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História do Cristianismo

Disciplina

Instituto de Ensino Bíblico Teológico Aliança

Este material didático, é de grande importância para o estudo em seminário, visando a


formação dos futuros líderes e obreiros da Igreja Aliança Evangélica Missionária.
Agradecemos a Deus e ao nosso Senhor Jesus Cristo por este trabalho.
História da igreja
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SUMÁRIO

1. Introdução e Desenvolvimento de Conceitos

1.1 - A Plenitude dos Tempos


1.2 - A sucessão de fatos bíblicos até Jesus
1.3 - Como a história natural convergiu até Cristo
1.4 - Concluindo a “Plenitude dos Tempos”

2 Períodos históricos da igreja

2.1 – A igreja apostólica


2.2 - A igreja perseguida
2.3 - A igreja imperial
2.4 - A igreja medieval
2.5 - A igreja reformada
2.6 - A igreja moderna
2.7 - A igreja contemporânea

Bibliografia

1. Introdução

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História da igreja
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São mais de 20 séculos em que a Igreja Cristã tem estado em atividade. Do primeiro século
da Igreja Cristã até o século XXI, imaginemos uma longa estrada com aproximadamente
2.000 Km e onde cada Km ,existe um marco ligado a vida da Igreja Cristã. Esta estrada
imaginária com 2.000 Km , ou seja 2.000 anos tem alguns pontos decisivos, algumas
divisas ou marcos que vão indicar períodos importantes da história da igreja.

Veja abaixo :

É esta linda e maravilhosa história o qual somos convidados a conhecer.

1.1 - A Plenitude dos Tempos.


A igreja só teve vida, só nasceu porque Jesus Cristo o filho de Deus veio até nós , nasceu,
viveu entre nós, morreu por nós e ascendeu aos céus. Em gálatas 4:4 esta escrito: “Vindo
pois a plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho, nascido de mulher, nascido sob a lei...”.
A plenitude dos tempos foi o tempo ideal e perfeito para vinda de Cristo, momento que
todos os acontecimentos convergiam para um só fato: -A vinda de Cristo e após, o
nascimento da igreja.

1.2 - A Sucessão de Fatos Bíblicos até Jesus.

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 A criação de Adão e Eva: são colocados no jardim chamado Éden (situado


provavelmente na região mesopotâmia), o pecado privou-os do jardim espiritual e
eles passaram a viver na região do crescente fértil.
 Os descendentes de Caim e Sete povoam a terra e o gênero humano se corrompe
( Gen. 6:5) .
 Deus manda um dilúvio universal do qual são salvos Noé e sua família ( Gen. 7:1),
a arca parou no monte Ararat (Gen.8:4).
 Sem, Cão e Jafé , se tornaram precursores da nova civilização que se inicia (Gen.
10:1).
 O povo se reúne em torno do objetivo de construir um grande marco em
homenagem a glória e vaidade humana : a Torre de Babel ( Gen. 11:31 ) , as língua
são confundidas ( Gen. 11:7 ).
 O povo é disperso e desta maneira saem famílias que vão povoar as várias regiões
da terra (Gen. 11:8).
 Deus em seu intuito de prover para si um povo seu, separado chama para si um
homem da terra de Ur dos Caldeus: Abraão (Gen. 11:31 ).
 Abraão vai de Ur dos Caldeus para Hara com sua família e depois com sua casa e
a casa de Ló , parte para Canaã (Gen. 12:4).
 Inicia-se o período Patriarcal: Isaque, Jacó.
 Temos o nascimento dos filhos de Jacó , semente da futura nação Israelita e a ida
forçosa de José ao Egito como escravo.
 José se torna governante no Egito e Jacó já idoso fica sabendo da notícia e desce
com toda a sua casa ao Egito e habitam na terra de Gozem.
 Mais ou menos 400 anos depois, levanta-se um novo governante no Egito que
escraviza o povo e Deus levanta um libertador: Moises... então ocorre o êxodo.
 O povo ainda ficaria 40 anos no deserto e sob o comando de Josué o povo entra em
Canaã.
 Em Canaã o povo entra em contato com os povos vizinhos e comete pecados de
idolatria e paganismo. Deus levanta os Juízes.
 Mas o povo almeja um rei (período de Samuel – Profeta, Juiz e Sacerdote). Saul,
Davi, Salomão são os três primeiros reis, sendo que sob o reinado Davídico Israel
conhece grande prosperidade espiritual e material.
 Após a morte de Salomão, o Reino é dividido em: Reino do Norte (Jeroboão) e
Reino do Sul (Roboão).
 Sucessão de Reis até o cativeiro. Queda de Samaria e do reino do Norte, Salmanaser
da Assíria faz Oséias tributário e após efetua deportação. Nabucodonosor invade
Jerusalém e leva cativo os habitantes de Judá para Babilônia.

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 Aproximadamente 70 anos depois o povo retorna a Jerusalém. Passa-se então um


período de 400 anos conhecido como período inter-bíblico onde Deus não falou
com seu povo por boca de profetas, chega então a plenitude dos tempos: O
Nascimento de Jesus.

1.3 - Como a História Natural Convergiu até Cristo

 Assírios e Babilônicos, entre 3.000 e 4.000 aC começaram a se organizar na


mesopotâmia alguns povos que passaram a se chamar Caldeus, organizaram
cidades, estados como Ur, Uruk e Logash.. Em aprox. 2000 aC, um outro povo
semita invadiu a região (amoritas), fundando a cidade da Babilônia, formando um
grande império. Nasce ao norte um outro povo os assírios que mais tarde mais ou
menos 600 aC é englobado pelo poderio do império Babilônico principalmente no
auge do governo de Nabucodonosor
 A história dos primeiros habitantes do Egito esta em torno de 5.000 a C , porém é
em 3.200 aC que termos o desenvolvimento das primeiras civilizações.
 Os Medo-Persas povo de origem ariana, habitantes do planalto do Irã, aparecem
como grandes conquistadores - ano aproximado de 708 aC.
 Os Gregos aparecem aproximadamente por volta do ano 2.000 aC. Tiveram por
inicio no grande número de movimentos migratórios dos povos europeus, arianos
em direção aos Bálcãs. Aqueus, Jônios, Eólios, Dórios, dando assim início a
formação de grande império nesta região. Destaca-se Alexandre o grande general
que destruiu o império dos Medo-Persas, levando o império Grego a atingir quase
todo o mundo conhecido na época. Este período vai até aproximadamente 330 aC.
O império grego usou a tática de influenciar o mundo conquistado através da
difusão da cultura helênica, e o intercâmbio das culturas, com a morte de
Alexandre o seu reino foi dividido entre vários generais.
 Os romanos foram grandes empreendedores, sua expansão e domínio territorial
sobre o mundo conhecido inicia-se aproximadamente em 200aC. A história do
cristianismo tem início quando os romanos tinham o domínio do mundo conhecido
da época. No período em que inicia a história do N.T podemos destacar alguns
fatos:
- havia uma unidade imperial,
- uma língua que era falada em todo império, o grego (ele era como o inglês
hoje),
- uma relativa paz mantida pelo grande contingente de soldados romanos em
todo o império a chamada - Pax Romana,
- um sistema de estradas ligando todo império,

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- um sistema de transporte marítimo,


- sistema de correios,
- cidades grandes economicamente estabelecidas.

1.4 – Concluindo a “Plenitude dos Tempos”

Se unirmos a sucessão de fatos bíblicos e a história natural até cristo, vemos claramente que
todos esses elementos foram minunciosamente preparados por Deus para o que
conhecemos como a plenitude dos tempos (gálatas 4:4), ou o tempo ideal e perfeito de Deus
preparado para a vinda do Messias, o Cristo Jesus que com sua morte e ressurreição deu o
início da Igreja.

2. Períodos históricos da Igreja

Para entender a história da igreja cristã, temos de voltar nossos olhos para o passado.
Imagine então retornar estes dois mil anos atrás, chegando ao marco zero da era cristã e vir
contando os fatos um a um. Certamente os fatos são tantos que milhares de livros não
poderiam conter esta história que aconteceu e que ainda acontece. O que fazer? Podemos
observar nesta linha de tempo períodos que se destacam por fatos importantes ocorridos na
vida da igreja e dividir estes 2000 anos de história nestes períodos e ai estudar os períodos
de maneira geral e cada período de maneira específica. Dividiremos a história da igreja
assim

A partir deste ponto, vamos fazer um resumo sintético destes períodos. O aluno deverá
fazer a leitura do livro “História da Igreja Cristã, por Jesse Lyman Hurlbut, Editora Vida.

2.1 – A igreja Apostólica (30-100 dC)

Principais fatos:
- A igreja que nasce do pentecostes,
- A expansão da igreja,
- A igreja entre os gentios,
- O fim de uma era – a morte do apóstolo João

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Síntese histórica:

A igreja Cristã em todas as épocas, quer no passado, presente ou futuro, é formada por
todos aqueles que creem em Jesus Cristo o filho de Deus. A igreja nasceu em Jesus e sua
história teve início com um movimento de caráter mundial no dia de pentecostes. Todos os
membros da igreja primitiva eram judeus, imaginavam que no muito os gentios se
tornariam judeus. Havia dois grupos de Judeus: - judeus habitantes da palestina e judeus
gregos ou helenistas (fora da palestina). Na primeira fase, o apóstolo Pedro era o dirigente
da igreja e ao lado de Pedro encontramos o apóstolo João, com o crescimento da igreja
surgiu queixa contra o critério adotado na distribuição de auxílio aos pobres então os
apóstolos escolheram uma comissão de sete homens (diáconos), para cuidarem dos
assuntos de ordem material (Atos 6). Homens como Estevão, que foi martirizado e dentre
seus algozes estava um jovem de Tarso chamado Saulo (Atos 6:8 e 6:9 a 13). A morte de
Estevão da início a uma nova fase, a de perseguição da igreja de Cristo em Jerusalém.
Saulo tornou-se um dos principais e chefe entre os perseguidores (Atos 8: 1-3 ). A igreja
então que se reunia basicamente em Jerusalém , é dispersa por toda parte (Atos 8:4). Uma
das cidades fora de Jerusalém a receber o evangelho foi Samaria que recebeu o evangelho
pela pregação de Filipe (Atos 8:5), depois Filipe saiu a pregar evangelizar nas
cidades costeiras de Gaza, Azoto, e Cesaréia. Seguindo caminho para Damasco, Saulo
perseguidor da Igreja tem um dramático encontro com Jesus, conversão esta que se
tornaria o maior ganho de todos os tempos na história da igreja (Atos 9: 1 a 19), Saulo
prega em Damasco e de perseguidor passa a perseguido, fugindo de Damasco. Saulo foi
para Jerusalém, Barnabé com outros discípulos o leva para Cesaréia e dali o enviam para
Tarso onde ficou talvez 6 ou 7 anos (Atos 9:30). O evangelho se propaga em Antioquia e os
discípulos são chamados de cristãos, Barnabé é enviado a Antioquia de lá partiu para Tarso
a procura de Saulo para o ajudar no trabalho com a nova igreja. O apostolo Tiago é morto
por Herodes Agripa I, neto de Herodes o grande (atos 12:2), sua morte se deu em 44. aD
(este é Tiago filho de Zebedeu, irmão do apostólo João. Tiago bebeu o cálice predito pelo
Senhor Jesus , Mc 10:38 e 39, pois foi martirizado em 44 aD, transpassado ao fio da
espada). A primeira viagem missionária de Pedro foi de Jerusalém a Samaria (os
samaritanos recebem o Espírito Santo). A Segunda viagem missionária de Jerusalém
através de Lida e Jope até Cesaréia e volta em Lida (Pedro cura Enéias), em Jope
(ressuscita Tabita-Dorcas), em Cesaréia Pedro prega para Cornélio, em Jerusalém Pedro é
liberado da prisão por um anjo. A Terceira viagem missionária ocorreu de Jerusalém a
Antioquia e volta (Atos 15:1-14, Gálatas 2:11).

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Passamos agora as viagens missionárias de Paulo.

A primeira viagem missionária foi de Antioquia da Síria, passando pela ilha de Chipre,
chegando a Antioquia da Psidia até Derbe e retornando a Antioquia da Síria.

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A primeira viagem missionária de Paulo (46-48 dC) foi a mais curta, no tempo e distância,
mas foi, no entanto, um avanço muito significativo na história da nova igreja cristã.
Estabeleceu Paulo como líder na divulgação da Palavra de Deus. Ele passou a escrever uma
grande parte do Novo Testamento que temos hoje. A jornada começou de Seleucia, o porto
de Antioquia (Atos 13:1-4). (Note-se que havia 2 cidades com o nome de Antioquia -
Antioquia da Síria, o seu ponto de partida, e uma na Turquia). Paulo (então ainda chamado
de Saulo), Barnabé e Marcos navegaram para Chipre, cerca de 80 milhas (130 quilómetros)
ao sul-oeste. Neste momento, Barnabé era ainda o membro sénior sobre Paul, que era um
amigo íntimo depois da sua conversão a caminho de Damasco. Isto mudaria em breve.
Após o desembarque em Salamina, e proclamar a Palavra de Deus nas sinagogas (Atos
13:5), eles viajaram ao longo de toda a costa sul da ilha de Chipre, até que chegaram a
Pafos (Atos 13:6). Lá, Sérgio Paulo, o procônsul romano, foi convertido depois que Paulo
repreendeu o malvado feiticeiro Elimas (At 13:6-12). Foi por esta altura que Paul se tornou
efectivamente o líder. Foi a partir de então chamado Paul, em vez do seu antigo nome,
Saulo.

A segunda viagem missionária inicia em Jerusalem, indo para Antioquia da Siria, chegando
a Troade, passando pela Macedônia e retornando caminho de Atenas, Corinto, Éfeso.

