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1. O termo "cristianismo".
2. Origens.
3. Períodos e divisões históricas.
4. Idéias principais.
5. Uma fé universal.
6. Seu caráter distintivo.
1. O termo "cristianismo".
Ao contrário da palavra "cristão" que aparece 3 vezes no Novo Testamento (At. 11:26, 26:28;
1Pe.4:16), esse termo não figura no texto sagrado. Ele surgiu no séc. II d. C. nos escritos de Inácio de
Antioquia para se referir à religião que se desenvolvera em torno da pessoa do Senhor Jesus Cristo
que ele entendia como sendo o sistema e a prática religiosa odiada pelo mundo. Inácio o
empregou também para fazer contraste com o judaísmo e para denotar o sistema de fé que
incorpora a Verdade e requer uma vida que corresponda a essa verdade. Atualmente, é usado
como sinônimo da religião cristã em distinção a outras crenças como o judaísmo e o islamismo, por
exemplo, e em oposição a vários ismos como o humanismo e o marxismo. Finalmente, o termo
também se refere aos crentes, considerados coletivamente ou ao estado próprio de um cristão.
2. Origens.
Sua origem está na pessoa e nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo. Enquanto que a Igreja
teria sua origem no Pentecoste, quando do derramamento do Espírito Santo e do recebimento de
poder, registrados em Atos 2. Muito embora, essa declaração não ignore o início preliminar da Igreja
em momento anterior a este evento.
O movimento cristão não surgiu como um ramo acidental do judaísmo como pensava a cultura
romana antiga e, hodiernamente, os pensadores liberais contemporâneos. Pelo contrário, foi
deliberadamente iniciado pela encarnação do Logos de Deus. Aqueles pensadores asseveram que
o cristianismo teria sido uma criação do Ap. Paulo e, com isso, entendem que seus escritos apenas
imputariam autoridade ao Jesus teológico, não sendo Cristo o seu fundador. Essa postura, por
conseguinte, rejeita muitas das declarações do próprio Jesus no tocante ao seu poder, autoridade e
caráter distintivo, conforme vemos, por exemplo, em Mt. 16: 13-20 e Mt. 22:41-46.
Sobre isso, afirma o teólogo Russell N. Champlin:
O caráter distintivo do cristianismo repousa sobre o caráter distintivo da pessoa de Jesus Cristo
e de sua missão. O cristianismo reivindica especialmente que seu fundador é uma [nao
1
"uma", mas "A" encarnação...] encarnação direta do Logos (João 1:1), ou seja, era
uma pessoa de natureza divino-humana. Essa é uma reivindicação distintiva; e, visto que
ela é verdadeira, situa o cristianismo em uma posição distintiva e ímpar. (grifo nosso)
Enfim, Champlin acrescenta que o cristianismo "envolve uma revelação distintiva sobre
Deus e sua vontade, bem como uma revelação ética superior." (grifo nosso)
IG. 1o) Período Apostólico (até 100 d.C.) - Propagação da mensagem do Evangelho aos
A principais centros do mundo romano (Cl. 1:6).
POS
TÓ
LI
CA 2o) Período Pós-Apostólico, Antes de Constantino (100 - 313 d.C.) - Oposições e
(até 100 d. C.)
perseguições. O combate às primeiras divisões e heresias tais como o gnosticismo.
IG. Alguns dos importantes teólogos cristãos desse período foram Clemente de Roma,
PRI
MI
Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Orígenes.
TI
VA 3o) De Constantino a Gregório (313 - 590 d.C.) - Conversão nominal do imperador
(100 - 325 d. C.)
e oficialização da igreja cristã. Aquisição de poder político e formalização do seu
credo através de concílios (Nicéia em 325 d.C, Constantinopla I em 381 d.C., Éfeso em
IG.
431 d.C. , Calcedônia em 451 d. C. e o de Constatinopla II em 553 d.C.). O surgimento
CA do monasticismo como solução para o cristianismo nominal e para os excessos
TÓ ascéticos dos devotos. Além do aparecimento de várias heresias tais como o arianismo,
LI o nestorianismo, o monofisitismo e o pelagianismo.
CA
AN 4o) De Gregório I a Carlos Magno (590 - 800 d.C.) - Cristianização dos povos
TI germânicos e perda de terreno para o islamismo no Egito, África e Espanha (incluia
GA Portugual). Concílios de Constantinopla III en 680 d.C. e Nicéia II em 787 d. C.
(325 - 1054 d. C.)
5o) De Carlos Magno ao Papa Gregório VII (800 - 1073 d.C.) - Extraordinário
desenvolvimento da autoridade papal, seguindo a doutrina de Agostinho. A sé de
IGs.
Roma dominava as coroas européias. Concílio de Constantinopla IV em 869 d.C.
CA Divisão da igreja em oriental e ocidental em 1054 (questão filioque do credo niceno).
TÓ
LI 6o) De Bonifácio VII às Teses de Lutero (1295 - 1517 d.C.) - Os principais
CA
acontecimentos deste período foram: o concílio de Viena em 1311, a vida e obra de
RO Wycliff, os concílios de Constança/John Huss (1414-18) e Basiléia (1431), a queda
MA de Constantinopla (1453) e o 5o concílio de Latrão (1512-17).
NA
7o) Das Teses de Lutero à Paz de Westphalia (1517 - 1648). A reforma protestante e
E
a vida e obra de Lutero, Calvino e Zwínglio, além do concílio de Trento (1543-63).
OR
TO 8o) De 1648 aos dias atuais. Temos o desenvolvimento da Ig. Católica Romana e
DO das igrejas protestantes, o Ato de Tolerância da Inglaterra (1689), o concílio
XA
Vaticano (1869), o movimento ecumênico, o surgimento e o desenvolvimeno do
O
liberalismo e a fragmentação das denominações protestantes, o surgimento do
RI movimento pentecostal e a politização de grandes áreas do catolicismo e, em menor
EN
TAL
(1054 - Dias atuais) 2
intensidade, das igrejas protestantes através de ideologias políticas, especialmente a
teologia da libertação.
3.1. Observações.
O ramo protestante da igreja cristã foi assim chamado em razão do protesto realizado pelos
príncipes alemães contra a decisão de anular o seu direito de controlar as questões religiosas
em seus respectivos territórios. Isto se deu em 1529 na dieta de Speyer. Dentre outros elementos, o
protestantismo se caracteriza pelo reconhecimento de que a autoridade espiritual e religiosa
repousa sobre as Escrituras Sagradas e, dessa forma, não reconhece o papa como uma figura
religiosa singular.
Atualmente, há cerca de 2 bilhões de cristãos no planeta.
Outrossim, apesar do longo tempo de separação das suas denominações e de sua grande
variedade que tende sempre a aumentar, as três principais divisões do cristianismo (catolicismo, ordoxia
oriental e protestantismo) compartilham de certas características que as identificam como tal, a saber: o
reconhecimento especial dos ensinamentos de Jesus Cristo; o reconhecimento de que Ele é o
mensageiro especial de Deus, o Messias, a pessoa divino-humana; o reconhecimento de alguma
forma de doutrina da Trindade; o uso de certos sacramentos ou ordenanças que incorporam
importantes itens da fé cristã; o reconhecimento do Antigo e Novo Testamentos como autoritários;
códigos morais bastante similares; a imortalidade da alma e a necessidade da redenção e do
julgamento.
