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1 - O início da Filosofia (Pré-socráticos) significa

o termo do grego philosophia e significa: philo- amizade, amor, afeição e sophia - sabedoria. (Portanto,
o respeito, amor e apreço pelo saber. O termo foi cunhado pelo matemático e filósofo Pitágoras,
d sum?)
sou? (qui est?) que viveu no século V a. C.
O que eu é? (Quid
cê /a quilo
O que vo A filosofia surge na Grécia entre o final do século VII
O homem consciente e moderno
a.C e o início do século VI a.C. e foi a maneira pela qual
(sapiens sapiens) sempre procurou os gregos antigos encontraram para explicar o mundo,
sempre houve no início um embate entre duas formas
de tentar compreender os fenômenos naturais e afins: a
saber o porque de tudo ao seu redor e os fenômenos e os acontecimentos de maneira
forma religiosa e a forma filosófica.
dentro de si racional. Vida, morte, chuva, sol,
dia, noite, doenças, etc.

Os mitos (personagens mitológicos são seres com características humanas e sobrenaturais) tinham como objetivo transmitir, através
da oralidade, conhecimentos e explicações sobre os fatos que influenciavam o cotidiano dos gregos e despertavam também a
curiosidade desse povo sobre assuntos ligados ao desenvolvimento do mundo e da natureza. Aos pouco foi substituído pela filosofia
1.1 - Os jônios e suas ideias sobre a origem das coisas Chamados também de cosmologistas, já que quase todos eram
fisicalistas que tentavam explicar a natureza da matéria. (cosmos)
Jônia era uma região da costa sudoeste da Anatólia, hoje na
Turquia. Ficava entre Mileto e Fócia, e era banhada pelo mar
Egeu (e não pelo mar Jônico, como se pode pensar).
1 - Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo, o pai. É dele a organização do primeiro movimento filosófico, a Escola de Mileto ou Escola Jônica.

Para ele, havia um princípio criador para todas as coisas do mundo: a água. A água seria, portanto, o arché (fundador) de tudo que há no mundo. A teoria de
Tales de Mileto sobre um arché fundador, substitui as explicações mitológicas (de deuses) para a criação de todas as coisas do universo.

2 - Anaximandro continuou a busca pela origem do Universo (cosmologia) de Tales, em contraposição às doutrinas mitológicas, que explicavam
o surgimento de tudo de maneira fantasiosa.
As suas observações da natureza fizeram com que ele, ao contrário de Tales, não apresentasse uma teoria cosmológica fundada em um
filósofo, astrônomo e geógrafo
grego conheceu Tales (discípulo elemento definido e palpável, mas entendesse que existia uma complexa relação no Universo que daria origem a este. A essa relação
elementar, ele chamou ápeiron."
dele), quem influenciou o seu
pensamento.

Ápeiron (algo infinito, portanto, imortal e indefinível). Esse elemento era algo que sempre existiu, antes inclusive da existência do Universo e dos seres, e era invisível. Era
o resultado de um turbilhão de relações entre opostos (quente e frio, seco e úmido, escuridão e claridade...) que resultava em uma unidade e estava presente em tudo.
Segundo o filósofo, a origem de tudo teria surgido desse turbilhão e tudo era composto por uma unidade advinda da dualidade dos pares opostos. Quando os seres
comuns deixassem de existir, eles voltariam para o ápeiron."
3 - Anaxímenes foi discípulo de Anaximandro. Ele concordou com o mestre ao dizer que o elemento originário era infinito, mas discordou ao
enunciar que havia uma definição para tal elemento. Segundo Anaxímenes, o elemento originário era o ar, que estava presente em tudo,
transpassava tudo, soprava o movimento de todos os seres e era infinito."
"Tudo o que existe, inanimado ou animado, era composto por ar para Anaxímenes, assim como Tales entendeu que a água estava na origem de tudo.
“Anaxímenes de Mileto [...] declarou que o ar é o princípio das coisas que existem; pois é dele que provêm todas as coisas e é nele que de novo se dissolvem.
O ar, portanto, era o sopro que animava os seres vivos, que era indispensável para a vida e que fazia com que tudo se mantivesse no seu devido lugar.

