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História do Pentecostalismo

Prof. Alessandro Barreto


INDICAÇÃO DE LIVROS
Os Grandes Períodos da História da Igreja

 Período da Igreja apostólica – séc. I. (30 à 100 d.C.) Era chamada


“Pentecostal” com o início da igreja cristã em Jerusalém com a
“Glossolalia”
(evidências do falar em línguas estranhas).
 Período da igreja Perseguida – séc. I ao IV. (100 à 313 AD).
(evidências do falar em línguas estranhas).
 Período da igreja imperial – séc. IV ao V. (313 AD à queda de
Roma em 476)
(evidências do falar em línguas estranhas).

Texto adaptado de: HURLBUT, Jesse Lyman. História da igreja cristã.


2. ed. ver. atual. 3 reimp. São Paulo: Vida, 2007, 303p.
Os Grandes Períodos da História da Igreja

 Período da igreja medieval – séc. V ao XV. (476 à queda de


Constantinopla em 1453)
(evidências do falar em línguas estranhas).
 Período da igreja reformada – séc. XV ao XVII. (1453 à 1648 d.C)
(evidências do falar em línguas estranhas).
 Período da igreja moderna – séc. XVII ao XX. (1648 ao século XX)
(evidências do falar em línguas estranhas).
 Período da igreja Contemporânea – séc. XX ao XXI. Do
“Avivamento Pentecostal” em Topeka no Kansas – USA em 1901-
1906 até os dias hodiernos.
(evidências do falar em línguas estranhas).

Texto adaptado de: HURLBUT, Jesse Lyman. História da igreja cristã.


2. ed. ver. atual. 3 reimp. São Paulo: Vida, 2007, 303p.
“O cristianismo carismático (pentecostal)
não é um fenômeno que pertence
unicamente ao século XX. Ele tem sido
uma constante desde que Jesus caminhou
pela terra, há 2 mil anos [...]. Uma crítica
geralmente dirigida aos pentecostais e
carismáticos modernos é a de que eles
não têm tradição nem história. O
argumento é mais ou menos o seguinte: a
Igreja existe há 2 mil anos, mas os
pentecostais e carismáticos só estão aí há
menos de 100 anos. Essa alegada falta de
história parece indicar que o movimento é,
na melhor das opções, periférico ao
cristianismo ortodoxo”.
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO
DA IGREJA PRIMITIVA
Atos dos Apóstolos 2.1-13
30 d.C
BREVE HISTÓRIA DOS AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS
MUNDIAIS NA IGREJA

O escritor pentecostal Emílio Conde em seu livro “O


Testemunho dos Séculos” (CONDE, 1983, pp. 31-157) relata
vários movimentos de avivamento espiritual ao longo dos
séculos em vários países como: “França, Alemanha,
Holanda, Ilhas Britânicas, Suécia, Noruega, Dinamarca,
América do Norte, China, Índia, África e Chile”. O pastor
e escritor pentecostal Antônio Gilberto, em seu livro
“Verdades Pentecostais” (2006, pp. 37-39) elenca na história
uma série de testemunhos de personagens e grupos
protestantes que atestaram a experiência do avivamento
espiritual em seus dias. Vejamos separadamente
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

A Igreja Primitiva (30 – 100 d.C). As primeiras igrejas tinham profetas


carismáticos que, em alguns casos, falavam em línguas, isto é, sons
ininteligíveis de forma excitada e estática (OLIVEIRA, 2009, p. 23). A
igreja do primeiro século era uma igreja carismática. Lucas, que gravou
sua história no livro de Atos, incluiu nele fielmente a abundância de
fenômenos sobrenaturais que retrataram sua vida e seu ministério.
Línguas, profecias, curas e milagres – e todos os outros carismas –
eram comuns e até mesmo tidos como norma (At 1.8; 10.19; 13.2)
(HYATT, 2018, p. 26).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Justino (100-165 d.C). Justino Mártir é


