Você está na página 1de 10

NÓS TEMOS UM EVANGELHO ADVENTISTA?

Pr. Dennis Priebe / Traduzido por Marcell Dalle Carbonare

Dale Ratzlaff, um proeminente ex-ministro adventista, escreveu: “A doutrina ASD da purificação


do santuário e do juízo investigativo distorce, rebaixa ou contradiz o único evangelho da graça
da nova aliança” (A Doutrina Sectária dos Adventistas do Sétimo Dia, p. 319)

Exatamente por que houve tal oposição ao ensino do juízo investigativo? Menos de dois anos
após 1980, o ex-professor adventista Smuts van Rooyen foi perguntado em uma entrevista: “O
que você vê de errado na doutrina adventista do juízo investigativo?” Ele respondeu:

“Deixe-me responder isso lendo uma declaração de Ellen White. Ela escreveu isso no livro O
Grande Conflito: ‘Aqueles que estiverem vivendo sobre a terra quando a intercessão de Cristo
cessar no santuário acima, devem permanecer à vista de um Deus santo sem um mediador.
Suas vestes devem estar imaculadas, seu caráter purificado do pecado pelo sangue da
aspersão. Por meio da graça de Deus e de seu próprio esforço diligente, devem ser vencedores
na batalha contra o mal. Enquanto o juízo investigativo está ocorrendo no céu ... deve haver
uma obra especial de purificação e de afastamento do pecado entre o povo de Deus na terra’’.

“O resumo do juízo investigativo na prática é esse: Quando Joãozinho confessa o pecado da


impaciência, aquele pecado não é cancelado, mas registrado. O sangue de Jesus simplesmente
transferiu o pecado de Joãozinho para o santuário. No juízo Joãozinho deve enfrentar aquele
pecado novamente. Se naquele tempo ele não tiver vencido o pecado, este permanece contra
ele. Isso, então, torna imperativo que Joãozinho vença cada pecado que ele já confessou. Ele
deve, de fato, alcançar a perfeição…. Agora, o perfeccionismo é uma coisa terrível e leva a uma
insegurança devastadora na sua experiência cristã, mas o perfeccionismo é parte integrante da
doutrina do juízo investigativo da Sra. White” (“Entrevista com Smuts van Rooyen,”Evangelica,
maio de 1982, p. 14).

Então a verdadeira questão não é 1844, mas a justifiça pela fé, especificamente o ensino da
vitória sobre todo pecado antes que Jesus venha. Alguns anos mais tarde, Morris Venden
escreveu: “O diálogo sobre o juízo investigativo…em nossa igreja hoje parece principalmente
uma tentativa de resolver nossas crenças sobre o pecado, a justiça e a salvação” (Nunca Sem
Um Intercessor, pp. 7-8).

Em seu livro mais recente, Desmond Ford escreveu o seguinte: “Eu também recomendo
fortemente o livro de Woodrow W. Whidden, Ellen White Sobre a Salvação”. A esposa de Ford,
Gillian, foi muito explícita: “Foi a ênfase de Ford na justificação pela fé que o levou a ver a
necessidade de reinterpretação do esquema profético adventista do sétimo dia” (Pelo Bem do
Evangelho, pp. 85, 153).

Está muito claro que toda a discussão sobre o juízo investigativo, a expiação final e o Lugar
Santíssimo na verdade tem realmente a ver com o evangelho e o método de salvação. Para
Ford e outros que se apegam a essa teologia da salvação, seus pontos-chave são os seguintes:

1. Pecado involuntário—a crença de que todos se tornam pecadores simplesmente por


nascerem.
2. A natureza não-caída de Cristo—a crença de que a humanidade que Cristo tomou sobre
Si era a natureza sem pecado de Adão, como era antes da queda [ou que Ele teve uma
natureza híbrida, parte caída e parte não-caída].
3. Salvação pela justificação somente—a crença de que o fundamento da salvação cristã
inclui apenas a justiça justificadora, como sendo distinta da justiça capacitadora e
transformadora da regeneração e santificação [que são apenas resultados da salvação].
4. Justificação como sendo apenas declarativa e não transformadora—a crença de que a
justiça justificadora apenas declara que um crente é justo, em vez de realmente torna-
lo justo.
5. Imperfectibilidade do caráter cristão—a crença de que, mesmo através da força divina
comunicada, a perfeita obediência à lei divina permanece impossível para o cristão
nessa vida (Kevin D. Paulson, “A Justiça pela Fé e a Doutrina do Santuário,” Os
Adventistas Afirmam, verão de 2009, pp.18-19).

Há também a questão de se o ministério expiatório de Cristo foi terminado na cruz. O conceito


da “obra finalizada de Cristo” aqui considerado vai além da simples verdade de que Jesus
morreu pelo mundo inteiro e trouxe um fim ao sistema sacrificial do Antigo Testamento.
Aqui estão alguns exemplos: “Jesus Cristo tirou seus pecados ... dois mil anos atrás” (Desmond
Ford, citado em Conceitos Conflitantes Sobre Justificação Pela Fé, p. 82). “Deus nos perdoou
2.000 anos atrás...E com Sua morte, está consumado’” (Steve Marshall, Bendita Certeza, p. 21).

