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IGREJA BATISTA DO CAMINHO DAS ÁRVORES


ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL - 15/10/2023

MÓDULO 4 - AULA 03: A Reforma Protestante (Os Cinco Solas - Sola Gratia)
Pr. Manassés Moreira

1. INTRODUÇÃO

Nas duas últimas aulas abordamos dois pilares da Reforma Protestante Sola
Scriptura e Sola Fide. Todos os cinco pilares da Reforma trata da soteriologia, a doutrina da
salvação ou a forma como o homem é salvo por Deus. Em resposta aos desvios
doutrinários da Igreja de Roma, os teólogos reformados cunharam ao longo dos séculos
estes pilares com intuito de refutar qualquer participação do homem na salvação, sendo
esta uma obra exclusiva de Deus.

Para refutar a doutrina de Roma, os reformadores iniciaram afirmando que somente


a Escritura tem autoridade para estabelecer toda regra de fé e prática. Eles mostraram que
as Escrituras eram a autoridade suprema e que cada indivíduo tinha o direito de
interpretá-las sem depender inteiramente da hierarquia eclesiástica. Essa foi uma resposta à
ideia de que a tradição, o Papa e todo magistério da Igreja tinham a mesma autoridade que
a Bíblia, onde qualquer dogma criado por eles, deveriam ser considerados na mesma
medida autoritativa das Escrituras.

A próxima refutação à doutrina romana foi sobre o aspecto meritocrático na


justificação. A Igreja católica afirmava que além da graça de Deus a salvação era
complementada por méritos humanos por vários meios, passando pelo sacramento do
batismo, e se o cidadão cometesse pecados mortais, poderia perder a justificação, sendo
assim, deveria cumprir penitências e participar de outras ações que pudesse se tornar
aceito diante de Deus novamente. Para os reformadores, somente a fé na obra salvífica de
Cristo na cruz, é que nos justifica diante de Deus, sem necessidade de acrescentar nada
mais que pudesse colaborar em nossa justificação.

Hoje iremos falar de um outro pilar que é o Sola Gratia, é somente pela graça de
Deus que podemos ser salvos, não há nada que possamos fazer, é pela graça e graça
somente.

2. CONTEXTO HISTÓRICO

Antes de mergulharmos na "Sola Gratia", é importante relembrar o contexto, que já


falamos nas aulas anteriores. Na época da Reforma, a Igreja Católica tinha um grande poder,
e havia muitos abusos e práticas questionáveis. Um dos principais problemas da Igreja
Católica da época eram as indulgências, que eram vendidas como meio de reduzir o tempo
de punição no purgatório ou de perdoar os pecados. Isso criou uma atmosfera em que as
pessoas sentiam que a salvação podia ser comprada, e muitas delas eram exploradas
financeiramente. Martinho Lutero, um monge alemão, ficou particularmente perturbado com
essa prática e desencadeou a Reforma ao afixar as famosas 95 Teses na porta da Igreja do
Castelo de Wittenberg em 1517.
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Dois séculos antes da Reforma, entre os séc. IV e V, ocorreu uma controvérsia


teológica que moldaria para sempre o pensamento da igreja e cooperaria na formulação do
Sola Gratia no séc. XVI. Um certo monge britânico chamado Pelágio, desenvolveu uma
doutrina herética, onde afirmava que o homem nasce em uma condição moralmente neutra,
ou seja, sem pecado. Assim ele é dotado plenamente do livre-arbítrio, de modo que sozinho
ele é capaz de decidir entre o bem e o mal.

Isso significa que o ensino pelagiano nega a doutrina acerca do pecado original,
onde o apóstolo Paulo afirma: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade,
porque todos pecaram. (Rm. 5:12)

Contrária a essa afirmação paulina, para o Pelagianismo, o pecado de Adão


prejudicou apenas a ele mesmo. Desta forma, a raiz do pecado e sua culpa não foram
transmitidas aos seus descendentes. Tudo isso significa que para o Pelagianismo cada
pessoa nasce exatamente na mesma condição de Adão antes da Queda, ou seja,
completamente inocente da corrupção e da culpa do pecado.

