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Filosofia Antiga

Prof. Renan Teixeira


Ensino Médio
Conhecimento: fruto da
inquietação humana

• A curiosidade humana levou o homem a buscar


explicações para os fenômenos do cotidiano. Numa
época em que não havia nenhuma fundamentação
científica capaz de fornecer base para o conhecimento,
o homem encontrou na mitologia grega antiga (ou
cosmogonia) uma forma de entender o mundo que o
cercava.
A Mitologia
• Por isso mesmo, nós podemos afirmar que o conhecimento
mitológico representou uma das primeiras tentativas de organizar um
conhecimento sobre a realidade.

• Etimologicamente, a palavra MITO vem do grego MYTHOS e significa


FÁBULA; NARRATIVA; PALAVRA. Na crença grega, o mito era um fato
narrado pelo poeta grego, um escolhido dos deuses, para quem era
revelada a origem de todas as coisas e seres, ficando ele incumbido
de transmiti-la aos ouvintes.
A Mitologia
•A narrativa, mesmo sendo fabulosa,
incompreensível ou contraditória, tornava-se
confiável e sagrada. Confiável devido à
autoridade religiosa do narrador. Sagrada porque
tinha origem divina.

• As principais referências escritas dessa fase


mitológica são as obras de:

Homero (Ilíada e Odisséia)

Hesíodo (Teogonia e Os trabalhos e os dias).


(UEL) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está ordenado. Os deuses disputaram entre
si, alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro
ou para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? Quem são eles?”
(VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000. p. 56.)

O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o mito pode ser uma
forma de conhecimento, assinale a alternativa correta.

a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de comprovação.


b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-analítico para estabelecer suas
verdades.
c) As explicações míticas constroem-se, de maneira argumentativa e autocrítica.
d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo, e sua verdade independe de
provas.
e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento racional, tais como a lei de não-
contradição.
A Filosofia

• A Filosofia, ao contrário do Mito, não aceita


fabulação, contradição ou
incompreensibilidade. Ela busca respostas
lógicas, coerentes e racionais. Na Filosofia, a
confiança não está assentada na autoridade
do filósofo, mas na razão, que é a mesma em
todas as pessoas.

• Razão, para a Filosofia, é uma forma de


organizar a realidade de modo que esta se
torne compreensível.
O Nascimento da
Filosofia
• Sobre o nascimento da Filosofia, Aristóteles
afirmava que: “A Filosofia nasce da
admiração e do espanto” (THAUMAZEIN)
• Etimologicamente, a palavra Filosofia vem
do grego (philo: amor de desejo,
proximidade; e sophía: sabedoria).
Resumindo, Filosofia significa, portanto,
amor/desejo pela sabedoria.
• A invenção da palavra
Filosofia é atribuída ao
filósofo grego Pitágoras de
Samos (pré-socrático que
viveu no séc. V a.C.), pouco
tempo depois daquele que
é considerado o primeiro
filósofo da história: Tales de
Mileto (que viveu no final
do século VII a.C.).

Phylosophia
Condições históricas para o
surgimento da Filosofia

• Entre os sec. VII e VI a.C.


• Amadurecimento intelectual da Sociedade Grega
• Viagens Marítimas
• Atividades Comerciais
• Escrita alfabética
• Vida urbana [Mileto; Atenas]
• Desenvolvimento da Política [surgimento da Pólis;
discussões na ágora]
Os Pré-Socráticos
• Os primeiros filósofos, considerados os fundadores da Filosofia, eram
chamados de pré-socráticos ou filósofos da natureza, e seu
pensamento voltava-se para a compreensão da natureza e sua
origem.

• Physis (natureza) – origem do Cosmos [ordem, harmonia]

• Inauguram o período denominado “Cosmologia”.


Archè
O Princípio
gerador de vida
(UEL) “Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um
princípio originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água.
Essa proposta é importantíssima... podendo com boa dose de razão ser qualificada como a primeira
proposta filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.” (REALE, Giovanni. História da
filosofia: Antigüidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990. p. 29.)

