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O AVANÇO DO

CRISTIANISMO NO
IMPÉRIO ROMANO ATÉ O
ANO 100
Paulo de Tarso – Ambiente Social
 Primeiro a efetivamente pregar para o mundo gentio, dedicando
sua vida ao trabalho entre esses povos.
 Dedicou-se a pregar o evangelho até os confins do Império
Romano (Rm. 11.13, 15.16).
 Apesar de seu objetivo, não negligenciou seu povo, sempre
pregando primeiro nas sinagogas judaicas, antes de pregar ao
povo em geral.
 Possuía três esferas sociais: judeu fariseu, educado pelo grande
mestre Gamaliel; cidadão de Tarso, principal cidade da Cicília; e
cidadão romano livre, usando de seus privilégios quando estes o
ajudavam na sua missão (At. 16.37, 25.11). Alguns estudiosos
entendem que sua cidadania veio por herança de seu pai.
Paulo de Tarso – Ambiente Social
 Com base religiosa judaica e o Império Romano pacificado à força como
espaço político em que vivia, Paulo conseguiu transitar entre as cidades
pregando o evangelho e enfrentando a perseguição judia e imperial
(durante o reinado de Nero [54-68]), a rivalidade de outros sistemas de
religião, como o imperial e os cultos de mistério, e os sistemas filosóficos
de sua época.
 A arqueologia é a principal ferramenta usada para datar sua vida e
escritos, pois ele afirma que Paulo estava em Corinto há 18 meses
quando Gálio se tornou procônsul. Uma inscrição em pedra descoberta
em Delfos menciona que Gálio começou seu trabalho na Ásia no 26º ano
de Cláudio (ano 51 ou 52 d.C.). Desta forma, a visita de Paulo teria
começado em 50. A partir deste marco, data-se seus escritos, viagens e
vida.
A OBRA DE PAULO
Propagador do evangelho

 Missionário sábio e dedicado, expandiu o evangelho ao ocidente


de forma estratégica, começando seu trabalho na cidade mais
estrategicamente localizada na região e usando os convertidos
para levar a mensagem às cidades e campos adjacentes.
Possivelmente por esse método que ele não visitou Colossos (Cl.
2.1), com irmãos de Éfeso sendo os responsáveis pela
evangelização daquela cidade.
 Inicialmente pregava nas sinagogas enquanto era bem
recebido. Quando surgia oposição, partia para uma proclamação
direta do evangelho aos gentios em qualquer lugar que julgasse
adequado.
A OBRA DE PAULO
Propagador do evangelho

 Luta da filosofia contra a antiga religião politeísta grega gera


crise que leva as pessoas ao ceticismo ou à busca pelo
mistério.
 Após fundar uma igreja, a organizava com presbíteros e
diáconos, de forma que ela se autogovernasse.
 Para não ser um fardo para as igrejas recém-criadas, assumia
seu próprio sustento.
 Insistia que a igreja local deveria se autossustentar,
autopropagar e autodisciplinar.
A OBRA DE PAULO
Propagador do evangelho

 Demonstrava dependência do Espírito Santo para escolher qual o local


que deveria pregar o evangelho, sempre buscando campos
inalcançados.

As publicações de Paulo

 Paulo sempre buscava se informar a respeito da situação das igrejas que


fundara através de visitantes que vinham destas igrejas (1 Co. 1.11) ou
de relatos de agentes que enviava para visitar as igrejas (1 Ts. 3.6).
Quando a situação local parecia exigir, ele escrevia cartas sob a
inspiração do Espírito Santo para tratar os problemas específicos.
A OBRA DE PAULO
As publicações de Paulo – assuntos abordados

- Dúvidas escatológicas (1 e 2 Ts).


- Relacionamento prático de igreja em ambiente pagão (1 Co.)
- Defesa de seu apostolado (2 Co).
- Relação da lei judaica com o cristianismo (Gl).
- Explicação sistemática do evangelho (Rm).
- Combate a pré-gnosticismo (Cl).
- Problemas específicos (Ef e Fp.).
- Relação de senhor e escravo que se tornam cristãos (Fm).
- Orientações pastorais (1 e 2 Tm e Tt).
A OBRA DE PAULO
Princípios da teologia de Paulo