Logicamente essa teoria leva à crença de que todos os nossos pecados—passados, presentes e
futuros—já foram perdoados, e que uma vez que uma pessoa aceita a Cristo, os pecados
futuros estão perdoados tão certamente quanto os do passado. Os advogados adventistas
deste ensino tem usado termos como “perdão abrangente”, “o guarda-chuva da graça eterna”,
e têm ilustrado o conceito por meio de um homem utilizando um terno preto com um guarda-
chuva branco sobre a cabeça. Um autor crê que a salvação está baseada apenas na
justificação, declarando que “a justiça que Deus produz em nós…não tem valor salvífico” (Jack
Sequeira, Além da Creça, p. 170).

Ford insiste que o apagamento final dos pecados do crente acontece quando este aceita a
Cristo, sem qualquer necessidade de um futuro apagamento dos pecados registrados em um
julgamento celestial. Porque os opositores da doutrina do santuário tendem a crer que nossos
pecados já foram removidos por Cristo na cruz, e portanto não precisam ser removidos do
santuário celestial ou da vida terrena do cristão, a santificação é reduzida a uma obra não
especificada e nunca completada, que funciona apenas como prova de que uma pessoa foi
justificada.

As definições que damos ao pecado, justificação, santificação, a base da salvação, e aos


requisitos finais de Deus ao Seu povo, exercem uma tremenda força lógica sobre nossas
conclusões a respeito de doutrinas adventistas como o santuário, o sábado, a teologia da igreja
remanescente e muito mais. Se alguém aceita o evangelho evangélico, com sua salvação de
“justificação somente” e a crença na imperfeição do caráter cristão, a noção de um tribunal
celestial investigando os pensamentos e atos dos professos cristãos é desnecessária e nociva. A
salvação foi completada na cruz, e tudo o que é necessário para o cristão é aceitar essa
realidade acabada.

Aqueles que buscam misturar características-chave do evangelho evangélico com a doutrina


clássica adventista do santuário devem, necessariamente, comprometer as características de
ambos os sistemas, a fim de alcançar tal síntese [Isto é o que tem acontecido nos últimos vinte
anos por meio dos pastores e professores mais respeitados da igreja, em uma tentativa
desesperada de misturar dois sistemas de crenças incompatíveis, para que possamos evitar ser
rotulados como uma seita]. Mas nem as Escrituras, os escritos de Ellen White, ou a simples
lógica, permitem tal harmonia. As conseqüências de tais esforços continuarão a resultar em
tensão, suposições inconsistentes e uma paz precariamente intermediada [O que estamos
chamando de "unidade na diversidade" na atualidade é "desunião em desacordo", com muita
suspeita de ambos os lados]. E no final ... tais esforços falharão (Kevin Paulson, pp. 27, 37,38).
O que é Pecado?
Uma vez que a base para os evangelhos opostos é o significado do pecado, vamos refrescar
nossas memórias sobre o que está em jogo aqui. Ellen White declarou: “Nossa única definição
de pecado é aquela dada na Palavra de Deus; esta é ‘a transgressão da lei’” (O Grande Conflito,
p. 493). Quando Ellen White fez essa declaração, ela estava fazendo uma declaração teológica,
ou ela estava simplesmente sendo devocional? Quando se trata de questões teológicas como
pecado e salvação, alguns intérpretes já decidiram que, uma vez que Ellen White não era uma
teóloga sistemática treinada, as declarações em seus livros constituem meramente uma
descrição devocional.

A Bíblia nos diz que Jesus veio para nos salvar de nossos pecados, o que significa que nossa
compreensão do pecado está inter-relacionada com outras questões como justificação,
santificação e o ministério sacerdotal de Cristo nos lugares Santo e Santíssimo. A interpretação
do pecado toca em questões práticas como a natureza da tentação e a possibilidade de se
desenvolver um caráter perfeito neste mundo cheio de pecado.

Vamos dar uma olhada em “paradigmas” por um pouco. Um paradigma é um padrão de


pensamento utilizado para explicar os dados observados. Geralmente é baseado em suposições
não comprovadas, mas razoáveis. Um paradigma diz que a terra é o centro do universo,
enquanto outro paradigma diz que a terra está na beirada de uma galáxia.

O paradigma ptolomaico não se transformou no paradigma copernicano pelo acúmulo de


ajustes em si mesmo. Pelo contrário, foi substituído por um paradigma que era diametralmente
oposto e completamente incompatível com ele. Como Leonard Brand…declarou: “Colocar o sol
no meio do universo é uma opção, e colocar a terra no meio é outra. Não se pode fazer um
compromisso entre eles; devemos escolher um ou outro”. Como isso se relaciona com a
questão da interpretação do pecado? A correta compreensão do pecado ... deve ser colocada
no paradigma correto. Se isso não acontecer, então não se pode chegar ao entendimento
correto….

Os primeiros pais da igreja…eram muito dependentes da filosofia grega para seu entendimento
da doutrina de Deus, da doutrina do homem, e…da doutrina do pecado ….Agostinho
[diz]…”Deus soberanamente predestina tudo o que acontece, incluindo o pecado e o mal ... e a
salvação e a justiça”…Os reformadores magisteriais como Lutero e Calvino tendiam a aceitar os
pontos de vista de Agostinho a esse respeito. Também alguns adventistas tendem a basear sua
visão de pecado, justificação e santificação na visão dos reformadores.