4. Idéias principais.
a) A respeito de Cristo. Jesus não somente possui um caráter distinto quanto ao poder de sua
missão e como representação importante da intervenção decisiva de Deus na história humana como
pensam os liberais, mas como instrumento principal da revelação de Deus. Sua vida incorpora uma
missão divina salvadora, por isso é chamado Salvador e Messias. Dessa forma, os ensinamentos
sobre Jesus constituem a porção central do cristianismo. Na verdade, para o cristianismo bíblico,
Jesus é Deus que se fez carne e osso.
b) A respeito de Deus. A fé cristã é teísta, ou seja, acredita que Deus não somente criou como
pensa o deísmo, mas também que mantém contínuo interesse pela sua criação. Dessa forma, Deus
guia a história da humanidade como um todo e individualmente. Assim, Ele intervém na história da
humanidade, recompensando e punindo, revelando Sua vontade a santos e profetas, tendo em
vista Seu propósito final para o ser humano. Evidentemente, está idéia foi herdada do judaísmo onde
encontramos Deus como um ser poderoso, santo, justo, amoroso e bom em grau infinito. Contudo, o
cristianismo O vê menos como o Capitão de um exército e mais como o Pai universal. Disto, deriva
seu conceito quanto a universalidade de Deus em face do Seu interesse por todos os homens.
c) Quanto ao Espírito Santo. Ele está em união e comunhão com o Pai e o Filho. Sua missão
consiste em promover e desenvolver a obra do Filho. Outrossim, Ele vem residir em todos os
crentes individuais a fim de promover sua transformação (Rm. 8:29). Dessa forma, os remidos
compartilharão da natureza divina de uma maneira que o judaísmo jamais imaginou (2 Pe. 1:4).
d) Quanto ao ser humano. Embora criatura de Deus, ele está decaído e necessita de
redenção, isto é, retorno ao estado primitivo, impecável e um avanço pra além desse estado. Tal
avanço, ao menos para os pais alexandrinos da Igreja, seguidos pela Ig. Ortodoxa e Anglicana,
correspondente ao estado eterno que não se caracterizará pela estagnação. Conforme se pode
depreender dos textos petrinos e paulinos, haverá a participação na própria natureza de Cristo e a
glorificação eterna. O alvo da salvação, portanto, seria a participação na natureza divina, de modo
real e finito. Segundo R. N. Champlin, "Isso significa que a Trindade continuará à parte e sem igual, e
que a natureza de Deus será duplicada nos remidos, em graus extraordinários, mas finitos" (grifo
nosso) (Ver 2 Pe. 1:4; Cl. 2:10 e 2 Co. 3:18).
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e) Em relação aos princípios éticos. Embora grandemente endividado com o judaísmo neste
aspecto, devido ao espírito dos Dez Mandamentos retido de muitas maneiras no Novo Testamento e
através dos conceitos compartilhados da queda humana, da redenção, do julgamento e da recompensa
futura, Jesus, como o novo Moisés, aprofundou a Lei, revelando que o mal se inicia e se esconde até
mesmo nos motivos mais íntimos do homem (pensamentos e sentimentos) e não apenas nas suas
ações e atos externos ou concretos (Mt. 5:21-22,28). É importante ressaltar aqui que a virtude do amor
consiste no fundamento de todas as demais virtudes, sendo também universal e resultante da
operação do Espírito de Deus e não da emoção humana. Portanto, para o cristianismo, é através
do amor, com seus princípios éticos, que mantemos comunhão com Deus e somos
transformados segundo a imagem de Cristo.
f) Quanto às Escrituras. Deus, conforme a fé teísta, revelou-Se nas escrituras (Novo e
Antigo Testamentos) que, por isso mesmo, são consideradas sagradas e autoritativas, ou seja, a
autoridade básica sobre a qual está alicerçada a fé cristã.
g) Quanto às crenças relativas aos sacramentos ou ordenanças. A despeito da diferença
conceitual e quanto ao modus operandi do poder espiritual, os cristãos concordam quanto aos
princípios espirituais envolvidos nestas práticas rituais.
5. Uma fé universal.
Referência
4
SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO CEARÁ - STB
PANORAMA DA HITÓRIA DA IGREJA
1. A Plenitude do Tempo.
A "plenitude do tempo" é uma expressão usada pelo apóstolo Paulo, em Gálatas 4:4, para se
referir a uma série de condições políticas, culturais, religiosas e de infra-estrutura ou logística que
permitiram a propagação e a sobrevivência do Evangelho no primeiro século depois de Cristo para que
as Boas Notícias chegassem até nós que vivemos o presente.
Assim sendo, podemos mencionar a chamada pax romana, o sistema viário, o exército romano, a
cultura grega ou helenista, a efervescência religiosa e os exílios ou diásporas dos judeus como situações
que colaboraram para a propagação do Evangelho.
Dessa forma, a pax romana (30 a.C. a 180 d.C.), foi uma política de estado romana que
estabeleceu e impôs, em todos os domínios do seu império, uma paz forçada. Algumas das suas
características ou corolários foram a proteção dos seus domínios dentro das fronteiras do império e,
consequentemente, dos seus súditos contra ladrões e piratas em terra e mar; estabilidade e ordem;
alimentação e jogos públicos às expensas dos impostos e a resultante prosperidade e riqueza. Outrossim,
o sistema viário ou as estradas romanas - que subsistem até hoje - interligaram todos os pontos e
lugares do império, permitindo o trânsito seguro e veloz de pessoas, idéias e mercadorias. Afirma-se
que, durante uma campanha militar, era possível ao exército romano chegar a qualquer ponto do
império em até duas semanas. Este mesmo exército, ou mais precisamente, alguns dos seus soldados
que haviam sido evangelizados - inclusive pelo próprio apóstolo Paulo, conforme registra a Bíblia em Fl.
1:13 e 4:22 - contribuiram para a difusão do Evangelho como, por exemplo, no caso da Grã-Bretanha
quando, tempos depois, a primeira obra missionária enviada a essa região encontrou ali cristãos
professos.
Como já foi mencionado, a cultura e filosofia gregas também prepararam o mundo de então
para o sugirmento e recebimento do Evangelho, fornecendo o idioma universal, o grego koiné; além do
modo de pensar absorvido pela ânsia de verdade, pela busca de identidade (o papel do ser humano no
universo) e pela crença num mundo metafísico: para além da matéria. Outrossim, outro elemento que
contribuiu para a difusão do Evangelho foi a efervescência religiosa com o aparecimento das religiões
de mistério que em seu bojo reuniam elementos das culturas ocidental e oriental, além dos grupos
religiosos dentro do contexto judaico, a saber, os zelotes, os essênios, os farizeus e os saduceus. Os
primeiros, aspiravam por uma revolução bélica ou armada contra roma, os essênios, por sua vez,
anelavam a vinda de um profeta de luz para dissipar o mal. Já os farizeus desejavam um líder
nacionalista que restaurasse a lei e libertasse Israel de Roma e, finalmente, os saduceus que foram,
frequentemente, escolhidos como chefes do sinédrio os quais eram, na verdade, uma espécie de
oportunistas políticos, visto não crerem nas Escrituras.
1
2. As Contribuições de Pedro, João e Paulo.
Abaixo, dispusemos alguns dos pontos mais relevantes na vida e obra de cada um dos três
apóstolos mais conhecidos.
O Novo Testamento atesta o papel ativo, notório e decisivo das mulheres. Assim sendo, elas
apoiaram financeiramente o ministério de Cristo, foram discípulas e cheias do Espírito Santo, abrigaram
a Igreja em suas casas, cuidaram dos pobres, conheceram e explicaram com clareza a verdade bíblica,
foram profetizas, cooperadoras dos apóstolos e realizaram tarefas especiais. Em suma, seu trabalho
complementava as tarefas dos homens e envolvia algumas responsabilidades de liderança. Sua função
era vibrante e fundamental para o progresso constante do Evangelho.
Portanto, o Evangelho reconhece a igualdade entre mulheres e homens e revela que ambos
estão na mesma posição espiritual e privilegiada diante de Deus, estabelecendo, naturalmente, entre os
sexos diferenças funcionais no lar e na Igreja (ver At.5:14, 8:12, 9:2; Gl.3:28; Gn.1:26,27; Ef.5:22,23;
Cl.3:18,19; 1Co.11:11,12, 14:34,35; 1Tm.3:9-15, 5:5,9,10,13,14).
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Capítulo 2 - Os Pais Apostólicos.