No entanto, como o Pelagianismo não nega a realidade do pecado na vida das


pessoas, ele defende que cada pessoa peca pelos exemplos ruins a que tem contato. Em
outras palavras, para o Pelagianismo Adão não precipitou toda a humanidade num estado de
rebelião e culpa diante de Deus, mas apenas serviu de mau exemplo para sua posteridade.
Depois, quando seus descendentes nasceram, eles seguiram seu mau exemplo e também
passaram a pecar.

Pelágio então acreditava que se Deus ordenasse algo, então o homem era
naturalmente (mesmo sem a graça) capaz de fazê-lo. Para ele, todos os seres humanos
nascem no mesmo estado em que Adão nasceu, capaz de obedecer a Deus ou
desobedecê-lo. Se eles obedecem, suas boas obras merecem a salvação. Caso contrário,
eles merecem o castigo de Deus.

Já o Bispo de Hipona Agostinho, por outro lado, desenvolveu a doutrina bíblica que o
pecado de Adão impactou dramaticamente todos os seus descendentes. As igrejas
reformadas seguiram Agostinho em sua rejeição ao pelagianismo. A Confissão de Fé de
Westminster, por exemplo, tem uma explicação clara da doutrina do pecado original. Pelo
pecado de nossos primeiros pais:

“Eles caíram de sua retidão original e da comunhão com Deus, e assim se tornaram mortos
em pecado e inteiramente corrompidos em todas as partes e faculdades da alma e do corpo.
Eles sendo a raiz de toda a humanidade, a culpa deste pecado foi imputada, e a mesma
morte em pecado e natureza corrompida transmitida a toda a sua posteridade descendente
deles pela geração comum. Desta corrupção original, por meio da qual estamos totalmente
indispostos, incapacitados e tornados opostos a todo o bem, e totalmente inclinados a todo o
mal, procedem todas as transgressões reais (VI.1-4).”

Desde a queda, todos os seres humanos nascem neste estado decaído com sua
vontade (uma das faculdades da alma e do corpo) em escravidão ao pecado. Por causa da
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queda, nascemos espiritualmente mortos, incapazes de escolher ou desejar o bem (Rm


3:10-12; 5:6; Ef 2:1).

Como está escrito: “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem
busque a Deus. Todos se desviaram e juntamente se tornaram inúteis; não há quem faça o
bem, não há nem um sequer. (Rm. 3:10-12)

Embora o pelagianismo tenha sido condenado como heresia em vários concílios,


incluindo o terceiro concílio ecumênico em 431, ele levantou sua cabeça de várias formas
desde então. No final do período medieval, a Igreja Católica Romana havia caído em um tipo
de semipelagianismo. A justificação do pecador era vista como uma espécie de trabalho
sinérgico e cooperativo entre Deus e o pecador. A doutrina de sola gratia foi a resposta
protestante a isso.

3. SOLA GRATIA

"Sola Gratia" significa "Somente a Graça." Isso implica que a salvação é concedida
apenas pela graça de Deus, e não por nossos méritos ou obras. A ideia é que não podemos
ganhar a salvação por nossas ações. Ela é um presente que Deus concede aos pecadores
arrependidos.. Isso é crucial para entender o pensamento protestante.

Os reformadores acreditavam que a humanidade estava completamente depravada,


incapaz de se redimir por seus próprios méritos. Em vez disso, a salvação é alcançada
somente através da fé em Jesus Cristo, que pagou o preço pelos pecados da humanidade
na cruz.

