Você está na página 1de 8

Secretaria da Segurança Pública/Secretaria da Educação

Polícia Militar do Estado de Goiás


Comando de Ensino
Colégio da Polícia Militar Unidade DR. NEGREIROS
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

Aluno(a):

Série: 1º Turma: A, B, C, D e E. Turno: MATUTINO Disciplina:

Prof. Fernando Camilo 1º Bimestre

A Origem da Filosofia

A filosofia nasceu na Grécia antiga, no início do século VI a.C. Tales de Mileto é reconhecido como
o primeiro filósofo, apesar disso, foi outro filósofo, Pitágoras, que cunhou o termo "filosofia", uma
junção das palavras "philos" (amor) e "sophia" (conhecimento), que significa "amor ao
conhecimento".

Desde então, a filosofia é a atividade que se dedica a compreender, identificar e comunicar a


realidade através de conceitos lógico-racionais. Ela surgiu do abandono gradativo das explicações
dadas pela mitologia (desmitificação) e a busca por um conhecimento seguro.

Da Consciência Mítica à Consciência Filosófica

Michelangelo - A Criação de Adão (estreita ligação entre os homens e os deuses)


A consciência mítica era caracterizada pelas explicações tradicionais encontradas nas histórias
mitológicas. A mitologia grega, por se tratar de uma crença politeísta, é composta por uma série
de entidades, entre deuses, titãs e outros seres que se relacionavam, faziam surgir e davam
sentido ao universo.

Essas explicações possuíam um caráter fantasioso, fabuloso, e suas histórias eram compostas
por muitas imagens, construindo uma cultura popular transmitida a partir de uma tradição oral.
Essas histórias eram contadas pelos poetas-rapsodos.
Durante muito tempo, essas histórias constituíram a explicação sobre a cultura grega e sobre a
origem de todas as coisas. Não havia uma distinção entre religião e outras atividades. Todos os
aspectos da vida humana estavam diretamente relacionados com os deuses e outras divindades
que regiam o universo.

Aos poucos, essa mentalidade foi se transformando. Alguns fatores fizeram com que algumas
pessoas na Grécia antiga passassem a relativizar este conhecimento e pensar em novas
possibilidades de explicação.

Dessa relativização, nasce a necessidade de encontrar explicações cada vez melhores para todas
as coisas. A crença vai dando lugar à argumentação, à capacidade de convencer e dar explicações
baseadas na razão, o lógos.

O lógos é identificado como a fala objetiva, clara e ordenada. Assim, o pensamento grego foi
abandonando à crença (consciência mítica) para assumir o que "faz sentido" o que possui uma
lógica, o que é capaz de ser explicado pelo ser humano (consciência filosófica).

Condições Históricas para o Surgimento da Filosofia

Grécia Antiga, geografia acidentada exigiu o domínio do mar


Muitas vezes conhecido como "milagre grego", o surgimento da filosofia não dependeu de um
milagre. Foram uma série de fatores que conduziram à relativização do pensamento, à descrença
(desmitificação) e à busca de melhores explicações sobre a realidade. Dentre esses fatores
encontram-se:

1. O comércio, as navegações e a diversidade cultural

Por conta de sua construção e localização geográfica, a sociedade grega tornou-se um importante
centro de comércio e uma potência marítima.

Isso fez com que os gregos tivessem contatos com outras culturas. O contato com essa
diversidade fez com que eles, a partir da descrença e relativização das culturas alheias, acabasse
por relativizar a sua própria.

2. O surgimento da escrita alfabética

O alfabeto ("alfa" e "beta", duas primeiras letras gregas) foi uma importante tecnologia da época.

A escrita através de ideogramas e símbolos está ancorada em ideias que fazem parte da cultura
e do inconsciente coletivo.

Já a escrita alfabética, exige um grau de abstração maior por estar relacionada com os fonemas.
É perceber que as palavras são construídas por sons que podem ser codificados e reproduzidos.
Assim, eles abandonam a aura mítica presente nos ideogramas.

3. O surgimento da moeda

A moeda exige de seus usuários algum grau de abstração. O comércio realizado a partir de trocas
diretas entre produtos (exemplo: galinhas por trigo) exigem muito pouco grau de imaginação.