A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filósofos foram os chamados pré-
socráticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles
investigado.

a) A ética, enquanto investigação racional do agir humano.


b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.
c) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos.
d) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo.
e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua legislação.
Tales de Mileto (+/- 624 – 558 a.C.)
• Considerado por Aristóteles o primeiro filósofo;

• Arché: água;

• Escola Jônica;

• Tales observa que a água estava presente em tudo o que era


vivo [úmido]. Teria observado a importância dos rios para
civilizações desenvolvidas, como o Nilo no Egito.
Anaximandro de Mileto (+/- 610-547 a.C.)
• Arché: ápeiron [ilimitado; infinito];

• Escola Jônica [discípulo de Tales];

• Autor da obra “Sobre a natureza” que se perdeu ao longo


do tempo e da qual conhecemos pequenos fragmentos;

• Afirmava que o arché era ilimitado e não podia ser


definido. Era algo totalmente abstrato, podendo ser
concebido apenas pelo pensamento. O movimento
circular do ápeiron fez surgir os 4 elementos.
Anaxímenes de Mileto (+/- 585-528 a.C.)
• Arché: ar [pneuma];

• Escola Jônica;

• Criticava o ápeiron de Anaximandro, pois se aproximava


muito do caos.

• Não escolheu algo palpável, como Tales nem abstrato,


como Anaximandro. Segundo ele, era o primeiro e o último
ato de um ser vivo.
Heráclito de Éfeso (+/- 540 – 470 a.C.)
• Arché: Fogo; Movimento;

• Escola Jônica;

“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio,


porque o rio não é mais o mesmo” [Frag. 91].

• Escrita de difícil compreensão [fazedor de enigmas];

• Era defensor do mobilismo do Universo, teoria de que


tudo que existe está em constante transformação.
Pitágoras de Samos
• Arché: números;

• Escola: Itálica;

• Pode nem ter existido [Pitagóricos];

• A natureza da Physis se dá pelas proporções harmoniosas


do cosmos;

• Influenciam o desenvolvimento da matemática, sobretudo


na Geometria.
a² = b² + c²
Parmênides de Eleia (+/- 500 a.C. )
• Arché: o ser;

• Escola Itálica;

• Fundador da Ontologia [estudo do ser em si mesmo; a


essência das coisas];

• Foi contemporâneo de Sócrates, tendo encontrado com ele


na juventude e, posteriormente, influenciou as teorias de
Platão e Aristóteles [inaugurou a metafísica];

• Acreditava que o Universo não estava em movimento.


[diferença da essência e da aparência];
Demócrito de Abdera (+/- 460 – 370 a.C.)
• Arché: átomo;

• Escola Pluralista;

• Acreditava que o universo era formado por átomos,


partículas infinitas e não divisíveis que compõem os
objetos materiais.

• Ficou conhecido como o filósofo que ri.


ENEM
A representação de Demócrito é semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um infinitamente múltiplo é a
origem; mas nele a determinação dos princípios fundamentais aparece de maneira tal que contém aquilo que
para o que foi formado não é, absolutamente, o aspecto simples para si. Por exemplo, partículas de carne e de
ouro seriam princípios que, através de sua concentração, formam aquilo que aparece como figura. (HEGEL, G.W.
Crítica moderna. In: SOUZA, J.C. (Org.). Os pré-socráticos: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural, 2000.)

O texto faz uma apresentação crítica acerca do pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio
constitutivo das coisas” estava representado pelo(a)
a) número, que fundamenta a criação dos deuses.
b) devir, que simboliza o constante movimento dos objetos.
c) água, que expressa a causa material da origem do universo.
d) imobilidade, que sustenta a existência do ser atemporal.
e) átomo, que explica o surgimento dos entes.
Atividade

1. Explique como a filosofia pode ter nascido do espanto e da admiração.

2. Quais foram as condições históricas para o florescimento da Filosofia?

3. Apresente as características do pensamento mitológico. Pesquise um Mito que tente


descrever a realidade por meio da fantasia.

4. Quais as principais diferenças entre o mito e a filosofia?

5. Explique o conceito de Arché. Escolha dois pré-socráticos e descreve suas teorias


sobre a origem do Universo.
Período Socrático
(ou Antropológico)
Contexto Histórico
• Séc. V a.C.