 Felicidade e utilidade, objetivos básicos ansiados por todos os homens,


dependem da obtenção da graça de Deus, obtida por quem faz a
vontade de Deus.
 As obras da lei somente resultam no conhecimento do pecado,
deixando o homem sem esperança para executar a vontade de Deus
expressa nessa lei.
 A Cruz é o ponto de partida para a vida espiritual, não a lei.
 Cristo, como homem perfeito e Deus, podia oferecer-se na Cruz em
lugar do homem pecador e assumir o fardo do pecado humano (Gl.
3.10,13). Ao homem, basta aceitar a obra que Cristo já fez por ele pela
fé (Rm. 5.1).
A OBRA DE PAULO
Princípios da teologia de Paulo

 A ética paulina desenvolve-se a partir da união pessoal


do crente com Cristo pela fé, equilibrando-se por uma
relação horizontal na qual o crente se une aos irmãos
pelo amor cristão expresso numa vida moral.
 Este sistema ético não abole a lei, mas o seu
cumprimento mais elevado na família, comunidade e
sociedade em geral.
 Entendia a história como linear, sobrenatural,
cataclísmica e pessimista.
A OBRA DE PAULO
Como polemista, lutou pela pureza da doutrina cristã de seu tempo, tentando convencer
os desviados a voltarem à fé. Entre as polêmicas que enfrentou, estão:

 Salvação: Gentios devem adotar e seguir a Lei? Questão levantada por visita de
judaizantes a Antioquia, com autoridade de Tiago para pregar a visão deste
grupo. Resultou no Concílio de Jerusalém, que liberou os gentios da circuncisão
e exigiu apenas a abstenção de sangue, coisas sufocadas e imoralidade sexual.
 Racionalismo Grego: Tentativa de um grupo de intelectualizar o cristianismo,
sustentando que havia uma diferença entre o espírito bom e a matéria má. O
elo entre o espírito puro e a matéria má é uma hierarquia de seres celestiais, à
qual pertencia Cristo e os anjos, que deveriam receber culto por estarem nessa
hierarquia (Cl. 2.8,18s). A salvação era alcançada por atos ascéticos de negação
do corpo mal e por um conhecimento (gnose) acessível somente a uma elite
religiosa. Paulo responde reafirmando a suficiência de Cristo (Cl. 1.13-20) e a
plena manifestação de Deus (Cl 1.19, 2.9).
LITERATURA PRIMITIVA
A literatura neotestamentária não foi a única
produzida pela igreja primitiva, porém é a
única considerada inspirada pelo Espírito Santo
para nos ensinar.
No entanto, sabemos que diversos textos
foram produzidos pela igreja neste período.
Alguns tinham caráter religioso (evangelhos
apócrifos, de cunho gnóstico), mas foram
descartados como heréticos pelas igrejas e
lideranças locais. Outros possuíam caráter
Iconografia de Atanásio de didático e não se aferiam potencial inspirado.
Alexandria.
LITERATURA PRIMITIVA
 Os escritos desta igreja primitiva, produzidos
por homens denominados Pais da Igreja,
tinham intenções diversas, desde interpretação
das Escrituras até apologia de defesa do
cristianismo perante o Império Romano e
defesa da fé contra falsas doutrinas.
 O termo “Pai da Igreja” se origina do título
“Pai” dado aos bispos no ocidente. Passou a
ser mais usado no séc. III para descrever os
defensores ortodoxos da igreja e os expoentes
de sua fé.
Martírio de Santo Inácio de Antioquia,
 O estudo das obras destes grandes homens é
um dos primeiros Pais da Igreja. denominado de Patrística.
LITERATURA PRIMITIVA
Podemos dividir os Pais da Igreja em quatro tipos:

- Pais Apostólicos: Discípulos diretos dos apóstolos (segunda geração


de cristãos), edificam a interpretação da vida de Cristo para os crentes.
Estão entre eles Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Policarpo de
Esmirna e Papias.
- Pais Apologetas: Defendem o cristianismo dos questionamentos feitos
por pagãos gregos ou romanos. Entre eles estão Tertuliano de Cartago e
Justino Mártir.
- Pais Polemistas: Lutam contra as falsas doutrinas levantadas no seio
da igreja. Seus maiores expoentes são Ireneu de Lião, Clemente de
Alexandria, e Orígenes.
- Pais Sistemáticos: Estruturam o estudo bíblico científico. Entre eles,
estão Jerônimo, Ambrósio e Agostinho.
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
CLEMENTE DE ROMA (C. 30-100)

- Presbítero principal da igreja de Roma (hoje listado como o quarto papa),


escreveu uma epístola aos Coríntios no ano 95 para exortar os cristãos que
estavam em revolta com os presbíteros locais.