“[Como esse paradigma influenciou o significado do pecado?] ‘O recém-nascido, assim como a


pessoa de meia-idade ... é corrupto e culpado por causa da conexão com Adão’. Agostinho
afirmou que ... depois da queda “as pessoas estão livres para pecar, mas não são livres para
não pecar”. Assim, o pecado, a justiça, a salvação e a perdição são resultado da decisão de
Deus, não da sua. Se você cooperou com Deus e está salvo, é porque Ele decidiu, e se você
está perdido, você não teve nada a ver com isso. A doutrina do pecado original tem sua base
na doutrina da predestinação, conforme interpretada pela filosofia grega ... Sob o paradigma
filosófico grego expresso por Agostinho, a liberdade de não pecar não existe. Além disso, se
esse é o caso, então definir o pecado como transgressão e responsabilizar uma pessoa por isso
não faz absolutamente nenhum sentido se a pessoa estivesse meramente realizando a vontade
irresistível de um Deus onipotente” (Karl Tsatalbasidis, “O que é Pecado?”, Os Adventistas
Afirmam, verão de 2009, pp. 43-45).

Agora vamos olhar para uma análise inspirada, dos escritos de Ellen White: “É o constante
esforço de Satanás deturpar o caráter de Deus, a natureza do pecado e as questões reais em
jogo no grande conflito. Seus sofismas diminuem a obrigação da lei divina e dão aos homens
licença para pecar” (O Grande Conflito, pp. 568,569). Assim, a declaração de missão do inimigo
inclui deturpar a natureza do pecado porque ele sabe que o resultado final será uma diminuição
em relação à obrigação da lei divina.

“Os ensinamentos dos filósofos pagãos…exerceram influência na igreja. Muitos que


professavam a conversão ainda se apegavam aos princípios de sua filosofia pag ... Erros graves
foram assim introduzidos na fé cristã. Destaca-se entre estes a crença na imortalidade natural
do homem e sua consciência na morte” (O Grande Conflito, p. 58). Por causa da dicotomia
corpo/alma, a experiência da salvação ocorre na alma atemporal que não tem conexão causal
com o corpo. Além disso, o corpo é onde o pecado original reina. Dentro deste paradigma, a
condenação é o resultado de se ter carne pecaminosa, que inclui impulsos, tendências e
desejos.

A imortalidade da alma, como é considerada dentro do paradigma da filosofia platônica,


pressupõe a absoluta soberania de Deus e a total depravação do homem. Enquanto neste
estado totalmente depravado, a condição do homem é sem esperança. Ele nasceu neste mundo
já culpado e condenado pelo pecado de Adão. A única liberdade que ele possui é a liberdade de
pecar. Ele é incapaz de escolher não pecar. Agostinho ensinou que Deus escolhe alguns da
massa humana da perdição para receberem o dom da fé pela graça e deixa os outros à sua
merecida condenação.

A implicação é clara: que o pecado não tem nada a ver com a transgressão da lei. Se Deus
decretou que você seja justo, então você não pode resistir à Sua vontade. Os conceitos de
liberdade, escolha e pecado devem ser interpretados dentro da estrutura filosófica grega, e
quando isso é feito, alguém é salvo ou perdido pelos decretos eternos de Deus. O pecado é
para sempre divorciado da escolha e o desenvolvimento do caráter já foi fixado por Deus. “Para
muitas mentes, a origem do pecado e a razão de sua existência são uma fonte de grande
perplexidade ... Há aqueles que, em suas investigações sobre a existência do pecado, procuram
buscar aquilo que Deus nunca revelou ... Outros, porém falham na compreensão satisfatória do
grande problema do mal, pelo fato de que a tradição e a má interpretação obscureceram o
ensino da Bíblia sobre o caráter de Deus, a natureza de Seu governo e os princípios de Seu
trato com o pecado” (O Grande Conflito, p. 492).

No paradigma da predestinação, “a salvação do céu não depende de nada que possamos fazer
nesta vida; nem de uma mudança de coração presente, nem da crença presente, ou uma atual
profissão da religião” (O Grande Conflito, p. 538). A imortalidade da alma, o pecado original, e
a depravação total levam diretamente à conclusão de que o pecado não tem nada a ver com a
escolha. Assim, a causa raiz da noção de que o pecado é divorciado da escolha está nas
doutrinas da imortalidade da alma e dos decretos divinos, que brotam do paradigma filosófico
grego. As consequências para a cristologia e para as questões de estilo de vida são enormes.
Os dados só podem ser interpretados por um sistema ou outro, mas não por uma mistura dos
dois.

O paradigma do grande conflito é muito diferente do paradigma da predestinação. Abre à vista


um sistema completo de verdade, conectado e harmonioso. "O santuário no céu é o centro da
obra de Cristo em favor do homem ... Abre à vista o plano de redenção ... É de suma
importância que todos investiguem minuciosamente esses assuntos” (O Grande Conflito, pp.
488,489). Se o próprio plano da redenção deve ser interpretado a partir da doutrina do
santuário, então, por consistência lógica, a doutrina do pecado também deve ser compreendida
a partir do mesmo paradigma.