4 - Heráclito de Éfeso é classificado como partícipe da escola jônica apenas por sua localização geográfica e pela facilidade didática com que essa
classificação permite entender seu pensamento. Sua obra caracterizou-se por iniciar um movimento de ruptura na filosofia pré-socrática que, juntamente
com as ideias dos eleatas, desembocaria nas filosofias socrática, platônica e aristotélica. (era quase um eremita)
Enquanto os outros apresentavam uma unidade material como elemento originário de tudo, Heráclito depositou a sua especulação em um elemento (o fogo), por sua
capacidade de movimentar, agitar e transformar as coisas. Segundo ele, o mundo e a natureza são constantes movimentos. Tudo muda o tempo todo, e o fluxo perpétuo
(movimento constante) é a principal característica da natureza. Da coleção Os Pensadores: “Heráclito diz, em alguma passagem, que todas as coisas movem-se e nada
permanece imóvel. E, ao comparar os seres com a corrente de um rio, afirma que não poderia entrar duas vezes num mesmo rio.” nada mais é o mesmo depois do fluxo.
Nada fica estático, tudo se move, tudo muda. Não há unidade natural no mundo, mas duelos e dualidade constante. “O mundo é um eterno devir (constante mudança,
imprevisível, que caracteriza a natureza). Ele despreza a noção de essência e defende que existe uma mutabilidade, surgida de vários processos contínuos, que resulta no
que é o mundo. Essa relação é composta pelo duelo entre os contrários, o qual gera novas características. Por pensar assim, Heráclito é considerado o “pai” da dialética.
5 - Anaxágoras de Clazômenas propôs que a origem do Universo estava em vários elementos, e não somente em um.
O filósofo não formulou uma teoria unitária acerca da origem, mas postulou uma teoria pluralista, baseada na existência de vários elementos. Segundo ele,
a origem de tudo está no que ele chamou de homeomerias (que são basicamente sementes (spérmata, no Grego antigo)). Tentando resolver o problema
intelectual deixado por Parmênides, que afirmava que a imobilidade do Universo não permitia a criação ou que a criação limitaria o Universo (querela),
Anaxágoras formulou que a origem do Cosmos está assentada em elementos (sementes) infinitos em número e tempo.
Essas sementes sempre existiram e agregam-se por meio de uma força chamada noûs — uma inteligência que governa o tudo. Ainda de acordo com essa teoria, todos
os seres e objetos do mundo são compostos pela junção de todas as homeomerias existentes, de modo que tudo é composto por tudo. O noûs separa apenas os pares
opostos que compõem o Universo, mas que não se misturam após estarem prontos, como frio e quente, úmido e seco."

Arquelau defendia que o ar e a infinidade são o princípio de todas as coisas.


Começando com a Matéria primitiva, (idêntica ao ar misturado com a Mente), por um processo de expessamento e afinamento, surgiu o frio e o calor, ou
a água e o fogo, um passivo, o outro activo.
Arquelau deduziu o movimento a partir da oposição de quente com frio, causada pela vontade da Mente material. Esta oposição separava o fogo e a água, e produziu
uma massa viscosa de terra. Enquanto a terra endurecia, a acção do calor sobre a sua humidade deu origem aos animais, que ao princípio eram alimentados pela lama da
qual surgiram, e que gradualmente adquiriram o poder de propagar as suas espécies. Os Humanos também apareceram, inicialmente em formas menores. Todos estes
animais foram dotados de mente, mas os humanos separaram-se dos outros, e estabeleceram leis e sociedades. Foi apenas a partir deste ponto que ele parece ter
passado para a especulação ética, pela proposta de que o certo e o errado não são "por natureza, mas por costume".