- A carta é divida nas seguintes partes:


Recordação do espírito excelente da igreja nos primeiros tempos (Cap.1-3)
Exortações sobre amor, arrependimento e humildade (4-38)
Problemas específicos (39-59.2)
- Sucessão apostólica (42-44): Presbíteros e diáconos comissionados pelos apóstolos, que
foram comissionados por Cristo. Clemente pede obediência aos líderes “democraticamente
escolhidos” (44.3).
Oração (59.3-61)
Exortação final à unidade (62-65)
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
CLEMENTE DE ROMA (C. 30-100)
A Primeira Carta de Clemente aos Coríntios é valiosa por suas
informações a respeito da igreja primitiva no final do séc. I.
Aqui, podemos identificar:
 A elevada posição dos bispos ou presbíteros na jovem igreja.
 A unidade cristã através da obediência ao bispo.
 Separação entre clero e laicato (40.5)
 Grande quantidade de citações do AT (cerca de 150).
 Referência fartamente citada ao ministério de Paulo (5.5-7 -
Teoria das duas prisões de Paulo e período intermediário de
liberdade)
 Salvação por meio do sangue de Cristo (7.14)
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
INÁCIO DE ANTIOQUIA (C. 38 – 98 OU 107)
- Inácio, bispo de Antioquia da Síria, enviou cartas de agradecimento às igrejas
das cidades que visitou a caminho de seu martírio, em Roma, para ser devorado
por leões nos jogos imperiais. Evitou qualquer gesto que pudesse impedi-lo de
tornar-se o “pão puro de Cristo” a ser triturado pelos dentes das feras.
- As sete cartas foram escritas por volta de 110 e algumas são de autoria
contestada. As cartas são: Epístola a Policarpo de Esmirna, aos Efésios, aos
Esmirnionitas, aos Filadelfos, aos Magnésios, aos Romanos e aos Trálios.
- Alertou as igrejas que havia visitado a respeito das heresias gnósticas e
docéticas que invadindo as igrejas.
Docetismo: Cristo era um ser puramente espiritual, livre de qualquer
contaminação de um corpo material. Apenas um fantasma sofreu na cruz,
segundo este grupo (Epístola a Esmirna, cap. 1). Inácio insiste na revelação de
Cristo em carne como antídoto a tal doutrina (Epístola aos Trálios, 9-10).
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
INÁCIO DE ANTIOQUIA (C. 38 – 98 OU 107)

- Também trabalhou o conceito da obediência ao bispo, como


forma de manter a unidade. (um presbítero de cada igreja havia
se tornado um bispo monárquico, ao qual os outros presbíteros
deveriam obedecer).

- Também foi o primeiro a usar a palavra católica (Esmirna 8)


para se referir à igreja, mas não exaltou o bispo de Roma como
superior aos outros bispos. A única superioridade é interna, do
bispo sobre os presbíteros. Sem a ordem tripla, não haveria
igreja.
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
POLICARPO DE ESMIRNA (C. 70-155)

- Discípulo de João, foi bispo de Esmirna por muitos anos, antes de ser
martirizado em 155, queimado numa estaca após julgamento diante do
procônsul romano, onde disse que não poderia falar mal do Cristo a quem
tinha servido por 86 anos e que nunca lhe fizera mal.
- Conhecido por sua carta aos filipenses que lembra a carta de Paulo à
mesma igreja. Foi redigida em 110 em resposta a uma carta dos filipenses.
- Faz muitas citações diretas e indiretas do AT e do NT, além de repetir
informações recebidas de João.
- O interesse de Policarpo com a carta era exortar os filipenses a uma vida
virtuosa, às boas obras e à firmeza mesmo ao preço de morte, se
necessário, pois eles haviam sido salvos pela fé em Cristo.
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
EPÍSTOLA DE BARNABÉ (OU PSEUDO-BARNABÉ)