considerado o primeiro e mais importante
apologeta do segundo século. Em seus
escritos, mencionou os dons espirituais em
evidência nos seus dias, inclusive o dom de
falar em línguas estranhas pelo Espírito
Santo (Op. Cit., p. 37).
Justino estava claramente familiarizado com
os dons miraculosos do Espírito Santo. Em
seu Diálogo com Trifão, escreve o seguinte:
“[…] pois os dons proféticos permanecem
conosco até o dia de hoje” (HYATT, 2018,
p. 32 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Em outro trecho ele diz: “Agora ainda é


possível ver entre nós homens e
mulheres que possuem os dons do
Espírito de Deus” (HYATT, 2018, p. 32).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Em outra obra, intitulada A segunda


apologia de Justino, fala sobre a habilidade
que os cristãos tinham em seu tempo de
expulsar demônios e ministrar curas: “Pois
incontáveis endemoniados por todo o
mundo, inclusive em sua cidade, tem sido
exorcizados por cristãos no nome de Jesus,
que foi crucificado sob Pôncio Pilatos, que
curou e ainda cura, tornando esses
demônios impotentes e expulsando-os dos
homens” (Op. Cit., p. 33).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Portanto, Justino Mártir testifica claramente


que os cristãos do segundo século
continuavam a exercer sua autoridade sobre
as doenças e os demônios. Ele também
mostra que tanto homens quanto mulheres
estavam utilizando outros dons do Espírito
também. Além disso, ele nunca sugeriu a
expectativa de que esses dons cessassem
em algum momento (Op. Cit., p. 33).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Montano (120-200 d.C). Nasceu na


Frígia durante a primeira metade do
segundo século e foi bispo por algum
tempo. Apesar das oposições
levantadas, este movimento teve sua
sanção divina, pois sobre muitos foi
derramado o Espírito Santo, e
falavam em línguas, de acordo com
o testemunho de Tertuliano. Este
movimento foi realmente um
Pentecostes (OLIVEIRA, 2009, p. 22).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

“Um dos problemas que os estudiosos


enfrentam ao avaliar o montanismo é
depender mais dos escritos dos
inimigos do montanismo que dos
documentos originais, escritos pelos
próprios montanistas. Escritos como os
sete livros de Tertuliano sobre a profecia
extática, nos quais os montanistas se
defendem, não sobreviveram” (HYATT,
2018, p. 49 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Ele “se destacava por operar sinais


e milagres”, e mesmo seus inimigos
admitiam que “tanto sua vida quanto
sua doutrina eram santas e
irrepreensíveis” (HYATT, 2018, p. 46).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Os montanistas foram defendidos


por Tertuliano, que se uniu a eles
por volta do ano 200 d.C. Em seu
livro “Contra Praxeas”, Tertuliano
diz que o bispo de Roma
inicialmente “reconheceu os dons
proféticos de Montano, Prisca e
Maximila” e “concedeu sua paz”
sobre as igrejas montanistas da
Ásia e da Frígia (HYATT, 2018, p.
48).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Alguns detratores do montanismo


insistem que o movimento representou
uma intrusão da profecia pagã no
cristianismo do segundo século. Porém,
não há no horizonte nenhuma evidência
concreta que possa sustentar essa
posição. Tal afirmação “é
completamente falsa” (HYATT, 2018, p.
50).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Segundo David Aune, no seu vasto


estudo sobre a profecia antiga: “Profecia
na igreja primitiva e o antigo mundo
Mediterrâneo”. Ele assegura que as
principais características do
montanismo, incluindo a natureza
extática das suas declarações
proféticas, “são derivadas do
cristianismo primitivo” (Op. Cit, p. 51).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Em suma, é provavelmente seguro dizer


que o montanismo foi o primeiro
renovo carismático dentro da Igreja e
que ele quis trazer o avivamento a um
eclesiasticismo cada vez mais enrijecido
(Op. Cit, p. 51).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Irineu (125-200 d.C). É mais conhecido por


seus escritos contra o gnosticismo e outras
grandes heresias de seu tempo. Bispo de
Lyon, na Gália que foi discípulo de
Policarpo, bispo de Esmirna, que, por sua
vez, fora discípulo de João, o apóstolo.
Declarou que no seu tempo muitos
cristãos falavam línguas estranhas pelo
Espírito Santo e tinham dons, inclusive o
de profecias (GILBERTO, 2006, p. 37).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Pelos seus escritos fica evidente que os