“Aqueles que estiverem vivendo sobre a terra quando a intercessão de Cristo cessar no
santuário acima devem permanecer à vista de um Deus santo sem um mediador ... Seu caráter
deve estar purificado do pecado ... Por meio da graça de Deus e de seu próprio esforço
diligente devem ser conquistadores na batalha contra o mal. Enquanto o juízo investigativo está
ocorrendo no céu ... deve haver uma obra especial de purificação, de afastamento do pecado,
entre o povo de Deus na terra” (O Grande Conflito, p. 425). Essa passagem está claramente em
oposição a diversas áreas já discutidas sob o paradigma filosófico grego…No paradigma
anterior, a culpa e a condenação surgem simplesmente por termos carne pecaminosa que inclui
tendências. Essas foram recebidas por herança e não são eliminadas pela conversão… Se o
pecado deve ser deixado de lado pela “graça de Deus e seu próprio esforço diligente”, então os
seres humanos devem ter liberdade para pecar, assim como para não pecar. Isso quer dizer
que o paradigma bíblico não apóia a ideia da depravação total e da escravidão da vontade. Essa
definição de tentação e pecado pode apenas fazer sentido à luz do tema do grande conflito,
onde indivíduos tem completa liberdade (Tsatalbasidis, pp. 52,53).

A seguinte declaração tem grandes implicações para o pecado, a tentação, a vitória e a


cristologia. “Agora, enquanto nosso grande Sumo Sacerdote está fazendo expiação por nós,
devemos procurar nos tornar perfeitos em Cristo. Nem mesmo por um pensamento poderia
nosso Salvador ser levado a ceder ao poder da tentação ... Esta é a condição em que devem se
encontrar os que subsistirão no tempo de angústia. É nesta vida que devemos separar o
pecado de nós” (O Grande Conflito, p. 623). Essa passagem indica que o pecado como
transgressão é a única definição que funciona.

Na passagem seguinte, a Sra. White afirmou que a contaminação e a poluição vêm somente
quando uma pessoa é livre para não pecar. As “vitórias [de Cristo] nos possibilitam
conquistar…. Nenhum homem sem o seu próprio consentimento pode ser vencido por Satanás.
O tentador não tem poder para controlar a vontade ou forçar a alma a pecar. Ele pode afligir,
mas não pode contaminar” (O Grande Conflito, p. 510). “A violação intencional de um dos
requisitos de Deus ... silencia a voz testemunhal do Espírito e separa a alma de Deus. "O
pecado é a transgressão da lei’” (O Grande Conflito, p. 472).

“Uma vez que o tema do santuário/grande conflito é discernido como o paradigma, a única
definição de pecado que funciona é a transgressão ... Expulsar o pecado não se refere à carne
pecaminosa, mas às ações da carne. Herdar uma natureza pecaminosa de Adão não contamina
nosso caráter, nem nos torna culpados; é a transgressão que faz isso. Além disso, herdar carne
pecaminosa não destrói a capacidade de uma pessoa escolher ser livre do pecado….A
insistência de Ellen White de que “nossa única definição de pecado” é “a transgressão da lei” é
de fato uma declaração teológica….Ela rejeitava o paradigma filosófico grego que produziu a
imortalidade natural, a depravação total, e a doutrina dos decretos divinos que vê o pecado
como totalmente divorciado da escolha, e quando ela se referiu a abandonar o pecado
cooperando com a graça de Deus ... suas afirmações presumem que os seres humanos
possuem liberdade genuína para escolher a quem servirão ... O julgamento só faz sentido se o
pecado for definido como transgressão. Não é mais possível misturar os dois paradigmas do
que usar a terra e o sol como modelos ao mesmo tempo para explicar o movimento planetário.
Assim como a definição correta do pecado, é preciso escolher em qual paradigma trabalhar”
(Tsatalbasidis, pp. 55,56).

O tema do grande conflito deve ser a fundação e guia para nosso raciocínio. É muito estranho,
mas muito verdadeiro, que uma divisão irreconciliável entre duas afirmações imensamente
diferentes e opostas permaneça no tema do grande conflito, como interpretado por alguns
mestres adventistas. No verdadeiro grande paradigma da controvérsia, o pecado tem
fundamentalmente dois componentes: 1) o efeito enfraquecedor da transgressão de Adão,
transmitida a nós pela lei da hereditariedade em uma natureza humana decaída, pecaminosa e
inclinada ao pecado, da qual ninguém é culpado, e 2) nossas próprias escolhas e atos
pecaminosos, pelos quais somos responsáveis. A única coisa que herdamos da queda de Adão,
e como uma consequência de sua queda, é uma natureza humana enfraquecida, a carne caída
pecaminosa. No entanto, de forma alguma recebemos qualquer culpa ou condenação, ou
merecemos qualquer punição pelo pecado de Adão. Acreditar nisso exigiria que se aceitasse o
ensino católico romano, bem como protestante, do dogma do “pecado original”.
Posteriormente, seríamos obrigados a acreditar e praticar o erro do batismo infantil.

A Igreja Católica Romana ensina que nascemos pecadores, e que o “pecado original“…é
universal. Toda criança é, portanto, corrompida em seu nascimento com a mácula da
desobediência de Adão ... Assim o batismo, que lava o pecado original, é tão essencial para o
bebê quanto para o homem adulto, a fim de alcançar o reino das almas” (Cardeal James
Gibbons, A Fé de Nossos Pais, p. 311). A Confissão de Príncipes Protestantes de Augsburgo diz:
“Desde a queda de Adão, todos os homens nascem em pecado, o que coloca sob condenação e
traz a morte eterna a todos os que não nasceram de novo pelo batismo e pelo Espírito Santo”
(J.A. Wylie, A História do Protestantismo, parte 1, p. 597).