As trocas mediadas pela moeda fazem com que o usuário tenha que perceber que uma quantidade
de produtos é equivalente a uma quantidade específica de moeda.

4. A invenção do calendário

Outro importante fator para a desmitificação da realidade é a do calendário. Seu uso, faz-se
perceber, a regularidade de alguns eventos da natureza, como as estações do ano.

A organização gerada pela percepção dessa regularidade retira dos deuses a responsabilidade
de controlar o clima, que passa a estar relacionada à capacidade dos matemáticos e astrônomos
em fazer previsões baseadas em cálculos.

5. O surgimento da vida pública (a política)

Com o desenvolvimento da pólis, há uma intensificação a vida pública. Mais habitantes dividem
um mesmo espaço (público) e, com isso, suas atenções se voltam para a organização desse
espaço (atividade própria da pólis, política).

As interações entre as pessoas fazem com que a relação com os deuses e divindades seja
relegada a um segundo plano.
6. O surgimento da razão

A população grega passou a necessitar de explicações melhores que estivessem em


conformidade com seu grau de abstração e desmitificação.

Com isso, o cidadão grego que, segundo a tradição, não deveria trabalhar (o trabalho era
entendido como uma atividade menor, responsabilidade de escravos e estrangeiros), dedicou-se
ao ócio contemplativo.

Contemplou a natureza e buscou estabelecer relações de causalidade (causa e efeito, "o que
causa o que?") e ordenação.

A natureza, antes entendida como caos, agora, encontrava-se ordenada pela razão humana.

O Nascimento da Filosofia

É nesse contexto que surge a filosofia. A investigação sobre a natureza fez com que os filósofos
produzissem conhecimento. Inicialmente, a filosofia era uma cosmologia, um estudo sobre o
cosmo (universo) tendo como base a razão (lógos).

Essa perspectiva de pensamento se contrasta com a anterior, que era compreendida como uma
cosmogonia, explicação do cosmo a partir das relações que fizeram nascer (gonos) as coisas.

A mesma distinção ocorre entre a teologia (estudo sobre os deuses) e a teogonia (histórias sobre
o nascimento dos deuses).

Os Primeiros Filósofos

Os primeiros filósofos buscaram encontrar uma ordem na physis (natureza)


Os primeiros filósofos, conhecidos como filósofos pré-socráticos, a partir do final do século VII a.
C., dedicaram-se à investigação sobre a natureza (physis). Buscaram estabelecer princípios
lógicos para a formação do mundo.

A natureza desmitificada (sem o auxílio das explicações míticas) era o objeto de estudo. Sendo o
principal objetivo, encontrar o elemento primordial (arché) que teria dado origem a tudo o que
existe.

Período Antropológico e o Estabelecimento da Filosofia

Leonardo Da Vinci (1452-1519) - Homem Vitruviano e outras invenções. (centralidade na


humanidade, ser humano pensado como criatura e criador), essa concepção só foi possível a
partir do legado grego
Com o amadurecimento do pensamento filosófico e a complexificação da vida pública, a
investigação dos filósofos abandonou gradativamente as questões relacionadas à natureza e
voltou-se para as atividades humanas.

Este novo período da filosofia é chamado de Período Antropológico e tem como marco o
filósofo Sócrates (469 a.C.-399 a. C.). Ele é compreendido como o "pai da filosofia". Mesmo não
sendo o primeiro filósofo, Sócrates foi responsável por desenvolver a chamada "atitude filosófica".

Sócrates e, seu discípulo, Platão (c. 428 a. C.-348 a. C.) foram responsáveis por construir as
bases da busca pelo conhecimento que influenciou todo o pensamento ocidental até os dias de
hoje.

Em seguida, Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, desenvolveu um vasto trabalho


filosófico. Foi professor do Imperador Alexandre, o Grande e responsável pela popularização do
pensamento grego, concretizando o legado da filosofia grega.
Filosofia

A pergunta pelo que é a Filosofia é, em si, uma investigação filosófica cujas tentativas de resposta
ocorrem desde Pitágoras, que cunhou o termo.