dons do Espírito Santo ainda eram comuns
na vida da igreja de seu tempo: “Pois
verdadeiramente e seguramente alguns
expulsam demônios, tanto que aqueles que
foram purificados desses espíritos maléficos
passam a crer (em Cristo) e se unem à Igreja.
Outros têm visões do que acontecerá no
futuro: eles as veem e proferem expressões
proféticas. Outros mais ainda curam os
doentes por imposição de mãos, e eles ficam
completamente curados” (HYATT, 2028, p.
33).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Irineu também fala de mortos que


ressuscitaram: “Sim, além disso, como eu já
falei, os mortos têm sido até mesmo
ressuscitados, e permaneceram entre nós
por muitos anos. E o que devo mais dizer?
É impossível enumerar os dons que a
Igreja tem recebido em todo o mundo no
nome de Jesus Cristo” (HYATT, 2028, p. 34).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Ele também testifica que os crentes ainda


falavam em línguas na sua época: “Da
mesma maneira nós também ouvimos muitos
irmãos na igreja que possuem os dons
proféticos e que pelo Espírito falam todo tipo
de línguas, e trazem à luz, para benefício
geral, coisas escondidas aos homens, e
proclamam os mistérios de Deus” (Op. Cit., p.
. 34).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

A vida e a obra de Irineu quase alcança o


terceiro século. Sua obra escrita é um
testemunho poderoso de quanto o
conhecimento e a prática dos dons espirituais
se expandiram na igreja de seu tempo. Assim
como Justino Mártir, Irineu nem pensava em
dizer que os charismata (dons) cessaram.
(Op. Cit., p. 34).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Tertuliano (160-212 d.C). Já nessa


época ele era proficiente no direito e nos
sistemas filosóficos de então.
Conhecedor de grego e latim, escreveu
extensivamente nesta última língua. Com
essa experiência, tornou-se rapidamente
um presbítero em Cartago, um líder
influente na Igreja e o primeiro apologeta
da Igreja Ocidental.
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Tertuliano (160-212 d.C). Nascido em


Cartago, no Norte da África, viveu
intensamente a promessa da efusão do
Espírito Santo e fez-se arauto da
mensagem pentecostal. Testemunha ele
que, entre os cristãos daquela época,
não eram poucos os que falavam
línguas, interpretavam-nas e
profetizavam (ANDRADE, 2004, p. 11).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Nos seus escritos incisivos e poderosos


contra os tiranos e as seitas do seu
tempo, formulou conceitos teológicos
que lhe conferiram o título de “pai da
teologia latina”. Suas obras também
revelam um contato pessoal com os
dons sobrenaturais do Espírito Santo,
inclusive o dom de línguas.
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

No seu Tratado sobre a alma, Tertuliano


diz: “Visto que reconhecemos os
charismata, ou dons, nós também
fomos dignos do dom profético”
(HYATT, 2018, p. 35).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

No seu Para Escápula, Tertuliano relata


ocasiões específicas nas quais há cura e
libertação da opressão demoníaca. Ele
conclui: “[…] e o céu sabe quantos
homens distintos, para não falar das
pessoas comuns, têm sido curados
das doenças e libertos dos demônios”
(Op. Cit, p. 35)
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Em seu livro “Contra Marcion”, escrito


para opor-se ao herege Marcião,
Tertuliano revela tanto seu contato com o
falar em línguas quanto sua crença de
que os dons sobrenaturais do Espírito
são um sinal de ortodoxia (Op. Cit, p.
35 – grifo nosso)
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

“Que Marcion exiba, então, alguns


profetas como esses, que não falam pelo
juízo humano, mas com o Espírito de
Deus, prevendo também fatos futuros e
manifestando os segredos do coração.
Que ele produza um salmo, uma visão,
uma oração – que isso provenha somente
do espírito, num êxtase, abruptamente, ou
algum momento em que lhe tenha
ocorrido uma interpretação de línguas.
Pois do meu lado esses sinais
aparecem sem qualquer dificuldade”
(Op. Cit, p. 35)
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