• Democracia Ateniense
DEMO – KRATOS

• Ágora – Praça Pública onde os cidadãos se reuniam em assembleias

• Valorização da boa argumentação (oratória e retórica)


Os Sofistas

• Eram mestres da oratória (arte de bem falar) que ensinavam a arte da


persuasão (persuadir é fazer crer, induzir, convencer). Viajavam por
toda a Grécia ensinando Filosofia, mediante pagamento, mas seu
principal ofício era ensinar como argumentar em público e como
driblar a opinião adversária. O importante, para os sofistas, era
ganhar uma discussão, independentemente do critério utilizado.
Os Sofistas

• Por tudo isso, Sócrates rebelou-se contra os sofistas afirmando que


eles, ao defenderem qualquer ideia, desrespeitavam a verdade e por
isso não podiam ser considerados filósofos.

• Também foram criticados por Platão e Aristóteles, tanto que o termo


sofista, que originalmente significava sábio, passou a ter o sentido de
impostor
Os Sofistas
• Os principais sofistas foram:

• Protágoras de Abdera (+/- 485-410 a.C.) , considerado o primeiro e o


mais importante deles

• Górgias de Leontini

• Isócrates de Atenas
Protágoras e o relativismo
• “O Homem é a medida de todas as coisas.”

É a relatividade do conhecimento, pois tudo deve ser examinado


segundo os interesses do homem e de acordo com a forma como este
vê a realidade.

Segundo este pensamento, as regras morais, as posições políticas e os


relacionamentos sociais deveriam ser guiados conforme a conveniência
individual. Para este fim, qualquer cidadão poderia se valer de um
discurso convincente, mesmo que falso ou sem conteúdo.
Os sofistas

• Considerando que dos escritos originais produzidos pelos sofistas só


chegaram pequenos fragmentos até os nossos dias, nós temos
dificuldade em saber quem de fato foram os sofistas, pois quase tudo
que conhecemos deles deriva das obras de Platão e de Aristóteles que
não pouparam esforços em criticá-los e, na falta de outras fontes
bibliográficas, não temos como saber se as críticas foram ou não
justas.

• [Importante discussão inaugurada: existe verdade absoluta?]


Sócrates de Atenas
(469-399 a. C)
Sócrates
• Nasceu no apogeu da democracia ateniense, no séc. V a.C.
• Filho de uma parteira e um escultor
• Aparência feia
• Sócrates representa um marco importante na história da Filosofia.
Enquanto que os Pré-socráticos se preocupavam com a natureza,
Sócrates busca o conhecimento questionando o homem.
• Não deixou nada escrito, pois acreditava que as palavras gravadas
prejudicavam a memória, uma vez que a escrita desobrigava a mente
do exercício de guardar informações.
O episódio de Delfos
• Afirmava que o homem deveria, antes de qualquer coisa,
conhecer-se a si mesmo, ressaltando, dessa forma, a
importância do autoconhecimento para a formação do
espírito.

• Episódio do Oráculo de Delfos

“Conhece-te a ti mesmo!” – “Só sei que nada sei!”


A Dialética Socrática
• Fazendo uso do diálogo, através de perguntas habilmente formuladas,
Sócrates ensinava Filosofia gratuitamente em locais públicos, através
de um método cuja aplicação dependia de dois momentos distintos:

• A IRONIA (interrogação): momento de desconstrução, onde ele


procurava mostrar os erros e contradições das pessoas;

• A MAIÊUTICA (parto): procurava ajudar os discípulos a reconstruir as


próprias idéias.
Sócrates

• Considerado o “pai da Filosofia”, Sócrates nunca


se contentou com as crenças de sua época, com
as verdades estabelecidas e com os preconceitos
que vigoravam em sua sociedade.
• Desconfiando das meras aparências das coisas, e
questionando sempre, Sócrates buscava
incansavelmente a realidade verdadeira das
coisas.
Incansável questionador, foi condenado e
morto

Quando alguém se dizia corajoso ele imediatamente perguntava:


“Para você, o que é a coragem? Quando alguém se dizia justo, ele
exigia maiores explicações sobre “O que é a justiça?”.

