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1 SPROUL, R. C. Sola Gratia. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 155-159.
por Deus porque ainda não está resolvida na realidade… Deus pode predizer bastante do que iremos
escolher fazer mas não tudo porque alguma coisa permanece escondida no mistério da liberdade humana…
…Naturalmente a Bíblia louva a Deus por seu conhecimento detalhado do que irá acontecer e o
que ele mesmo irá fazer… O Deus da Bíblia revela uma abertura para o futuro que a visão tradicional da
onisciência simplesmente não pode acomodar…
…Precisamos de um teísmo do “livre-arbítrio”, uma doutrina de Deus que anda no caminho
intermediário entre o teísmo clássico, que exagera a transcendência de Deus do mundo, e o teísmo do
sistema, que reivindica a imanência radical.
Essa declara expressa algo do pensamento seminal de Pinnock, desenvolvido de forma mais
completa no volume posterior The Openness of God. O que é digno de nota aqui é que Pinnock claramente
percebe que está desafiando não meramente o calvinismo clássico mas também o próprio teísmo clássico.
Ele procura reconstruir a teologia em algum lugar entre o teísmo clássico e a teologia do processo. Ele a
chama de “teísmo do livre-arbítrio” porque a força condutora por trás dessa nova doutrina de Deus é a
preocupação em manter a visão arminiana do livre-arbítrio humano. No The Openness of God, Pinnock
reitera sua crítica da doutrina da onisciência no teísmo clássico como as da imutabilidade e da onipotência.
Na superfície, essa reconstrução da doutrina de Deus parece carregar uma etiqueta de alto preço se
alcançar a abertura que Pinnock deseja. No nível prático, admiramos como Deus pode saber qualquer coisa
sobre o futuro exceto o que ele pessoalmente pretende fazer (intenções que são, elas mesmas, aberta às
mudanças enquanto ele reage às decisões futuras dos homens). Se a História não é afetada de modo algum
pelas decisões dos homens e se o conhecimento de Deus não inclui as futuras decisões humanas, como
Deus pode conhecer tudo sobre o futuro da história do mundo? Como podemos encontrar qualquer
conforto no futuro que Deus prometeu para o seu povo se esse destino futuro jaz nas mãos dos homens?
Âncora de nossa alma foi arrastada do seu ancoradouro. Não temos razão para confiar em nenhuma
promessa que Deus fez sobre o futuro. Não apenas os melhores planos traçados dos ratos e homens se
perdem, mas também que se perdem, semelhantemente, os melhores planos do Criador dos ratos e dos
homens.
Essa fascinação com a abertura de Deus é um ataque não ao calvinismo ou mesmo ao teísmo
clássico, mas ao próprio Cristianismo.
“A imutabilidade em Deus é uma “glória que pertence a todos os atributos de Deus. Deus possui
atributos e perfeições que são diferentes, “mas a imutabilidade é o centro em que todos se unem”. Aquilo
que Deus é, ele é eterna e imutavelmente”. 2
“A imutabilidade de Deus impede qualquer mudança em seu conhecimento. Charnock afirma,
então, que Deus sabe todas as coisas desde a eternidade porque seu conhecimento é infinito. Ele conhece
todas as coisas de uma só vez porque não existe passado nem futuro em Deus, apenas o presente”. 3
A imutabilidade de Deus, não é violada pela geração do Filho e pela processão do Espírito, pois
para o Deus o Pai, pertence à paternidade, e para seu Filho, à filiação, e para o Espírito Santo, à processão
que é “eterna, interminável e incessante” (São João Damasceno). As palavras, cheias de mistério, “A
geração do Filho” e a “processão do Espírito,” não expressam nenhum tipo de mudança na vida divina ou
nenhum tipo de processo; para nossas mentes limitadas, “geração” e “processão” são simplesmente
colocadas em oposição à ideia de “criação” e falam da única Essência (ousia) das pessoas ou de Deus. A
criação é alguma coisa externa em relação Àquele que cria enquanto que a “filiação” de Deus é uma
unidade interna, a unidade da natureza do Pai e do Filho; tal é também a “processão” da Essência de Deus,
a processão do Espírito do Pai que a causa.
A Encarnação e o tornar-se homem, do Verbo, do Filho de Deus, não viola a imutabilidade de Deus.
Só criaturas em suas limitações perdem o que elas tem, ou adquirem o que elas não tem; mas a divindade
do Filho de Deus permanece depois da Encarnação sendo a mesma que era antes da Encarnação. Ela
recebeu em sua Hipóstase, na unidade da Divina Hipóstase, natureza humana da Virgem Maria mas ela
não formou disso nada novo, natureza misturada, mas preservou sua Natureza Divina sem mudança.
A imutabilidade de Deus não é contraditada, da mesma forma, pela criação do mundo. O mundo é
uma existência, que é externa em relação à natureza de Deus. Por isso Ele não muda nem a essência nem