A terceira viagem missionária inicia em Antioquia da Síria e tem fim em Jerusalem.

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A viagem de Paulo a Roma, marca sua prisão em virtude da perseguição e pregação do


evangelho de Jesus Cristo.

Desde o martírio de Paulo em 68 aC em Roma, até a morte de João –100dC a igreja passa
por um período chamado de “era sombria” em razão das trevas da perseguição estarem sob
a igreja. Não existem registros desta época, finalmente cerca do ano 120dC, nos registros
feitos pelos pais da igreja deparamos com uma igreja muito diferente da apostólica. Em 70
dC, ocorre a queda de Jerusalém e em 66dC, os Judeus se rebelaram contra o império
romano e Vespaziano o principal general romano conduziu um grande exército até a
palestina. Foi chamado a Roma para assumir o trono e Tito seu filho ficou no lugar. Após

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prolongado cerco, fome, guerra civil dentro dos muros a cidade foi tomada e destruída e
milhares de Judeus foram mortos e outros levados como escravos. Na queda de Jerusalém
morreram poucos cristãos (talvez nenhum).

Com a destruição da cidade, se pôs um fim para sempre nas relações entre judaísmo e
cristianismo. Em 90 dC, Domiciniano iniciou a segunda perseguição imperial aos cristãos,
entretanto esta perseguição como a de Nero foi esporádica. Nesta época, João o ultimo dos
apóstolos vivia em Éfeso, foi preso e exilado na ilha de patmos, é provável que João tenha
morrido em Éfeso por volta do ano 100 dC e foi durante este período que foram escritos as
três epístolas e o evangelho de João, epístolas de Judas e o Apocalipse. 70 anos após o
início da igreja a comunidade cristã era de milhões, o batismo feito por imersão e em 120
dC apareceu por aspersão, a ceia do Senhor era celebrada no lar.

2.2 - A igreja Perseguida (100-313 dC)

Principais fatos:
- As perseguições imperiais,
- A formação do cânon sagrado do novo testamento,
- Desenvolvimento da organização eclesiástica,
- Desenvolvimento da doutrina,
- Aparecimento das seitas e heresias,

Síntese histórica:

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O fato de maior destaque na história da igreja no segundo e terceiro século foi sem dúvida a
perseguição sofrida pelos imperadores romanos à igreja cristã. Não eram contínuas mas
quando as mesmas ocorriam traziam sofrimentos aos cristãos, estas perseguições só tiveram
fim em 313 dC, com o edito de Constantino. Mas o que levou o império romano a
perseguir uma organização tão pacífica, cumpridora dos deveres e transformadora da
sociedade como era a igreja? O paganismo era aberto, o politeísmo era motivo de unidade
inclusive comercial entre os povos e nações. Exemplo este eram as ruínas de Pompéia
(cidade Romana) onde se encontra inclusive um templo dedicado a Isis uma deusa egípcia.
De outro lado o cristianismo admitia a adoração de um Único Deus, e por isso eram
considerados “antissociais e até ateus”. A adoração ao imperador era considerada como
prova de lealdade, mas os cristãos recusaram-se a prestar tal adoração, e diziam adorar
somente a Jesus. As reuniões secretas dos cristãos despertavam suspeitas, então se reuniam
antes do nascer dos sol ou a noite em cavernas ou catacumbas. Os cristãos mostravam
profunda misericórdia e amor aos de fora e suas atitudes de resgate da vida iam contra a
estruturas sociais nefastas, promiscuas, destrutivas como o infanticídio, a prostituição
cultual, a luta dos gladiadores, etc...
O historiador Gaio Suetônio Tranquilo (70-140 c.), funcionário imperial de alto nível sob Trajano e Adriano,
intelectual e conselheiro do imperador, justificará a decisão e as sucessivas intervenções do Estado contra os
Cristãos definindo-os como «superstição nova e maléfica»; palavras muito pesadas. Como superstição, o
cristianismo é relacionado com as mágicas. Para os romanos ela é aquele conjunto de práticas irracionais
que magos e feiticeiros de personalidade sinistra usam para enganar a gente ignorante, sem educação
filosófica.
Magia é o irracional contra o racional, o conhecimento vulgar contra o conhecimento filosófico. A acusação
de magia (como também de loucura) é uma arma com que o Estado Romano timbra e submete ao controle os
novos e duvidosos componentes da sociedade como o cristianismo.
Com a palavra maléfica (= portadora de males) é encorajada a obtusa suspeita do povinho que imagina essa
novidade (como qualquer novidade) impregnada dos delitos mais inomináveis e, portanto, causa dos males
que de vez em quando se desencadeiam inexplicavelmente, da peste aos aluviões, da carestia à invasão dos
bárbaros.

Podemos destacar algumas das maiores perseguições ocorridas neste período:


1. Imperador Claudio (41-54dC)
A primeira tomada de posição do Estado Romano contra os Cristãos remonta ao
imperador Cláudio (41-54 d.C). Os historiadores Suetônio e Dione Cássio referem
que Cláudio mandou expulsar os judeus porque estavam continuamente em litígio
entre si por causa de um certo Chrestos. «Estaríamos diante das primeiras reações
provocadas pela mensagem cristã na comunidade de Roma», comenta Karl Baus.

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2. Perseguição sob Imperador Nero (58-64dC)


Em 64-65, houve o grande incêndio de Roma( devastou 10 dos 14 bairros de
Roma), destruindo grandes partes da cidade e devastando economicamente a
população romana. Nero, cuja sanidade já há muito tempo havia sido posta em
questão, era o suspeito de ter intencionalmente ateado fogo. O imperador Nero,
acusado pelo povo de ser o seu autor, lançou a culpa sobre os Cristãos. Inicia,
assim, a primeira grande perseguição que durará até 68 e verá perecer, entre outros,
os apóstolos Pedro e Paulo.
Em seus Anais, (Publio Cornélio) Tácito (historiador, orador e político) afirma que:
“Para se ver livre do boato, Nero prendeu os culpados e infligiu as mais requintadas
torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamada cristãos pelo
populacho.”
“... uma grande multidão foi condenada não apenas pelo crime de incêndio mas por
ódio contra a raça humana. E, em suas mortes, eles foram feitos objetos de esporte,
pois foram amarrados nos esconderijos de bestas selvagens e feitos em pedaços por
cães, ou cravados em cruzes, ou incendiados, e, ao fim do dia, eram queimados para
servirem de luz noturna.”

Cristãos sendo usados como tochas humanas, na perseguição sob Nero,


por Henryk Siemiradzki, Museu Nacional, Cracóvia, Polônia, 1876
.
3. Imperador Domiciano (51-96dC)
Sucede o Imperador Tito. No início do seu reinado foi benigno para com os cristãos,
mas o final do seu reinado é marcado por uma intensa perseguição sendo chamado
por Tertuliano de a outra metade de Nero.

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Destaca-se a ordem de executar Flavio Clemente e sua esposa Flavia Domicila (seus
parentes), acusados de ateísmo e costumes judaicos. Os vários escritores afirmam de
muitos cristãos perseguidos e mortos. Neste período é que o apóstolo João é trazido
diante do imperador e condenado é lançado (segundo relatos históricos) a ser
lançado no “caldarium”, porém não sendo milagrosamente atingido pelo calor das
aguas quentes foi retirado e banido para ilha de Patmos.

4. Diocleciano e Galério (final do III – inicio do IV século)


Esta é considerada a maior de todas as perseguições. Iniciando com uma série de
quatro editos proibindo certas práticas cristãs e uma ordem de prisão do clero, a
perseguição se intensificou até que se ordenasse a todos os cristãos do Império que
sacrificassem aos deuses imperiais (ver: religião na Roma Antiga), sob a pena de
execução, caso se recusassem. No entanto, apesar do zelo com que Diocleciano
perseguiu os cristãos na parte oriental do Império, seus co-imperadores do lado
ocidental não seguiram estritamente seus éditos, o que explica que cristãos da Gália,
da Espanha e da Britânia praticamente não tenham sido molestados.

5. Ultimas Perseguições
No início do quarto século em 310 o imperador Geta mandou perseguir os cristãos,
tortura-los e puni-los com morte. A perseguição continuou até que Constantino I
chegasse ao poder e, em 313, legalizasse a religião cristã por meio do Édito de
Milão, iniciando-se a Paz na Igreja. Entretanto, foi somente com Teodósio I, no
final do século quarto, que o cristianismo se tornaria a religião oficial do Império.
Edward Gibbon, em seu Declínio e Queda do Império Romano, estima que o
número de mortos nesta última perseguição tenha chegado a mil e quinhentos, "num
sacrifício anual de 150 mártires".

Números de cristãos martirizados nas perseguições Romanas até o IV Século:


Gibbon, Declínio e Queda v.2 ch.XVI: fala mais de 2.000 pessoas sob perseguição romana.
Ludwig Hertling ( "Die Zahl de Märtyrer bis 313", 1944) estimou 100.000 cristãos mortos
entre 30 e 313 CE. (citado - desfavoravelmente - por David Henige, Numbers From
Nowhere , 1998)
Enciclopédia Católica , "mártir": número de mártires cristãos sob os romanos
desconhecidos, incognoscível. Orígenes diz não muitos. Eusébio diz milhares.

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http://necrometrics.com/romestat.htm

Da perseguição destacam-se também alguns mártires:


- Simeão ou Simão( Marcos6:3), sucessor de Tiago, bispo da igreja em Jerusalém era
também irmão do Senhor Jesus, foi crucificado no ano de 107;
- Inácio, bispo de Antioquia da Síria , foi lançado as feras no anfiteatro romano em
108,
- Policarpo, bispo de Esmirna, morreu com 86 anos queimado vivo em 155,
- Justino , o mártir era filósofo antes de se converter, um grande defensor da fé
cristã , morreu em Roma em 166,
- Perpétua, nobre mulher de Cartago e Felícias sua fiel escrava foram decapitadas no
ano 203.

O fim das perseguições deu-se no império de Constantino. Segundo a história, Constantino


antes de ir para batalha de Ponte Milvio viu um sinal no céu e Jesus lhe dizendo que por
aquele sinal venceria. Com a vitória, Constantino faz em 313 dC, um edito de tolerância e
cessa definitivamente as perseguições contra os cristãos, além de tornar o cristianismo a
religião oficial do império.

Ao olharmos a história contada, devemos também olhar a história que acontece nos
bastidores. A maneira centrada como o cristianismo se desenvolve neste período apesar da
grande perseguição, sua fraternidade, mensagem de amor e acolhimento dos mais
necessitados, além da profunda moralização através do evangelho das estruturas sociais
onde penetrava, fez sem dúvida o cristianismo crescer de uma maneira exponencial. Os
cristãos apesar de perseguidos, mortos a espada, queimados vivos, lançados nas arenas para
serem degolados por leões ou motos por gladiadores, não negavam sua fé em Jesus Cristo.
Em um império onde mais da metade eram escravos, o cristianismo trouxe uma mensagem

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libertadora, de esperança e vitória, tornando todos como irmãos e irmãs em Cristo Jesus.
Nas grandes cidades romanas e outras cidades pagãs, crianças eram abandonadas em praças
para serem adotadas com fins de práticas de prostituição, escravagistas e outras ou mesmo
maltratadas e mortas sem oportunidade alguma de defesa. O cristianismo se opôs a esta
prática, resgatando, criando e educando muitas destas crianças. A promiscuidade pagã dos
templos onde mulheres e homens se vituperavam como prostitutos do culto pagão foi
atacado pela mensagem do evangelho de maneira que a valorização da família, da decência
trouxe nova ordem. Paulo em carta aberta, no livro de Romanos fala contra a prática do
pecado do homossexualismo e Lesbianismo, vivenciado na época nas cortes romanas,
apresentando certamente o poder do evangelho de Cristo como único meio da restauração
do pecador. O cristianismo foi destruindo aos poucos toda estrutura nefasta e hedionda que
permeava toda a sociedade e transformando-a debaixo “do nariz” do imperialismo romano
em uma sociedade melhor. O cristianismo no terceiro século já era a religião da maior
parte das pessoas que viviam sob a égide do império romano e isto não por edito, decreto
ou politicagem, mas nascido no fogo do sofrimento, das perseguições e forjado pela
mensagem viva de Cristo. Devemos reconhecer o edito de Constantino como marco
histórico da nova igreja, porém sem deixar de entender que esta igreja, o império querendo
ou não querendo seria “engolido” pela força do evangelho vivo de Cristo.

As Heresias

Este período foi marcado também por um crescimento de pensamentos hereges que
rapidamente foram se espalhando por toda a igreja e precisavam de ser combatidos. A
igreja convocou reuniões chamadas de Concílios. Um famoso concílio aconteceu em 325
em Nicéia, onde foram combatidas as heresia de Ario, presbítero de Alexandria, acerca da
doutrina da trindade. Destaca-se como opositor e apologista neste concílio Atanásio.
Atanásio de Alexandria que era apenas diácono teve o direito de falar e conseguiu que a
maioria do concílio condenasse as doutrinas de Ärio.
Segue-se um resumo das principais heresias enfrentadas pela igreja cristã até o 4º Século:

1. Os ebionitas,
Eram farisaicos em sua natureza. Não reconheciam o apostolado de Paulo e exigiam que os
cristãos gentios se submetessem ao rito da circuncisão. No desejo de manterem o
monoteísmo do Antigo Testamento, os ebionitas negavam a divindade de Cristo e seu
nascimento virginal, afirmando que Ele só se distinguia dos outros homens por sua estrita
observância da lei, tendo sido escolhido como Messias por causa de sua piedade legal.