2 - Filosofia Clássica
A Filosofia Clássica teve os sofistas – grandes mestres que eram procurados por jovens bem-nascidos, que pagavam muito dinheiro
para aprender o que eles tinham a lhes ensinar. Eles se distinguem pela preocupação metafísica, ou procura do ser, e pelo interesse
político em criar a cidade harmoniosa e justa que tornasse possível a formação do homem e da vida de acordo com a sabedoria. Esse
período corresponde ao apogeu da democracia e é marcado pela hegemonia política de Atenas.
2.1 - Sócrates
Foi discípulo dos filósofos Anaxágoras e Arquelau. Sócrates revolucionou a Filosofia ao transferir a vocação questionadora da natureza
física para a natureza humana, seus valores, verdades e fundamentos.
Alterando radicalmente o uso da razão e o objeto de investigação filosófica, ele decidiu que, em vez de continuarem debatendo sobre
a origem e transformação do universo e todas as coisas que nele havia, os homens fariam melhor se investigassem a si mesmos: a
verdadeira descoberta estava no interior da alma humana, e não fora dela.
Para ele, o mais importante era saber o que é bom, o que é certo, o que é justo, ou seja, estabelecer um conhecimento que ajudasse a
pautar uma conduta correta para o ser humano.
O filósofo foi tido por muitos como um homem sábio justamente por assumir não saber de nada. A frase mais célebre atribuída a ele é:
“Só sei que nada sei”.
Considerado por alguns como o primeiro a ter pensamentos humanistas, Sócrates gostava de desenvolver suas reflexões filosóficas em
praças públicas de Atenas. Conversava com jovens, em especial sobre política e religião, buscando saber o que pensavam.
2.2 - As visões de mundo de Platão e Aristóteles
Os pensamentos de Platão e Aristóteles são parecidos no que diz respeito à existência do ser humano contemplando o mundo e ao
significado de sua existência. Ambos se dedicaram a refletir e tentar compreender o que é ter consciência de uma existência e como
ela se relacionaria com a consciência dos outros.
Aristóteles e Platão tinham divergências em vários aspectos. Todavia, mesmo que Aristóteles discordasse das ideias de Platão em
vários pontos centrais, é inegável que boa parte de sua obra apresenta uma evolução dos pensamentos formulados por seu mestre.

Platão Aristóteles
Raciocínio mais para preocupações com a "alma" Raciocínio mais na linha política, inserir suas ideias em um contexto social
Ser era ser Observar era ser
a realidade em sua essência não está presente nas experiências do cotidiano. o mundo cotidiano era mais autêntico que o chamado mundo das ideias de Platão.

A pintura do mestre renascentista Rafael, A Escola de Atenas, deixa clara a diferença entre as prioridades de pensamento por meio da
postura dos dois filósofos. Aristóteles foi retratado com uma cópia de Ética nas mãos. Além disso, sua mão está virada para baixo, o
que sinaliza a Terra e a ampla variedade de ensinamentos morais. Platão, por outro lado, aponta para cima em uma alusão à sua crença
de que a realidade está além do presente, se encontra no mundo das formas ou mundo das ideias. Ele também segura uma cópia de
Timeu, tratado que descreve sua filosofia sobre as origens do mundo físico.

Tanto um quanto o outro se debruçaram sobre uma série de assuntos diferentes, tais como formas ideais de governo, a natureza da
realidade e a definição do que é beleza estética. Além disso, parte das ideias de Aristóteles funciona como um casamento entre os
pensamentos de Platão e Sócrates.

3 - Fílon de Alexandria e as bases da filosofia cristã


A difusão do cristianismo, a partir do século I, é o pano de fundo para discussão entre fé e razão que mobilizou muitos filósofos a partir
de então. Temos que considerar dois fatores que nos ajudam a entender esse processo:
1) Universalidade do cristianismo. A religião cristã, diferente de outras expressões religiosas, tinha o propósito de se tornar universal.
Enquanto as religiões costumavam se referir a um povo e a uma cultura, o cristianismo queria converter todos os povos. Esse
propósito tem sua expressão nas pregações de Paulo, como podemos notar em Gálatas 3, 28: “Desse modo não existe diferença entre
judeus e não judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo
Jesus.”
2) Cosmopolitismo de Alexandria. É em Alexandria, no século I a.C., que encontramos uma aproximação entre o judaísmo e a cultura
grega que dará origem a uma filosofia cristã. Romanos, egípcios, judeus e gregos conviviam com tolerância religiosa.