Aos 70 anos de idade, acusado de corromper a mente dos jovens


com ideias duvidosas sobre os valores atenienses, foi condenado
por um tribunal local a tomar cicuta, substância venenosa extraída
de uma erva.
(FATEC SP) Sócrates, grande filósofo grego, formou numerosos discípulos, que seguiram diferentes
caminhos para buscar o conhecimento real. A grande preocupação socrática era:

a) interpretar o mundo como sendo espiritual e organizado segundo uma moral baseada em
verdadeiros conceitos imutáveis.

b) compreender as causas primeiras e os fins últimos de todas as coisas, pois só se pode dizer que se
conhece alguma coisa quando se conhece sua causa primeira.

c) o autoconhecimento que poderia ser obtido por meio da ironia e da maiêutica, métodos que
consistiam em fazer indagação, fingindo ignorância, para despertar no interlocutor o conhecimento
latente.

d) fazer um estudo crítico da História, comparando a História Grega com a dos povos orientais, a fim
de mostrar que o mundo era mais amplo do que se imaginava.

e) mostrar que todo o conhecimento era obtido por intermédio dos sentidos humanos e que, por
esses serem falhos, era relativo e limitado.
(Fac. Cultura Inglesa SP) Sócrates foi julgado e condenado à morte pelo tribunal da cidade de
Atenas por volta do ano de 399 a.C. O filósofo fez a sua defesa no tribunal ateniense,
procurando refutar seus acusadores:

“Cidadãos atenienses, eu vos respeito e vos amo, mas enquanto eu respirar e estiver na posse de
minhas faculdades, não deixarei de filosofar e de vos exortar ou de instruir cada um, dizendo-lhe,
como é meu costume: – Ótimo homem, tu que és cidadão de Atenas, da cidade maior e mais
famosa pelo saber e pelo poder, não te envergonhas de fazer caso das riquezas, para guardares
quanto mais puderes e da glória e das honrarias, e de não fazer caso da sabedoria, da verdade e
da alma?” (Platão. Apologia de Sócrates, 1969. Adaptado.)

O sentido que Sócrates dava à razão pode ser relacionado, no aspecto político, com a
implantação, em Atenas, da

a) Oligarquia.
b) Teocracia.
c) Tirania.
d) Democracia.
e) Talassocracia.
(UFPE) Os gregos construíram reflexões importantes para a formação do
pensamento ocidental, contribuindo para compreender o mundo e a sua
complexidade. Sócrates, um dos seus filósofos mais conhecidos:

a) defendeu a existência da democracia e a organização de uma Assembleia


Popular para definir o governo ateniense.
b) polemizou com os filósofos sofistas que defendiam princípios religiosos
diferentes dos princípios gregos.
c) teve muitas das suas teorias incorporadas ao pensamento idealista de Platão,
outro grande pensador grego.
d) foi contra as reformas políticas defendidas por Aristóteles, pois era favorável à
existência de um governo democrático.
e) propagou a necessidade do fortalecimento militar de Atenas, para evitar os
ataques dos inimigos asiáticos.
Platão de Atenas

(427-348 a.C.)
Platão (427 – 348 a. C.) [Arístocles]
• Platão provinha de uma antiga família pertencente à nobreza da
cidade e, como todos da mesma origem, tinha interesses direcionado
à Política, até travar conhecimentos com Sócrates.

• A partir desse momento em diante Atenas perdia um político e o


mundo ganhava um Filósofo que mudou os rumos do pensamento
humano. Assistiu inconformado à sentença de morte do grande
mestre e, como Sócrates, apostava na razão filosófica como o
caminho que conduziria o homem ao exercício da justiça e à prática
da virtude.
Platão – conceitos importantes
• Tese da imortalidade da alma (conhecimento)

• Para Platão o corpo é diferente da alma e a aprisiona, impedindo que ele


contemple as ideias na totalidade.

“O corpo é cárcere da alma”

• Transmigração das almas

“Em Platão, conhecer é recordar”


O Mundo das Ideias

Epistemologia Para compreender o


Platônica pensamento platônico, o
primeiro conceito a considerar é
o de Mundo da Ideias.
O Mundo das Ideias

• Segundo Platão, haveria um mundo imaterial, eterno e imutável, totalmente


separado do mundo sensível (o universo material, percebido pelos cinco
sentidos), ao qual só temos acesso através da razão.