Se o homem tem em sua natureza o desejo de conhecer, quando ele faz perguntas, ele faz
Filosofia
O que é isto: a Filosofia? Se essa pergunta continua a ser feita é porque é um desafio a tentativa
de respondê-la. Não há uma definição simples que consiga resolver a questão, pela própria
extensão do conteúdo produzido que se convencionou chamar de “filosofia” e pelas diferentes
respostas que os filósofos deram a ela no decorrer da história, muitas vezes refutando as
interpretações de outros. Ou seja, a própria questão “O que é Filosofia” é aquilo que chamamos
de “problema filosófico”: problemas que só podem ser resolvidos por meio da investigação
racional, pois não podem ser constatados por meio de uma experimentação, como faz a
Matemática, através de cálculos, ou de análise de documentos, como faz a História, por exemplo.

Vamos tomar a palavra “Justiça” como exemplo, pelo método histórico, nós podemos fazer uma
investigação de quando essa noção aparece, em qual contexto, quais foram seus antecedentes,
qual o sentido essa palavra teve em determinada época. Se dois sócios querem dividir os lucros
da empresa de forma justa, ou seja, dividindo igualmente o lucro e os custos, a Matemática pode
nos ajudar a partir de cálculos. No entanto, se tentarmos responder “O que é a justiça?” ou: “Faz
parte da condição humana a noção de justiça?”, o único recurso que teremos será a nossa razão,
a nossa capacidade de pensar.

Desde a invenção da palavra “filosofia”, por Pitágoras, temos diversos problemas filosóficos e
diversas respostas a cada um deles. Para os pré-socráticos: a physis; para a Filosofia Antiga: a
atividade política, técnicas e ética do homem; para a Filosofia Medieval, o conflito entre fé e
razão, os Universais, a existência de Deus, a conciliação entre Presciência divina e Livre-arbítrio;
para a Filosofia Moderna, o empirismo e o racionalismo, para
a Filosofia Contemporânea, diversos problemas a respeito da existência, da linguagem, da arte,
da ciência, entre outros.

Temos também uma diversidade de formas literárias da filosofia: Parmênides escreveu em


forma de poema; Platão escreveu diálogos; Epicuro escreveu cartas; Tomás de
Aquino desenvolveu o método “questio disputatio” em suas aulas que foram transcritas por seus
alunos; Nietzsche escreveu em forma de aforismos. Por esses exemplos, que não esgotam a
pluralidade da escrita e da atividade filosófica, podemos compreender que as formas de se fazer
filosofia vão muito além dos tratados e das dissertações.

A compreensão que temos por vezes da Filosofia como uma atividade reservada a gênios e que,
portanto, não precisa se preocupar em se fazer entendida aos demais humanos é baseada em
uma compreensão da atividade do pensamento sendo superior à atividade da linguagem, como
se elas estivessem dissociadas. Ora, não podemos ainda, por mais desenvolvidas que estejam as
nossas tecnologias, expressar o pensamento sem linguagem e nem exercitar a linguagem sem
que ela seja, antes, elaborada pelo pensamento.

Surgimento da Filosofia

A Filosofia, como conhecemos hoje, ou seja, no sentido de um conhecimento racional e


sistemático, foi uma atividade que, segundo se defende na história da filosofia, iniciou na Grécia
Antiga formada por um conjunto de cidades-Estado (pólis) independentes. Isso significa que a
sociedade grega reunia características favoráveis a essa forma de expressão pautada por uma
investigação racional. Essas características eram: poesia, religião e condições sociopolíticas.

A partir do século VII a.C., os homens e as mulheres não se satisfazem mais com uma explicação
mítica da realidade. O pensamento mítico explica a realidade a partir de uma realidade exterior,
de ordem sobrenatural, que governa a natureza. O mito não necessita de explicação racional e,
por isso, está associado à aceitação dos indivíduos e não há espaço para questionamentos ou
críticas.