- Escrita por outro que não o Barnabé do NT, apesar de muitos Pais da Igreja
considerarem a carta do Barnabé bíblico, foi escrita por volta de 130 por um cristão
de Alexandria.
- A carta pretendia ajudar os convertidos do paganismo a combater os grupos
judaizantes dentro da igreja. Usa os 17 primeiros capítulos para bater no assunto e
mostrar que a vida e a morte de Cristo são completamente satisfatórias para a
salvação.
- Os 4 últimos capítulos são para contrastar os dois caminhos de vida: “O Caminho
da Luz” e O” Caminho das Trevas”, relembrando os dois caminhos do Didaquê.
- Trabalha bastante a interpretação alegórica do AT, citando como exemplo os 318
servos de Abraão (Gn. 14.14) como sendo uma referência à morte de Cristo na cruz,
pois 300, em grego, tem a forma da cruz, e 18 são as duas primeiras letras do nome
de Jesus. Esta prática de interpretação, recebida de Filo de Alexandria, seria depois
organizada por Orígenes.
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
EPÍSTOLA A DIOGNETO
- Possivelmente enviada ao tutor homônimo do imperador Marco Aurélio, apresenta
uma defesa racional do cristianismo contra a loucura da idolatria (caps. 1-2) e
inadequação do judaísmo (3-4), mostrando o cristianismo como uma crença superior
(5-12) por suas crenças, caráter e benefícios que oferece.

SEGUNDA EPÍSTOLA DE CLEMENTE AOS CORÍNTIOS


- Sermão que não foi escrito por Clemente, foi redigido por volta de 150 com o
interesse em uma interpretação correta de Cristo, na crença na ressureição do corpo e
na pureza da vida do cristão.

PAPIAS (C. 60 – C.130)


- Bispo de Herápolis, escreveu Interpretações dos Ditos do Senhor para registrar
informações de cristãos mais idosos que conheceram os apóstolos. Pode ter sido
discípulo de João. Trata da vida e das palavras de Cristo. Documento que se perdeu,
tem fragmentos preservados nos escritos de Eusébio e Ireneu.
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
O PASTOR, DE HERMAS

- Concebido a partir do Apocalipse, escrito por volta de 150 por Hermas,


considerado pelo autor do Cânon Muratoriano como irmão de Pio, bispo de
Roma entre 150 e 155.
- Escrito em forma de apocalipse, rico em símbolos e visões, seu objetivo é
moral e prático, chamando os cristãos ao arrependimento. Bebeu da fonte
da história do autor, escravo liberto de uma senhora romana que
enriqueceu e negligenciou a própria família, que acabou enveredando pelo
caminho do pecado. Ele e sua esposa se arrependeram e confessaram seu
pecado, mas os filhos se rebelaram contra a fé.
- Com mensagens dadas a Hermas por uma mulher e um anjo, conclama
ao arrependimento e à vida santa. Possui duas seções: A primeira, com
cinco visões e a segunda, com dez comparações ou parábolas cujo tema é
o significado do arrependimento na vida.
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
DIDAQUÊ

- Também conhecido como Ensino dos 12 Apóstolos, foi descoberto em 1873 em uma
biblioteca de Constantinopla e publicado em 1883. É um manual de instrução
eclesiástica elaborado possivelmente antes da metade do segundo século. Alguns
chegam a datá-lo no final do primeiro século, por conta das semelhanças com as
práticas do NT.
- Possui 4 partes: A primeira seção fala dos Caminhos da Vida e da Morte de Pseudo-
Barnabé (cap. 1-6). A segunda fala sobre alguns problemas litúrgicos, como o
batismo, o jejum e a ceia (7-10). A terceira tem instruções para distinguir os falsos
profetas dos verdadeiros e como encontrar oficiais dignos, além de outros assuntos
(11-15). Por fim, trabalha a necessidade de uma vida vigilante e coerente diante da
vinda do Senhor (cap. 16).
- Detalhes interessantes do texto são o batismo triplo por imersão em água corrente
ou outra água, ou por aspersão em casos especiais (locais com pouca água) e o falso
profeta como alguém que procura alimento e acolhida sem retribuir à Igreja em
termos de inspiração espiritual.
GOVERNO DA IGREJA PRIMITIVA
 Ofícios não estratificados, com uma dupla chamada: Interna, pelo Espírito
Santo para o ofício, e externa, pelo voto democrático da igreja e ordenação
pelos apóstolos. Não havia uma classe especial de sacerdotes à parte para
ministrar um sistema sacerdotal de salvação, pois tanto os oficiais da igreja
como os membros eram sacerdotes com o direito de acesso direito a Deus
através de Cristo (Ef. 2.18).