1. O termo.
2. Períodos cronológicos.
3. Os escritos dos pais apostólicos.
4. A defesa contra as heresias e a unidade da Igreja.
5. Alguns dos pais apostólicos.
1. O termo.
A palavra "pai" foi o termo de afeição e estima dado aos líderes espirituais da Igreja que
exerciam as funções de presbítero e bispo. Algumas das razões pelas quais eram assim chamados são:
a) Seus escritos visavam promover a devoção e a edificação, além de defender a fé e atacar o
erro, produzindo assim um sistema teológico consistente, embora incipiente.
b) Seu desejo era edificar os santos, exortá-los e dar-lhes a esperança necessária para
perseverar na fé. Por isso, sua obra é devocional, piedosa (estímulo à santidade) e pastoral.
c) Em meio a uma igreja crescente, era demandado destes líderes espirituais aconselhamento,
orientação e instrução para o crescimento espiritual e ação prática dos cristãos no dia-a-dia e no
contexto de uma sociedade pagã. Dessa realidade, deriva-se a ênfase na obediência e na necessidade de
estruturar a Igreja.
Como se pode depreender das razões expostas acima, eram atividades características de quem
assume uma postura ou posição paterna. Daí o seu nome, ou título.
2. Períodos cronológicos.
Outras características dos escritos dos pais apostólicos, além dos já mencionados nos ítens
anteriores, são o profundo compromisso com o Antigo Testamento e a compreensão de que a
nova fé cristã era o cumprimento deste, além disso a pouca reflexão teológica ou análise
doutrinária em face da necessidade premente de edificação e exortação dos cristãos e, novamente, o
caráter devocional, piedoso e pastoral.
Alguns dos seus temas recorrentes são o martírio, o celibato e a importância do batismo.
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5. Alguns dos pais apostólicos.
Seguindo o nosso livro texto, podemos citar o exemplo de cinco pais apostólicos que
enumeramos e caracterizamos a seguir.
5.1. Clemente de Roma (30 - 100 d. C.): Diante de grande perturbação ocorrida na igreja de
Corinto, seus temas recorrentes foram o amor, a paciência, a humildade e a obediência às
lideranças. Ele legou-nos o mais antigo exemplar da literatura cristã extra testamentária ou fora do
Novo Testamento. Sua obra está recheada de citações do Antigo Testamento e das cartas de Paulo,
evidenciando assim o valor destes textos para os cristãos antigos. Outrossim, foi Clemente quem deu
início à idéia de sucessão apostólica (Cristo apóstolos presbíteros).
5.2. Inácio de Antioquia (110 d. C.): Martirizado em razão do seu testemunho cristão, insistia
na interdependência entre os temas do combate às heresias e da unidade da Igreja,
especialmente na batalha contra o docetismo; crença que afirmava ser o corpo de Cristo apenas
aparentemente físico. Também enfatizou a necessidade da submissão à figura do bispo ao mesmo
tempo que defendeu o maior grau de autoridade e superintendência para as igrejas locais.
5.3. O pastor, de Hermas (150 d. C.): É uma obra escrita por um escravo liberto. Seu estilo
é apocalíptico e contêm 5 visões que tratam dos males da civilização decadente, do
arrependimento e da santidade.
5.4. Policarpo (Carta a Filipos - 110 d. C.): Sua obra, que faz uso frequente - como fontes
de autoridade - dos textos do Novo Testamento, comprova o importante fato de que os mesmos já
eram conhecidos e reconhecidos pela Igreja muito antes do estabelecimento formal do cânon.
Policarpo é conhecido na história da Igreja como o mártir ideal, visto que durante o seu
martírio se portou cordialmente com seus algozes sem fazer qualquer tipo de provocação, defendendo
de maneira apaixonada a Cristo e cantando louvores enquanto morria queimado numa estaca. Nele se
cumpre a frase de Tertuliano de Cartago que asseverava ser o sangue dos mártires a semente da Igreja.
5.5. Didaquê, ou o ensino dos doze (séc. II): Como o Pastor, de Hermas, também é uma
obra escrita, mas desta vez em forma de manual contendo um notável retrato ou descrição da Igreja
primitiva quanto às suas práticas de batismo, dos cultos, da santa ceia, de disciplina dos membros, de
detecção de falsos ensinamentos e relativas à santidade a luz da 2a parousia de Cristo.
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Capítulo 3 - A Defesa da Fé.
1. O dualismo gnóstico e maniqueísta.
2. As similaridades entre o gnosticismo, o maniqueísmo e o neoplatonismo.
3. O erro dos conceitos gnósticos sobre Jesus.
4. O Jesus dos ebionistas.
5. A ameaça de Marcião à Bíblia.
6. O erro montanista.
7. As contribuições de Justino, Irineu e Orígenes.
Estas três heresias concordavam entre si quanto ao conceito do dualismo; a idéia de que a
matéria seria má e o espírito bom. Outrossim, harmonizavam-se, ao mesmo tempo que destoavam do
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Evangelho da graça, na medida que faziam com que a salvação dependesse das boas obras, a saber, das
disciplinas espirituais características do estilo de vida ascético tais como o jejum e todo tipo de
negação de prazeres ao corpo.
Embora estas práticas possam ser não apenas úteis, mas necessárias para a disciplina do corpo
com suas paixões ou desejos ardentes, elas não são o caminho para a auto-salvação. Essa visão, não
condiz com a revelação das Escrituras.
O gnosticismo, como dito acima, equivoca-se em seu conceito docético acerca de Jesus,
asseverando que seu corpo era apenas aparente e não realmente físico. Como consequência, negava
também a ressurreição de Cristo.
Ademais, de acordo com o Evangelho, Cristo o logos divino, ou razão divina, foi o Criador de
todas as coisas, além Daquele que mantém a subsistência ou existência de todas elas (Cl.
1:16,17). Portanto, como conciliar o Evangelho com a idéia de um demiurgo gnóstico, ou seja, um deus
menor, ou mesmo um deus maligno que teria criado o mundo material ou físico na visão gnóstica?
Impossível!
A Bíblia, desde Gênesis, ensina que a criação física foi realizada pelo Deus supremo e que, por
princípio e originalmente, é algo muito bom (Gn. 1:10, 12, 18, 21, 25). E, na verdade, a despeito da
queda ou desobediência humana e sua consequente maldição, a criação ou a natureza não perdeu
completamente suas qualidades benéficas das quais a humanidade sobrevive.
Para eles, Jesus teria sido meramente o sucessor profético de Moisés, ou um homem nobre
que cumprira perfeitamente a lei.
Por outro lado, como dualistas e legalistas que eram, praticavam o ascetismo e mantinham
elaborados rituais como meios para a salvação a parte de Jesus, desafiando assim o Evangelho
expiatório ou substitutivo de Cristo que imputa a salvação, gratuitamente, ao homem sem as boas obras
e mediante a fé em Sua pessoa e obra. Como aventado anteriormente, tais obras são resultantes da
salvação e nunca a causa dela.
Partindo da idéia de que existiriam dois deuses; um mau e caprichoso descrito no Antigo
Testamento, também chamado "criador" e outro amoroso e redentor, o "salvador", Marcião
desenvolveu seu próprio cânon, rejeitanto totalmente o Antigo Testamento ao passo que repudiava
segmentos principais do Novo Testamento, aceitando apenas porções do evangelho de Lucas e dez
epístolas de Paulo.
O movimento marcionista fez com que a igreja se detivesse mais cuidadosamente e, portanto,
sistematicamente sobre a natureza da Trindade e o cânon das Escrituras. Justino Martir, por
exemplo, condenou como heresia o conceito de Marcião sobre Deus e defendeu o Antigo Testamento
como Palavra de Deus, evidenciando assim a integridade dela e, dessa forma, a continuidade ou
complementaridade dos dois Testamentos, contribuindo para corroborar ou ratificar sua autoridade
como palavra de Deus ou revelação divina.
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6. O erro montanista.