É Alexandria que nasceu Fílon, conhecido como “Fílon, o judeu”, que faz uma primeira aproximação entre a filosofia grega e o
judaísmo.
Em seus comentários sobre o Pentateuco (os cinco livros iniciais do Antigo Testamento), há uma tentativa de aproximação entre
judaísmo e filosofia grega a partir de uma influência que ele considera, mas nunca comprovada por documentos históricos, ter sido
exercida pelo Antigo Testamento e pela tradição mosaica sobre os filósofos. Ele não via distinção entre as preocupações filosóficas
com o ser e a physis(substância física da qual todas as coisas eram feitas e também uma espécie de estrutura das coisas) da Revelação
cultivada pela tradição judaica.

O historiador Werner Jaeger salienta que não era o objetivo de Fílon converter os gregos da importância da tradição mosaica. Ele se
dirigia aos judeus mostrando a importância do pensamento filosófico. Vejamos:
Para nós, Fílon de Alexandria é, evidentemente, o protótipo do filósofo judeu que absorveu toda a tradição grega e se serve do seu
rico vocabulário conceptual e dos seus meios literários para provar o seu ponto de vista, não aos gregos, mas aos seus próprios
compatriotas judeus. Isso é importante, visto que demonstra que toda a compreensão, mesmo entre gente não-grega, precisava do
meio intelectual do pensamento grego e das suas categorias”( JAEGER, 1991, p. 47-48).

Percebemos, a partir desse fragmento, que para Fílon já havia um esboço da tentativa de conciliar fé e razão. Para ele, a Teologia era
superior à filosofia, mas a filosofia era indispensável para que não se interpretasse as escrituras de forma literal.
A respeito da Bíblia, ele recorre à noção de alegoria: para Fílon, as Escrituras teriam um sentido literal e um sentido oculto. Os
personagens e situações que são compreendidos por uma leitura mais superficial escondem significados filosóficos em vários níveis.
Para estar apto para essa leitura alegórica das Escrituras, a filosofia era indispensável. Por isso, Fílon considera os filósofos como
inferiores aos profetas: para ele, a filosofia não consegue alcançar a perfeição de Moisés e, assim, não optava por uma filosofia em
detrimento da outra, pois todas as doutrinas tendiam à imperfeição.

Ele diz:
“Como as ciências sobre as quais se baseia a cultura geral contribuem para o aprendizado da filosofia, assim também a filosofia
contribui para a aquisição da sapiência. De fato, a filosofia é o esforço para alcançar a sapiência, e a sapiência é a ciência das coisas
divinas e humanas e das causas destas. Portanto, como a cultura geral é serva da filosofia, assim também a filosofia é serva da
sapiência” (FILON, De congressu eruditionis gratia. Apud. REALE. G., História da Filosofia Grega e Romana, p. 232).

Podemos perceber que, para Fílon, há uma distinção entre a atividade de filosofar e a “sapiência”, noção que talvez ele tenha
desenvolvido a partir de Aristóteles. A sabedoria, para ele, procede do Logos Divino. O Logos, um princípio a partir do qual Deus opera
no mundo, pode ser entendido como: Uma realidade incorpóreca / ação divina / reunião e fonte dos poderes ilimitados de Deus;
(criativo e o régio(princípio, meio e fim) / Palavra de Deus (teofonia - no sentido criador que aparece no Evangelho de João. Nesse
sentido, foi apropriado pelos primeiros cristãos como uma prefiguração de Cristo, ou seja, Cristo seria o Logos de Deus)

* Por fim, ele entende o Logos como um cosmo inteligível que Deus cria em sua mente para, a partir dela, criar a matéria, ou seja, o
mundo físico. Nesse sentido, ele concilia a noção de “mundo das ideias” de Platão ao pensamento religioso: aquilo que Platão se
referiu como “ideias”, para Filon correspondia a pensamentos de Deus.

Antropologia de Fílon - Novamente, em sua concepção de humano, Fílon concilia o pensamento platônico ao pensamento religioso: se
para Platão havia a distinção entre corpo, Fílon acrescenta uma terceira dimensão ao humano, a dimensão espiritual.