A Natureza de Cristo
“O ensino do “pecado original”, originou-se no paganismo grego, e foi mais tarde canalizado
por… Agostinho… para a Igreja Católica Romana e mantido pela maioria dos protestantes
…É a falsa crença no “pecado original”…que logicamente requer que Cristo assuma a natureza
do homem antes da queda, para ostensivamente libertá-lo da presumível culpa do "pecado
original". O próximo passo lógico, é claro, é aceitar a falsa crença da imaculada conceição de
Maria, a mãe de Jesus, para que Ele pudesse receber uma natureza humana sem pecado. A
falsa crença sobre a natureza do pecado leva a falsas crenças sobre a natureza da salvação...
Qualquer conclusão sobre o efeito da queda de Adão (e a natureza do pecado transmitido
naquela queda) também determinará logicamente nossas conclusões sobre a natureza humana
de Jesus Cristo ... Norman Gulley escreveu que os dois entendimentos conflitantes da natureza
humana de Cristo "brotam de dois entendimentos diferentes do que constitui pecado”…

Ele se tornou um de nós no que Ele assumiu, em Sua encarnação... a mesma matéria-prima
humana enfraquecida, caída ... que temos como resultado da queda. A natureza humana sem
pecado antes da queda não poderia morrer, mas a carne humana pecaminosa após a queda
poderia morrer .... Em Sua encarnação, Cristo assumiu a natureza enfraquecida e caída da
humanidade, a "carne pecaminosa", a mesma humanidade dos homens e mulheres a quem Ele
veio para salvar. Esse foi o ponto de Sua condescendência em Se tornar um homem ... Jesus
assumiu a mesma "carne pecaminosa" da natureza humana caída à qual estamos sujeitos, e
derrotou o poder do pecado naquela mesma carne humana caída e pecaminosa. Assim como
Jesus confiou e recebeu a força de Deus para fazer tudo o que Ele fez, també podemos, em
completa entrega a Cristo, experimentar a vitória e a salvação do pecado.

Pode ser surpreendente para muitos que os mais eminentes teólogos protestantes da segunda
metade do século XX tenham declarado abertamente que a natureza humana de Cristo é a do
homem após a queda….Durante 100 anos, de 1852 a 1952, os adventistas ensinaram a
natureza humanade Cristo pós-queda como a posição indiscutível ... adventista ... Hoje, a
maioria dos protestantes, e cada vez mais pessoas (a maior parte, inconscientemente) na IASD
hoje, aceitam que Cristo tomou a natureza humana de Adão antes da queda” (Daniel Ferraz.“A
Humanidade do Filho de Deus é Tudo para Nós”, Os Adventistas Afirmam, verão de 2009, pp.
68-74).

Alguns poucos comentários de Ellen White são relevantes aqui: “A humanidade do Filho de
Deus é tudo para nós. É a corrente de ouro que une nossas almas a Cristo, e por meio de Cristo
a Deus. Este deve ser nosso estudo...e o estudo da encarnação de Cristo é um campo frutífero,
que retribuirá o pesquisador que busca a verdade presente” (Youth’s Instructor, 13 de outubro
de 1898). “A grande obra da redenção só poderia ser realizada pelo Redentor tomando o lugar
do decaído Adão” (Review and Herald, 24 de fevereiro de 1874).

Mudar a Igreja Adventista do Sétimo Dia de sua posição consistente… a posição de 1852 a
1952 sobre a natureza humana caída de Cristo, representou uma tarefa formidável… Um dos
proponentes mais fortes e mais ativos desta… nova interpretação anti-adventista, propondo a
natureza humana pré-queda de Cristo, era LeRoy Edwin Froom… Quando Barnhouse e Martin
discutiram com o trio de QSD sobre “o problema da Encarnação”,… eles estavam certos de que
“a maioria da denominação sempre ensinou que a humanidade de Cristo era sem pecado, santo
e perfeito, apesar do fato de que alguns de seus autores, de vez em quando, conseguirem
imprimir opiniões completamente contrárias e repugnantes à a maioria da igreja”…

Aparentemente, o QSD não melhorou significativamente a percepção de Barnhouse a respeito


dos adventistas do sétimo dia. Dizem que ele falou: “Tudo o que estou dizendo é que os
adventistas são cristãos. Mas eu ainda acho que suas doutrinas estão entre as mais absurdas
de qualquer grupo de cristãos no mundo”…

[Em resumo], A Bíblia ensina que herdamos os efeitos, e não a culpa, do pecado de Adão. Adão
transmitiu …uma natureza humana caída, enfraquecida, com uma inclinação ao
pecado….Temos fundamentalmente dois sistemas teológicos básicos sobre os quais construir.
Existe a moldura católica romana/calvinista/evangélica, cujas reivindicações predominantes são:
a soberania agostiniana de Deus, todos nascemos pecadores, precisamos do batismo infantil,
continuaremos pecando até que o Senhor retorne .... Romanos 7 descreve um homem
convertido, ... Jesus Nasceu com uma natureza humana sem pecado, como a de Adão antes da
queda; Sua natureza humana não era como a nossa. Portanto, as descrições cruciais da
salvação, do "novo nascimento", ... ser uma "nova criação", ... ter Cristo "habitando" em nós,
... são incapazes de serem compreendidas corretamente….