7.1. Justino Mártir (100 - 165 d. C.). Versado em filosofia, contribuiu para fazer com que o
cristianismo fosse visto como um sistema de pensamento e um estilo de vida muito superiores a
qualquer filosofia ou religião. Outrossim, impressionado com o cumprimento das profecias do Antigo
Testamento em Jesus e condenando o conceito de Deus de Marcião, contribuiu, conforme mencionado
acima, para a integridade da Palavra de Deus a fim de que fosse reconhecida a continuidade entre o
Antigo e o Novo Testamentos. Também contribuiu com sua atitude apaixonada de convencer os
judeus de que Jesus era o Messias profetizado no Antigo Testamento. Suas contribuições podem ser
encontradas ainda hoje em suas obras preservadas, a saber: duas obras denominadas Apologias e outra
entitulada Diálogo com Trifão. Foi martirizado em Roma em 165.
7.2. Ireneu (135 - 202 d. C.). Foi eminentemente contra o gnosticismo. Por isso, atacando o
dualismo gnóstico, argumentou a favor da natureza real do corpo físico de Jesus e da absoluta
importância da ressurreição do corpo físico. Possivelmente, foi um dos primeiros missionários
enviados a França, então conhecida como Gália, visto que, por volta do ano 177, foi identificado
como bispo de Lyon. Suas obras principais foram preservadas, a saber, A Demonstração da Pregação
apostólica e Contra Heresias. Foi um dos primeiros apologista a ter uma visão plenamente desenvolvida
a respeito da autoridade das Escrituras, indicando também a continuidade entre os dois
testamentos. Ele era cristocêntrico, ou seja, reconhecia a Cristo como o próprio centro da teologia,
asseverando que Cristo era a continuidade entre a criação e a redenção, ou seja, o que a
humanidade perdera na criação, é obtido novamente em Cristo. Contudo, em suas obras também
encontramos os gérmens das doutrinas exageradas e/ou heréticas da transubstanciação, do batismo
como perdão dos pecados e da "reverência" ou adoração à Maria.
7.3. Orígenes (185 - 254 d. C.). Considerado o maior erudito da igreja antiga, escreveu a
primeira obra de teologia sistemática da história da Igreja, além de numerosos comentários sobre os
livros da Bíblia. Ao insistir no combate às heresias, dedicou-se em colocar à disposição da Igreja
ferramentas ou obras de estudo bíblico como a monumental Hexapla que continha todo o saber
disponível da época, em um único volume, destinado ao estudo do Antigo Testamento. Também
verificou a exatidão da Septuaginta; a tradução grega do Antigo Testamento. Outrossim, propôs a
centralidade de Cristo no uso do seu método alegórico que usava como instrumento de
interpretação dos textos sagrados para o entendimento das suas partes obscuras. Muito embora, tal
método interpretativo seja, na verdade, muito subjetivo e, portanto, inseguro. Foi também
extremadamente ascético, havendo se submetido a castração. Foi martirizado em 254, por meio de
7
tortura, na perseguição empreendida pelo imperador romano Décio.
Capítulo 4 - A Igreja Antiga e a Teologia.
1. As crenças de Ário.
2. Posições apresentadas no concílio de Nicéia.
3. A obra dos três capadócios.
4. Os erros de Apolinário, Nestório e Êutiques.
5. O concílio de Calcedônia.
6. Agostinho e Pelágio.
1. As crenças de Ário.
Ario foi um presbítero cristão de Alexandria nos primeiros tempos da Igreja primitiva. Ele
acreditava no monoteísmo absoluto, negando assim a deidade de Jesus que, para ele, era um ser
criado. Jesus, portanto, tinha uma essência diferente do Pai. Na sua concepção, Deus, sendo espírito
absolutamente indivisível, jamais se identificaria "verdadeiramente" com a humanidade, visto que
espírito e matéria seriam inconciliáveis.
Portanto, para Ário, a ponte entre Deus e a humanidade seria um ser criado dentro do
tempo. E essa criatura seria Jesus Cristo.
Como podemos observar, Ário esposava o conceito dualista a respeito da criação física que o
levou a adotar não a visão docética quanto a encarnação de Cristo, mas à negação da doutrina da
Santíssima Trindade. Portanto, ao afirmar que Deus (espiritual) jamais se identificaria
verdadeiramente com a humanidade (material), negou a divindade de Cristo.
O referido concílio reconheceu que a posição que mais se aproximava da verdade, de acordo
com as Sagradas Escrituras, era a posição de Atanásio, sendo portanto, adotada formalmente pela Igreja.
Para explicá-la, Atanásio usava três expressões esclarecedoras, referindo-se às pessoas da Santíssima
Trindade, a saber, co-iguais, co-essenciais e coeternas (Ver 1Pe 1:3 e Ef. 1:4,7 e 13).
Também é importante registrar que Atanásio estabeleceu uma forte relação entre as doutrinas
da Trindade e da salvação, fazendo com que a salvação dependesse do reconhecimento e aceitação
da deidade de Jesus Cristo. Portanto, conforme Atanásio, as Escrituras testemunham que a divindade
de Jesus Cristo e a salvação da humanidade decaída estavam indivisivelmente interligadas,
visto que somente Deus poderia ser o salvador desta mesma humanidade.
Realmente, podemos observar no Antigo Testamento, no simbolismo do sistema sacrificial
mosaico, através do livro de Rute que trata do princípio e da lei do parente remidor, além das profecias
messiânicas proferidas pelos profetas hebreus e por inúmeras passagens do novo testamento a
necessidade de que o salvador deveria ser perfeito e poderoso como Deus para perdoar e salvar a
humanidade (Ver Hb. 7:26; Jo. 8:24, 28 e 58; Cl. 1:13-17).
8
3. A obra dos três capadócios.
Os três capadócios (séc. IV d. C.) foram três amigos, sendo dois deles irmãos de sangue, que
estudaram juntos nas universidades de Alexandria e Atenas e que, em graus distintos, se tornaram
filósofos, místicos e monges, além de líderes da igreja oriental. Defensores apaixonados do credo
niceno, conforme formulado por Atanásio, conjuntamente a uma série de debates e concílios sobre o
tema da Trindade, contribuíram para a vitória sobre muitas heresias que negavam o Deus trino.
Tão importante foi sua contribuição que, até o século XVIII, suas obras forneceram a estrutura
definitiva para o pensamento e o discurso sobre o mistério da Santíssima Trindade.
De acordo com o nosso livro texto e estruturando uma breve síntese de suas contribuições para
o tema em questão, temos:
1) Basílio de Cesaréia (330 - 379 d. C.). Observou a diferença que, necessariamente, deveria
ser feita entre as palavras "essência" e "pessoa" ao tratarmos da doutrina referente à Trindade.
Visto que a primeira palavra identifica a Deus como Deus; sua onipontência, onipresença e oniciência.
Enquanto que a segunda, refere-se às distinções internas dessa essência. Fazendo essa distinção,
portanto, podemos corretamente dizer "Deus, o Pai", "Deus, o Filho" e "Deus, o Espírito", afirmando
simultaneamente Sua unicidade ou indivisibilidade.
2) Gregório de Nazianzo (329 - 389 d. C.). Este observou que a diferença entre as Pessoas
da Trindade é relacional, isto é, o Pai, na relação trinitária, sempre será o Pai, o Filho sempre será o
Filho e o Espírito sempre será o Espírito. Outrossim, asseverou que as relações entre as Pessoas da
essência única sempre são intermediadas pelo amor e pela comunicação.
3) Gregório de Nissa (330 - 394 d. C.). Irmão de Basílio, por sua vez, ratificou que a
distinção entre as três Pessoas se baseava nas relações interiores entre Elas e, acrescentou também,
que cada uma Delas tinha a sua função distinta na obra da salvação da humanidade. Assim sendo, o
Pai escolhe, o Filho redime e o Espírito sela.