A alma humana corresponderia ao intelecto, material, terreno e corruptível. A alma humana não era imortal nessa concepção, como era
Platão. Imortal é o Espírito (pneuma), conferido por Deus e que representa, portanto, o vínculo entre o humano e o divino. A partir
dessa divisão, compreende-se que a vida humana teria três possibilidades: uma dimensão física/animal, referente ao corpo; uma
dimensão racional, referente à capacidade de pensar da alma-intelecto; uma dimensão espiritual, referente à possibilidade de a alma
humana viver segundo o Espírito.

Com essa terceira dimensão, a Espiritual, Fílon introduz a moral como parte da filosofia e da religião. A vida feliz, para ele, pode ser
pensada a partir da figura de Abraão durante seu exílio: a ideia da realização humana está vinculada a uma espécie de “itinerário para
Deus”, ideia que será desenvolvida por Santo Agostinho. O homem precisa, nesse sentido, transcender a si mesmo para se dedicar a
Deus, fonte de tudo o que possui."

4 - A vinda de Cristo, sua vida, missão e primeiros seguidores (cristãos)


4.1 - João Evangelista
4.2 - Paulo de Tarso
Paulo, nome romano de Saulo, nasceu em Tarso na Cilícia. Tarso era um centro de cultura grega, uma cidade universitária que ficava
próxima da costa nordeste do Mar Mediterrâneo. Embora tenha nascido um cidadão romano, Paulo era um judeu da Dispersão, um
israelita circuncidado da tribo de Benjamin, e membro zeloso do partido dos Fariseus (Romanos 11:1; Filipenses 3:5; Atos 23:6).
O seu contexto filosófico é marcado pelo estoicismo, pelo epicurismo e pelo ecletismo.
Para os estoicos, a perfeição humana estava fundamentada na ideia de que os seres humanos estão ligados à natureza. Assim, devem
negar seus desejos para a realização de uma vontade guiada pela razão em conformidade com essa natureza.Ou seja, uma corrente
filosófica onde a "virtude" depende da vontade subordinada à razão, sendo considerada a base para se atingir a felicidade.Além disso, a
escola estoica influenciou o desenvolvimento do Cristianismo a partir do conceito de providência. Para ambos, há uma razão universal
divina que regula tudo o que existe.A aceitação dessa providência, para os estoicos, fica a cargo da vontade orientada pela razão e a
união do indivíduo com a natureza. Já para a doutrina cristã, dependia a abdicação do pecado e de uma vida devotada à fé e a ligação
do indivíduo com Deus.
A doutrina de Epicuro substitui o bem pelo prazer e o mal pela dor. A felicidade consiste em assegurar-se com o máximo de prazer e o
mínimo de dores, por meio da saúde do corpo e do espírito. Esse conceito difundido por Epicuro está enraizado no Hedonismo. Ou
seja, deu origem a uma doutrina filosófica e moral que tem como base o "prazer", modo de obtenção da felicidade humana.
Por conseguinte, tanto a ética como a teoria política dos epicuristas, apoiava-se inteiramente numa base utilitária.

Em contraste com o Estoicismo, não insistiam na virtude como um fim em si mesmo, mas ensinavam que o homem devia ser bom
unicamente para aumentar a sua própria felicidade.
Negavam uma existência de uma justiça absoluta e acreditavam que as instituições seriam justas na medida em que contribuíssem para
a felicidade do indivíduo.
Ecletismo ou Ecleticismo é um método científico ou filosófico que busca a conciliação de teorias distintas. Na política e nas artes,
ecletismo pode ser, simplesmente, a liberdade de escolha sobre aquilo que se julga melhor, sem o apego a uma determinada marca,
estilo ou preconceito.
Pode ser considerado, também, uma reunião de elementos doutrinários de origens diversas que não chegam a se articular em uma
unidade sistemática consistente.
Abordagem filosófica que consiste na apropriação das melhores teses ou elementos dos diversos sistemas quando são conciliáveis, em
vez de edificar um sistema novo.
Na mente de Paulo o cristianismo ultrapassa de longe qualquer sistema filosófico, ético ou especulativo (bebe da doutrina de Fílion).
Em outras palavras, não se trata de conhecimento humano, gnôsis, mas de conhecimento sobrenatural, epígnosis, termo típico de
Paulo, que aparece quinze vezes em seus escritos. Seja do modo que for, o conhecimento natural não fica excluído, conforme a
passagem de 1Cor 11, 14, onde se lê: “ensina a natureza…”.