E então há a forma adventista de arminianismo, que sustenta que todos nós nascemos com
uma tendência ao pecado; no entanto, se vivermos completamente rendidos e dependentes de
Deus como Cristo foi, podemos experimentar a salvação "de" nossos pecados agora ... "Cristo
em você, a esperança da glória". ... Jesus é nosso substituto e nosso exemplo de vida vitoriosa
... Jesus nasceu com uma natureza humana decaída, como a de Adão depois da queda. Sua
natureza humana era como a nossa ... Assim, as descrições cruciais da conversão podem ser
corretamente compreendidas...

A tentativa de resolver o debate sobre a natureza humana de Cristo não pode ser feita pela
amalgamação das interpretações pré-queda e pós-queda. É uma questão de uma ou outra. O
QSD foi o último cavalo de Tróia que “oficialmente” abriu as comportas da teologia católica e
calvinista para dentro do divinamente estabelecido sistema de crenças adventista do sétimo dia.
Este livro procura efetivamente reverter cem anos de ... ensinamentos adventistas sobre a
natureza humana caída de Cristo ... Esta parte da história de nossa igreja ... nos ajudará a
entender a desunião interna em relação a nossos padrões cristãos, nossa identidade
remanescente, ... as razões para a demora da segunda vinda de Cristo” (Ferraz, pp.77-87).

As apostas são extremamente altas, como Jean Zurcher apontou em Tocado Por Nossos
Sentimentos: “Se estivermos equivocados sobre a natureza humana de Jesus, corremos o risco
de estar equivocados sobre todos os aspectos do plano de salvação. Podemos falhar em
entender a realidade redentora da graça concedida aos humanos por Jesus para libertar a
humanidade do poder do pecado”.

Ellen White nos adverte: “Em nossas conclusões, cometemos muitos erros por causa de nossas
visões errôneas a respeito da natureza humana de nosso Senhor. Quando damos à Sua
natureza humana um poder que não é possível que homem tenha em seus conflitos com
Satanás, destruímos a inteireza de Sua humanidade” (Comentário Bíblico, vol. 7, p. 929).

Por que, então, alguns adventistas conservadores estrategicamente posicionados ... persistem
em manter a visão pré-queda?

1) Respeito pela autoridade: O que é assumido e ensinado através dos canais estabelecidos da
igreja - especialmente se seus promotores parecerem graciosos, profundamente espirituais, e
de outra forma fiéis aos ensinamentos adventistas clássicos - é fácil de se aceitar e dar como
certo. Essas pessoas muitas vezes se perguntam, em silêncio, senão em voz alta: “Como tantos
cristãos adventistas do sétimo dia, bons, inteligentes e obviamente comprometidos, podem
estar enganados?”

2) Associações negativas com a visão pós-queda: Tem sido amplamente promovida a suposição
de que a crença na cristologia pós-queda é uma marca registrada de críticos descontentes e
anti-denominacionais, mais interessados em atirar pedras na igreja do que em fazer o trabalho
de Deus.
3) A revolta piedosa contra a ideia de Jesus ter experimentado tentações caídas e carnais ... A
ideia de nosso Salvador puro e imaculado tendo qualquer coisa que poderia ser chamada de
"pecaminosa" é abominável para alguns ... Imaginar desejos perversos pulsando através dos
nervos e sentidos do Seu imaculado Senhor, mesmo que completamente resistidos por uma
vontade santificada, são profundamente perturbadores. Conhecendo sua propensão para ceder
a tais desejos, ... eles não querem que o Cristo encarnado esteja perto de tais lutas” (Kevin D.
Paulson, “Porque Alguns Adventistas Conservadores Permanecem Confusos a Respeito da
Natureza Humana de Cristo”).

Justificação e Santificação
Que relação as questões do pecado e a natureza de Cristo têm na experiência diária da
salvação, que conhecemos como justificação e santificação? As duas cartas seguintes foram
enviadas para a Ministry, uma vinda de um sacerdote católico e a outra de um pastor luterano.
Ambas as cartas referiam-se à “Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação”, pela
Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica. O sacerdote comentou: “Ela detalha um
entendimento comum da nossa justificação pela graça de Deus através da fé em Cristo Jesus”.
O pastor luterano disse: “Os católicos romanos e os luteranos agora concordam sobre a
essência da justificação pela graça através da fé”. Ele se referiu ao “maravilhoso artigo de
Bento XVI sobre a justificação que ele escreveu no ano passado” (Ministry, maio de 2010, p. 4).

São as opiniões falsas sobre o pecado e a natureza de Cristo que confundem as linhas entre
catolicismo e protestantismo nas questões práticas do evangelho, como a justificação pela fé? A
verdade é que o evangelho adventista não é o típico evangelho católico nem o típico evangelho
protestante, o que pode ser o motivo de não ser apreciado por nenhum dos grupos. Ellen White
declara: “É pela contínua entrega da vontade, pela contínua obediência, que a benção da
justificação é retida” (ME1 397). Esse tema é repetido através das Escrituras, e coloca uma
grande ênfase na santificação neste evangelho. A carta a seguir é um exemplo da compreensão
adventista singular do evangelho: “É aqui que muitos protestantes e católicos falham
igualmente, substitutindo o padrão da Palavra de Deus pelas tradições da igreja….Os cristãos
são plenamente justificados desde o primeiro momento em que acreditam, com base nas obras
de Cristo, e nenhuma deles próprios. No entanto, este dom gratuito pode ser perdido se não
nos apropriarmos das outras bênçãos que o acompanham: a convicção da vontade de Deus e o
poder de realizá-la” (Ministry, maio de 2010, p. 4). Em outras palavras, justificação sem
santificação é um falso evangelho.