 Os oficiais podem ser divididos em duas classes:


o Carismáticos: Escolhidos por Cristo e dotados de dons espirituais próprios
(Ef. 4.11,12; 1 Co. 12-14), com funções inspiradoras.
o Administrativos: Funções organizacionais, apesar de que, com a morte dos
apóstolos, os presbíteros assumiram muitas responsabilidades espirituais.
Eram escolhidos pela congregação após orarem pedindo a orientação do
Espírito Santo e depois da indicação pelos apóstolos.
GOVERNO DA IGREJA PRIMITIVA
OFICIAIS CARISMÁTICOS

 Responsáveis pela preservação da verdade do Evangelho e sua


proclamação inicial.

 Selecionados por Cristo através do Espírito Santo para liderar a igreja.

 Paulo divide em apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e/ou mestres


(alguns estudiosos entendem que os dois últimos são uma função só).

 Apóstolos: Testemunhas da vida, morte e ressurreição de Cristo (At. 1.22,


1 Co. 1.1,15.8) e que tenham sido chamados pessoalmente por Cristo.
Paulo baseou seu apostolado numa chamada direta do Cristo vivo.
GOVERNO DA IGREJA PRIMITIVA
 OFICIAIS CARISMÁTICOS – APÓSTOLOS
 Pedro: Líder da igreja primitiva nos 12 primeiros capítulos, morreu crucificado de
cabeça para baixo em Roma, segundo a tradição.
 Tiago, filho de Zebedeu: Decapitado por Herodes Agripa em 44.
 Tiago, irmão de Cristo: Líder no Concílio de Jerusalém, foi, segundo a tradição,
morto a pauladas depois de ser jogado do pináculo do templo.
 André: Crucificado em cruz em forma de X.
 João: O mais longevo dos apóstolos, morreu em Éfeso, após o exílio da ilha de
Patmos, cancelado com a morte de Domiciano.
 Filipe: Possivelmente morreu de morte natural em Hierápolis, após queda de
Jerusalém.
 Judas Tadeu: Possivelmente martirizado na Pérsia.
 Simão zelote: Crucificado.
 Bartolomeu: Possivelmente martirizado na Índia.
 Tiago Menor, Bartolomeu, Matias, Mateus: Pouco se sabe sobre seus paradeiros.
GOVERNO DA IGREJA PRIMITIVA
OFICIAIS CARISMÁTICOS

 Profetas: Proclamavam ou pregavam o evangelho, antecipavam ou previam o


futuro em casos especiais (Ágabo, em At. 11.28, 21.10-14). A igreja sofreu
com pessoas que se arrogavam este cargo, como demonstrado no Didaquê.

 Evangelistas: Pessoas com o dom específico de proclamar o evangelho. Filipe


foi um que exerceu este dom (At. 21.8), mas pouco se sabe sobre suas
funções específicas. Possivelmente trabalhou como missionário itinerante.

 Pastores/mestres: A Bíblia não parece demonstrar que as duas funções são


diferentes, contudo sabemos que a Bíblia regula sobre como provar se um
mestre é autêntico (2 Jo. 1-11). O Didaquê também versa sobre a questão
(11.1-2).
GOVERNO DA IGREJA PRIMITIVA
OFICIAIS ADMINISTRATIVOS

 Oficiais democraticamente escolhidos “com o consenso de toda igreja”


(Clemente, 1 Coríntios 44; Didaquê 15; Atos 6.5; 13.2,3).

 Tinham como tarefa executar as funções administrativas dentro da igreja


local.

 Operavam e exerciam sua autoridade no seio da igreja local.

 Funções surgiram da necessidade de delegação de funções para tirar o


fardo dos sobrecarregados apóstolos.

 O exemplo da sinagoga com seus anciãos que presidiam os negócios locais


tenha sido um fator na criação desses ofícios.
GOVERNO DA IGREJA PRIMITIVA
OFICIAIS ADMINISTRATIVOS

 Presbítero (ou ancião): Posto mais elevado na congregação local. Há quem defenda a
separação entre este ofício e o de bispo, mas a Bíblia parece relacionar os dois termos
como sinônimos (At. 20.17, 28; Fp. 1.1; Tt. 1.5,7). O que se sabe é que esta separação
ocorreu posteriormente no seio da igreja, com o bispo adquirindo posição hierárquica
superior aos demais presbíteros da igreja local. Precisavam ter qualificações claras (1.
Tm. 3.1-7, Tt. 1.5-9) e eram responsáveis pela direção do culto e administração e
disciplina da comunidade.