“O testemunho de Tertuliano demonstra,


portanto, que no terceiro século os dons
espirituais ainda eram comuns na igreja.
Seu ponto de vista sobre a obra do
Espírito Santo após o batismo é
especialmente interessante sob a ótica do
movimento pentecostal/carismático
moderno, que também ensina que há um
aumento de poder que se segue à
conversão. Como outros de sua era,
Tertuliano não fornece nenhum indício de
que esses dons viessem a cessar.”
(HYATT, 2018, p. 36).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Orígenes (185-285 d.C.). Foi um


escritor prolífico, foi o primeiro teólogo
sistemático da Igreja. Seu pai, que era
um cristão devoto, foi martirizado
quando Orígenes tinha 16 anos. Aos
18, foi escolhido como líder de uma
notável escola cristã destinada a
instruir convertidos do paganismo em
Alexandria, Egito (HYATT, 2018, p.
36).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Orígenes Afirmou que os dons


espirituais, inclusive o de línguas,
eram um fato notório nos seus dias
(Op. Cit., p. 37).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Em seu livro “Contra Celso”,


Orígenes fala sobre os milagres que
eram realizados pelo poder do nome
de Jesus em sua época. Seu
testemunho indica que ele estava
pessoalmente envolvido em muitos
desses milagres (HYATT, 2018, p.
36).
.
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

“E alguns, nas curas que realizam, demonstram ter recebido


por sua fé um poder maravilhoso, invocando somente o
nome do Deus de todas as coisas e de Jesus sobre aqueles
que necessitavam de sua ajuda, além de algumas menções
à sua história. Pois por esses meios nós temos visto
muitas pessoas libertas de calamidades terríveis, da
demência, da loucura e de diversas outras doenças que
não poderiam ter sido curadas nem pelo homem nem
por demônios” (Against Celsus, vol. 4, apud HYATT, 2018,
p. 36 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Orígenes obviamente reconheceu a realidade e o valor de


orar em línguas, e ele dá mais evidências disso em seu
comentário sobre Romanos 8.26, em que liga a oração no
Espírito à oração em línguas. Cecil M. Robeck escreve que
“Orígenes afirmaria que a oração em línguas existiu em
seu tempo e pensava-se que o benefício dela era ser o tipo
de oração na qual o Espírito intercedia intensamente diante
de Deus” (Cecil M. Robeck, apud HYATT, 2018, p. 37).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Orígenes foi o primeiro dos pais da Igreja a assinalar que


esse ministério sobrenatural estava se tornando menos
comum. Ele mostra a abundância de sinais sobrenaturais
nos ministérios de Cristo e na igreja apostólica. Então ele
destaca: “Mas desde esses tempos os sinais têm
diminuído”. Ele culpa a falta de santidade e pureza entre os
cristãos de seu tempo como a causa disso (AGAINST
CELSUS, p. 64, apud HYATT, 2018, p. 37 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Orígenes, portanto, estava


familiarizado com o ministério
miraculoso do Espírito Santo,
incluindo a fala em línguas
estranhas. Ele também ensina
nitidamente a obra do Espírito como
posterior à conversão. Ademais,
enquanto ele indica uma diminuição
da atividade carismática, não é a
ela que atribui um decreto divino,
mas sim à falta de santidade entre
os cristãos do seu tempo (HYATT,
2018, p. 38).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Novaciano (210-280 d.C.) foi um


presbítero da Igreja de Roma e um
teólogo respeitado. Era estimado por
sua santidade. O movimento que
Novaciano iniciou ganhou impulso e
se espalhou rapidamente, sobretudo
na parte oriental do Mediterrâneo e
do Norte da África. Seus seguidores
chamavam-se a si de cátaros, que
significa “os puros” (RUSSELL apud
HYATT, 2018, pp. 38,39).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

A mais importante das obras que


sobraram de Novaciano é seu tratado
“A trindade”. Nela, discorre sobre
sua familiaridade com o ministério
sobrenatural do Espírito Santo:
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