O pecado, hamartía, recebe uma elaboração completa em Paulo. Em poucas palavras, o que não procede da fé como princípio de ação
é pecado: Rm 14, 23. Estes são elementos de tanto da ética cristã como da mais original antropologia filosófica desenvolvida pelos
Padres nos primeiros séculos do Cristianismo e, mais tarde, por via mais indireta, num caso e outro, na tradição escolástica.
No que se refere a Deus, a assim chamada prova cosmológica, que está unida à prova moral da existência de Deus em Romanos 2,
aparece especialmente nos versículos 14-15: “Quando então os gentios, não tendo lei, fazem naturalmente o que é prescrito pela Lei,
eles, não tendo lei, para si mesmos são Lei; eles mostram a obra da lei gravada em seus corações, dando disto testemunho sua
consciência e seus pensamentos”.
O termo grego, eleuthería,liberdade, tem, na tradição grega, sentido distinto do que assume no pensamento paulino. Enquanto que, na
tradição grega, o conceito se relaciona com a razão, no cristianismo nascente, a liberdade está ancorada na ação de Deus sobre o
homem. Une-se a este, o termo sophía, sabedoria. Trata-se aqui da sabedoria prática, termo próximo ao conceito de santidade. Paulo
confronta a sabedoria mundana com a sabedoria cristã. A propósito, eis a passagem de 1Cor 3, 18-19: “ninguém se iluda: se alguém
dentre vós julga ser sábio aos olhos deste mundo, torne-se louco para ser sábio, pois a sabedoria deste mundo é loucura diante de
Deus”. E qual é a sabedoria de Deus? Esta é a parte central e inspiradora de toda e qualquer filosofia cristã que se desenvolveu no
Ocidente. Trata-se do esquema que se segue, presente em Empédocles, parcialmente em Platão e Aristóteles, e retomado pelos
epicuristas e estoicos, para explicar a origem do prazer: a kénosis, esvaziamento, privação, de um dos elementos vitais do corpo
conduz a um desequilíbrio e o sofrido sentido de falta, endéia, o que gera a epithymía, desejo, e o impulso para o preenchimento, para
a plenitude a anaplérosis. Ao se atingir este estado, chega-se ao prazer, pois se alcança o equilíbrio do corpo.
A partir da doutrina de Paulo, as possibilidades e as características de uma nova metafísica devem ser desenvolvidas a partir do tema
da aventura humana da perda. Nesta ordem de coisas, a abstração é entendida como ascese. O processo abstrativo é processo de
separação, é o primeiro processo de humanização do homem. É o caminho da kénosis. O esvaziamento do humano é o esvaziamento
do totalizante, da razão instrumental. É tendência para o intuitivo, que se dá na transcendência do outro, do desvelamento da
transcendência. A kénosis é o conteúdo último da moral e do homem de valor, porque é atitude do amor.
Enfim, ao tratar do conhecimento humano, do homem e de sua liberdade, de Deus e sua natureza, Paulo introduziu conceitos
fundamentais na cultura ocidental que, por via direta ou indireta, serão referências constantes da filosofia até o tempo presente.

7 - Os primeiros pensadores da Filosofia cristã


7.1 - Justino (Padres apologistas)
A obra de Justino, Mártir, foi inserida nesse período. A busca pela verdade o conduziu ao estudo da filosofia e sua conversão ao
cristianismo ocorreu provavelmente antes de 132.
Ele primeiro se aproximou dos estoicos, mas os recusou por terem lhe dito que não era importante conhecer a Deus. Depois de se
encontrar com um “filósofo profissional”, um mestre que cobrava por seus ensinamentos, Justino procurou um mestre pitagórico, mas
se afastou dele por não querer dispor seu tempo para o estudo da música, da geometria e da astronomia. Encontrou afinidade com
discípulos de Platão, que atendiam sua necessidade de pensar sobre as coisas corpóreas, mas também além delas, as ideias."