Nós costumamos falar e cantar bastante sobre a graça de Deus. João nos diz que de
Jesus “todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça” (João 1:16). Muitas
das cartas do Novo Testamento começam e terminam com os escritores expressando seu
desejo de que a graça de Jesus estivesse com o seu povo. As últimas palavras da Bíblia
são: “A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém” (Apocalipse 22:21). Até a saudação
tradicional entre alguns irmãos: “Graça e Paz” resume bem a obra de Cristo quando Paulo
afirma:

Ora, tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo
(Graça) e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo (Paz/Shalom entre Deus e os Homens), não levando em
conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da reconciliação. (2 Cor.
5:18-19)

Quando a Bíblia afirma que fomos reconciliados com Deus por meio da graça de
Cristo, há algo que precisamos discernir. Se fomos reconciliados com Deus, logo, éramos
seus inimigos, estávamos sob a ira dEle por causa do pecado, neste sentido, a salvação é
primariamente ser salvo da ira de Deus e posteriormente do inferno. Por essa razão, Cristo
fala a respeito de Deus o seguinte:

— Digo a vocês, meus amigos: não temam os que matam o corpo e, depois disso, nada mais
podem fazer. Eu, porém, vou mostrar a quem vocês devem temer: temam aquele que, depois
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de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo que a esse vocês devem temer. (Lc.
12:4-5)

Jesus está apontando para um dos atributos de Deus que é a onipotência, afirmando
que devemos temer a Ele e compreendendo quem Ele é em sua inteireza, soberania e poder.
Pilatos ao prender Jesus disse:

Pilatos, ouvindo tal declaração, ainda mais atemorizado ficou, e, tornando a entrar no
pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Então, Pilatos o
advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade
para te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não
te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem. (Jo 19.8-11)

Outro atributo de Deus é Sua onipresença. O Salmista vai afirmar: Para onde me
ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço
a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; (Sl. 139:8-9)

Diante desse Salmo podemos perguntar: se Deus está em todos os lugares, Ele está
também no inferno? e a resposta é sim! através de outro atributo, Sua ira. Não há declaração
mais definitiva, sobre a ira de Deus, do que a do apóstolo Paulo na sua introdução ao
principal tema de sua epístola aos Romanos: “A ira de Deus se revela do céu contra toda
impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Rm 1.18).

João em Apocalipse arremata:

Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo com voz forte: — Se alguém adora a besta e
a sua imagem e recebe a sua marca na testa ou na mão, também esse beberá do vinho do
furor de Deus, preparado, sem mistura, no cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e
enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. (Ap.14:9-10)

A Ira de Deus está relacionada ao seu juízo. É importante que se diga que, diferente
do que se entende por ira no ser humano, como uma forma de descontrole emocional, ou
surto, em Deus é aplicação da justiça em juízo. Paulo vai afirmar isso dizendo:

Meus amados, não façam justiça com as próprias mãos, mas deem lugar à ira (juízo) de
Deus, pois está escrito: “A mim pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.” (Rm.
12:19)

Como podemos conciliar o fato de Deus ser Amor e ter ira? Entendendo que tudo
que Ele faz é para louvor da Sua glória e exaltação do Seu próprio Nome. Uma frase pode
resumir bem: “A Ira de Deus é a ação do Seu amor contra o pecado.”

Deus é amor, e Deus faz tudo para sua glória (1 João 4.8; Romanos 11.36). Ele ama
sua glória acima de tudo (e isso é bom!). Portanto, Deus governa o mundo de tal maneira
que traga para Ele a máxima glória. Isto significa que Deus deve agir com justiça e julgar o
pecado (ou seja, responder com ira/juízo), senão Deus não seria Deus. O amor de Deus por
sua glória motiva a ira de Deus contra o pecado.
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Talvez só compreendamos o tamanho da Graça de Deus, quando compreendermos


de onde nós fomos salvos.

Portanto, assim como, por uma só ofensa (de Adão), veio o juízo sobre todos os seres
humanos para condenação, assim também, por um só ato de justiça (de Cristo), veio a graça
sobre todos para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só
homem (de Adão), muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de
um só (de Cristo), muitos se tornarão justos. A lei veio para que aumentasse a ofensa. Mas
onde aumentou o pecado, aumentou muito mais ainda a graça, a fim de que, como o pecado
reinou pela morte, assim também a graça reinasse pela justiça que conduz à vida eterna, por
meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. (Rm. 5:18-21)

É diante de todo esse escopo doutrinário que os reformadores declararam:

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça.
A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa
servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual. A fé não é
produzida pela nossa natureza não regenerada.