É ele (o Espírito Santo) que coloca os


profetas na igreja, instrui os
professores, orienta as línguas,
concede poderes e cura, realiza
maravilhas, oferece o discernimento
dos espíritos, confere poderes de
governo, sugere conselhos e organiza
vários outros dons que fazem parte dos
charismata; fazendo assim com que a
Igreja do Senhor se esmere e se
aperfeiçoe em todo lugar, com seus
membros (RUSSELL apud HYATT,
2018, p. 39 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Para Novaciano, o Espírito Santo era, assim, a fonte da vida


e da ordem na Igreja. Ele claramente vê como
experiências cristãs normais as curas, os milagres e as
línguas. Sua crença nas “carismata” não era uma novidade,
posto que a igreja do seu tempo ainda reconhecia os dons
como uma parte vital do cristianismo cotidiano (HYATT, 2018,
p. 39 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Cipriano de Cartago (195-258 d.C.) foi


um bispo próspero e desfrutou os
benefícios de uma boa educação em
Retórica e em Direito. Quando ele se
tornou um cristão, por volta de 246,
destacou-se rapidamente. Em dois anos
ele já se tornara bispo de Cartago, cargo
que manteve até seu martírio, em 258 [...]
segundo seu próprio testemunho,
experimentou visões sobrenaturais (Op.
Cit, p. 40 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

“[...] pois além das visões


noturnas, e mesmo durante o dia,
há entre nós garotos ainda na
idade da inocência que estão
cheios do Espírito Santo, vendo
com seus olhos, em êxtase, e
ouvindo e falando tais coisas
pelas quais o Senhor, por
condescendência, nos alerta e
nos instrui” (Op. Cit, pp. 40,41 –
grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

“Os escritos de Cipriano fornecem mais


evidências de que o ministério
sobrenatural do Espírito Santo ainda era
considerado um componente normal da
vida e do ministério da igreja no século
III. Sua crença no batismo do Espírito
Santo logo após a salvação também
mostra a aceitação ampla desse fato no
século III. Como muitos outros autores da
época, Cipriano não dá sinais de que
saiba o que seja o cessacionismo” (Op.
Cit, p. 41 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Há outros escritos dentre os cristãos


pioneiros que confirmam a presença
dos dons espirituais nas igrejas. Por
exemplo, o Didaquê, provavelmente
escrito no começo do segundo
século, reconhece a legitimidade do
ministério profético e dá instruções
sobre como distinguir entre os falsos
profetas e os verdadeiros (MICHAEL
apud, Op. Cit, p. 42 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

O Pastor de Hermas, escrito no


início do segundo século, é
fundamentado nas revelações
sobrenaturais e visões do autor.
Inácio, bispo de Antioquia, em sua
Carta aos Filadelfos, escrita
também no início do segundo
século, lembra seus leitores a
mensagem profética que ele
entregara no meio deles durante
uma visita recente (MICHAEL apud,
Op. Cit, p. 42 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

Esses testemunhos demonstram com clareza que os dons


espirituais, inclusive o de falar em línguas, mantiveram-se
comuns na igreja desde o Dia de Pentecostes até o começo do
quarto século. O pesquisador Morton Kelsey, da Igreja
Episcopal, está correto ao dizer: “Esses homens estavam
conscientes de cada um dos itens da lista de dons espirituais
de Paulo. Em nenhum lugar eles sugerem que algum deles
fora abolido. Orígenes indica seu declínio, e não sua
cessação” (MORTON apud, Op. Cit, p. 42 – grifo nosso).
AVIVAMENTOS ESPIRITUAIS NO PERÍODO DA IGREJA
PRIMITIVA:

“Os testemunhos patrísticos também indicam que a


recepção do Espírito Santo era considerada como um fato
subsequente à conversão, iniciada pela imposição de
mãos. Essa era obviamente uma continuação do costume
apostólico gravado no livro de Atos. Esse testemunho indica
que, ao menos durante os três primeiros séculos, a Igreja
acompanhou o uso apostólico da conversão seguida pela
recepção do Espírito Santo” (EUSEBIUS apud, Op. Cit, p. 42
– grifo nosso).
REFERÊNCIAS

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ARAUJO, Isael de. Dicionário do movimento pentecostal. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, 944p.

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OLIVEIRA, José de. Breve história do movimento pentecostal: dos Atos dos apóstolos aos dias de
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