O encontro com o cristianismo se deu por meio de um ancião que conheceu durante um retiro. Ao ser questionado por ele a respeito
de Deus, Justino tentou se valer das teorias de Platão. O ancião, então, esboçou uma refutação que, apesar de parecer simples,
demonstrou a separação entre platonismo e cristianismo: a alma, segundo o cristianismo, é imortal porque Deus quer que ela seja.
Justino então leu o Antigo e o Novo Testamento. Ele nos diz: “Refletindo eu mesmo sobre todas aquelas palavras, descobri que essa
filosofia era a única proveitosa”. Percebemos que Justino considerava o cristianismo como uma filosofia, mesmo sendo uma doutrina
baseada na fé em uma revelação.

Essa revelação é anterior ao Cristo – é a tese que Justino defende em sua Primeira Apologia, baseado no conceito de “Verbo divino”
do evangelho de João, e em sua Segunda Apologia, baseado no termo “razão seminal” do estoicismo: as pessoas que nasceram antes
do Cristo participavam do Verbo antes dele se fazer carne; todos os humanos receberam dele uma parcela e, por isso, independente
da fé que professavam, se viveram em conformidade com o ensinamento do Cristo, poderiam ser referidos como cristãos, mesmo que
Cristo ainda não tivesse nascido. Em vez de ser o marco de “início” da revelação divina, Cristo seria seu ápice.
Desse modo, Justino resolveu dois problemas teóricos: 1) Se Deus revelou sua verdade apenas por Cristo, como seriam julgados
aqueles que viveram antes dele? 2) Como conciliar a filosofia antes de Cristo, e, portanto, ignorante da verdade revelada, e o
cristianismo?
Como, segundo defende Justino, os homens podiam agir de forma “cristã” antes do nascimento de Cristo, agiam em conformidade
com o Verbo. Se agiam em conformidade com o Verbo, aquilo que disseram e pensaram podia ser apropriado pelo pensamento dos
cristãos. É a esse respeito que Justino diz em sua Segunda Apologia (cap. XIII): “Tudo o que foi dito de verdadeiro é nosso”.
Se o pensamento de Heráclito, por exemplo, é considerado oposto ao pensamento cristão, o pensamento de Sócrates é considerado
“parcialmente cristão”: ao agir em conformidade com a razão (Logos), esta é uma participação do Verbo; Sócrates (e também os demais
filósofos que pensaram “o verdadeiro”) praticou uma filosofia que era o germe da revelação cristã.
O Logos
De Fílon de Alexandria, Justino apropriou-se do conceito de “Logos” para estabelecer uma relação entre o “Logos-Filho” e o “Deus-
Pai”. Vejamos o que ele diz:
“Como princípio, antes de todas as criaturas, Deus gerou de si mesmo certa potência racional (Loghiké), que o Espirito Santo chama
ora 'Glória do Senhor', ora 'Sabedoria', ora 'Anjo', 'Deus', 'Senhor' e Logos (= Verbo, Palavra) (...) e porta todos os nomes, porque
cumpre a vontade do Pai e nasceu da vontade do Pai*”.
Ou seja, entendemos aqui que Justino diz que o Cristo é a palavra proferida de Deus e pode ser denominado de diversas formas
porque ele “porta todos os nomes”. A seguir, Justino faz uma comparação entre o Logos, no sentido acima, correspondente a verbo, e
a fala humana para defender a possibilidade da coexistência de Deus-Pai e Logos-Filho:
“E, assim, vemos que algumas coisas acontecem entre nós: proferindo uma palavra (= logos, verbum), nós geramos uma palavra (logos),
mas, no entanto, não ocorre uma divisão e uma diminuição do logos (= palavra, pensamento) que está dentro de nós*”.
O que Justino diz aqui é que, da mesma forma que quando nós dissemos uma palavra, o ato de falar não esgota nossa possibilidade de
falar no futuro, ou diminui o número de palavras existentes, da mesma forma Deus-Pai ao pronunciar o “Verbo”, ou seja, com o
nascimento de Cristo, isso em nada esgota ou diminuiu a sua divindade e onipotência. Outro exemplo que Justino nos oferece é o do
Fogo:
“E assim vemos também que, de um fogo, acende-se outro fogo sem que o fogo que acende seja diminuído: este permanece igual e o
novo fogo que se acendeu subsiste sem diminuir aquele do qua1 se acendeu*”.
A importância de Justino