4. COMO ACONTECE A SALVAÇÃO

Já compreendemos que não somos capazes de salvar-nos a nós mesmos, não há


nada que possamos fazer. Mas como acontece a salvação? Através de um ato de pura
graça, e somente graça, da parte de Deus.

Usando uma alegoria de alguém que caiu em um mar de perdição e pecado, nós não
somos salvos puxando-nos para cima. O pecador caído não é um homem que está se
afogando e precisa apenas fazer sua parte estendendo a mão para agarrar o salva-vidas
lançado por Deus. Não, o pecador está em uma condição muito mais séria. Ele não pode
pegar um colete salva-vidas porque não está apenas se afogando, ele é um cadáver frio,
morto e sem vida no fundo do mar. Se ele quiser ser salvo, não será capaz de cooperar com
Deus.

No capítulo 1 de Efésios Paulo traz um panorama do envolvimento da Trindade na


obra salvífica. O teólogo John MacArthur vai explicar o cap. 1.

Essa passagem descreve o plano de Deus para salvação em termos de PASSADO (eleição,
vs. 3-6a), PRESENTE (redenção, vs 6b-11) e FUTURO (herança vs. 12-14). Também pode ser
vista como uma ÊNFASE AO PAI (vs. 3-6), ao FILHO (vs. 7-12) e ao ESPÍRITO (vs. 13-17).

No cap. 2 ele destrincha em detalhes:

1Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, 2nos quais andastes
outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito
que agora atua nos filhos da desobediência; 3entre os quais também todos nós andamos
outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.
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A primeira condição que Paulo mostra é que estávamos mortos e o primeiro ato
divino é que, Ele precisa nos dá vida, por intermédio da sua graça em Cristo. Mas o que
significa estar “morto”? Paulo aponta para três coisas nesta passagem.

Primeiramente, isso significa estar sob condenação. Antes de Cristo, estávamos “mortos nos
delitos e pecados nos quais [nós] uma vez andávamos”. Deus disse a Adão em Gênesis 2,
que a morte é a penalidade para o pecado. Quando violamos a lei de Deus, nós somos
culpados perante este Deus santo, e responderemos perante a sua justiça.

Em segundo lugar, estar morto significa que estávamos debaixo do jugo. Servíamos a três
mestres: o mundo (“seguir o curso deste mundo”, 2:2), a carne (“todos nós vivíamos
segundo as paixões da nossa carne, realizando os desejos do corpo e da mente”, 2:3), e o
Diabo (“seguindo o príncipe do poder do ar, do espírito que agora atua nos filhos da
desobediência”, 2:2).

Em terceiro lugar, estar morto significa que estávamos sob a ira. Nós “éramos por natureza
filhos da ira, como o resto da humanidade” (2:3). Estávamos justamente sujeitos ao
descontentamento santo de Deus por causa do nosso pecado. Éramos assim “por natureza”
– em outras palavras, nascemos nessa condição.

Muitos não aceitam esse ensinamento. Fora da igreja, muitos assumem que as
pessoas são basicamente boas. Elas tendem a acreditar, pelo menos implicitamente, que se
dermos às pessoas uma educação adequada, os exemplos ou leis, então eles vão seguir o
caminho certo. Leis justas, exemplos nobres e educação adequada são inestimáveis, mas
são impotentes para mudar um coração comprometido com sua rebelião contra Deus.

4Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, 5e
estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça
sois salvos, 6e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares
celestiais em Cristo Jesus; 7para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua
graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. 8Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 9não de obras, para que ninguém se
glorie. 10Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de
antemão preparou para que andássemos nelas.

