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DIRETORIO DA MISSA COM AS CRIANÇAS

Há um antigo documento da CNBB, “Diretório para missas com grupos


populares”, número 11, que traz interessantes considerações sobre a Missa
com crianças. Lá se lê: “Portanto, os catequistas devem se empenhar nessa
tarefa, a fim de que as crianças, conscientes de um certo sentido de Deus e
das coisas divinas, experimentem, segundo a idade e o progresso pessoal, os
valores inseridos na celebração eucarística, tais como: ação comunitária,
acolhimento, capacidade de ouvir, bem como a de pedir perdão, ação de
graças, percepção das ações simbólicas, da convivência fraterna e da celebra-
ção festiva. ” A comunhão eucarística ocupa posição relevante dentro da
celebração da Missa. É uma das maneiras privilegiadas da presença do próprio
Senhor na vida de seu povo (cf. SC 07), venerada e amada pela Igreja desde
seu início. É a ceia do Senhor, memória daquela noite santa em que o próprio
Jesus deixou o seu Corpo e seu Sangue como alimento, sob as espécies do
pão e do vinho.
O mesmo Deus, que se dá em alimento no mistério do Pão e do Vinho
consagrados, também se oferece em alimento na sua Palavra, que antecede e
prepara a comunhão eucarística, na unidade das duas “mesas”. A constituição
conciliar sobre a Palavra de Deus, Dei Verbum, já proclamava: “A Igreja
sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo
do Senhor, já que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da
mesa, tanto da Palavra de Deus quanto do Corpo do Cristo, o pão da vida, e o
distribui aos fiéis” (21).
Sendo assim, a Missa com Crianças tem mais sentido e é realmente uma
iniciação à Eucaristia se conta com boa participação daquelas crianças que já
fizeram a sua Primeira Eucaristia, e também com a presença de adultos que
comungam. O exemplo de amor e devoção à Eucaristia é assimilado na co-
participação das crianças na mesma assembléia litúrgica, ainda que não
participem do Pão e do Vinho consagrados. Todos, no entanto, são
alimentados pela Palavra, assim como tantos que estão excluídos do
Sacramento da Eucaristia são exortados à escuta da Palavra na celebração da
Missa (cf. Encíclica Familiaris Consortio, 84).
Isso não dispensa, pelo contrário, incentiva outras modalidades de celebração,
com alguns elementos comuns à própria Missa. Sobretudo a escuta da Palavra
deverá marcar esses encontros celebrativos, além de símbolos que ajudem na
oração e conduzam à participação mais plena e consciente da Missa (cf. SC
11) e à vivência do ano litúrgico (cf. SC 102).

O que levar em conta na preparação Missa e celebração da Palavra com


crianças?
Não basta que haja um grupo de crianças e um padre, dispostos a celebrar. Há
toda uma estrutura especial que precisa ser pensada, organizada e executada,
que exige dos catequistas e equipes de liturgia um jeito apropriado de se
organizar. Não é demais lembrar que a Missa é com crianças e não para elas,
o que exige que tudo facilite a sua participação. Elas constituem a assembléia
orante prioritária, e são, juntamente com os adultos, os celebrantes e sujeitos
da celebração.
a) A linguagem apropriada
Essa deverá levar em conta as crianças, ainda que adultos também participem
da Missa. No entanto, deve-se tomar o cuidado para que essa linguagem não
seja infantilizada, isto é, reduzida a conceitos e imagens por demais
enfadonhos, superficiais, esvaziando, assim, os conteúdos teológicos e
espirituais da Liturgia. Há textos e orações próprias para crianças, bem como
lindas orações eucarísticas.

b) O carisma do animador e do presidente da celebração


Quem faz a animação, cuide para não se transformar num mero “narrador” de
acontecimentos, como quem transmite um jogo de futebol. Evite os
comentários desnecessários e explicações, o que torna a celebração muito
discursiva e pouco orante. Atenha-se a convidar para a oração, fazendo
pequenas monições e chamando a atenção da assembléia para alguns
aspectos relevantes da celebração. Pela postura orante, o(a) animador(a) é
sempre um referencial seguro para toda a assembléia celebrante. Para tanto,
precisa ter uma boa formação litúrgica.
Quanto ao padre presidente, esse deve se esforçar para aproximar-se das
crianças na linguagem e no afeto. Conseguirá naturalmente isso se for amigo
delas! É importante que ele não esqueça que seu ministério litúrgico é central
na celebração e dele depende muito o bom andamento da mesma.

c) Os variados ministérios litúrgicos


A proclamação da Palavra pode ser feita por crianças, desde que essas saibam
fazê-lo bem, sem prejuízo para a assembléia que deseja ouvir e entender a
Palavra de Deus. É importante que haja, na comunidade, um grupo de crianças
capacitadas para esse serviço litúrgico. Aprendam elas as questões básicas de
postura, uso do microfone, comunicação com a assembléia e, sobretudo, a
valorização e o amor à Palavra que proclamam!

Outro ministério de fundamental importância é o dos responsáveis pela


animação musical. Há uma variedade de canções, compostas e gravadas
especificamente para Missas com Crianças. Elas respeitam a linguagem das
crianças e suas melodias são bem simples e, principalmente, belas! Seria de
muito valor que se organizassem grupos de crianças para cantar e tocar
instrumentos nas suas celebrações. Com a assessoria de adultos capacitados,
que as próprias crianças escolham as músicas apropriadas para a Missa e
facilitem a participação, sempre alegre, das outras crianças e também dos
adultos presentes na celebração.
Outros serviços litúrgicos podem ser confiados às crianças, como a distribuição
de folhetos de canto, o manuseio de fantoches, a participação nas procissões
de entrada, da Palavra e da apresentação dos dons, o cuidado das crianças
menores, etc.

Pe. Vanildo Paiva


Especialista em Catequese e Liturgia

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