2. Os elquesaitas,

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Os elquesaítas, por sua vez, apresentavam um tipo de cristianismo judaico assinalado por
especulações teosóficas e ascetismo estrito. Rejeitavam o nascimento virginal de Cristo,
mas julgavam-no um espírito ou anjo superior. A circuncisão e o sábado eram grandemente
honrados; havia repetidas lavagens, sendo-lhes atribuídos poderes mágicos de purificação e
reconciliação; a mágica e a astrologia eram praticadas entre eles. Com toda probabilidade
se referem a essas heresias a Epístola aos Colossenses e I Timóteo.

3. O Gnosticismo,
O ambiente gentílico também forneceu sua cota de heresias que atingiram a Igreja. O
Gnosticismo, muito embora não possuísse uma liderança unificada e se apresentasse como
um corpo doutrinário amorfo, foi terrível para a Igreja. Já vemos um gnosticismo incipiente
no próprio período apostólico (Cl 2.18 ss; I Tm 1.3-7; 6.3ss; II Tm 2.14-18; Tt 1.10-16; II
Pe 2.1-4; Jd 4,16; Ap 2.6,15,20ss). Nesse período, Celinto ensinava uma distinção entre o
Jesus humano e o Cristo, que seria um espírito superior que descera sobre Jesus no
momento do batismo e tê-lo-ia deixado antes da crucificação. Vemos João combatendo
indiretamente essa heresia em João 1.14; 20.31; I João 2.22; 4.2,15; 5.1,5-6 e II João 7. No
segundo século, esses erros assumem uma forma mais desenvolvida, muito embora
continuassem como um corpo amorfo. A bem da verdade poderíamos dizer que houve
“gnosticismos”, mas há pensamentos comuns às várias correntes gnósticas. Gnosticismo
vem do grego, “gnosis”, que significa “conhecimento”. Para os gnósticos, a salvação era
alcançada através do conhecimento esotérico de mistérios, os quais só eram revelados aos
iniciados. Dividiam a humanidade em “pneumáticos”, “psíquicos” e “hílicos”. Os primeiros
eram a elite da igreja, os que alcançavam o conhecimento que leva à salvação; os seguintes,
eram os cristãos comuns, que poderiam alcançar a salvação através da fé e das boas obras;
os últimos eram os gentios, irremediavelmente perdidos.
Na cosmovisão gnóstica, tudo que era material era essencialmente mau, e o que era
espiritual era essencialmente bom. Logo, o Deus do Novo Testamento não poderia ser o
deus do Antigo Testamento. O deus do AT era tido como Demiurgo, o criador do mundo
visível. Ainda na visão gnóstica, entre o Deus bondoso que se revelou em Cristo e o mundo
material havia vários intermediários, através dos quais o homem poderia achegar-se a Deus.
Sendo o corpo mau e o espírito bom, os gnósticos tendiam para dois extremos: alguns
seguiam um ascetismo rigoroso, mortificando a carne, enquanto outros se lançavam na mais
desregrada libertinagem.

4. A Heresia de Marcion
Outra heresia que mereceu o combate da Igreja foi a heresia de Márcion, filho do bispo de
Sinope, que parece ter tido duas grandes antipatias: Pelo Judaísmo e pelo mundo material.
Ensinava Márcion, à semelhança dos gnósticos, que Iavé, o Deus do AT não era o Deus do

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NT, este, o Deus supremo. Iavé era um deus mau, ou pelo menos ignorante, vingativo,
ciumento e arbitrário. O mundo material e suas criaturas eram criação de Iavé e não do
Deus supremo. Este, entretanto, apiedou-se das criaturas de Iavé e enviou Jesus, que não
nasceu de uma mulher, posto que isso faria com que passasse a ser criatura do deus inferior.
Jesus surgiu como homem maduro no reinado de Tibério, na Galiléia.
Márcion rejeitou o Antigo Testamento, que até então eram as Escrituras aceitas na Igreja
Cristã (o cânon do NT ainda não havia sido elaborado) por serem a palavra de Iavé, o deus
inferior, e formulou um cânon para si e seus seguidores, que constava do evangelho de
Lucas, expurgado do que ele considerava “judaísmo”, e das cartas de Paulo.
Também ensinava Márcion que não haverá juízo final, posto que o Deus amoroso a todos
perdoará. Negava a criação, a encarnação e a ressurreição final.
Márcion chegou a formar uma igreja independente e seu ensino foi de um perigo terrível
para a igreja, que na época não possuía um corpo doutrinário estabelecido e reconhecido
por toda a cristandade.

5. O Montanismo
Os montanismo surgiu na Frígia, por volta do ano 150. Montano afirmava que o último
e mais elevado estágio da revelação já fora atingido. Chegara a era do Paracleto, que
falava através de Montano, e que se caracterizava pelos dons espirituais, especialmente
a profecia. Montano e seus colaboradores eram tidos como os últimos profetas, trazendo
novas revelações. Eram ortodoxos no que diz respeito à regra de fé, mas afirmavam
possuir revelações mais profundas que as contidas nas Escrituras. Faziam estritas
exigências morais, tais como o celibato (quando muito, um único matrimônio), o jejum
e uma rígida disciplina moral.

6. O Monarquismo
O monarquianismo estava interessado na manutenção do monoteísmo do AT. Seguiu
duas vertentes:
o monarquianismo dinâmico: estava interessado em manter a unidade de Deus, e estava
alinhado com a heresia ebionita. Para eles, Jesus teria sido tomado de maneira especial
pelo Logos de Deus, passando a merecer honras divinas, mas sendo inferior a Deus.
O monarquianismo modalista: também chamado de sabelianismo, concebia as três
Pessoas da Trindade como os três modos pelos quais Deus se manifestava aos homens.

7. Arianismo (319dC)
uma visão cristológica sustentada pelos seguidores de Ário, presbítero cristão de
Alexandria nos primeiros tempos da Igreja primitiva, que negava a existência da

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consubstancialidade entre Jesus e Deus Pai, que os igualasse, concebendo Cristo como
um ser pré-existente e criado, embora a primeira e mais excelsa de todas as criaturas,
que encarnara em Jesus de Nazaré. Jesus então, seria subordinado a Deus Pai, sendo Ele
(Jesus) não o próprio Deus em si e por si mesmo. Segundo Ário, só existe um Deus e
Jesus é seu filho e não o próprio Deus.

Reação da Igreja
Face a essas ameaças, internas e externas, a igreja respondeu de várias formas. Vá vimos
que os apologistas responderam às acusações assacadas pelos filósofos e pessoas cultas ao
cristianismo.
No plano interno, a igreja primeiro tratou de definir um Cânon, ou seja, uma lista dos
livros considerados inspirados. Nesse período, havia inúmeros evangelhos, cartas,
apocalipses circulando nas mais diversas igrejas. Alguns eram lidos em certas igrejas e não
eram lidos em outras. Com o desafio de Márcion e também da perseguição sob
Diocleciano, onde uma pessoa encontrada com livros cristãos era passível de morte, era
importante saber se o livro pelo qual o cristão estava passível de morte era realmente
inspirado. Não houve um concílio para definir quais os livros nem quantos formariam o
NT. Tal escolha se deu por consenso, tendo alguns livros sido reconhecidos com mais
facilidade que outros. Definiu também a igreja regras de fé, sendo a mais antiga o chamado
Credo Apostólico, o qual resumia aqueles pontos de fé que o cristão genuíno deveria
subscrever, e era claramente trinitariano.

Creio em Deus Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso
Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob o poder de
Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; no terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao céu, e está
sentado à mão direita de Deus Pai, todo poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no
Espírito Santo, na santa igreja católica; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados, na ressurreição
do corpo e na vida eterna.

Paralelamente, a igreja percebeu que precisava organizar-se estruturalmente. Definiu então


a sucessão apostólica e o bispo monárquico para garantir a unidade da igreja, surgindo
então o que é chamado de Igreja Católica Primitiva, significando o termo “católica” =
universal.

Os Pais da Igreja
O título “Pai”, aplicado historicamente a alguns líderes cristãos, surgiu devido à reverência
que muitos nutriam pelos bispos dos primeiros séculos. A estes chamavam carinhosamente
de “Pais” devido ao amor e zelo que tinham pela Igreja, mais tarde, porém, este termo foi
sacralizado pelos escritores eclesiásticos, por volta de 1073 Gregório VII reivindica com
exclusividade o termo “PAPA”, ou seja, “Pai dos pais”.

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Ele tem sua originalidade na Igreja do Ocidente, do século II. Os “Pais Apostólicos” foram
homens que tiveram contato direto com os apóstolos, ou que foi citado por alguns deles.
Para três indivíduos – Clemente de Roma, Inácio e Policarpo – esta titulação é
regularmente aplicada. Principalmente Policarpo, para o qual existem evidências de contato
direto com os apóstolos.
No final do século I morre em Éfeso o último dos apóstolos, João, após ter servido ao seu
mestre fielmente durante toda sua vida é agora recolhido ao seu lado no lar celestial.
Terminava assim a era apostólica. Mas Deus já havia preparado homens capazes para
cuidar do seu rebanho. Começa um período novo para a igreja, a obra que os apóstolos
receberam de seu Salvador e a desenvolveram tão arduamente acha-se agora nas mãos de
novos líderes que tinham a incumbência de desenvolver a vida litúrgica da igreja como
fizeram aqueles. O período que comumente é chamado de pós-apostólico é de intenso
desenvolvimento do pensamento cristão. Por isso é de suma importância analisar a doutrina
dos chamados “Pais da igreja”, pois eles foram os responsáveis pelo povo de Deus daquela
época e pela teologia que construíram, sendo que até hoje serve de base para a Igreja. Do
século II até o século IV, nomes como o de Clemente de Roma, Clemente de Alexandria,
Inácio de Antioquia, Policarpo, Justino o mártir, Irineu de Lião, Origines, Tertuliano
e outros, que foram os responsáveis por transmitir os ensinamentos bíblicos, merecem não
pouco reconhecimento por sua fé, virtude e zelo que nutriam pelo corpo de Cristo na terra –
a Igreja. Entretanto, devemos lembrar que mesmo homens como esses não ficaram isentos
de erros e até mesmo foram considerados como heréticos por seus resvalos teológicos. Esse
foi o caso de Orígenes, por exemplo, que teve muitos de seus ensinos condenados pelo II
concílio de Constantinopla em 553.
A maior parte dessas obras foram escritas em grego e latim, embora haja também muitos
escritos doutrinários em aramaico e outras línguas orientais.
Patrística é o corpo doutrinário que se constituiu com a colaboração dos primeiros pais da
igreja, veiculado em toda a literatura cristã produzida entre os séculos II e VIII, exceto o
Novo Testamento.

Histórico

O conteúdo do Evangelho, no qual se apoiava a fé cristã nos primórdios do cristianismo,


era um saber de salvação, revelado, não sustentado por uma filosofia. Na luta contra o
paganismo greco-romano e contra as heresias surgidas entre os próprios cristãos, no
entanto, os pais da igreja se viram compelidos a recorrer ao instrumento de seus
adversários, ou seja, o pensamento racional, nos moldes da filosofia grega clássica, e por
meio dele procuraram dar consistência lógica à doutrina cristã.

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O cristianismo romano atribuía importância maior à fé; mas entre os pais da igreja oriental,
cujo centro era a Grécia, o papel desempenhado pela razão filosófica era muito mais amplo
e profundo. Os primeiros escritos patrísticos falavam de martírios.
Em meados do século II, os cristãos passaram a escrever para justificar sua obediência ao
Império Romano e combater as idéias gnósticas, que consideravam heréticas. Os principais
autores desse período foram Justino – o mártir, professor cristão condenado à morte em
Roma por volta do ano 165; Taciano, inimigo da filosofia; Atenágoras; e Teófilo de
Antioquia. Entre os gnósticos, destacaram-se Marcião, que rejeitava o judaísmo e
considerava antitéticos o Antigo e o Novo Testamento.
No século III floresceram Orígenes, que elaborou o primeiro tratado coerente sobre as
principais doutrinas da teologia cristã e escreveu Contra Celsum e Sobre os princípios;
Clemente de Alexandria, que em sua Stromata expôs a tese segundo a qual a filosofia
era boa porque consentida por Deus; e Tertuliano de Cartago. A partir do Concílio de
Nicéia, realizado no ano 325, o cristianismo deixou de ser a crença de uma minoria
perseguida para se transformar em religião oficial do Império Romano. Nesse período, o
principal autor foi Eusébio de Cesaréia. Dentre os últimos gregos destacaram-se, no século
IV, Gregório Nazianzeno, Gregório de Nissa e João Damasceno.
Os maiores nomes da patrística latina foram Ambrósio, Jerônimo (tradutor da Bíblia para
o latim) e Agostinho, este considerado o mais importante filósofo em toda a patrística.
Além de sistematizar as doutrinas fundamentais do cristianismo, desenvolveu as teses que
constituíram a base da filosofia cristã durante muitos séculos. Os principais temas que
abordou foram: as relações entre a fé e a razão, a natureza do conhecimento, o conceito de
Deus e da criação do mundo, a questão do mal e a filosofia da história. Podemos dividir os
Pais da Igreja em três grandes grupos, a saber: Pais apostólicos, Apologistas e
Polemistas.
Todavia devemos levar em conta que muitos deles pode se enquadrar em mais de um
desses grupos devido à vasta literatura que produziram para a edificação e defesa do
Cristianismo, e também de acordo com o que as circunstancias exigiam, como é o caso de
Tertuliano, considerado o pai da teologia latina. Sendo assim então temos:

Pais apostólicos: Foram aqueles que tiveram relação mais ou menos direta com os
apóstolos e escreveram para a edificação da Igreja, geralmente entre o primeiro e segundo
séculos. Os mais importantes destes foram: Clemente de Roma, Inácio de Antioquia,
Papias e Policarpo.