Embora não tenha deixado uma filosofia sistemática, nem uma teologia cristã, temos ecos da obra de Justino em muitos pensadores
cristãos posteriores. Sua obra não faz exposições gerais a respeito de teorias, nem as discute profundamente, nem pretende
desenvolver concepções filosóficas. Justino, ao contrário disso, passa por pontos importantes da fé cristã que considera passíveis de
justificativa.
Sua importância se dá pela novidade de interpretar a revelação cristã como o ápice de uma revelação que existe desde a origem do
gênero humano. Assim como sua obra, sua morte foi também afinada com a sua fé: foi decapitado em 165, condenado pelo prefeito
de Roma por se declarar cristão.
7.2 - Santo Agostinho
"Santo Agostinho nasceu Aurélio Agostinho, em 354 d.C. Seu local de nascimento foi a cidade de Tagaste, no território atualmente
composto pela Argélia, na época sob domínio do Império Romano. O pai de Agostinho era pagão (algo comum na época, pois o
cristianismo era recente e tinha deixado marcas problemáticas no império por conta da imagem subversiva de Jesus Cristo). Sua mãe,
Mônica (mais tarde canonizada como Santa Mônica), era cristã devota.
Agostinho estudou lógica, filosofia e retórica. Tornou-se um grande professor de retórica, sendo reconhecido no Império Romano. Ele
procurou, com base em seus estudos, vários modos de encontrar um certo conforto espiritual. Agostinho aproximou-se do
maniqueísmo, doutrina religiosa com base sincrética (cristã e pagã, advinda do zoroastrismo), que enxergava um dualismo moral no
mundo, o qual seria dividido apenas entre duas forças em equilíbrio: o bem e o mal. Além disso, Agostinho aproximou-se de doutrinas
filosóficas gregas antigas, como o hedonismo e o ceticismo."
"Por volta de seus 30 anos de idade, o intelectual começou a ouvir as pregações do Bispo Ambrósio, um importante clérigo, por conta
de questões retóricas. O momento vivido por Agostinho era conturbado: ele tinha dificuldades interpessoais em seus relacionamentos
amorosos e com a mãe de Adeodato, além de encontrar-se espiritualmente desamparado por todas as doutrinas que procurou:
maniqueísmo, hedonismo e ceticismo."
"Diz a sua história que o santo, em um dia de muita angústia, recebeu a visita de um ser iluminado, provavelmente um anjo, que o
entregou um livro e ordenou-o: “Toma e lê!”. Agostinho obedeceu-o, e, a partir daquele momento restaurador, cederia ao cristianismo
como religião. Após esse episódio, o Bispo Ambrósio batizou Agostinho e Adeodato."
"É difícil traduzir a filosofia de Agostinho em poucas palavras, pois ele tratou sobre os mais variados temas ao defender as primeiras
bases teológicas do cristianismo. Agostinho escreveu, por exemplo, sobre o tempo. Algo que intriga religiosos, cientistas e filósofos, o
tempo é, segundo o filósofo patrístico, algo que ele sabe o que é, mas não sabe responder caso seja perguntado. Isso leva o
interlocutor a pensar algo que seria muito importante na contemporaneidade: o conhecimento intuitivo.
Além do tempo e de outros assuntos importantes para a filosofia e para a Igreja Católica, Agostinho escreveu sobre o bem e o mal. Na visão do
filósofo, ao tentar-se resolver o antigo paradoxo da onipotência e da suprema benevolência de Deus sobre o mal, afirma-se que Deus é o
supremo bem e o único caminho possível para o bem. No entanto, há a possibilidade deixada pelo livre arbítrio de que o homem afaste-se do
bem e vá em direção ao mal. Deus seria o bem e a distância de Deus seria o mal, o caminho oposto à iluminação divina."
"Entre os principais apologistas, temos Justino e Tertuliano. Agostinho posicionou-se como um defensor da tese de Justino: de que a filosofia
grega antiga, mesmo sendo pagã, forneceria um meio de compreensão de questões fundamentais para o cristianismo. Assim, Agostinho tornou-
se um dos “pais” da Igreja, sendo um importante nome da filosofia patrística."

https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/tomas-aquino.htm

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