Reunindo, num só bloco conceitual as contribuições individuais dos amigos capadócios, temos
a essência da declaração formal e oficial da Igreja quanto à doutrina da Trindade, segundo explicita o
autor do nosso livro texto:
9
remidor, norma esta plasmado no livro de Rute, entre outros textos das Sagradas Escrituras, percebe-se
que além de Deus, o salvador do gênero humano também deveria identificar-se completamente com
este ser humano na sua humanidade, implicando assim que ele deveria, necessariamente, ter um corpo
físico para oferecer em sacrifício pelos pecados de todos (Ver Hb. 4:15; 10:4-7, 10).
Nestório, patriarca de Constantinopla que ocupava posição de destaque na igreja antiga e
pertencente a escola antioquena de teologia (influenciada por Aristóteles), por sua vez comparava as
duas naturezas de Cristo com gêmios siameses, fazendo assim uma estrita diferenciação ou
separação entre as mesmas. Além disso, ele afirmava que a única ligação entre ambas seria a
vontade divina, numa espécie de união artificial. Supostamente, ele pensava dessa forma porque
não conseguiria conceber a divindade se envolvendo no sofrimento e nas contigências ou vicissitudes
humanas. Muito embora, estudiosos modernos não estejam certos se Nestório, de fato, pensasse assim.
Finalmente, Êutiques, um monge de Constantinopla, propunha uma espécie de mescla ou
mistura entre as duas naturezas de Cristo, resultando numa terceira nem plenamente divina
nem plenamente humana e, para isso, usava a metáfora de algumas gotas de óleo em água. Não
havendo, portanto, uma distinção clara entre as duas naturezas.
Todas estas tentativas de explicar o mistério da chamada união hipostática foram, contudo,
insuficientes para dar conta do que se observava nas Escrituras a respeito de Jesus onde as duas
naturezas (divina e humana) pareciam estar em perfeita comunhão de tal modo que, em
qualquer momento de sua vida, Ele era tanto Deus quanto homem.
Esta discussão nos faz lembrar da lei natural, observada pela física newtoniana, que afirma com
obviedade, que dois corpos físicos ou materiais não podem ocupar o mesmo espaço simultaneamente.
Lembra-nos também a crítica feita pela igreja oriental ao pensamento típico do mundo ocidental. Tal
crítica asseverava que, nós ocidentais, somos muito racionais, exigindo explicação, nos seus mais
mínimos detalhes para tudo. Como se fôssemos incapazes de suportar o desconhecido ou os mistérios
de Deus e os limites do nosso conhecimento. Esta crítica, por sua vez, remete-nos a Sto. Anselmo que
afirmava a necessidade de usar a razão ao máximo, até o seu limite para tentar entender os mistérios de
Deus e, ao chegar nesse limite, ajoelhar-se em humilde e reverente adoração diante do desconhecido ou
supraracional.
5. O concílio de Calcedônia.
10
6. Agostinho e Pelágio.
Agostinho de Hipona (354 - 430 d. C.), conhecido universalmente como Santo Agostinho, foi
um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros anos do cristianismo cujas obras
foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e da filosofia ocidental. Ele era o
bispo de Hipona, uma cidade na província romana da África.
Por sua vez, "Pelágio da Bretanha (350 - 423 d. C.) foi um monge ascético, nascido
provavelmente na Britânia (província romana)".
Numa breve comparação entre os dois, podemos observar opiniões simetricamente antagônicas
ou opostas quanto a pontos importantes ou centrais da fé cristã. Agostinho, por exemplo, defendia o
evangelho da graça e sua teologia era centrada em Deus. Enquanto Pelágio, por sua vez, falava da
salvação pelas obras e centrava sua teologia no homem. Para Agostinho, só Deus pode salvar o
homem. Para Pelágio, o homem tem a capacidade de salvar a si mesmo. Para Agostinho, o gênero
humano está maculado pela culpa e pela currupção advindas do pecado original, mas para
Pelágio, não existiria pecado original. Agostinho cria na eleição e predestinação, enquanto Pelágio
se referia ao livre-arbítrio.
Outras crenças de Agostinho estavam relacionadas com a soberania e providência de Deus.
Outrossim, ele considerava o livre-arbítrio apenas para resolver ou explicar a existência do mal
no mundo, fazendo do livre-arbítrio a porta de entrada para o pecado. Quanto a escatologia,
devido à sua prática ascética, ele nao acreditava que Deus, no futuro, estabeleceria um reino
paradisíaco milenial. Pensava ele que tal reino já estaria vigente na sua época.
Referências
ECKMAN, James P. Panorama da História da Igreja (Curso Vida Nova de Teologia Básica). São Paulo: Edições Vida Nova, 2005, 136p.
11
SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO CEARÁ - STB
PANORAMA DA HITÓRIA DA IGREJA
Antes de entrar especificamente nos tópicos acima enumerados, é útil - como faz o nosso livro
texto - expôr um panorâma sintético da Era Medieval. Portanto, em suma, esta se caracteriza pelo
colapso do império romano do ocidente, visto que devido a invação dos povos bárbaros ou
germânicos, no séc. V d. C., em 476, suas estruturas política, econômica, sociais, morais e intelectuais
ruíram, sobrando apenas a Igreja Cristã. Fato este que, na nossa opinião, apesar dos eventos humanos
ou devido a eles mesmos, parece-nos uma obra de juízo e livramento inconteste de Deus. Portanto, a
Igreja, ocupando o vácuo deixado pela queda do império se fortaceu com o reconhecimento da
legitimidade das suas instituições tais como o papado e o monasticismo. Contudo, quanto mais a Igreja
crescia em influência e poder político, mais aumentava sua corrupção e ineficiência numa relação,
não necessária, mas diretamente proporcional entre estas duas realidades. Fato este que abriu terreno
para a chegada da Reforma que teve início dentro da própria igreja católica, mesmo antes de Lutero.
Finalmente, outro efeito da queda do império romano do ocidente, mais especificamente devido ao
vácuo militar que ele deixou, observamos também o fenômeno da expansão do islamismo no
continente europeu.
Embora Gregório tenha recusado o título de Papa, na prática assumiu suas funções. Vejamos
algumas razões que justifica asseverar que este foi o primeiro Papa:
1a) Organizou administrativamente o sistema de governo papal;
2a) Os principais bispados do ocidente se voltavam para ele em busca de orientação e liderença;
3a) Padronizou a liturgia e a teologia típicas da Igreja Católica como a conhecemos hoje, a saber,
a veneração à Maria, o dogma do purgatório, da transubstanciação, as orações aos santos, etc;
4a) Promoveu a atividade missionária entre as tribos germânicas, aumentando assim sua
influência;
5a) A doação de Pepino, o Breve, de grande extensão de terras no centro da Itália,
transformando a Ig. Católica num poder temporal e político na Europa;
6a) E a confecção de um documento falso relativo a uma suposta contribuição de Constantino à
Igreja que também atribuiu poder e autoridade ao bispo de Roma.
1
ao cristianismo) que se instalou na Igreja durante o império de Constantino. Este movimento foi
organizado em comunidades por São Bento de Núrsia que estabeleceu regras específicas tais como as
da probreza, castitdade e obediência a Cristo.
Como resultado surgiram os mosteiros que eram lugares de adoração, devoção, oração e estudo;
verdadeiros oásis em meio ao terror e decadência pagãs. Os monges escreviam cópias das Escrituras e
dos clássicos cristãos primitivos e preservavam os clássicos seculares da filosofia grega. Outrossim, os
mosteiros foram os únicos centros educacionais em grande parte da era medieval. Em suma, os
mosteiros eram lugares de educação, hospitalidade e esforço missionário. Deles, posteriormente,
no séc. XIII, surgiram as universidades. Portanto, antes do surgimento das universidades, eram os
mosteiros que desempenhavam papéis essenciais na preservação e difusão de conhecimentos.