Apologistas: Foram aqueles que empregaram todas suas habilidades literárias em defesa do
Cristianismo perante a perseguição do Estado. Geralmente este grupo se situa no segundo
século e os mais proeminentes entre eles foram: Tertuliano, Justino – o mártir, Teófilo e
Aristides.

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Polemistas: Os pais desse grupo não mediram esforços para defender a fé cristã das falsas
doutrinas surgidas fora e dentro da Igreja. Geralmente estão situados no terceiro século. Os
mais destacados entre eles foram: Irineu, Tertuliano, Cipriano e Orígenes.

Clemente de Roma (30 – 100dC): Várias hipóteses sobre ele já foram levantadas para
identificá-lo. Para alguns ele pertencia à família real, para outros ele era colaborador do
apóstolo Paulo, outros ainda sugeriram que ele escreveu a carta aos hebreus. Assim sendo,
as informações que temos sobre Clemente de Roma vão desde lendárias até testemunhas
fidedignas. Alguns pais aceitaram esta identificação de colaborador do apóstolo Paulo,
como Orígenes, Eusébio de Cesaréia, Jerônimo, Irineu de Lião entre outros.
A principal obra de Clemente é uma carta redigida em grego, endereçada aos crentes da
cidade de Corinto, mais ou menos no final do reinado de Domiciano (81-96) ou o começo
do reino de Nerva (96-98). Trata principalmente da ordem e da paz da Igreja, usando como
lembrança que formamos um corpo em Cristo e como neste corpo deve reinar a unidade e
não a desordem, pois Deus deseja a ordem em suas alianças. Utiliza-se ainda da analogia da
adoração ordeira do Antigo Israel, e do princípio apostólico de apontar uma continuação de
homens de reputação.

Inácio de Antioquia (xxx – 117dC): Mesmo sendo de Antioquia, seu nome Ignacius,
deriva-se do latim: igne: fogo, e natus: nascido. Era um homem nascido do fogo, ardente,
apaixonado por Cristo. Segundo Eusébio, após a morte de Evódio, que teria sido o primeiro
bispo de Antioquia, Inácio fora nomeado o segundo bispo desta influente cidade.
Escreveu algumas epístolas às Igrejas asiáticas: uma à igreja de Éfeso, outra à igrejas de
Magnésia, situada no Meander, outra a igreja de Trales, e ainda para Filadélfia e Esmirna, e
por fim à igreja de Roma. O objetivo da carta a Roma, era solicitar que os irmãos não
impedissem seu martírio, pois estava a caminho de Roma, durante o reinado de Trajano (98
– 117).

Policarpo (69 – 159): Sobre sua infância, família e formação, não temos informações
precisas, contudo há documentos históricos sobre ele. Graças a alguns testemunhos
fidedignos, podemos reconstruir sua personalidade. Foi discípulo do apóstolo João, amigo e
mestre de Ireneu, tendo ainda conhecido Inácio, sendo consagrado bispo da igreja de
Esmirna. Quanto aos seus escritos, a única epístola que restou desse antigo pai da igreja é
sua Carta aos Filipenses, exortando-a a uma vida virtuosa de boas obras e à firmeza na fé
em nosso Senhor Jesus Cristo. Seu estilo é informal, com muitas citações do Velho e Novo
Testamento, faz 34 citações do apóstolo Paulo, evidenciando que conhecia a carta de Paulo
aos Filipenses, bem como outras epístolas. Todavia temos também o testemunho de
Eusébio e Ireneu, relatando a intimidade de Policarpo com testemunhas oculares do

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evangelho. Segundo Tertuliano, Policarpo teria sido ordenado bispo pelas mãos do próprio
apóstolo João. O martírio de Policarpo é descrito um ano depois de sua morte, em uma
carta enviada pela Igreja de Esmirna à Igreja de Filomélio. Este registro é o mais antigo
martirológio cristão existente. Diz a história que o procônsul romano, Antonino Pius, e as
autoridades civis tentaram persuadi-lo a abandonar sua fé em sua avançada idade, a fim de
alcançar sua liberdade. Ele, entretanto, respondeu com autoridade: “Eu tenho servido Cristo
por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me
salvou? Eu sou um crente!”

Justino – o mártir (100-170): Flávio Justino Mártir, nasceu em Siquém na Palestina em


princípios do segundo século, e morreu mártir no ano 170. Depois de ter peregrinado pelas
mais diversas escolas filosóficas – peripatética, estóica, pitagórica – em busca da verdade
para a solução do problema da vida, abandonando o platonismo, último estágio da sua
peregrinação filosófica. O amor à verdade levou-o, pouco a pouco, a rejeitar os sistemas
filosóficos pagãos e a converter-se ao Cristianismo. Em sua época foi o mais ilustre
defensor das verdades cristã contra os preconceitos pagãos. Embora leigo, é considerado o
primeiro dos Pais Apologista da Igreja, logo depois dos primitivos Pais Apostólicos, tendo
dedicado sua vida à difusão e ao ensino do cristianismo. Em Roma, abriu uma escola para o
ensino da doutrina cristã, e ainda nesta cidade dedicou-se ao apostolado, especialmente nos
meios cultos, nos quais se movimentava com desembaraço. Escreveu muitas obras, mas
somente três chegaram até nós: duas Apologias – contra os pagãos – e um Diálogo com o
judeu Trifão. Sofreu o martírio por decapitação, depois de ter sido açoitado.

Ireneu (130-200): Nascido em Esmirna, na Ásia Menor (Turquia), no ano 130, em uma
família cristã, Ireneu era grego e foi influenciado pela pregação de Policarpo, bispo de
Esmirna. Anos depois, mudou-se para Gália (atual sul da França), para a cidade de Lyon,
onde foi um presbítero em substituição do bispo que havia sido martirizado em 177. Irineu
também recebeu influência de Justino. Ele foi uma ponte entre a teologia grega e a latina, a
qual iniciou com um de seus contemporâneos, Tertuliano. Enquanto Justino era
primariamente um apologista, Irineu contribuiu na refutação contra heresias e exposição do
Cristianismo Apostólico. Sua obra maior se desenvolveu no campo da literatura polêmica
contra o gnosticismo.

Tertuliano de Cartago (150-230): Nasceu por volta de 150 d.C. em Cartago (cidade ao
nordeste da África), onde provavelmente passou toda sua vida, embora alguns estudiosos
afirmem que ele morasse em Roma. Por profissão sabe-se que era advogado. Fazia visitas
com freqüência a Roma, sendo que aos 40 anos se converteu ao cristianismo, dedicando
seus conhecimentos e habilidades jurídicas ao esclarecimento da fé cristã ortodoxa contra
os pagãos e hereges. Tertuliano foi o pai das doutrinas ortodoxas da Trindade e pessoa de

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Jesus Cristo. As doutrinas de Tertuliano a respeito da Trindade e da pessoa de Cristo foram


forjadas no calor da controvérsia com Práxeas, que segundo Tertuliano, “sustenta que existe
um só Senhor, o Todo-Poderoso criador do mundo, apenas para poder elaborar uma heresia
com a doutrina da unidade. Ele afirma que o próprio Pai desceu para dentro da Virgem, que
ele mesmo nasceu dela, que ele mesmo sofreu e que, realmente, era o próprio Jesus Cristo”.
Foi o primeiro teólogo cristão a confrontar e rejeitar com grande vigor e clareza intelectual
essa visão aparentemente singela da Trindade e unidade de Deus. Ele declarou que se esse
conceito fosse verdade, então o Pai tinha morrido na cruz e isso, além de ser impróprio para
o Pai, é absurdo.

Orígenes (185-254): Nasceu de pais cristãos em 185 ou 186 da nossa era, provavelmente
em Alexandria. Escritor cristão de vasta erudição, de expressão grega. Estudou letras e
aprendeu de cor textos bíblicos, com seu pai, que foi morto por ocasião da repressão do
imperador Setímio Severo às novas religiões. O bispo de Alexandria passou a Orígenes a
direção da Escola Catequética, sendo então sucessor de Clemente. Estudou na escola
neoplatônica de “Ammonios”. Viajou a Roma, em 212, onde ouviu ao sábio cristão
Hipólito. Em 215 organizou em Alexandria uma escola superior de Exegese Bíblica.
Devido ao seu vasto conhecimento viajava muito e ministrava ao público nas igrejas.
O fato de se haver castrado por devoção, lhe criou dificuldades com alguns bispos, que
contrariavam o sacerdócio dos eunucos. Em 232 se transferiu para Cesaréia, na Palestina,
onde se dedicou exaustivamente aos seus estudos. Sobreviveu aos tormentos de que foi
vítima sob o Imperador Décio (250-252). Posteriormente a esta data morreu em Tiro, não se
sabendo exatamente quando. Foi considerado o membro mais eminente da escola de
Alexandria e estudioso dos filósofos gregos.

Cipriano (200 – 258): Tharsius Caecilius Cyprianus. Converteu-se em 246 d.C. e já em


249 d.C. foi nomeado bispo de Cartago, no Norte da África. Durante dez anos ele conduziu
seu rebanho através da perseguição do Imperador Décio, uma das mais cruéis. Foi também
o grande sustentáculo moral e espiritual da cidade, quando esta foi atacada por uma
epidemia. Além disso, escreveu e batalhou pela unidade da Igreja. Seu nome está ligado a
uma grande controvérsia a respeito do batismo e da ordenação efetuada por hereges. No
entender de Cipriano, estas cerimônias eram inválidas, pelo fato dos oficiantes estarem em
desacordo com a ortodoxia e, portanto, deveriam ser rebatizados e reordenados todos que
entrassem pela verdadeira Igreja. Estevão, Bispo de Roma, discordou e isto gerou um
cisma, uma vez que Cipriano além de rejeitar a autoridade do bispo romano, convocou um
concílio no Norte da África para resolver a questão. Seus escritos consistem em tratados de
caráter pastoral e de cartas, 82 ao todo, das quais 14 eram dirigidas para ele mesmo e as
restantes tratavam de questões de sua época. Morreu como mártir, decapitado em 14 de
setembro de 258 d.C, durante a perseguição do imperador Valeriano.

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Eusébio de Cesáreia (265-339): Foi Constantino que incumbiu Eusébio de fazer a


narração desta primeira história do Cristianismo, coroando-a com a sua imperial adesão a
Cristo. “A ortodoxia era apenas uma das várias formas de cristianismo, durante o século III,
e pode só ter se tornado dominante no tempo de Eusébio” (JOHNSON, 2001: 69). Ele é o
autor de importantes obras tais como: “História Eclesiástica”, “Vida de Constantino” entre
outras.

Jerônimo (325-378): Erudito das Escrituras e Tradutor da Bíblia para o Latim. Sua
tradução, conhecida como a Vulgata, ou Bíblia do Povo, foi amplamente utilizada nos
séculos posteriores como compêndio para o estudo da língua latina, assim como para o
estudo das Escrituras. Nascido por volta do ano 345 em Aquiléia (Veneza), extremo norte
do Mar Adriático, na Itália, Jerônimo passou a maior parte da sua juventude em Roma
estudando línguas e filosofia. Apesar da história não relatar pormenores de sua conversão,
sabe que se batizou quando tinha entre dezenove para vinte anos. Logo após, Jerônimo
embarcou em uma peregrinação pelo Império que levou vinte anos.

Crisóstomo (aprox. 344-407): Criado em Antioquia, seus grandes dotes de graça e


eloqüência como pregador levaram-no a ser chamado a Constantinopla, onde se tornou
patriarca, ou arcebispo. Como os outros Apologistas, ele harmonizou o ensinamento cristão
com a erudição grega, dando novos significados cristãos a antigos termos filosóficos, como
a caridade. Em seus sermões, defendia uma moralidade que não fizesse qualquer
transigência com a conveniência e a paixão, e uma caridade que conduzisse todos os
cristãos a uma vida apostólica de devoção e de pobreza comunal. Essa piedosa mensagem,
entretanto, tornou-o impopular na corte imperial e mesmo entre alguns membros do clero
de Constantinopla, de modo que acabou sendo banido e morreu no exílio.