• Nesse lugar suprassensível estão as Ideias (do grego, eidos = forma), que não
simples cogitações na mente dos homens: elas são realidades que existem
“por si” e “em si mesmas”, independentes que alguém as pense; elas são a
única realidade existente, totalmente independentes das coisas matérias.
Teoria do Conhecimento Platônica

• Para alcançar a verdade, o homem deve dirigir sua inteligência


para as Ideias, para além do mundo sensível.
DOXA – EPISTEME
• Muitas vezes, Platão se serviu de mitos e alegorias para ilustrar
seu pensamento. Eram narrativas que ele criava especificamente
para facilitar a compreensão de sua doutrina; dessa espécie de
narrativa é a “Alegoria da Caverna”, localizada no Livro VII da
República
Alegoria da
Caverna
UNESP – 2ª fase
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres
humanos estão aprisionados. A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira
externa. Entre ela e os prisioneiros há um caminho em que homens transportam estatuetas
(pequenas estátuas) de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as
sombras das estatuetas transportadas atrás de um muro, mas sem poderem ver as próprias
estatuetas nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os
prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Que aconteceria, indaga
Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado?
(Marilena Chaui. Convite à filosofia, 1994. Adaptado.)
Na alegoria da caverna, a qual figura típica da filosofia de Platão correspondem os seres
humanos aprisionados? E o prisioneiro que se liberta das algemas? Explique o significado
filosófico dessas duas figuras.
Resolução
Na alegoria da caverna de Platão, a figura típica à qual correspondem os
seres humanos aprisionados é a do senso comum. Representados à época
por todos aqueles que se consideravam detentores de um suposto saber,
como os poetas, os sofistas, os técnicos, entre outros, permaneciam, na
verdade, presos a uma forma de compreensão aparente do real, o que,
para Platão, constituía sinal de ignorância, já que sustentavam seus
conhecimentos por meio de meras opiniões. Já o prisioneiro que se liberta
das algemas simboliza, para Platão, o filósofo. Uma vez que se despojou
das opiniões e dos preconceitos advindos de uma realidade aparente, o
filósofo atinge uma condição intelectual capaz de contemplar a verdadeira
realidade por meio do conhecimento das ideias, como a justiça, o Bem e o
Belo, que constituem sua essência.
A Alegoria da Caverna

• A caverna era uma espécie de “prisão”, onde as pessoas vivam


confinadas em meio à ignorância e, por isso mesmo, impossibilitadas
de ascender ao mundo superior. Sair da caverna, segundo Platão, era
um exercício que exigia uma passagem da ignorância (mundo inferior)
ao conhecimento (mundo superior). Para tanto, Platão aponta a
DIALÉTICA, como também aponta dois auxiliares: a razão
(matemática) e a emoção (vontade)
A Alegoria da Caverna

• Para Platão, a realidade última de tudo está no mundo ideal. Assim,


haveria ideias correspondentes a todos os objetos materiais, aos
seres e coisas da natureza, virtudes, entidades matemáticas (linha,
círculo, ponto, etc.), formas, cores, características da matéria (dureza,
mobilidade, calor, etc.), atividades e sentimentos.
Política: A cidade dos filósofos

• A obra em que Platão apresenta sua visão Política é denominada A


República. Nela Platão apresenta um modelo ideal de cidade,
desprezando a democracia (demagogia) e propondo uma aristocracia
intelectual.
• Ele procurou desenvolver um projeto político no qual o governo da
pólis (cidade) garantisse a felicidade de todos os seus habitantes.
• A política deve ser organizada de maneira semelhante ao que ele
entendia como justo e correto na vida de cada um: Platão imaginou a
pólis como um modelo de vida em grupo.
Política: A cidade dos filósofos

• Todos os habitantes da Pólis passariam por um processo de educação


integral (Paidéia) que definiria quais as aptidões cada um
desenvolveria e como as aplicaria na sua vida em coletividade.

• Trabalhadores

• Guardiões

• Governantes
Paidéia

Processo de formação integral


do homem grego pelo qual
passariam homens e mulheres
dos 7 aos 30 anos e que seria o
selecionador de aptidões para a
vida em sociedade
Política: A cidade dos filósofos

• Na cidade, os filósofos, conhecedores da


Verdade através da contemplação do Mundo
das Ideias, deveriam tomar as rédeas da
administração da cidade.