3. Bonifácio e Patrício.
3.1. Bonifácio (672 a 754). Seu nome verdadeiro era Winfrid. Educado em escola monástica,
possuía domínio das Escrituras e habilidades ministeriais de ensino e administração. Ele foi usado por
Deus para:
a) Realizar Sua obra missionária na Alemanha, a partir da Frísia. Através desta obra levou
milhares de pagãos germânicos a Cristo e plantou um grande número de igrejas onde, até então, só
havia paganismo idólatra.
b) Organizou a florescente igreja germânica. Prezando pela instrução, disciplina e pureza do
clero, limpou a Ig. Romana dos cléricos preguiçosos e incompetentes, além dos rituais do paganismo
germânico. Outrossim, enviou missionários voluntários da Inglaterra (muitos eram mulheres) para a
Alemanha.
c) Estabeleceu monastérios por toda Alemanha.
3.2. Patrício (389 a 461). Alguns eventos de sua vida e obra são importantes, a saber:
a) Como ministro intinerante que compreendia a dinâmica evangelística da fé cristã e movido
pela compreensão de que somente a fé em Cristo era capaz de trazer a paz para a terra irlandesa,
atribulada pelas guerras tribais, desenvolveu uma estratégia para ganhar os líderes das tribos.
b) Como resultado, milhares de reis e senhorios locais se tornaram cristãos. Algumas estimativas
sugerem mais de 100 mil conversões em decorrência do seu ministério.
c) Outro resultado foi o surgimento da igreja irlandesa que se tornou conhecida pelo envio de
missionários. Dela surgiu Columba (521-597); um dos maiores missionários da história da Igreja.
Em fim, Deus usou Patrício para transformar a Irlanda de uma terra saturada de magia e
práticas ocultistas dos druidas em um lugar dedicado a Cristo e a Seu reino.
4. A expansão islâmica.
Criada por Maomé (570 - 632), a religião islâmica teria sido revelada a ele pelo anjo Gabriel.
Tais revelações teriam sido transcritas e, posteriormente, resultado no livro chamado Alcorão. Sua
escritura sagrada.
Para que uma pessoa se torne islâmica ou mulçumana e seja considerada como alguém que se
submete a Deus, deve declarar ou recitar o chamado "Testemunho", isto é, o ponto central do Alcorão
que afirma a existência de um único Deus, Alá e que Maomé é seu profeta.
Além deste pilar, sua fé consiste de outros 4 pilares, a saber:
1o) Orar 5 vezes ao dia. Cada oração não toma mais do que poucos minutos. As orações são
feitas na alvorada, meio-dia, meio da tarde, pôr-do-sol e noite e podem ser feitas nos mais diversos
lugares;
2o) Dar esmolas aos pobres. Também chamado pagamento do Zakat que significa purificação e
crescimento. A porcentagem doada é calculada de acordo com um referencial específico. Noentando, a
pessoa pode doar tanto quanto quiser como caridade voluntária;
2
3o) Jejuar no mês de Ramadã. Mais precisamente, o jejum é feito por cerca de 29 dias entre o
nascer e o pôr do sol. O dia começa com o suhoor, uma refeição feita ainda de madrugada, e termina
com o iftar, a refeição que quebra o jejum do dia;
4o) Fazer ao menos uma peregrinação (Hajj) à Meca, uma vez na vida. É uma obrigação
demandada daqueles que são física e financeiramente capazes de realizá-la. Um dos rituais do Hajj
consiste em circungirar a Caaba sete vezes. A Caaba é uma grande construção em forma de cubo para a
qual os muçulmanos se voltam quando em oração. Ela teria sido o local de adoração que Deus ordenou
que os profetas Abraão e seu filho, Ismael, construíssem.
Em suma, sua teologia concentra-se em ganhar o favor de Alá pela prática da fé, ou pelas
obras. E sua rápida expansão na Idade Média, por sua vez, pode ser explicada pelo vácuo militar
deixado pelo colapso do império romano ocidental e pela prescrição, feita pelo Alcorão, da jihad ou
guerra santa contra os infiéis, ou seja, todo aquele que não crê em Alá e seu profeta.
Segundo o nosso livro texto, as razões para a separação da Igreja em ocidental e oriental foram
as seguintes:
a) Os ramos oriental e ocidental da Igreja enfrentaram circunstâncias diferentes. Enquanto a
parte oriental da Igreja sofria a interferência do chefe do império romano do oriente nas questões
internas da igreja, a parte ocidental desfrutava do ganho ou aumento do poder dos papas.
b) As duas partes da Igreja apresentavam posições diferentes em diversas questões, tais como: a
data da celebração da páscoa, o celibato do clero, o uso de estátuas e imagens e a procedência ou
origem do Espírito Santo.
c) Finalmente, o aumento da hostilidade recíproca nas suas relações que resultou no surgimento
de sentimentos amargos e lembranças das diferenças do passado.
Os turcos seljúcidas, muito mais fanáticos e brutais que os árabes, tornaram-se muçulmanos e
passaram a controlar grande parte do território dos árabes, incluindo a Palestina e seus lugares sagrados
para o cristianismo.
Estes novos convertidos da religião islâmica atormentavam os peregrinos cristãos e ameaçavam
a segurança da igreja oriental. Portanto, o Papa Urbano II conclamou a Europa cristã para lutar em
favor da libertação dos lugares sagrados. A resposta foi contundente e, de 1095 a 1291, ondas de
guerreiros cristãos saíram para realizar o objetivo do referido Papa.
Das dezenas de cruzadas, sete são consideras as principais e destas apenas uma foi bem-
sucedida. Os resultados, discriminados abaixo, foram:
a) Sucesso da primeira cruzada com o consequente estabelecimento do reino latino em
Jerusalém que durou várias décadas. Posteriormente, a palestina foi reconquistada pelos muçulmanos
que expulsaram os cristãos.
b) Transformações radicais na europa de ordem cultural (novos alimentos e roupas),
educacional (livros do mundo antigo), econômica (reavivamento do comércio e enriquecimento ou
incremento da riqueza da igreja devido aos testamentos dos soldados mortos e o surgimento da classe
média) e política (aumento das taxas que fortaleciam o poder dos reis).
c) As cruzadas foram o momento de definição da igreja medieval. A lealdade das pessoas não
estava mais direcionada unicamente à Igreja. Com o passar do tempo, a Igreja simplesmente deixou de
ser tão importante quanto fora no passado.
3
estudiosos e teólogos cristãos que desenvolveram grandemente as respostas às questões-chave do
cristianismo relativas à relação entre fé e razão e à razoabilidade ou racionalidade da fé cristã.
7.1. Anselmo de Cantuária (1033 - 1109). Apresentou argumentos racionais a favor das
proposições teológicas já abraçadas como verdade pela fé e estabeleceu a razão como uma
ferramenta para compreender e fortalecer a fé. Contudo, para ele, a fé precede e guia a razão. Também
forneceu provas racionais para a existência de Deus e razões muito sérias para se considerar Deus
auto-existente, incorpóreo, todo-poderoso, compassivo, justo e misericordioso. Além disso,
demonstrou o relacionamento fundamental entre a encarnação de Deus, o Filho, e a expiação
que realizou pelo pecado. Argumentou que a expiação de Cristo satisfez infinitamente a Deus.
7.2. Tomás de Aquino (1225 - 1274). Em sua obra principal (Suma Teológica) afirmou que o
raciocínio filosófico e a fé são complementos perfeitos e que a razão leva a pessoa ao "vestíbulo da
fé". Outrossim, deu apoio fundamental às doutrinas distintivas da fé cristã, incluindo os atributos
de Deus, a ressurreição e a criação do mundo ex nihilo (criação a partir do nada).
8. As razões da Reforma.
Algumas das principais razões que justificaram e abriram o caminho para a Reforma Protestante
estão relacionadas abaixo:
8.1. Levantes internos e notáveis pressões de fora diminuíram a credibilidade e legitimidade
da Ig. Catórica Romana. Foi a chamada crise de credibilidade da Igreja.