Johnny ... amava andar de trenó. Um dia branco como a neve, Johnny subiu uma colina atrás
de sua casa que ele nunca havia descido antes. Era íngreme, então ele sabia que realmente
voari ... Sua mãe estava no quintal e viu o trenó levando seu filho a descer a colina. Então ela
viu a cerca de arame farpado semi-escondida e alta que ele estava acelerando em direção.
"Deite-se", ela gritou. Contra a neve branca cegante, Johnny não viu a cerca nem qualquer
motivo para se deitar. Mas ele ouviu o comando de sua mãe e fez o que sempre fez: obedeceu.
Deitado de costas no trenó, ele passou por baixo da cerca e entrou nos braços da mãe….

Johnny nos coloca frente a frente com uma pergunta em nosso relacionamento com Deus:
devemos obedecer a Deus mesmo quando não entendemos o por quê? ... Um relacionamento
de confiança com Deus pede obediência mesmo quando não entendemos os mandamentos de
Deus? Todos nós temos uma grande e urgente necessidade em comum: a necessidade de
basearmos nossa fidelidade a Deus em Sua fidelidade absoluta, inabalável e infalível em relação
a nós. Às vezes isso significa obedecer sem entendimento; estar disposto a agir antes do fato
(Adventist Review, 27 de junho de 2010, p. 23).

A verdade de que a obediência vem antes do entendimento completo, porque confiamos em


Deus, separa o evangelho adventista de todas as outras versões do evangelho. Lembre-se: a
justiça deve ser pela fé, e está sempre ligada à nossa resposta de obediência total e
inquestionável. É por isso que somente o evangelho adventista pode honestamente falar da
verdadeira perfeição cristã. A verdadeira perfeição cristã é vista mais claramente em Cristo. Sua
atitude pura motivou Sua obediência absoluta, resultando em uma completa unidade com o Pai.
Ellen White aplica isso à nossa experiência: “Este sacrifício foi oferecido com o propósito de
restaurar o homem à sua perfeição original: sim, e mais… para lhe dar uma transformação
completa de caráter” (Ms. 49, 1898).

A justiça comunicada de Cristo é a obra que Ele faz em nós, de nos transformar em Sua
imagem, uma unidade com Ele. Isto é o que ser perfeito em nossa esfera realmente significa. É
ser perfeitamente um com ele. Nossas atitudes mudam, motivando a obediência em nós a
refleti-Lo plenamente ... Pegamos tudo que podemos de Cristo, negando aquilo que obscurece
Sua glória. Ao contemplarmos, nos tornamos semelhantes a Ele e somos transformados em Sua
glória….

Os cientistas descobriram recentemente uma maneira de fazer a primeira superfície 100%


totalmente plana e lisa em vidro usinado e altamente polido. É tão plana e lisa que, quando
duas dessas grossas lâminas de vidro são colocadas uma sobre a outra, deslocando todo o ar, a
ligação entre as moléculas torna-se tão grande que é quase impossível separar as duas folhas
de vidro. Eles são verdadeiramente uma .... A justiça que Ele quer nos comunicar é a perfeita
união que podemos ter através da liderança de Seu Espírito. A obediência motivada pelo amor
genuíno permite que Ele diariamente nos triture e lustre até estarmos absolutamente ligados
como um nEle, de tal modo que seremos quase impossíveis de separar (Adventist World,
dezembro de 2009, p. 31).

Esta singular e preciosa compreensão adventista torna especialmente difícil ouvir o editor
anterior do Adventist Review dizer: “As questões frequentemente ouvidas envolvem a natureza
humana de Cristo e a perfeição cristã. Uma minoria pequena, mas vociferante, continua a exigir
o ideal da perfeição sem pecado. Eles não têm o apoio dos líderes da igreja, no entanto ... Se
devemos falar de singularidade em relação à doutrina adventista, então é na configuração das
doutrinas e não nas crenças individuais”.

Isso, no entanto, não se enquadra com o conselho inspirado: “Há uma grande diferença em
nossa fé e a dos professores nominais, assim como os céus são mais altos que a terra” (2 SG
300). Raymond Cottrell escreveu: “Se os adventistas do sétimo dia abrissem mão de seus
ensinamentos distintivos a fim de ganharem e vestirem o manto da respeitabilidade teológica,
eles sem dúvida seriam aceitos por outros grupos cristãos, mas, ao fazê-lo, seriam traidores das
verdades que os tornaram um povo. Eles não mais seriam adventistas do sétimo dia” (Review
and Herald, 15 de maio de 1958).

