, para começar a distinguir as sombras e conhecê-las
melhor; posteriormente, conhecendo a realidade projetada, identificando seus “objetos”, pode
agora conhecer a realidade tal qual realmente é, contemplar a verdadeira luz que provém do sol,
porém isso não se dá facilmente, é um processo.
Aos poucos, sua visão acostuma-se com a luz e ele começa a perceber a infinidade
do mundo e da natureza que existe fora da caverna. Ele percebe que aquelas sombras, que ele
julgava ser a realidade, na verdade são cópias imperfeitas de uma pequena parcela da vida real.
Portanto, diante da contemplação da verdade, era disposto ao prisioneiro liberto
duas possíveis decisões: retornar para a caverna e libertar os seus companheiros ou viver a sua
liberdade. Caso ele escolha a primeira opção, era possível que seus antigos companheiros o
repudiassem e rejeitassem-no até a morte, pois o consideraria como louco, já que para mudar a
mentalidade de uma pessoa alienada é um tanto quanto complicado e extenuante. Além disso,
habituar-se a escuridão novamente seria um trabalho difícil, pois ele ficaria novamente cego,
visto que a escuridão é, se não, a ausência da luz. Indubitavelmente, isso é uma referência a
morte de Sócrates, a qual foi um marco importantíssimo para o avanço da vida intelectual e
influência do pensamento platônico.
Em última análise, Sócrates expõe a verdade absoluta, a sabedoria, em função da
imagem do sol, no qual pertence todo o conhecimento e causa de tudo o que existe. No entanto,
é evidente, que as sombras produzidas pela sua luz não são a verdade, visto que não passam de
concepções e opiniões criadas por cada ser humano, não levando-os a nada, se não somente à
ignorância da escuridão. Além disso, para encerrar o pensamento, é claro que Platão queria
expor sua tese sobre o mundo inteligível e sensível, diferenciando-os a partir do cenário da
caverna. Dessa forma, na caverna não se pode haver um contato com o mundo suprassensível,
visto que os prisioneiros somente têm acesso a concepções fechadas da realidade e são apenas
captadas pelos seus sentidos, o que segundo o filósofo, são frágeis e inconstantes. No outro
contexto, o mundo inteligível é “acessado” apenas pela razão, no qual há de fato o
conhecimento verdadeiro e a luz que deve invadir as nossas cavernas, outrora presas na
escuridão.
Por fim, como já citado, a caverna é um símbolo do mundo sensível e material. As
pessoas já no tempo de Platão eram inebriadas com o material e não tinham distinção do Real.
Para Platão, todas essas coisas do mundo sensível são categorizadas como elementos
secundários. Esses elementos, segundo Platão, não podem tomar o lugar do que é essencial, ou
seja, dos valores imateriais, do bem da alma e da contemplação do ser.
Além disso, permanecer na caverna é mais confortável, pois não faz esforço. Se
livrar das algemas e superar as dificuldades é algo que só se pode fazer com o uso da Filosofia.
A luz causará incômodo ao prisioneiro. O prisioneiro por estar acostumado a cegueira da
ignorância vai sofrer para enxergar a luz (bem). Isso se dá por pensar que já estava na luz e
aceitar esse erro do engano e da ignorância é muito difícil para quem acha está na verdade. Mas
aceitando esse engano é uma etapa libertadora do conhecimento de Si, logo, é uma saída da
ilusão para a contemplação da verdade.
Uma lição importante é a ajuda ao próximo, pois o prisioneiro que saiu da caverna
e conheceu a verdade tem uma tarefa muito difícil, a de libertar os outros. Aqueles que
conhecem, devem ter a responsabilidade de expor a verdade. Afinal, essa história não é mito,
mas realidade.

Você também pode gostar