8.2. A ocorrência do chamado cativeiro babilônico da Igreja, isto é, a transferência do
papado para Avignon, na França, em 1309. Este evento resultou no chamado Grande Cisma (1378 -
1417), ou seja, a tentativa de resolver este problema, com a eleição de dois papas: um em Avignon e
outro em Roma. Porém, a solução definitiva viria somente no Concílio de Constança. Contudo, tudo
isso levantou sérios questionamentos sobre a autoridade da instituição papal, aumentando assim a
divisão entre os líderes da igreja.
8.3. A corrupção e a fraude que campeavam na igreja por meio de práticas como a simonia
(comércios dos ofícios sagrados da fé), a prodigalidade nos gastos com as denominadas relíquias e os
lucros sobre estas.
8.4. A difusão do misticismo. A Irmandade da Vida Comum, por exemplo, soprou nova vida
espiritual na Igreja, prefigurando ou antecipando as reformas do séc. XVI.
8.5. A disponibilidade da Bíblia no idioma corrente do povo. Wycliffe, por exemplo, fez uma
tradução da Vulgata e escreveu panfletos argumentando contra as doutrinas típicas do catolicismo
relacionadas ao ensinamento bíblico de Cristo como o cabeça da Igreja e a transubstanciação.
8.6. Outro motivo, foram as mudanças surpreendentes do mundo no séc. XVI, tais como, o
surgimento das nações-estado modernas que rivalizavam com a Igreja pelo poder temporal, as grandes
descobertas feitas pelas navegações, a renascença ou movimento cultural renascentista e as obras do
humanista cristão Desidério Erasmo, mais conhecido como Erasmo de Hotterdan que escreveu o
Elogio da Loucura e uma versão precisa do Novo Testamento em grego.
4
Capítulo 6 - A Igreja da Reforma.
1. O dia 31 de outubro de 1517.
2. Discordâncias de Lutero com a Ig. Católica Romana.
3. A contribuição de Zuínglio.
4. O papel de Calvino como líder em Genebra.
4.1. TULIP.
5. O anabatismo.
6. A reforma inglêsa.
7. John Knox.
Foi nessa data que teve início a Reforma Protestante quando da fixação das 95 teses de
Martinho Lutero na porta da capela do castelo de Wittenberg. A rigor, a intenção de Lutero não era sair
ou romper totalmente com a Ig. Católica Romana, mas promover a reforma da Igreja através do debate
das suas teses. Tanto que, até o final de sua vida, Lutero venerou à Maria e assumiu uma postura avessa
aos judeus conforme a tradição teológica e cultural da Ig. Católica na época. Nas suas teses, ele
argumentava que as indulgências não poderiam remover a culpa, que não se aplicavam ao purgatório e
que atribuíam uma falsa sensação de segurança. Aproveitando o ensejo, para uma visão realista de
Lutero e dos reformadores recomendamos o seguinte texto que pode ser encontrado no endereço:
http://juliosevero.blogspot.com.br/2013/10/martinho-lutero-mais-catolico-do-que.html.
De acordo com o nosso livro texto, no período entre 1517 a 1521, a teologia de Lutero já
apresentava forte caráter não-católico. Assim sendo, argumentava ele:
1. Que as Escrituras prescrevem apenas 2 ordenanças: o batistmo e a ceia do Senhor.
2. Que rejeitavam o dogma católico da transubstanciação.
3. Que a origem da justificação era a fé somente. Portanto, para a salvação as obras não
desempenhavam qualquer papel.
3. A contribuição de Zuínglio.
Zuínglio não concordava com a consubstanciação defendida por Lutero que afirmava a
presença de Cristo "em, com e sob" os elementos da ceia do Senhor e que a participação nesta
ordenança fortalecia espiritualmente o crente. Por outro lado, tampouco concordava com a
transubstanciação que via na Ceia um sacramento e não uma ordenança e asseverava a transformação
real - em corpo e sangue de Cristo - dos elementos da ceia do Senhor. Ele argumentava que, pelo fato
do corpo de Cristo não estar mais presente na terra, Suas palavras deveriam ser entendidas de maneira
simbólica e não literal. Portanto, os elementos representavam o corpo de Jesus e a comunhão era,
simplesmente, um memorial. Em outras palavras, era uma ordenança que não atribuía graça ou poder
ao comungante por si mesma, mas promovia a lembrança benéfica de verdades espirituais como o
sacrifício expiatório do Senhor e seus efeitos para a vida do crente.
O conselho da cidade de Genebra o apontou como líder da Reforma, contudo, ele nunca
ocupou um cargo político. Pelo contrário, Calvino criou um impressionante programa de pregação e
ensino. Ele pregava todos os dias. Outrossim, estabeleceu uma academia para a preparação dos
jovens e organizou o cuidado aos pobres e aos idosos. Seu objetivo era fazer de Genebra uma
5
"comunidade santa", uma comunidade de doutrina e prática modelo para a Reforma onde as leis
divinas seriam as leis humanas.
Genebra se tornou um abrigo para os refugiados protestantes de toda Europa católica que ao
retornarem para seus países levavam consigo a teologia de Calvino. Daí se explica a notável expansão
do calvinismo por todo mundo ocidental. Como estudioso das Escrituras, Calvino foi o fundador da
moderna exegese histórico-gramatical.
Em face de suas atividades, percebe-se seu papel de doutor e mestre da reforma protestante.
4.1. TULIP.
5. O anabatismo.
Foi um movimento religioso que compreendia um grande número de grupos reformadores que
adotavam conceitos bastante radicais nos aspectos sociais, políticos, econômicos e religiosos, além
de enfatizarem o batismo de crentes conscientes em oposição ao batismo infantil.
Entre suas crenças, podemos mencionar:
a) Compartilhavam as mesmas doutrinas protestantes, de conformidade com a Bíblia, quanto a
Trindade, a justificação pela fé e a expiação.
b) Como já foi dito, defendiam o batismo de crentes com consciência suficiente para
entenderem o que estavam fazendo, opondo-se, portanto, ao batismo de crianças.
c) Defendiam o conceito da Igreja unida por laços fraternos em substituição à igreja estatal.
Consequentemente, também defendiam a separação entre a Igreja e o estado.
d) Alguns deles criam que os cristãos deveriam viver em comunidades onde
compartilhariam todos os seus bens e posses materiais.
e) Apoiavam a não-resistência violenta e, por vezes, o pacifismo, isto é, a filosofia de
oposição à guerra.
f) Pregavam uma forma rígida de disciplina eclesiástica.
Conrad Grebel e Felix Manz, dois discípulo de Zuínglio, podem ser considerados os fundadores
do movimento anabatista. Pelo fato de suas crenças serem claramente antagônicas em relação às de
Zuínglio e do conselho da cidade, os anabatistas foram multados, aprisionados e martirizados pelas
autoridades suiças.
6. A reforma inglêsa.
Apesar dos trabalhos de Wyclife e dos seus seguidores os lollardos, e a despeito das obras de
William Tyndale e Mile Coverdale (estes dois últimos realizaram traduções da Bíblia) e dos escritos de
Lutero que circulavam pela Inglaterra, o catalizador da ruptura com Roma foram os problemas
matrimoniais do rei inglês Henrique VIII. O Papa recusou-se a anular o seu casamento e, em 1534, o
rei removeu a Igreja na Inglaterra da jurisdição papal e se autoproclamou chefe da igreja da Inglaterra.
Por sua vez, em face da luta pelo controle da Inglaterra entre católicos e protestantes, a rainha
6
Elisabete I, filha de Henrique VIII, optou por um caminho mediano construído sobre a unidade
nacional e não sobre considerações teológicas. Sua solução foi que a igreja Anglicana seria protestante
em sua teologia e católica nos seus rituais. Com essa medida, apesar de neutralizar o catolicismo
naquele país, não satisfez seus mais ardorosos críticos, os puritanos.