 Diáconos (ministros, servos): Subordinados aos presbíteros, porém precisavam das


mesmas qualidades exigidas dos presbíteros (At. 6.3, 1 Tm. 3.8-13). Eram responsáveis
pela ministração da caridade e, posteriormente, passaram a auxiliar os presbíteros na
distribuição dos elementos da Ceia à congregação. Há um exemplo claro de diaconisa
na Bíblia, Febe (Rm. 16.1) e de profetisas (as filhas de Filipe, At. 21.9), mas não há
orientação para que as mulheres ensinassem na igreja (1 Cr. 14.34, 1 Tm. 2.12).
O CULTO DA IGREJA PRIMITIVA
 Desde o início, a igreja buscou uma forma organizada de culto (1 Co. 14.40), em
espírito (Jo. 4.24) e com reuniões de pessoas em locais diversos, como casas (At.
12.12, Rm. 16.5,23, Cl. 4.15, Fm. 1-4), templo (At. 5.12), auditórios públicos de
escolas (At. 19.9) e sinagogas, quando permitido (At. 14.1,3; 17.1; 18.4).
 Dois cultos eram realizados no primeiro dia da semana, dia do culto por ser o dia em
que Cristo ressuscitou dos mortos. O matutino incluía leitura da Bíblia (Cl. 3.16),
exortação pelo presbítero principal, orações e cânticos (Ef. 5.19). O vespertino era
precedido pelo banquete do amor, ou ágape. Tal banquete desaparece no final do
primeiro século e a ceia passa a ser celebrada no culto da manhã.
 Ordens de culto primitivas podem ser encontradas na Primeira Apologia de Justino
Mártir e no Didaquê.
 Os dois sacramentos da igreja eram o batismo (por imersão) e a Ceia, apesar de que
o batismo poderia ser por aspersão se não houvesse rio ou grande quantidade de
água à disposição. A Ceia era somente para os batizados.
A VIDA DA IGREJA PRIMITIVA
 Cada igreja tomava para si a responsabilidade de assistência aos pobres e
doentes, com as ofertas coletadas no culto sendo para este destino.

 Os diáconos eram responsáveis por contar as ofertas e distribuí-las aos


pobres e necessitados, enquanto as mulheres ajudavam fazendo roupas aos
necessitados (At. 9.36).

 Apesar de não atacar a escravidão, o Cristianismo minou tal instituição ao


lembrar a senhor e escravo conversos que eram irmãos.

 O convívio entre cristãos e pagãos não foi condenado, no que não fosse
prejudicial aos princípios cristãos (1 Co. 5.10; 10.20-33). Porém, Paulo
exortou a separação total de práticas ligadas à idolatria ou imoralidade
pagãos.
A VIDA DA IGREJA PRIMITIVA
 Nada que viesse a prejudicar o Corpo de Cristo deveria ser feito (1 Co. 6.12),
como impedir que pessoas se aproximassem de Cristo ou desviasse cristãos
mais fracos (1 Co. 8.13; 10.24) e evitar tudo o que não glorificasse a Deus (1
Co. 6.20; 10.31), como frequência a teatros, estádios, jogos ou templos
pagãos.
 Todo cristão deveria cumprir suas obrigações cívicas, incluindo pagamento de
taxas e oração pelas autoridades. A única razão para desobediência era caso
fossem orientados a cometer atos que atentassem contra Cristo e seus
ensinamentos, por ser Deus a maior autoridade a quem deviam obediência
absoluta.
 A Igreja Primitiva tinha os pobres e a classe média baixa entre seus maiores
grupos sociais, com um número menor de ricos e nobres. Ela era mais forte
nas cidades e se estendia da Espanha à Índia.
Fontes
CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos séculos: uma história da igreja
cristã. 3 ed. Trad. Israel Belo de Azevedo e Valdemar Kroker. São Paulo:
Vida Nova, 2008

DREHER, Martin N. Coleção História da Igreja, 4 vols. 4 ed. São


Leopoldo: Sinodal, 1996.

GONZALEZ, Justo L. História ilustrada do cristianismo. 10 vols. São Paulo:


Vida Nova, 1983

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