• Essa obrigação vem do fato de que,


conhecendo o Bem, somente poderiam querer
que este se estendesse a todos os homens: o
cargo de “governador” da pólis platônica
deveria ser ocupado pelo Rei-Filósofo, pois ele
seria a parte “racional da cidade”.
Aristóteles (384 aC – 321
aC)
Aristóteles – vida e contexto
• Filósofo que viveu na Antiguidade Clássica Grega (384-322 a. C.)
• Nasceu na Cidade de Estagira, na Macedônia
• Era filho do médico do Rei Amintas III
• Na juventude, foi estudar em Atenas e lá foi um dos alunos de Platão, na
Academia
• Foi convidado pelo Rei Felipe da Macedônia para ser professor de seu
filho, Alexandre (Sim, que depois se tornou Alexandre, O Grande!)
• Voltando a Atenas (355 a.C.) fundou sua própria escola – O Liceu
• Foi muito importante para as ciências, sendo uma referência no estudo
da ética, da política e do conhecimento.
• Escola de Atenas | O Universo Numa Casca de Noz (abrancoalmeida.com)
Platão x Aristóteles
As objeções
A Escrita Aristotélica
Aristóteles também desenvolveu um modo
diferente de escrever a sua obra filosófica.
Diferente de Platão que imprimia uma
escrita poética, a escrita aristotélica
destacava-se por uma abordagem mais
sistemática e técnica. Os historiadores
comentam que Aristóteles escreveu cerca
de cento e setenta trabalhos em diversas
áreas, porém muitos se perderam e apenas
quarenta e sete chegaram até nós.
Faça os exercícios discursivos em seu
caderno
Resolução
Teoria dos Atributos: Substância, Essência e
Acidente
Matéria e Forma
• Para Aristóteles, a matéria é daquilo que uma coisa é feita e a
forma é o que distingue essa coisa.

• Ex: Bronze (matéria) e estátua (forma).


Ato e Potência
Teoria das 4 causas
• Para Aristóteles a mudança de ato para potência acontece, a partir de
4 causas:

• 1) Material (do que é feito)


• 2) Formal (o ideia que dá origem ao objeto)
• 3) Eficiente (quem faz)
• 4) Final (para que é feito)
Exercício discursivo
Resolução
Ética em Aristóteles
• Para Aristóteles a Ética é uma das maios importantes ciências. Sem ela,
a vida coletiva não existe.
• Por meio da ética, podemos analisar nossas ações, conhecer os
extremos e, deliberadamente, encontrar o equilíbrio. As boas ações
são, segundo o filósofo, frutos do hábito. A Ética é aperfeiçoada no ser
humano se praticada.
• A decisão é de caráter social, mas atinge todo tecido social. O indivíduo
equilibrado é virtuoso e, por consequência, feliz (eudaimonia).
• Essa felicidade não é passageira, mas um estado de espírito. Uma auto
realização.
A política de Aristóteles

Assim como Sócrates e Platão, Aristóteles


também não concordava com a democracia
ateniense. Aristóteles apontava a existência de
três formas de governos boas são elas:
Monarquia, Aristocracia e Politéia. Do mesmo
modo apontava três formas negativas de
governo, são elas: Tirania; Oligarquia e
Democracia.
Zoon Politikon

• “O homem é um animal político” (Zoon polítikon). Somos políticos


porque vivemos em grupo e necessitamos de organização. Esta ideia
esta muito colocada no conceito de cidade cunhado por Aristóteles
que pregava ser mais importante conhecer quem são os cidadãos que
compõe uma cidade do que saber da própria cidade. A reflexão é
simples: diga quem são os moradores da cidade e saberemos o que é
a cidade.
Caiu no vestibular..
(UEL-2014) Observe a charge e leia o texto a seguir.

Animal Político Não alimente. Fonte: LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p. 25.

“É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é naturalmente um animal
político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por instinto, e não porque qualquer
circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade, é um ser vil ou superior ao homem […].”
(ARISTÓTELES. A política. Trad. de Nestor Silveira Chaves. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. p. 13.)