Agostinho (354-430): Aurélio Agostinho nasceu na cidade de Tagaste de Numídia,


província romana ao norte da África, hoje atual região da Argélia, no ano de 354. Iniciou
seus estudos em sua cidade natal, seguindo depois para Cartago. Ensinou retórica e
gramática, tanto no Norte de África como na Itália. Ficou conhecido como o Filósofo e
Teólogo de Hipona. Polemista capaz, pregador de talento, administrador episcopal
competente, teólogo notável, ele criou uma filosofia cristã da história que continua válida
até hoje em sua essência. Inspirado no tratado filosófico, Hortensius, de Cícero, converteu-
se em ardoroso pesquisador da verdade, aderindo ao maniqueísmo. Com vinte anos, perdeu
o pai e ficou sendo o responsável pelo sustento da família. Mudou-se para Roma. Sua mãe
foi contra a mudança e Agostinho teve de enganá-la na hora da viagem. De Roma viajou a
Milão, onde foi novamente professor de retórica. Foi influenciado pelos estóicos, por Platão
e o neoplatonismo, também estava entre os adeptos do ceticismo. Em Milão, conheceu

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Ambrósio que o converteu ao cristianismo. Agostinho voltou ao norte da África, onde foi
ordenado sacerdote e, mais tarde, consagrado bispo de Hipona. Combateu a heresia
maniqueísta que antes defendia e participou de dois grandes conflitos religiosos: o
Donatismo e o Pelagianismo. Sua obra mais conhecida é a autobiografia Confissões,
escrito, possivelmente, em 400. Em A Cidade de Deus (413-426) formulou uma filosofia
teológica da história.
Nome Larrousse Cultural Introdução ao Estudo do Novo Internet
Testamento; Broadus David Hale, Ed.
Juerp
Policarpo Bispo de Esmirna (69-155). Por volta de 115dC, abunda em palavras Herodes, o chefe da polícia, e seu pai
Segundo a tradição foi discipulo de e pensamentos do Novo Testamento. Nicetas foram até ele. Fizeram-no
João e mestre de Santo IIrineu. A Pelo uso de uma fórmula introdutória, subir ao seu carro e, sentando-se ao
narrativa de seu martirio escrita ele parece colocar os escritos com os seu lado, procuravam persuadí-lo,
pouco tempo depois de sua morte, é quais está familiarizado em igual dizendo: “Que mal há em dizer que
o mais antigo testemunho da morte autoridade com o Velho Testamento. César é o Senhor, oferecer sacrifícios e
de um martir conservado até nossos fazer tudo o mais para salvar-se?” De
dias. início, ele nada respondeu. Como
insistissem, ele falou: “Não farei o que
vós estais me aconselhando.” Não
conseguindo persuadí-lo, lançaram-lhe
todo tipo de injúrias, e o fizeram
descer do carro tão apressadamente
que ele se feriu na parta da frente da
perna. Sem se voltar, como se nada
houvesse acontecido, ele caminhou
alegremente em direção ao estádio. Aí
o tumulto era tão grande que ninguém
conseguia escutar ninguém. Quando
Policarpo entrou no estádio, veio do
céu uma voz, dizendo: “Sê forte,
Policarpo! Sê homem!” Ninguém viu
quem tinha falado, mas alguns dos
nossos que estavam presentes ouviram
a voz. Finalmente o fizeram entrar e,
quando souberam que Policarpo fora
preso, levantou-se grande tumulto.
Levado até o procônsul, este lhe
perguntou se ele era Policarpo.
Respondeu que sim. E o procônsul
procurava fazê-lo renegar, dizendo:
“Pensa na tua idade”, e tudo o mais
que se costumava dizer, como: “Jura
pela fortuna de César! Muda teu modo
de pensar e dize: ‘Abaixo os ateus!’”
Policarpo, contudo, olhava
severamente toda a multidão de
pagãos cruéis no estádio, fez um gesto
para ela com a mão suspirou, elevou
os olhos e disse: “Abaixo os ateus!”.
O chefe da polícia insistia: “Jura, e eu
te liberto. Amaldiçoa o Cristo!”
Policarpo respondeu: “Eu o sirvo há
oitenta e seis anos, e ele não me fez
nenhum mal. Como poderia blasfemar
o meu rei que me salvou?” Quando
ele ergueu o seu Amém e terminou sua
oração, os homens da pira acenderam
o fogo. Grande chama brilhou e nós
vimos o prodígio, nós a quem foi dado
ver e que fomos preservados para
anunciar estes acontecimentos a
outros.
Irineu   Morreu em 190dC, era da Asia Menor, Recomendado por cristãos mártires ao

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onde fora discipulo de Policarpo. Ele bispo de Roma. nascimento em torno


foi para Roma por um certo tempo e do ano 140, em Esmirna, na Ásia
então tornou-se Bispo de Lião na Gália. (atual Turquia). Ainda criança, em
Em sua obra principal, Contra as Esmirna, freqüentou o velho bispo
Herezias, ele é bem claro acerca do Policarpo (martirizado em 156), que
quadruplo evangelho. Ele cita como por sua vez fora discípulo do apóstolo
sendo autorizados todos os livros do João- o que confere a Ireneu o título
Novo Testamento, exeto Filemon, de “vir apostolicus”. Na Ásia Menor,
Tiago, II Pedro, II João e Judas. Ele Ireneu conheceu são Policarpo. Tendo
colocou Hebreus numa posição voltado de Roma, foi eleito pelo povo
subcanônica. Contudo acitava o bispo de Lião, sucedendo a são Potino.
"Pastor de Hermas" como escritura. A Nada se sabe -com certeza -sobre sua
omissão dos poucos livros pode ter sido morte. Uma tradição tardia -que
acidental, pois ele não dá uma lista remonta a são Jerônimo e ao Pseudo-
"formal" daqueles que já reconhecia Justino -afirma ter sido ele martirizado
como escritura. por heréticos, depois do ano 200, com
uns 70 anos de idade; outra tradição
afirma ter ele morrido num massacre
geral de cristãos lionenses sob Sétimo
Severo (pelo ano 202?). A Igreja o
venera como mártir, celebrando-o a 28
de junho.
Potino Bispo e martir. Primeiro Bispo de Fio predecessor de Irineu. Potino, que morrera por maus tratos na
Lyon, foi martirizado sob Marco prisão aos 90 anos de idade. São
Aurélio. Potino, bispo de Lyon, com mais de
90 anos, é levado ao tribunal. Apesar
de fraco e doente, foi interrogado com
dureza, humilhado, surrado, torturado.
Nesse estado de dor e feridas é jogado
no cárcere, onde morre dois dias
depois. O mártir dá testemunho do
valor único de se crer em Jesus: ele é o
tesouro, a pedra preciosa, nada vale
mais do que ele. o santo bispo de
Lião, velho de 90 anos, foi levado de
maca ao tribunal. Ao juiz, que lhe
perguntava quem era o Deus dos
cristãos, respondeu: conhecê-Lo-ás
quando te tomares digno d'Ele. Foi
permitido aos presentes dar-lhe
pontapés e atirar-lhe com tudo o que
tinham à mão. Em seguida foi
reconduzido à prisão, onde pouco
depois deu o último suspiro.
Clemente   Morreu por volta de 215dC. Escreveu  
de comentários sobre todos os livros do
Alexandria Novo Testamento, segundo Euzébio.
Clemente claramente distinguiu os
quatro evangelhos dos Evangelhos
Apócrifos. Ele aceita como escritura
também: I Clemente, o Didaquê dos
Doze Apóstolos, a Carta de Barnabé, o
Pastor de Hermas, O Apocalipse de
Pedro e a Pregação de Pedro.
Tertuliano   Morreu por volta de 220dC. Era de  
Cártago, na Africa. Citou todos os
livros do Novo Testamento, exeto II
Pedro, II e III João e Tiago. Ele
recusou-se a usar qualquer outro
evangelho que não os quatro que a
igreja reconhecia como inspirados e
autorizados. Ele dizia que Barnaé
escreveu o livro de Hebreus. Sendo o
primeiro escritor cristão a usar também
o latim extensivamente, ele também foi
aparentemente o primeiro a usar o
terrmo "Novo Testamento" para a

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coletânia de escritos cristãos recebidos


pelas igrejas.
Origenes Escritor grego cristão, teólogo e Orígenes de Alexandria e Cesaréia  
comentarista da Bíblia, padre da (185-254dC) sucedeu Clemente como o
igreja (Alexandria - 185, Cesaréia diretor da escola de Alexandria. Mais
ou Tiro entre 252 e 254). Dirigiu tarde mudou-se para Cesaréia. De anos
primeiro a escola catequetica de de estudos com Clemente e de suas
Alexandria. Orientou sua pesquisa próprias investigações, ele tornou-se
p/ o estudo ciêntífico da Bíblia e o capaz de falar com autoridade acerca
alto ensino cristão. Sua sabedoria dos livros que eram comumente aceitos
atraiu numerosos discipulos e pelas igrejas. Ele foi o primeiro a
também muita inveja. Por volta de mostrar uma consciência acerca dos
230dC, Origenes refugiou-se em problemas sobre alguns livros usados
Cesaréia onde reconstituiu a escola por varios grupos. Ao discutir os livros,
de teologia de Alesandria, mas foi ele dividiu tudo em três categorias:
atingido pela perseguição de Décio aceitos, duvidosos e rejeitados. Ele foi
em 250; morreu em consequência de o primeiro escritor a mostrar
torturas sofridas, tres ou quatro anos definidamente um conhecimento de
depois. todos os livros do Novo Testamento que
estão no presente cânon, incluindo
Tiago, II Pedro e III João. O próprio
Orígenes aceitava todos os vinte e sete
livros, mais os livros de Barnabé, o
Didaquê e o Pastor de Hermas.
Contudo, indicou alguma dúvida acerca
de Hebreus, II Pedro, II e II João e
Judas. Todos os outros livros foram
rejeitados como incovenientes para
doutrina
Dionízio Bispo de Alexandria (265dC). Morreu em 264dC. Foi grande figura  
Discípulo de Orígenes, foi mestre do 3º século na avaliação crítica da
depois dele na escola de Alexandria dignidade dos escritos cristãos. Embora
ele não negasse a canonicidade do
Evangelho de Joãp e do Apocalipse, ele
negou que o apóstolo João pudesse ter
escritos ambos. Ele provocou uma
controvérsia acerca da autoridade do
Apocalipse que ainda se mantém até
hoje.
Euzébio de Escritor e prelado grego (Palestina (270-340dC) tinha, como Bispo de  
Cesaréia 265-340dC). Bispo de Cesaréia Cesaréia, a maior biblioteca de escritos
(Eleito em 313dc). Considerado o cristãos do mundo. Ele fora pupilo de
verdadeiro fundador da Pnfilio (um discípulo de Orígines), que
historiografia eclesiástica, fixou as fundou a grande biblioteca teológica em
bases da cronologia até 323dC em Cesaréia. Eusébio foi o primeiro grande
sua crônica. historiador eclesiástico dos primeiros
séculos. Eusébio foi o grande
historiador eclesiástico dos primeiros
séculos. Em seus seis volumes
existentes, ele preservou muita coisa
dos escritos primitivos. O imperador
Constantino, em 331dC, pediu a
Eusébio que preparasse cinquenta
cópias dos livros em grego aceitos nas
igrejas cristãs (isto iria incluir, portanto,
a Septuaginta)
Atanázio   Em 367, Atanázio, Bispo de Alexandria  
de 328 a 373dC, publicou uma Carta de
Pácoa às igrejas que estavam sob sua
responsabilidade. Esta carta contém
uma lista de vinte e sete livros, que
haviam sido aprovados para instrução
doutrinária. Esta lista coincide com os
vinte e sete de nosso Novo Testamento.

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2.3 - A igreja Imperial (313-476 dC)

Principais fatos:

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- Desenvolvimento do poder político na igreja romana,


- Supressão do paganismo,
- Fundação de Constantinopla,
- Divisão do império,
- Controvérsias e concílios,
- A queda do império romano.

Síntese histórica:

Em 305, após abdicação de Diocleciano , quatro aspirantes a coroa estavam em guerra,, os


dois rivais mais poderosos eram Maxêncio e Constantino, sendo que Constantino era
favorável aos cristãos (ele afirmou ter visto no céu uma cruz luminosa com a inscrição “In
Hoc Signo Vinces”). Constantino não era um cristão de fato, era considerado justo, um
instrumento na conquista da liberdade para os cristãos, porém por vezes era cruel e tirano.
Retardou o seu batismo até a véspera de sua morte julgando que assim morreria limpo
deles. A repentina união do estado ao cristianismo trouxe resultados de alcance mundial,
uns úteis e outros danosos. Desde a publicação do edito as perseguições realmente se
encerraram. Os templos das igrejas foram novamente restaurados e reabertos em toda parte,
estes tinham forma e tomaram o nome de “basílica”, nome este herdado da arquitetura
romana. A basílica era um retângulo dividido por filas de colunas tendo na extremidade
uma plataforma semicircular com assentos para clérigos.

Duas gerações após , começaram a aparecer as imagens na igreja! Os cristãos primitivos


tinham horror a tudo que pudesse conduzir a idolatria. Nessa época a adoração pagã ainda
era tolerada, em muitos lugares os templos pagãos transformaram-se em templos cristãos.

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Imagine que antes do cristianismo ser imposto como religião do império, em todos os
lugares os templos pagãos eram mantidos com o tesouro público, agora esse dinheiro
passou as igrejas cristãs, enriquecendo a igreja. Os bispos, ministros eclesiásticos e todos os
funcionários do culto cristão eram pagos com o dinheiro público. O primeiro dia da
semana (domingo) foi oficialmente proclamado como dia de descanso e de adoração para
os cristãos. Sem dúvida alguma, a igreja transformou a sociedade para melhor, porém a
mistura com a política e o estado, resultaram em uma igreja secular onde não se vê mais os
altos ideais do cristianismo transformando o mundo, mas o mundo dominando a igreja. O
fim deste período histórico ocorre quando da queda do império romano em virtude das
invasões bárbaras.

A Fundação de Constantinopla

No ano de 330, Constantinopla foi construída pelo imperador Constantino. A cidade (atual
cidade turca de Istambul) se encontra localizada no estreito de Bósforo, entre o Oriente e o
Ocidente, na confluência de importantes rotas comerciais.
Inicialmente, a construção de Constantinopla (pelo imperador Constantino, no ano de 330)
e, posteriormente, a divisão do Império em duas partes (executada pelo imperador
Teodósio, em 395) tinham como principal objetivo evitar, controlar e manter a
preponderância do Império Romano.
A construção de Constantinopla foi realizada no local onde existira a cidade grega de
Bizâncio. Constantino, na época, comprometeu-se com o desenvolvimento cultural,
artístico e social da cidade. O imperador deslocou pinturas e esculturas de diferentes
regiões do mundo para a cidade. Arquivos e documentos da Antiguidade Clássica (Grécia)
foram preservados e incorporados às bibliotecas, passando a fazer parte dos seus acervos.
Constantinopla, por se localizar em estratégica rota comercial, ficou conhecida como uma
cidade cosmopolita, com influências culturais tanto do Ocidente quanto do Oriente. No
século VI d. C., a cidade viveu seu apogeu e sua população chegou a aproximadamente 1
milhão de pessoas. No ano de 395, tentando controlar a crise, o imperador romano
Teodósio dividiu o império em duas partes: o Império Romano do Ocidente, com a capital
em Milão; e o Império Romano do Oriente, cuja capital era Constantinopla. Além disso,
Teodósio entregou o Império dividido para seus dois filhos: Honório e Arcádio. Assim, o
Império Romano do Ocidente foi governado inicialmente por seu filho Honório; enquanto
Arcádio governou o Império Romano do Oriente, cuja capital, Constantinopla, foi erguida
para contemplar a nova capital do Império Romano, isto é, para ser a Nova Roma.

