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Roma foi por outro caminho. Enquanto rejeitavam a separação entre fé, razão
e universalismo, eles aqui tentaram fundamentar uma alternativa, crença
contra descrença, no relacionamento entre o homem e os oficiais da instituição
da Igreja. Este é um erro, pois embora este relacionamento não seja só uma
função, ainda reside na área funcional: é a conexão entre o devocional e o
poderoso na área pística, que também é conhecida por nós nas religiões não
cristãs.
A identificação da religião como uma função não nos conduz a nenhum lugar e
não está em concordância com as escrituras. As escrituras mostram uma
maneira pela qual é possível entender a religião? A mesma escritura que com
sua intimação sobre a eterna punição denuncia o universalismo, mas, por outro
lado nem separa a religião da vida e se identifica – à moda Católica Romana –
com a relação entre os oficiais e os leigos, mostra-nos o caminho na medida em
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É por isso que o sistema hermenêutico mais geral entre os reformados é chamado de “federalismo”.
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Ou, em tradução mais contextual, “interpretar a religião como uma substancial divinização do ser
humano”.
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Cf. Ef 2:8 – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”.
que simplesmente fala sobre o “coração” do qual as “fontes da vida” provém.
(Prov. 3:24).
III
Com relação as circunstâncias após a queda no pecado, esta Filosofia, à luz das
Escrituras aceita: (1) a depravação total do ser humano; (2) a morte como pena pelo
pecado; (3) a revelação da graça do Deus Soberano por meio do Mediador 4.
1. Quem seguiu o que procede isto, entende que a filosofia extraída das Escrituras
também aceita a Palavra de Deus quando ela expressa verdades difíceis. Em
instância última, isto se ocorre mais quando não se quer enfrentar a realidade.
Não é tarefa da filosofia mudar algo na realidade, deve assim, apenas tentar
entender o cosmos por meio da Palavra de Deus. Em primeiro lugar, somos
confrontados pelas Escrituras que apresentam a raça humana como depravada
pelo pecado. Assim, a morte não apenas afetou Adão, mas todos que estão
incluídos nele. (*** 1 Cor. 15:21). Ninguém pode dizer isto em plena
consciência, sem a declaração de Paulo, que é como uma queixa: “Todos são
pecadores e são deficitários no louvor que devem ter diante de Deus”
(Romanos 3:22); Exatamente de seu coração vem os “maus pensamentos” e
todos os tipos de horrores que o profanam. Se a graça de Deus se interpõe
então, no coração do homem a luta entre o velho ódio e o velho amor, entre a
“carne” e o “espírito” – uma oposição que como vimos – não tem nada a ver
com a oposição entre “vida” e “espirito, ao qual não ocorre apenas na vida
Cristã e também não é antiética em tudo.
2. Agora ficou claro como o pensamento iluminado pelas Escrituras deve
compreender a morte. A Santa Escritura aqui distingue uma dualidade
(Apocalipse 20:14, 21:8, ver também Apocalipse 2:11, 20:6): a primeira e a
segunda morte. Parece que a filosofia antiga tinha a mesma concepção, mas
por investigação, é demonstrado que se tratam de ideias totalmente
diferentes. A filosofia antiga tinha o ser humano como ponto de partida, e por
isso, enxergavam a morte como uma desejável separação no nível funcional.
Assim a primeira morte foi compreendida como a separação entre o “Soma”
(do grego, corpo) e a elevada “Psychê” (do grego, alma) e foi ensinado ainda
que na segunda morte, a parte suprema da “Psychê” que foi liberta da prisão
do “Soma” deixa a parte inferior da “Psychê” na Lua e retorna para o Sol. O
pensamento base das Sagradas Escrituras é totalmente diferente. O ponto de
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Cf. 1 Tm 2:5-6: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo
homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu
tempo. ”
partida e destino não estão no ser humano, mas com Deus. O definitivo fim do
ser humano está vivendo na aliança com o Divino Pai e seu Filho. Morrer é
tudo, menos desejável afinal, foi imposta sobre a humanidade como pena por
suas transgressões (Gênesis 2:17). Isto vale tanto para a primeira como para a
segunda morte. A distinção então, entre os dois consiste nisso: A primeira
morte atinge todos os descendentes de Adão, enquanto que a segunda atinge
apenas os não-salvos por Cristo (1 Coríntios 15:21, Ap 21: 8). É evidente que
esta caracterização da morte e esta distinção entre a primeira e a segunda
morte – uma vez concebidas religiosamente – não tem nada a ver com as
especulações pseudo-religiosas de Plutarco. Ainda com relação a descrição
mais detalhada da morte, a Sagrada Escritura não é funcionalista em contraste
com os Filósofos. Com certeza: a morte é a separação. Mas na frente está a
descontinuidade da coerência na qual o ser humano como “alma vivente”
estava com seu ambiente (Jó 14:10; Ecl. 9: 5,6). Todo o resto é secundário –
isso já é evidente pelo fato que somente ocorre com a primeira morte. Na
segunda, o coração ou alma já está unido novamente ao corpo. Além disso,
aqui o corpo não é a vida animal do homem – algo que não se conhece na
Escritura – mas a totalidade das funções as quais Paulo comparam com um
manto.
Em si, não há objeção contra falar sobre "áreas da graça". Porém, temos que
resistir a estritas tentativas de delinear esta área rigorosamente bem como
lembrar claramente que é idêntico ao criado, já que e na medida que Deus vê
isso como – perdido após a queda no pecado – agradável. Esta área é muito
mais larga do que a Igreja como corpo de Cristo e até mesmo para as mais
remotas tribos, Deus continua concedendo certas pessoas ricas da Sua graça
para governar famílias e a vida de um povo. Isto os calvinistas sempre
perceberam e nomearam “graça comum” e falaram disto após a queda. A
distinção entre a “graça comum” e a área da “graça particular” 5 só se torna
problemática quando se permite que ela coincida com um dualismo na vida de
uma mesma pessoa. Pois, então, aterra-se na concepção gnóstica ou romana
da natureza e da graça, com a qual o calvinista não tem nada em comum – é
portanto, melhor falar na “mesma língua” que as Escrituras, que preferem a
linguagem de “vasos” do que de “áreas da graça” (cf. Romanos 9:23).
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Os calvinistas afirmam que há uma distinção entre a graça comum, dada a todos indistintamente, e a
graça particular, concedida apenas para a redenção dos eleitos. Também chamada graça “salvívica” ou
“salvadora”.