É em Mileto, situado na Jônia (atual Turquia), no século VI a.C. que nasce Tales que, para a
Aristóteles é o iniciador do pensamento filosófico que se distingue do mito. No entanto, o
pensamento mítico, embora sem a função de explicar a realidade, ainda ecoa em obras filosóficas,
como as de Platão, dos neoplatônicos e dos pitagóricos.

A autoria da palavra “filosofia” foi atribuída pela tradição a Pitágoras. As duas principais fontes
sobre isso são Cícero e Diógenes Laércio. Vejamos o que escreve Cícero:

“O doutíssimo discípulo de Platão, Heráclides Pontico, narra que levaram a Fliunte alguém que
discorreu douta e extensamente com Leonte, príncipe dos fliúncios.

Como seu engenho e eloquência tivessem sido apreciados por Leonte, este lhe perguntou que
arte professasse, ao que ele respondeu que não conhecia nenhuma arte especial, mas que era
filósofo.

Admirado Leonte diante da novidade daquele termo, perguntou que tipo de pessoas eram os
filósofos e o que os distinguia dos outros homens.

[Pitágoras respondeu] Outrossim, os homens (…) comparam-se com os que vão da cidade a uma
festa popular: alguns vão em busca de glória enquanto outros de ganho, restando, todavia, alguns
poucos que desconsiderando completamente as outras atividades, investigam com afinco a
natureza das coisas: estes se dizem investigadores da sabedoria - quer dizer filósofos - e como é
bem mais nobre ser espectador desinteressado, também na vida a investigação e o conhecimento
da natureza das coisas estão acima de qualquer outra atividade”.
Percebemos, por meio desse fragmento de Cícero que:

1) A fonte na qual ele se baseia para escrever sobre Pitágoras é Heráclides Pontico, discípulo de
Platão, mas que era também influenciado pelos pitagóricos. No entanto, não se sabe da
veracidade a respeito dessa informação, como nota Ferrater Mora que também observa que não
é possível saber se “filósofo” para Pitágoras significa o mesmo que significaria para Platão ou
Aristóteles.

2) Pitágoras em vez de se denominar como “sábio”, prefere se denominar “filósofo”, ou seja,


aquele que tem amor pela sabedoria. Também percebemos que aparece nome “filósofo” e não
“Filosofia” que, como atividade, tem origem posterior. Como se pode ver no fragmento, não havia
na época uma “arte especial”.

O que alguns filósofos dizem sobre O que é a Filosofia:

Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.): “A admiração sempre foi, antes como agora, a causa pela qual
os homens começaram a filosofar: a princípio, surpreendiam-se com as dificuldades mais comuns;
depois, avançando passo a passo, tentavam explicar fenômenos maiores, como, por exemplo, as
fases da lua, o curso do sol e dos astros e, finalmente, a formação do universo. Procurar uma
explicação e admirar-se é reconhecer-se ignorante."

Epicuro (341 a . C. - 270 a . C.): "Nunca se protele o filosofar quando se é jovem, nem o canse
fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro
para conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora de filosofar ainda não chegou ou já
passou assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz."

Edmund Husserl (1859-1938): "O que pretendo sob o título de filosofia, como fim e campo de
minhas elaborações, sei-o naturalmente. E contudo não o sei... Qual o pensador para quem, na
sua vida de filósofo, a filosofia deixou de ser um enigma?"

Friedrich Nietzsche (1844-1900): “Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve,
suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios
pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de
acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada
prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre tomba e rola e rebenta
e se passam coisas inquietantes”. (Para além do bem e do mal, p. 207)

Kant (1724-1804): “Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar”.

Ludwig Wittgenstein (1889-1951): "Qual o seu objetivo em filosofia? - Mostrar à mosca a saída
do vidro."

Maurice Merleau-Ponty (1908-1961): "A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo."

Gilles Deleuze (1925-1996) e Félix Guattari (1930-1993): "A filosofia é a arte de formar, de
inventar, de fabricar conceitos... O filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potência...
Criar conceitos sempre novos é o objeto da filosofia."

Karl Jaspers (1883-1969): “As perguntas em filosofia são mais essenciais que as respostas e
cada resposta transforma-se numa nova pergunta” (Introdução ao pensamento filosófico, p. 140).

Você também pode gostar