Com base no texto de Aristóteles e na charge, é correto afirmar:


a) O texto de Aristóteles confirma a ideia exposta pela charge de que a condição humana de ser político é
artificial e um obstáculo à liberdade individual.

b) A charge apresenta uma interpretação correta do texto de Aristóteles segundo a qual a política é uma
atividade nociva à coletividade devendo seus representantes serem afastados do convívio social.

c) A charge aborda o ponto de vista aristotélico de que a dimensão política do homem independe da
convivência com seus semelhantes, uma vez que o homem basta se a si próprio.

d) A charge, fazendo alusão à afirmação aristotélica de que o homem é um animal político por natureza,
sugere uma crítica a um tipo de político que ignora a coletividade privilegiando interesses particulares e que,
por isso, deve ser evitado.

e) Tanto a charge quanto o texto de Aristóteles apresentam a ideia de que a vida em sociedade degenera o
homem, tornando-o um animal.
Filosofia Helenística
Filosofia Helenística
• A filosofia helenística estende-se, em um primeiro momento, da
morte de Alexandre (323 a.C.) ao fim da República Romana e à vitória
de Augusto na Batalha de Ácio, portanto durante aquilo que
historiadores da cultura convencionaram como helenismo.
• A filosofia helenística corresponde a um desenvolvimento natural do
movimento intelectual que a precedeu e torna a defrontar-se muitas
vezes com temas pré-socráticos; porém, sobretudo ela é
profundamente marcada pelo espírito socrático. A experiência com
outros povos também lhe permitiu desempenhar certo papel no
desenvolvimento da noção de cosmopolitismo, isto é, da ideia de
homem como cidadão do mundo.
Filosofia Helenística
• As escolas helenísticas têm em comum a atividade filosófica, como
amor e investigação da sabedoria, sendo esta um modo de vida. Elas
não se diferenciavam muito na escolha da forma de sabedoria. Todas
elas definiam a sabedoria como um estado de perfeita tranquilidade
da alma. Nesse sentido, a filosofia é uma terapêutica dos cuidados,
das angústias e da miséria humana, miséria resultante das
convenções e obrigações sociais.
Estoicismo
O estoicismo tira seu nome do
Pórtico (Stoa), local de Atenas
em que se reuniam seus
adeptos.

Foi fundada por Zenão de Cício


(322 a.C. – 262 a.C.)

Estoicismo
Estoicismo
• Estoicismo é uma doutrina, um movimento filosófico que aconselha a
fidelidade ao conhecimento e a indiferença e desprezo pelos males
físicos e morais, desconsiderando todos os tipos de sentimentos
externos. Estoicismo também é sinônimo de austeridade, firmeza e
constância no infortúnio.

• Despreza todo tipo de sentimento e indica um modo de vida em que a


melhor forma de compreender o outro é observando como ele se
comporta e não o que ele diz. E que uma pessoa que é virtuosa,
consequentemente atinge a felicidade.
Epicurismo
O epicurismo foi idealizado pelo
filósofo grego Epicuro e é
caracterizado pela defesa da busca da
vida feliz por meio de desejos e
Epicurismo prazeres moderados e sem grandes
perturbações, que contribuirão para a
administração da dor e para a
diminuição e até libertação do medo
da morte.
Epicurismo
• Tais desejos devem ser moderados, ao passo que em excesso podem
causar perturbações psicológicas que impedirão o encontro com a
felicidade, incluindo dificuldades em manter a saúde do corpo.
• Para Epicuro, é necessário então que o ser humano controle todos os
seus medos e desejos, para que tenha uma vida equilibrada e
tranquila, sem perturbações e, consequentemente, feliz.
• Popularmente, o epicurismo é sinônimo de uma vida sensual,
voluptuosa e ligada aos prazeres dos sentidos. Alguns estudiosos
consideram o epicurismo parecido com o hedonismo, filosofia que
afirma que o prazer é o supremo bem da vida humana.
completa ausência de
perturbações ou
inquietações da
mente, concretizando
o ideal tão caro à
filosofia helênica da
tranquila e serena
felicidade obtida
através do domínio ou
da extinção de
paixões, desejos e
inclinações sensórias.
ATARAXIA

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