Os sete primeiros concílios da igreja foram:

 Primeiro Concílio de Niceia (325)

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 Primeiro Concílio de Constantinopla (381)


 Primeiro Concílio de Éfeso (431)
 Concílio de Caldônia (451)
 Segundo Concílio de Constantinopla (553)
 Terceiro Concílio de Constantinopla (680)
 Segundo Concílio de Niceia (787)

Primeiro Concílio de Niceia (325dC)


O imperador romano Constantino convocou este concílio para resolver uma controvérsia
importante na época que tratava da relação de Jesus Cristo (Deus Filho) com Deus Pai e
para estabelecer um acordo universal sobre o tema – a Herezia de Ario, conhecida como
arianismo. O concílio produziu um credo, o credo niceno original, que recebeu apoio quase
unânime. O concílio rebatia assim as doutrinas de Ario e considerava o Arianismo uma
Heresia.

Primeiro Concílio de Constantinopla (381)


Este concílio aprovou a forma atual do credo niceno utilizada atualmente pela maior parte
das igrejas ortodoxas orientais. O concílio também condenou o apolinarismo, uma doutrina
que ensinava que não havia mente ou alma humana em Cristo. Foi também neste concílio
que Constantinopla recebeu a precedência sobre todas as outras igrejas, com exceção de
Roma.

Primeiro Concílio de Éfeso (431dC)


Teodósio II convocou este concílio para resolver a controvérsia nestoriana. O patriarca de
Constantinopla Nestório se opunha ao uso do termo Theotokos (em grego: Θεοτόκος -
"portadora de Deus"), que há muito tempo já vinha sendo utilizado pelos escritores
ortodoxos e que estava ganhando popularidade juntamente com a devoção de Maria como
"Mãe de Deus". Para conter seu uso, ele supostamente teria ensinado que havia duas
pessoas distintas no Cristo encarnado - o que é disputado - ao ensinar que Maria seria mãe
apenas do Cristo humano, mas não de Deus (Christotokos). Essa visão levava à conclusão
que Deus "habitava" um ser humano gerado por Maria. O concílio depôs Nestório,
repudiou seus ensinamentos e proclamou a Virgem Maria como a Theotokos.

2.4 – A igreja Medieval (476-1453 dC)

Principais fatos:
- Progresso do poder papal,

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- Crescimento do poder maometano,


- O sacro império romano,
- A separação das igrejas “romana e grega-Constantinopla”,
- As cruzadas,
- Monasticismo.

Síntese histórica:

Até o ano de 476, veremos que o foco principal da igreja iniciou na região oriental
destacando-se cidades como: - Jerusalém , Samaria, Damasco, Antioquia, etc... e depois se
espalhou pelo império romano até a Europa. Nesta época destaca-se o fato do império
romano ter conseguido com muitos esforços manter suas fronteiras contra a invasões
bárbaras. Bárbaros eram no conceito romano, todos os povos fora de suas fronteiras. A
penetração dos bárbaros no império romano deu-se através de duas etapas:
- Etapa pacífica – nos séculos II e III, quando os guerreiros bárbaros eram aceitos no
exercito romano ou defendiam o território a troco de terras.
- Etapa violenta – nos séculos IV e V quando os povos bárbaros invadiram a Europa
violentamente, formando seus próprios reinos, dentre estes os germanos, celtas, e
eslavos.

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Historiadores modernos mencionam como fatores que causaram a decadência do Império, a


ineficácia do exército romano frente aos crescentes desafios impostos pela guarda da
grande extensão territorial, a saúde pública e os números da população romana, além da
decadência da força da economia, a competência do Imperador, as mudanças religiosas do
período e a ineficiência da administração civil.
Certamente a crescente pressão dos "bárbaros" foi o fator que mais contribuiu para o
colapso da civilização romana. A tomada de poder por Odoacro (476) pode ser considerada
o símbolo do final do Império Romano do Ocidente. A partir de 476, a Itália foi controlada
por reis bárbaros que instalaram a corte em Ravena.

Dentre os grupos bárbaros destacamos os:


- Germanos: de origem indo-européia, habitavam a Europa Ocidental. As principais
nações germânicas eram: os visigodos, ostrogodos, vândalos, bretões, saxões,
francos etc.
- Eslavos: provenientes da Europa Oriental e da Ásia, compreendiam os russos,
tchecos, poloneses, sérvios, entre outros.
- Tártaro-mongóis: eram de origem asiática. Faziam parte deste grupo as tribos dos
hunos, turcos, búlgaros, etc.

Os Germanos
Entre os povos bárbaros, os germanos foram os mais significativos para a formação da
Europa Feudal. A organização política dos germanos era bastante simples. Em época de paz
eram governados por uma assembléia de guerreiros, formada pelos homens da tribo em
idade adulta. Essa assembléia não tinha poderes legislativos e suas funções se restringiam à
interpretação dos costumes. Também decidia as questões de guerra e de paz ou se a tribo
deveria migrar para outro local. Em época de guerra, a tribo era governada por uma
instituição denominada comitatus. Era a reunião de guerreiros em torno de um líder militar,
ao qual todos deviam total obediência. Esse líder era eleito e tomava o título de Herzog. Os
germanos viviam de uma agricultura rudimentar, da caça e da pesca. Não tendo
conhecimento das técnicas agrícolas, eram seminômades, pois não sabiam reaproveitar o
solo esgotado pelas plantações. A propriedade da terra era coletiva e quase todo trabalho
era executado pelas mulheres. Os homens, quando não estavam caçando ou lutando,
gastavam a maior parte de seu tempo bebendo ou dormindo. A sociedade era patriarcal, o
casamento monogâmico e o adultério severamente punido. Em algumas tribos proibia-se
até o casamento das viúvas. O direito era consuetudinário, ou seja, baseava-se nos
costumes. A religião era politeísta e adoravam as forças da natureza. Os principais deuses
eram: Odim, o protetor dos guerreiros; Tor, o deus do trovão; e Fréia, a deusa do amor.
Acreditavam que somente os guerreiros mortos em combate iriam para o Valhala, uma

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espécie de paraíso. As Valquírias, mensageiras de Odin, visitavam os campos de batalha,


levando os mortos. As pessoas que morriam de velhice ou doentes iriam para o reino de
Hell, onde só havia trevas e muito frio.

Dos reinos bárbaros que se formaram na Europa, os principais foram:

- Reinos dos Visigodos: situado na península ibérica, era o mais antigo e extenso. Os
visigodos ocupavam estrategicamente a ligação entre o Mar Mediterrâneo e o
oceano Atlântico, que lhes permitia a supremacia comercial entre a Europa
continental e insular.

- Reino dos Ostrogodos: localizam-se na península Itálica. Os ostrogodos se


esforçaram para salvaguardar o patrimônio artistico-cultural de Roma. Restauraram
vários monumentos, para manter viva a memória romana. Conservaram a
organização político-administrativa imperial, o Senado, os funcionários públicos
romanos e os militares godos.

- Reino do Vândalos: o povo vândalo atravessou a Europa e fixou-se no norte da


África. Nesse reino houve perseguição aos cristãos, cujo resultado foi a migração
em massa para outros reinos, provocando falta de trabalhadores, e uma diminuição
da produção.

- Reino dos Suevos: surgiu a oeste da península Ibérica e os suevos viviam da pesca e
da agricultura. No final do século VI, o reino foi absorvido pelos visigodos, que
passaram a dominar toda península.

- Reino dos Borgúndios: os borgúndios migraram da Escandináva, dominaram o vale


do Ródano até Avinhão, onde fundaram o seu reino. Em meados do século VI, os
borgúndios foram dominados pelos francos.

- Reino do Anglo-Saxões: surgiu em 571, quando os saxões venceram os bretões e


consolidaram-se na região da Bretanha.

No processo de invasão e formação dos reinos bárbaros, deu-se ao mesmo tempo, a


"barbarização" das populações romanas e a "romanização" dos bárbaros. Na economia, a
Europa adotou as práticas econômicas germânicas, voltada para a agricultura, ode o
comércio era de pequena importância.

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Apesar de dominadores, os bárbaros não tentaram destruir os resquícios da cultura romana;


ao contrario, em vários aspectos assimilaram-na e revigoraram-na. Isso se deu, por
exemplo, na organização política. Eles que tinham uma primitiva organização tribal,
aodtaram parcialmente a instituição monárquica, além de alguns mecanismos e normas de
administração romana. Muitos povos bárbaros adotaram o latim com língua oficial. Os
novos reinos converteram-se progressivamente ao cristianismo e aceitaram a autoridade da
Igreja, à cabeça da qual se encontrava o bispo de Roma.

Com a ruptura da antiga unidade romana, a Igreja tornou-se a única instituição universal
européia. Essa situação lhe deu uma posição invejável durante todo o medievalismo
europeu. Dentre estes povos bárbaros destacam-se o reino Franco com a dinastia de duas
famílias: - a Merovindia e a Carolíngia. Das duas dinastias vamos destacar Carlos Magno,
que governou de 768 a 814. Ele expandiu seu reino com numerosas conquistas e no ano
800 em Roma o Papa Leão III o corou como imperador romano do ocidente.

A Idade Média

A Idade Média é o período que se inicia no século V com a queda do império romano
ocidental e se estende até o século XV. A Idade Média é o período intermédio da divisão
clássica da História ocidental em três períodos: a Antiguidade, Idade Média e Idade
Moderna, sendo frequentemente dividida em Alta e Baixa Idade Média.

Na Alta Idade Média verifica-se a continuidade dos processos de despovoamento, regressão


urbana, e invasões bárbaras. Os ocupantes bárbaros formam novos reinos, apoiando-se na
estrutura do Império Romano do Ocidente. No século VII, o Norte de África e o Médio
Oriente, que tinham sido parte do Império Romano do Oriente tornam-se territórios
islâmicos depois da sua conquista pelos sucessores de Maomé. O Império Bizantino
sobrevive e torna-se uma grande potência. No Ocidente, embora tenha havido alterações
significativas nas estruturas políticas e sociais, a ruptura com a Antiguidade não foi
completa e a maior parte dos novos reinos incorporaram o maior número possível de
instituições romanas pré-existentes. O cristianismo disseminou-se pela Europa ocidental e
assistiu-se a um surto de edificação de novos espaços monásticos. Durante os séculos VII e
VIII, os Francos, governados pela dinastia carolíngia, estabeleceram um império que
dominou grande parte da Europa ocidental até ao século IX, quando se desmoronaria
perante as investidas de Víquingues do norte, Magiares de leste e Sarracenos do sul.

Durante a Baixa Idade Média, que teve início depois do ano 1000, verifica-se na Europa um
crescimento demográfico muito acentuado e um renascimento do comércio, à medida que
inovações técnicas e agrícolas permitem uma maior produtividade de solos e colheitas. É

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durante este período que se iniciam e consolidam as duas estruturas sociais que dominam a
Europa até ao Renascimento: o senhorialismo – a organização de camponeses em aldeias
que pagam renda e prestam vassalagem a um nobre – e o feudalismo — uma estrutura
política em que cavaleiros e outros nobres de estatuto inferior prestam serviço militar aos
seus senhores, recebendo como compensação uma propriedade senhorial e o direito a
cobrar impostos em determinado território. As Cruzadas, anunciadas pela primeira vez em
1095, representam a tentativa da cristandade em recuperar dos muçulmanos o domínio
sobre a Terra Santa, tendo chegado a estabelecer alguns estados cristãos no Médio Oriente.
A vida cultural foi dominada pela escolástica, uma filosofia que procurou unir a fé à razão,
e pela fundação das primeiras universidades. A obra de Tomás de Aquino, a pintura de
Giotto, a poesia de Dante e Chaucer, as viagens de Marco Polo e a edificação das
imponentes catedrais góticas estão entre as mais destacadas façanhas deste período.

Os dois últimos séculos da Baixa Idade Média ficaram marcados por várias guerras,
adversidades e catástrofes. A população foi dizimada por sucessivas carestias e pestes; só a
peste negra foi responsável pela morte de um terço da população europeia entre 1347 e
1350. O Grande Cisma do Ocidente no seio da Igreja teve consequências profundas na
sociedade e foi um dos fatores que esteve na origem de inúmeras guerras entre estados.
Assistiu-se também a diversas guerras civis e revoltas populares dentro dos próprios reinos.
O progresso cultural e tecnológico transformou por completo a sociedade europeia,
concluindo a Idade Média e dando início à Idade Moderna.

O Maometanismo ou Islamismo

Em 622 da-se o inicio de um movimento que também teria fortes influências no quadro de
transformações deste período, o islamismo. O Islamismo foi fundado por Maomé, que era
membro de uma família respeitada da cidade de Meca, na Arábia. Seus pais morreram e
ele foi criado pelo tio. Pertencia a tribo dos coraixitas, passou a juventude viajando com
caravanas e conheceu o Cristianismo e o Judaísmo, onde ficou impressionado com o
monoteísmo destas religiões. Aos 40 anos, dizia ter tido visões do anjo Gabriel que lhe
revelou a existência do único Deus, Alá. Maomé começou a pregar a nova religião,
converteu seus parentes, porem os comerciantes de Meca o expulsaram. Em 622,
perseguido, fugiu, o que ficou conhecido como Hégira e este ano marca o início do
calendário mulcumano. Em Medina, Maomé organiza um exercito e em seguida toma a
cidade de Meca. Com uso da guerra religiosa, em pouco tempo o Islamismo havia se
espalhado por todo o oriente inclusive nas terras cristãs penetrando na Europa, região de
Portugal e Espanha. Eles pregavam uma guerra santa e uma fervorosa devoção ao
alcorão e certamente estes e outros fatores favoreceram o rápido crescimento do Islamismo.