“Satanás está agora usando todos os dispositivos neste tempo de selamento para manter as
mentes do povo de Deus longe da verdade presente e fazê-lo vacilar. Eu vi uma cobertura que
Deus estava trazendo sobre o Seu povo para protegê-lo no tempo de angústia; e toda alma que
foi decidida na verdade e que era pura de coração deveria ser coberta com a cobertura do Todo
Poderoso” (PE 43). “Precisamos ser iluminados em relação ao plano de salvação. Não há um
em cem que compreenda por si mesmo a verdade bíblica sobre esse assunto que é tão
necessária para nosso bem-estar presente e eterno” (RH 3 de setembro de 1889).

A promessa do Lugar Santíssimo é a promessa de perfeição de caráter, uma perfeição de todos


os pecados, conhecidos e desconhecidos. Ignorar os dois apartamentos e ensinar apenas a
bênção do primeiro apartamento, é essencialmente dizer que não há diferença. É marchar de
volta para o Egito e voltar para antes de 1844. É tentar fechar a porta aberta e abrir a porta
fechada. “Os inimigos da verdade presente têm tentado abrir a porta do lugar santo, que Jesus
fechou, e fechar a porta do lugar santíssimo, que Ele abriu em 1844” (PE 43).

A única verdade especial que os adventistas têm e que não é ensinada por nenhuma outra
denominação é a mensagem da expiação final - a purificação do santuário. “As mentes de todos
os que abraçam esta mensagem são direcionadas para o lugar santíssimo, onde Jesus está
diante da arca, fazendo Sua intercessão final por todos aqueles pelos quais a misericórdia ainda
persiste” (PE 254). “Tudo o que é imperfeito em nós terá sido visto e deixado de lado. Toda
inveja, ciúmes e más suposições e todo plano egoísta terão sido banidos da vida” (ME3 427).

Mas por que tudo isso deveria ser adiado até 1844? A única razão sensata é que Deus está
procurando preparar um povo cuja conquista inescrupulosa do mal em suas vidas demolirá para
sempre as acusações de Satanás contra o governo de Deus. A expiação final foi suspensa até o
fim dos tempos, porque só então Deus terá um povo totalmente aperfeiçoado. Deus poderia
usar um homem como Martinho Lutero em uma época anterior - alguém que bebia cerveja e
odiava judeus - mas não pode aceitar tal desempenho dos crentes no final do grande conflito.
O tempo permaneceu através da Inquisição e do Holocausto, da escravidão e da segregação,
porque Deus continua a esperar por uma geração cujo triunfo ininterrupto sobre o pecado
silencie para sempre as acusações do adversário. O que alguns chamam de “teologia de última
geração” é, portanto, o corolário lógico e essencial da doutrina do juízo investigativo de 1844.

Ainda sob a Graça


Agora tudo isso é alta teologia, na verdade mais alta do que o mais alto pensamento humano
pode alcançar. Eu quero encerrar com alguns pensamentos encorajadores.

A primeira declaração de Deus para o mundo caído foi Gênesis 3:15. Apesar de seu pecado, o
Senhor imediatamente deu a Adão e Eva a promessa de redenção. Vale a pena notar que
somente depois que esta promessa foi dada, somente após a graça e a salvação serem
reveladas, o Senhor pronuncia o julgamento sobre Adão e Eva. A promessa de salvação veio
primeiro, seguida de julgamento. Somente contra a promessa do evangelho vem o julgamento.

O próprio conceito do evangelho carrega consigo o conceito de condenação—uma condenação


que não precisamos enfrentar. Essas são as “boas novas”. Apesar de termos violado a lei de
Deus, e apesar de que Deus julgará essas violações, em Cristo Jesus somos poupados da
condenação que esse julgamento certamente trará. Em Apocalipse 14 o “evangelho eterno”
vem primeiro, seguido pelo anúncio do juízo, assim como em Gênesis 3. O juízo está lá, mas
não antes do evangelho. Assim, o fundamento de nossa mensagem da verdade presente tem
que ser a graça, as boas novas de que apesar de merecermos condenação, permanecemos
perdoados, purificados e justificados por meio de Jesus.

De Israel há mais boas notícias. Para os antigos egípcios, o nome de uma pessoa era uma parte
muito real dessa pessoa. Suas casas, embora principalmente de tijolos de barro, foram
construídas com postes de pedra e lintéis. No batente da porta estava escrito o nome da
pessoa que morava lá dentro. Mesmo que a casa fosse destruída, a chance do nome existir
através da sobrevivência da pedra era muito boa.

Quando Deus exigiu que os israelitas pintassem o sangue do cordeiro da Páscoa nas ombreiras
das portas e lintéis, Ele pediu que eles cobrissem seus nomes com o sangue do Cordeiro. Seus
nomes na pedra não garantiam sua vida futura; somente o sangue do Cordeiro poderia fazer
isso. Precisamos aprender a mesma lição. Importa onde o nosso nome está escrito. O único
livro importante é o Livro da Vida do Cordeiro. Para termos nossos nomes escritos naquele
livro, precisamos aceitar o sangue do Cordeiro, que toma o lugar do nosso.

Claro, há mais em nossa caminhada com Deus do que isso, mas tudo começa aqui. Os israelitas
começaram o êxodo do Egito colocando o sangue do cordeiro da Páscoa sobre seus nomes, e
então começaram sua jornada com Deus. É o mesmo para nós. Nosso caminho pode ser longo
e difícil, mas podemos começar nossa jornada com nossos nomes cobertos com o sangue do
Cordeiro.

Você também pode gostar