7. John Knox (1514 a 1572). Foi um reformador escossêz "revolucionário" pela causa de Cristo. Viveu
sob o reinado de Maria Tudor, cognominada Maria, a sanguinária, uma católica convicta. Nesse período
da história, ele se uniu às forças reformistas leais a Thomas Cranmer, atuando como evangelista
intineário.
Outrossim, estabeleceu relacionamentos próximos, em Genebra, com Calvino e outros
reformadores e ajudou a traduzir a importante Bíblia de estudos de Genebra.
Também escreveu a obra Primeiro clarim contra o monstruoso governo de mulheres que
proconizava a deposição de Maria Tudor, baseando-se no direito dos cidadãos e no texto de 2 Reis 11
que trata do governo, em Israel, de uma mulher assassina e cobiçosa chamada Atalia.
Tornou-se o líder da causa protestante na escócia; o coração e a alma das forças
protestantes, recrutando soldados e como espião do governo Inglês durante a guerra civil. O novo
parlamento escossês, que surgiu dessa guerra, adotou a "Primeira Confissão Escocesa" escrita por
Knox e outros.
7
Capítulo 7 - A Igreja Católica Romana Responde.
1. O início da contra-reforma.
2. Os jesuítas.
3. O Papa do concílio de Trento.
4. A profissão de fé tridentina.
5. A guerra dos 30 anos.
1. O início da contra-reforma.
Podemos dizer que a reforma dentro da Ig. Católica Romana precedeu a Reforma de Martinho
Lutero porque, já em 1474, a rainha Isabel, da Espanha, trazia consigo o grande desejo de reformar o
catolicismo espanhol o que, rapidamente, ganhou a aprovação papal.
Dessa forma, após a expulsão dos muçulmanos da Europa e o incremento da piedade e do
misticismo medievais, juntamente com o cardeal Francisco Ximenes, a rainha Isabeu decidiu limpar os
mosteiros e conventos espanhóis, exigindo a renovação dos votos monásticos, enfatizando a
pobreza entre o clero, reforçando a necessidade de um clero instruído e purgando os mosteiros da
corrupção e da imoralidade, além de declarar a supremacia das Escrituras sobre a tradição da
igreja através da publicação, em 1520, de uma edição multilíngue da Bíblia.
2. Os jesuítas.
A Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola em 1534, foi importante para a Contra-
Reforma porque, seguindo um modelo militar, respondeu de maneira rápida e eficaz aos desafios e às
oportunidades da Ig. Católica frente à ameaça protestante.
A missão dos jesuítas dividia-se em três partes: a educação, a luta contra as heresias e as missões.
Por meio de seus ensinamentos, pregações e missões, eles reconquistaram o controle de partes da
Alemanha e Europa central, além de haverem batizado milhares de pessoas na fé católica em suas
missões no Japão, no extremo Oriente, nas Índias Orientais e em partes da América do Norte.
Além destes instrumentos, eles fizeram uso de duas armas: o Index Librorum Prohibitorum (Índice
de livros proibidos) e a Inquisição. A primeira consistia numa lista de livros que os católicos estavam
proibidos de ler, enquanto a inquisição raramente seguia o devido processo e, frequentemente, valia-se
de tortura. Ela também envolvia a confissão, a retratação, a prisão e a execução. A inquisição foi bem
sucedida em países como Espanha, Portugal, Itália e Bélgica.
O Papa Paulo III foi aquele que convocou o concílio de Trento em 1545. Era uma pessoa
enigmática, visto que parecia confiar mais na astrologia que na teologia, além de ser imoral. Contudo,
também foi um reformador. E, como tal, reconheceu legalmente, em 1540, a Companhia de Jesus,
escolheu cardeais dedicados e organizou um comitê para investigar abusos e recomendar reformas.
À propósito, foi esse o concílio que afirmou: "Se alguém diz que o pecador é justificado apenas
pela fé [...] seja considerado anátema."
4. A profissão de fé tridentina.
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necessários à santificação, além de reafirmar a transubstanciação, a natureza sacrificial da missa e a
aceitação exclusiva da Bíblia latina, a Vulgata.
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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO CEARÁ - STB
PANORAMA DA HITÓRIA DA IGREJA
TRABALHO: Questionário.
Estudante:_____________________________ Data___/___/___
1) Houveram três tipos de líderes na Igreja primitiva, antiga e medieval, ou seja, os Pais Apostólicos
(95-150 d.C.), os Apologistas (150-300 d.C.) e os teólogos (300-600 d.C.), respectivamente. O que
caracteriza cada um destes? Marque a(s) opção(ões) correta(s).
a. ( ) Seus escritos eram devocionais, piedosos e pastorais e visavam a edificação da Igreja; para aqueles
outros o objetivo era apenas o ataque aos erros e, quanto aos últimos, suas obras eram de natureza
teológica e sistemática.
b. ( ) Seus escritos eram devocionais, piedosos e pastorais e visavam a edificação da Igreja; para aqueles
outros o objetivo era a defesa da fé e o ataque aos erros e, quanto aos últimos, suas obras eram de
natureza filosófica e sem apoio bíblico.
c. ( ) Seus escritos eram de natureza teológica e sistemática; para aqueles outros o objetivo era piedoso
e pastoral, visto que visavam a edificação da Igreja e, quanto aos últimos, suas obras objetivavam a
defesa da fé e o ataque aos erros.
d. ( X ) Seus escritos eram devocionais, piedosos e pastorais e visavam a edificação da Igreja; para
aqueles outros o objetivo era a defesa da fé e o ataque aos erros e, quanto aos últimos, suas obras eram
de natureza teológica e sistemática.
e. ( ) Os ítens "a" e "d" estão corretos.
3) De acordo com Atanásio, o que a humanidade decaída deveria reconhecer e aceitar para que fosse
salva no que se refere à natureza de Jesus Cristo?
4) Relacione as colunas.
( F ) Co-iguais, co-essenciais e coeternas.
a. Plenitude do Tempo (Gl. 4:4). ( G ) 3 pessoas; 1 essência; eternamente o Pai,
b. Pais Apostólicos (95 -150 d. C.). eternamente o Filho, eternamente o Espírito que
c. Pedro, João e Paulo. escolhe, redime, sela respectivamente.
d. Dualismo e docetismo. ( B ) Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, O
pastor, de Hermas, Policarpo, Didaquê, ou o
ensino dos doze.
f. As palavras de Atanásio. ( A ) A pax romana, o sistema viário, o
e. As 3 posições no Concílio de Nicéia (325 d.C.). exército romano, a cultura grega ou helenista, a
efervescência religiosa, os exílios ou diásporas
g. Os amigos capadócios. dos judeus, etc.
( E ) Jesus possuía essência diferente do Pai
(Ário), a mesma essência do Pai (Atanásio) e
essência semelhante a do Pai (conciliatória).
( D ) Separação total entre a matéria má e o
espírito bom. O corpo de Jesus teria apenas
mera aparência física.
( C ) Ultrapassou o judaísmo; após sua
libertação realizou discipulado em Éfeso;
provocou a distinção entre cristianismo e
judaísmo e promoveu a justificação pela fé,
respectivamente.
a. Reconheceu que Jesus não era completamente humano, visto que sua "alma racional" teria sido
suplantada ou dominada pelo Logos* divino.
b. Reconheceu que as duas naturezas de Cristo eram como gêmios siameses, fazendo uma estrita
diferenciação ou separação entre as mesmas cuja única ligação entre ambas seria a vontade divina, numa
espécie de união artificial.
c. Reconheceu que a natureza divina e a natureza humana se uniriam em Cristo numa espécie de mescla
ou mistura que resultaria numa terceira natureza nem plenamente divina nem plenamente humana e,
para explicar isso, usava a metáfora* do óleo em água.
d. Reconheceu que ambas as naturezas de Cristo estão unidas de forma miraculosa e de modo que
nenhuma natureza é danificada, diminuída ou enfraquecida. As duas naturezas são inconfundíveis,
imutáveis, indivisíveis, inseparáveis.
e. Os ítens 'b' e 'd' estão corretos.