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As cruzadas

Os Arabes influenciados pelo Islamismo ganham espaço territorial tanto no oriente, quanto
no mediterrâneo e como reação a este fato a Europa Cristã se levanta num movimento de
guerra Santa chamado de Cruzadas com o fim de retomar estes lugares sagrados. Estas
Cruzadas foram em numero de oito no periodo de 1096 a 1270.

1ª Cruzada (1095-1099)
Convocada, na França, como uma guerra santa, pelo papa Urbano II. Teve inicio efetivamente com a partida rumo à
Jerusalém em 1096. Obtiveram sucesso, conquistaram a Terra Santa, o principado de Antioquia, e os condados de Trípoli
e Edessa, ficando estes praticamente independentes do rei de Jerusalém. Os expedicionários fundaram vários "Estados" no
Oriente Próximo, conhecidos, então, pela denominação de Outremer, ou seja, "Além mar". Esses "Estados" estavam
organizados segundo os padrões feudais.

2ª Cruzada (1147-1149)
Foi estimulada por São Bernardo, em vista da retomada, pelos islâmicos, da cidade de Edessa. O fracasso só não pode ser
considerado pleno, porque Lisboa acabou sendo conquistada dos muçulmanos pelos soldados cruzados que saíram de
Flandres e da Inglaterra em direção à Palestina. O resultado ali obtido foi de fundamental importância para a formação do
Reino de Portugal. Fora isso, também, conseguiram os cruzados normandos conquistar aos infiéis, possessões
anteriormente pertencentes ao Império Bizantino, Corfu, Corinto e Tebas. Na Segunda Cruzada não houve aquele calor
ardente nem o empenho da primeira, como conseqüência suas forças pereceram na Ásia Menor e as que alcançaram a
Palestina sofreram grave derrota em 1148, quando intentavam tomar Damasco. Foi um desastre total deixando profundo
ressentimento no Ocidente contra o Império do Oriente em face do insucesso.

3ª Cruzada (1189-1192)
Decidida pelo papa Gregório VIII, essa Cruzada foi organizada depois que o sultão Saladino retomou Jerusalém, a Cidade
Santa. Teve a participação de Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra; do imperador Frederico Barbarossa, ou Barba-
Ruiva, do Sacro Império Romano Germânico; e Filipe Augusto, de França. Essa Cruzada ficou conhecida como a Cruzada
dos Reis. Nela Frederico Barba-Ruiva, então com 67 anos, morreu afogado e Ricardo Coração de Leão assinou com
Saladino um acordo que permitia aos cristãos peregrinar com segurança até Jerusalém.

4ª Cruzada (1202-1204)
A Quarta Cruzada teve grandes conseqüências políticas e religiosas. Em vez de se dirigirem para a Terra Santa que era o
ponto crucial do conflito entre cristãos e mulçumanos, resolveu se deslocar na direção de Constantinopla. O papa
Inocêncio III não gostou desta idéia e proibiu este desvio do propósito inicial, que tinha como meta derrubar o Imperador
Aleixo III. Tudo isto por causa da promessa de Aleixo, filho do deposto Isaque II, que prometeu aos cruzados bom
pagamento pelo auxílio para que assumisse o Império. O imperador foi derrubado, mas Aleixo não conseguiu cumprir
suas promessas, motivo pelo qual os cruzados tomaram Constantinopla em 1204 e saquearam seus tesouros. As relíquias
das igrejas foram as mais visadas. O Império Oriental foi dividido. Balduíno de Flandres foi feito imperador e um
patriarca latino foi nomeado papa. Esta conquista latina tornou-se um desastre porque enfraqueceu o Império Oriental e
agravou o ódio entre a cristandade grega e latina.

A Cruzada das crianças (1212)


Constituída por crianças e adolescentes que acreditavam estarem possuídas do poder Divino e, por isso, alcançariam com
facilidade e sucesso a posse de Jerusalém. Multidões de crianças e jovens partiram da França e do Sacro Império em
direção aos portos do litoral, querendo dali embarcar em direção a Palestina. Teve fim trágico pois, além de muitos
perecerem na viagem, assim que alcançaram o porto de Alexandria, no Egito, foram vendidos, pelos mercadores de
Marselha, como escravos para os muçulmanos.

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5ª Cruzada (1217-1221)
Essa Cruzada ficou conhecida pelo completo fracasso que conseguiu. Chefiada primeiro por André II, rei da Hungria e
depois por João Brienne, não conseguiu suportar as enchentes do rio Nilo, no Egito, e viu-se obrigada a desistir de seus
objetivos. Era constituída por austríacos, cipriotas, francos da Síria, frísios, húngaros e noruegueses. Foi motivada pela
decisão de Inocêncio III em tomar uma fortaleza muçulmana existente sobre o monte Tambor, no Egito.

6ª Cruzada (1228-1229)
A Sexta Cruzada teve como líder o Imperador Frederico II que partiu em 1227, adoeceu e retornou. Ao chegar o Papa
Gregório IX o considerou desertor e, tendo outros motivos para hostilizá-lo, o excomungou. Em 1228 partiu novamente e
no ano seguinte, assinou um tratado feito com o sultão do Egito, obteve a posse de Jerusalém, Belém, Nazaré e um ponto
da costa. Jerusalém ficou em poder dos cristãos novamente. Mas, em 1244 foi definitivamente perdida mais uma vez.
Quando o espírito das Cruzadas estava morrendo o Rei Francês Luís IX, levou uma expedição desastrosa contra o Egito.
Foi preso e num ataque em Túnis em 1270 foi morto.

7ª Cruzada (1248-1250)
Foi organizada a partir de pregação de Inocêncio IV feita no Concílio de Lyon (1245). Teve por comandante Luís IX, de
França. Também enfrentou problemas com as cheias do Nilo, onde debateu-se e foi eliminada pelo tifo. Luís IX acabou
capturado na derrota que sofreu em Mansurá e seus correligionários, para reavê-lo, submeteram-se a pagar um pesado
resgate de 500 mil moedas de ouro.

8ª Cruzada (1270)
Também foi comandada por Luís IX. A situação no Oriente Próximo apresentava-se bem mais complicada que em
qualquer outro período anterior às demais Cruzadas. As ordens religiosas cristãs existentes na região para defendê-la e
auxiliar os peregrinos encontravam-se em discórdia umas com as outras. Os turcos encontravam, além de desunidos,
enfrentando a ameaça de outro poderosos inimigo: os mongóis, chefiados por Gêngis Khan. Por outro lado, os cristãos
estavam sendo atacados e conduzidos em direção ao mar Mediterrâneo pelos muçulmanos seldjúcidas, ou mamelucos, do
Egito. Nem bem desembarcou em Túnis, Luís IX veio a falecer devido à peste. Devido, entre outras coisas, a sua
abnegação, Luís IX, mais tarde, passou a ser conhecido como São Luís.

Fonte: http://www.coladaweb.com/historia/guerras/as-cruzadas

Este período levou a Europa agrícola, sem recursos a entrar num período de estagnação, se
unindo num tipo de organização política que ficou conhecida como sistema feudal. Neste
sistema destaca-se o clero, a nobreza e os servos. É um período sombrio para religião, a
cultura, de grande miséria, fome, proliferação de doenças, epidemias, etc... A Peste Negra
em 1347 é um exemplo. A Igreja fica corrompida, se desagrega, porem mantem seu papel
positivo no âmbito organizacional e cultural, pois não havia outra estrutura política forte o
suficiente em toda a europa.

Destaca-se neste período o trabalho missionário realizado no sentido de evangelizar os


Bárbaros. A Idade Média termina oficialmente em 1453 com a queda de Constantinopla.

O final da Idade Média foi marcado por muitas convulsões políticas, sociais e religiosas.
Entre as políticas destacou-se a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), entre a Inglaterra e a
França, na qual se tornou famosa a heroína Joana D’Arc. Houve também muitas revoltas
camponesas, o declínio do feudalismo, a expansão das cidades e o surgimento do
capitalismo. No aspecto social, havia fomes periódicas e o terrível flagelo da peste
bubônica ou peste negra (1348). As guerras, epidemias e outros males produziam morte,

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História da igreja
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devastação e desordem, ou seja, a ruptura da vida social e pessoal. O sentimento dominante


era de insegurança, ansiedade, melancolia e pessimismo. Isso era ilustrado pela “dança da
morte”, gravuras que se viam em toda parte com um esqueleto dançante. Na área religiosa,
houve a erosão do ideal da cristandade ou “corpus christianum”, a sociedade coesa sob a
liderança da igreja e dos papas. A religiosidade era meritória, com missas pelos mortos,
crença no purgatório e invocação dos santos e Maria. Ao mesmo tempo, havia grande
ressentimento contra a igreja por causa dos abusos praticados e do desvio dos seus
propósitos. Isso é ilustrado pela situação do papado no final do século 15 e início do século
16. Os chamados papas do renascimento foram mais estadistas e patronos das artes e da
cultura do que pastores do seu rebanho. A instituição papal continuou em declínio, com
muitas lutas políticas, simonia, nepotismo, falta de liderança espiritual, aumento de gastos e
novos impostos eclesiásticos. Como papa Alexandre VI (1492-1503), o espanhol Rodrigo
Borja foi um generoso promotor das artes e da carreira dos seus filhos César e Lucrécia;
Júlio II (1503-1513) foi um papa guerreiro, comandando pessoalmente o seu exército; Leão
X (1513-1521), o papa contemporâneo de Lutero, teria dito quando foi eleito: “Agora que
Deus nos deu o papado, vamos desfrutá-lo”.

2.5 - A igreja Reformada (1453-1648 dC)

Principais fatos:
- A reforma protestante na Alemanha,
- A reforma em outros países,
- Princípios da reforma,
- A igreja reformada,
- A contra reforma,

Síntese histórica:

Para falar da reforma, devemos antes destacar fatos importantes da época:


- A necessidade de se descobrir novos caminhos e rotas comerciais para as Indias,
- Este fato desencadeia as grandes descobertas,
- O renascimento cultural,
- Avanço das ciências,
- Os estados nacionais,
- O declínio do poder papal,
- E a própria Reforma Protestante.

PRIMEIROS MOVIMENTOS DE REFORMA

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História da igreja
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Nos séculos 14 e 15, surgiram alguns movimentos esporádicos de protesto contra certos
ensinos e práticas da Igreja Medieval. Devemos lembrar que a Igreja Católica apostólica
Romana, estava atolada em um arcabouço de problemas que iam desde as irregularidades
com o clero, as superstições, a venda de indugências e um distanciamento cada vez maior
do povo e de suas necessidades espirituais. Estes e outros problemas, levarão homens de fé
a se levantarem diante das densas trevas espirituais.

João Wycliff (1325?-1384), um sacerdote e professor da Universidade de Oxford, na


Inglaterra. Wycliff atacou as irregularidades do clero, as superstições (relíquias,
peregrinações, veneração dos santos), bem como a transubstanciação, o purgatório, as
indulgências, o celibato clerical e as pretensões papais. Seus seguidores, conhecidos como
os lolardos, tinham a Bíblia como norma de fé que todos devem ler e interpretar.

João Hus (1372-1415), um sacerdote e professor da Universidade de Praga, na Boêmia, foi


influenciado pelos escritos de Wycliff. Definia a igreja por uma vida semelhante à de
Cristo, e não pelos sacramentos. Dizia que todos os eleitos são membros da igreja e que o
seu cabeça é Cristo, não o papa. Insistia na autoridade suprema das Escrituras. Hus foi
condenado à fogueira pelo Concílio de Constança. Seus seguidores ficaram conhecidos
como Irmãos Boêmios (1457) e foram muito perseguidos. Foram os precursores dos Irmãos
Morávios, que veremos posteriormente, outro grupo protestante cujas raízes são anteriores
à Reforma do século 16.

Jerônimo Savonarola (1452-1498), um frade dominicano de Florença, na Itália, que


pregou contra a imoralidade na sociedade e na Igreja, inclusive no papado. Governou a
cidade por algum tempo, mas finalmente foi excomungado e enforcado como herege.

A REFORMA

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Martinho Lutero nasceu em 1483 na


pequena cidade de Eisleben, na
Turíngia, em um lar muito religioso.
Seu pai trabalhava nas minas e a
família tinha uma vida confortável.
Inicialmente, o jovem pretendeu seguir
a carreira jurídica, mas em 1505
defrontou-se com a morte em uma
tempestade e resolveu abraçar a vida
religiosa. Ingressou no mosteiro
agostiniano de Erfurt, onde se dedicou
a uma intensa busca da salvação. Em
1512, tornou-se professor da
Universidade de Wittenberg, onde passou a ministrar cursos sobre vários livros da Bíblia,
como Gálatas e Romanos. Isso lhe deu um novo entendimento acerca da “justiça de Deus”:
ela não era simplesmente uma expressão da severidade de Deus, mas do seu amor que
justifica o pecador mediante a fé em Jesus Cristo (Rom 1.17). No dia 31 de outubro de
1517, diante da venda das indulgências por João Tetzel, Lutero afixou à porta da igreja
de Wittenberg as suas Noventa e Cinco Teses, a maneira usual de convidar-se uma
comunidade acadêmica para debater algum assunto.