Felizmente, Paulo não termina por aí. Começando no versículo 4, Paulo se volta de
nós para Deus, do mal que fizemos para o bem que Deus está fazendo em Cristo. Ele
destaca três coisas sobre a graça de Deus no resto desta passagem:

Em primeiro lugar, ele nos aponta para a OBRA DE DEUS nos versículos 5-6: “Deus nos deu
vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos – e nos ressuscitou juntamente com ele
e nos fez assentar com ele nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. Deus ressuscitou Cristo
dentre os mortos e o fez assentar-se à sua direita (1:18-20), e ele nos fez algo incrível em
nossa união com Cristo. Deus, Paulo disse, fez os mortos viverem. Isso é o que evoca a
exclamação de Paulo: “Pela graça sois salvos” (2:5).

Em segundo lugar, Paulo nos aponta para a MOTIVAÇÃO DE DEUS. Por que Deus fez o morto
reviver? Não foi por causa de nossas obras, Paulo diz no versículo 9, nem as obras que
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fizemos antes de nos tornarmos cristãos, nem as obras que temos feito depois que nos
tornamos cristãos. Caso contrário, poderíamos ter motivo para “nos gloriar” (v. 9). Em vez
disso, Paulo diz, Deus nos deu vida por causa de sua “misericórdia”, de seu “grande amor
com que nos amou” (v. 4). Paulo sai do seu caminho para incutir em nós que o próprio amor
e a misericórdia de Deus são a fonte da nossa salvação.

Em terceiro lugar, Paulo nos aponta para o PROPÓSITO DE DEUS. Com que propósito Deus
fez o morto reviver? Paulo diz no versículo 7, foi para que possamos colocar em exposição,
tanto agora como na eternidade, as “riquezas imensuráveis” da sua graça, em bondade para
conosco, em Cristo Jesus”. Como podemos fazer isso? Através da exposição em nossas
vidas da obra prima de nosso Criador e Redentor – fomos “criados em Cristo Jesus para
boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (v. 10).

CONCLUSÃO

Nós somos salvos, então, sola gratia – somente pela graça de Deus, sem obras, sem
mérito algum, tudo isso é um presente divino a nós. Isso enfatiza o trabalho de Deus:
Atribuir a glória devida a Cristo, que, sendo Deus, se entregou para morrer na cruz para
expiação dos pecados e conceder novamente vida ao homem. Seu sacrifício na cruz foi
suficiente para a salvação. Nada mais precisava ser feito ou acrescentado.
O meio pelo qual alcançamos a graça é a fé, que também é um dom de Deus, mas
para que a fé se desenvolva é necessário pregar o Evangelho e não qualquer palestra. E,
assim, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Deus. (Rm. 10:17)

Portanto, se a fé é o meio humano pelo qual podemos ser salvos, então a graça é o
recurso divino no qual colocamos a nossa fé . “visto que a justiça de Deus se revela no
evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.” (Rm. 1:17)

Fé e arrependimento são dons concedidos por Deus pela graça. Do início ao fim,
Deus é o responsável por nossa salvação. Deus começa, Deus desenvolve, Deus conclui a
salvação, conforme está em Hebreus e confirmada em Filipenses:

Ele é o autor e consumador de nossa fé (Hb.12:2). [...] desenvolvam a sua salvação


com temor e tremor, porque Deus é quem efetua em vocês tanto o querer como o realizar,
segundo a sua boa vontade. (Fl.2:12b-13)
Cristo nos basta:
“Porque precisávamos de um sumo sacerdote como este: santo, inocente, imaculado,
separado dos pecadores, tendo-se tornado mais sublime que o céu e que não precisasse
oferecer sacrifícios a cada dia, como os sumos sacerdotes, primeiramente por seus próprios
pecados e depois pelos do povo. Pois, quando ofereceu a si mesmo, fez isso de uma vez por
todas. Porque a lei constitui como sumos sacerdotes homens sujeitos a fraquezas, mas a
palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui o Filho, aperfeiçoado para sempre.”
(Hb 9.27,28)

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