Logo, uma cópia das teses chegou às mãos do arcebispo, que as enviou a Roma. No ano seguinte, Lutero foi
convocado para ir a Roma a fim de responder à acusação de heresia. Recusando-se a ir, foi entrevistado pelo
cardeal Cajetano e manteve as suas posições. Em 1519, Lutero participou de um debate em Leipzig com o
dominicano João Eck, no qual defendeu o pré-reformador João Hus e afirmou que os concílios e os papas
podiam errar. Em 1520, a bula papal Exsurge Domine (= “Levanta-te, Senhor”) deu-lhe sessenta dias para
retratar-se ou ser excomungado. Os estudantes e professores da universidade queimaram a bula e um
exemplar da lei canônica em praça pública. Nesse mesmo ano, Lutero escreveu várias obras importantes,
especialmente três: À Nobreza Cristã da Nação Alemã, O Cativeiro Babilônico da Igreja e A Liberdade do
Cristão. Isso lhe deu notoriedade imediata em toda a Europa e aumentou a sua popularidade na Alemanha. No
início de 1521, foi publicada a bula de excomunhão, Decet Pontificem Romanum. Nesse ano, Lutero
compareceu a uma reunião do parlamento, a Dieta de Worms, onde reafirmou as suas idéias. Foi promulgado
contra ele o Edito de Worms, que o levou a refugiar-se no castelo de Wartburgo, sob a proteção do príncipe-
eleitor da Saxônia, Frederico, o Sábio. Ali, Lutero começou a produzir uma obra-prima da literatura alemã, a
sua tradução das Escrituras. A partir de então, a reforma luterana difundiu-se rapidamente no Sacro Império,
sendo abraçada por vários principados alemães, Inicia-se então um processo sem retorno onde a Igreja Alemã
se desliga da Igreja Romana. Lutero e os demais reformadores defenderam alguns princípios básicos que
viriam a caracterizar as convicções e práticas protestantes: sola Scriptura, solo Christo, sola gratia, sola fides,
soli Deo gloria. Outro princípio aceito por todos foi o do sacerdócio universal dos fiéis.

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A reforma não foi um movimento único na Alemanha, mas um movimento amplo na


Europa, onde se destaca: - Ulrico Zuínglio (1484-1531) na Suiça, os Reformadores
Radicais (Anabatistas), João Calvino (1509-1564), se estendendo para Inglaterra com a
cisão da igreja local que passou a adotar o nome de Igreja Anglicana.
A contra reforma foi um movimento católico que ocorreu no sentido de impedir o
movimento cada vez mais crescente da reforma protestante. Ao analisar estas ações, os
historiadores falam em dois aspectos: Contra-Reforma e Reforma Católica. O primeiro foi
o esforço da Igreja Romana para reorganizar-se e lutar contra o protestantismo. Essa reação
ocorreu tanto no plano dogmático quanto político-militar. Já a Reforma Católica revelou a
preocupação de corrigir certos problemas internos do catolicismo em resposta às críticas
dos protestantes e de outros grupos.

2.6 – A igreja Moderna (1648-Início século XX)

Principais fatos:
- O movimento Puritano,
- O movimento missionário moderno,
- As igrejas cristãs nos EUA,
- As igrejas no Canadá,
-
Síntese histórica:

Após a reforma protestante, devemos destacar movimentos de importância que


influenciaram países protestantes como Alemanha, Inglaterra e América do Norte. Na

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igreja inglesa, o anglicanismo que estava satisfeito


com as reformas moderadas estabelecidas nos
reinados de Henrique VIII e da rainha Elizabete, não
satisfazia a exigência de grupos que desejavem uma
reforma mais profunda. Os Puritanos se dividiam
entre àqueles que defendiam uma forma
“presbiteriana e Calvinista” e outra parte que
desejava a independência de cada grupo local,
também conhecidos como congregacionalistas. Em
1688 os Puritanos foram reconhecidos como
dissidentes da igreja oficial da Inglaterra e
conseguiram o direito de se organizarem
independentemente. Do movimento iniciado pelos Puritanos surgiram três igrejas:
Presbiteriana, Congregacional e Batista. Nos anos que se seguiram, as igrejas na Inglaterra
caíram em um formalismo e crenças intelectualizadas. A Inglaterra foi despertada dessa
condição, por um grupo de pregadores sinceros dirigidos pelos irmãos João e Carlos Wesley e
Jorge Whitefield. Na idade de trinta e cinco anos, quando desempenhava as funções de clérigo
anglicano, João Wesley encontrou a realidade da religião espiritual entre os morávios, um grupo
dissidente da igreja Luterana. Em 1739 Wesley começou a pregar "o testemunho do Espírito" como
um conhecimento pessoal interior, e fundou sociedades daqueles que aceitavam seus ensinos. Os
seguidores de Wesley foram chamados "metodistas", e Wesley aceitou sem relutância esse nome.
Na Inglaterra foram conhecidos como "metodistas wesleyanos", e antes da morte de seu fundador,
contavam-se aos milhares. O movimento wesleyano despertou clérigos e dissidentes para um novo
poder na vida cristã. No século XVIII, o protestantismo é invadido por ideias racionalistas, o qual
impunha uma crítica a Bíblia como qualquer outro livro e a expurgação de qualquer interpretação
sobrenatural da Bíblia. três grandes líderes que fizeram com que a corrente do pensamento no
século dezenove mudasse de racionalista para ortodoxa foram: Schliermacher (1769-1834), mui
justamente chamado "o maior teólogo do século dezenove". Os outros dois pensadores foram,
Neander (1789-1850), e Tholuck (1790-1877). Os ensinos do racionalismo despertaram um novo
espírito de investigação, e fizeram com que muitos teólogos e intérpretes da Bíblia se apresentassem
para defender a verdade. Antes de partirmos para o protestantismo nos EUA, devemos fazer
menção dos avivamentos missionários ocorridos neste período na Europa.

Morávios: Desde 1732 os morávios iniciaram o estabelecimento de missões estrangeiras, enviando


Hans Egede à Groelândia, e logo após a mesma igreja estava trabalhando entre os índios da
América do Norte, entre os negros das Índias Ocidentais e nos países orientais.

Guilherme Carey: O fundador das missões modernas da Inglaterra foi Guilherme Carey.
Inicialmente foi sapateiro, mas educou-se por sí mesmo, e em 1789 tornou-se ministro da igreja
Batista. Tendo contra si próprio forte oposição, insistiu em enviar missionários ao mundo pagão.
Um sermão que pregou em 1792, e que tinha dois títulos, "Empreendei grandes coisas para Deus" e

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"Esperai grandes coisas de Deus", foi a causa da organização da Sociedade Missionária Batista, e
também contribuiu para o envio de Carey à índia.

O movimento missionário na América do Norte: teve sua primeira inspiração na famosa


"reunião de oração" que se realizou no Colégio Williams, em Massachusetts, no ano de 1811. Um
grupo de estudantes reuniu-se no campo para orar acerca de missões. Nessa ocasião desabou
fortíssima tempestade. Os estudantes refugiaram-se em um depósito de feno, e ali consagraram suas
vidas à obra de Cristo no mundo pagão. Como resultado dessa reunião, fundou-se a Junta
Americana de Comissionados para Missões Estrangeiras, a qual, no princípio, era
interdenominacional; mais tarde, porém, outras igrejas fundaram suas próprias sociedades e a Junta
Americana ficou pertencendo às igrejas Congregacionais. A Junta Americana enviou inicialmente
quatro missionários, a saber: Newel e Hale, à índia; Judson e Rice, se dirigiam ao Extremo Oriente,
mas durante a viagem mudaram de idéia acerca de batismo nas águas, e desligaram-se da Junta
Americana. Essa atitude fez com que se organizasse a Sociedade Missionária Batista Americana, e
Judson e Rice iniciaram o trabalho missionário na Birmânia

Colonização das Américas e os primórdios do evangelho no novo continente (1607-1700)

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Os primeiros cristãos a se fixarem no atual território dos Estados Unidos foram católicos
romanos originários da Espanha e da França. A colonização espanhola da América do
Norte teve início com a conquista do México por Hernando Cortés, em 1519-21. A
administração colonial espanhola com freqüência oprimiu a população nativa, mas os
missionários muitas vezes realizaram um trabalho notável entre os indígenas. Os principais
missionários foram os franciscanos, que atuaram na Flórida, Texas, Novo México e
Califórnia. A França teve o controle do Canadá e do meio-oeste dos futuros Estados Unidos
desde a fundação de Québec por Samuel de Champlain em 1608 até a derrota diante dos
ingleses em 1759. Além de trabalhar entre os colonos franceses, os sacerdotes também
evangelizaram os índios. A Inglaterra foi a principal responsável pela colonização do
território norte-americano e dela vieram os primeiros grupos protestantes a se fixarem nos
Estados Unidos. A primeira colônia inglesa do Novo Mundo foi a Virgínia, que teve início
com a fundação de Jamestown em 1607. Como parte da incorporação da colônia, a Igreja
da Inglaterra tornou-se a sua igreja oficial.
Embora em um grau menor que na Nova
Inglaterra, a religião teve bastante destaque
na Virgínia. Os primeiros puritanos a
migrarem para a América estabeleceram-se
em Plymouth, Massachusetts, em 1620.
Doze anos depois, resolveram transferir-se
para o

o
patrocínio de comerciantes ingleses.
Embarcados no Mayflower em setembro de
1620, pretendiam ir para a Virgínia, mas os
ventos tempestuosos os desviaram para
Cape Cod, onde chegaram em novembro.
Antes de desembarcarem, os homens
assinaram um acordo pelo qual se
comprometeram a manter a solidariedade do
grupo e a renunciar à busca individual do

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lucro. William Bradford (†1657), o primeiro governador e historiador da colônia, escreveu


um comovente relato dos rigores do primeiro inverno, no qual morreu a metade dos
“peregrinos”. Eventualmente, os colonos superaram as dificuldades iniciais e após a
primeira colheita realizaram uma celebração especial de ação de graças, com vários dias
de duração, juntamente com seus amigos indígenas. Em 1630, a colônia tinha somente
300 residentes, mas continuou a prosperar e em 1691 uniu-se à colônia de Massachusetts.
Muito mais importante para a história política e religiosa dos Estados Unidos foi outra
colônia puritana que se estabeleceu um pouco ao norte de Plymouth. A experiência dos
puritanos da Nova Inglaterra veio a dominar as percepções posteriores da história inicial do
protestantismo norte-americano por diversas razões: líderes destacados (John Winthrop,
John Cotton, Cotton Mather, etc.), influência social e política, contribuição democrática,
ênfase à educação e energia moral. A primeira geração de colonos puritanos acreditou que
seria possível realizar o seu grande projeto de reforma que se mostrara inviável na
Inglaterra. O padrão foi estabelecido por Massachusetts e ficou conhecido como “New
England Way” (O Caminho da Nova Inglaterra). Em meados do século 17, vários
indivíduos e grupos desafiaram o “caminho da Nova Inglaterra” e alguns deles foram
banidos para a pequena colônia de Rhode Island. De maneira rápida, devemos destacar
outros grupos também foram responsáveis nos EUA pela colonização e evangelização,
como:
 os Batistas,
 os Anglicanos - Fora da Nova Inglaterra, a Igreja Anglicana foi o principal grupo
religioso existente nas antigas colônias inglesas),
 Católicos romanos George Calvert (1580?-1632) e seu filho Cecil (1605-1675),
primeiro e segundo Lordes Baltimore, foram os fundadores de Maryland, a única
das colônias norte-americanas originais a ter uma significativa influência católica
romana,
 Quakers - outro grupo cristão inglês que veio para o Novo Mundo foram os
quakers (quacres) ou “friends” (amigos), como preferiam chamar-se sob a
inspiração de George Fox (1624-1691),
 Presbiterianos - Desde o século 17, muitos calvinistas que aceitavam a forma de
governo presbiteriana foram do continente europeu para os Estados Unidos.
 Reformados holandeses e alemães - a Igreja Reformada de Nova Amsterdã foi
uma igreja oficial de 1628 até 1664, quando a cidade foi transferida para o controle
dos ingleses e passou a denominar-se Nova York. 

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2.8 – A igreja Contemporânea (Século XX-Tempos atuais)

Tentar resumir a história da igreja contemporânea é sem dúvida uma tarefa quase que
impossível. Não podemos localizar este processo apenas a uma localidade, região ou
continente, pois a igreja de Cristo esta plenamente se desenvolvendo em várias partes,
porém sem dúvida alguma, existe um centro gerador deste processo e sem dúvida alguma,
devemos e podemos iniciar destacando no século XX o processo histórico cristão nos EUA,
pois o mesmo teve grande influência a historicidade da igreja deste presente século.

Síntese histórica:

As igrejas e a guerra civil americana (Guerra de Secessão - 1861 e 1865), as igrejas


protestantes dos estados do norte apoiaram unanimemente a causa do governo federal,
influenciadas pela necessidade de unidade nacional e pelos ideais da abolição da
escravidão. As igrejas sulistas também apoiaram esta causa. A separação entre o norte e o
sul motivou uma única divisão eclesiástica que ocorreu na Igreja Presbiteriana da Velha
Escola. Após a guerra de secessão, com as novas fronteiras ampliadas, os recursos naturais
e econômicos se ampliaram e deram aos EUA um novo caminho em direção ao progresso e
a modernidade. As igrejas participaram das atividades gerais, foram prósperas no serviço
social cristão e para tal tinham energia espiritual e a prosperidade advinda do povo. As
igrejas no norte e no sul cresceram impulsionadas por esta onda de avivamentos. D.L
Moody (5 de fevereiro de 1837 - 22 de dezembro de 1899) estava no apogeu de seu
trabalho evangelístico. Houve um crescimento do trabalho e de lideranças leigas. Surgiram
associações como a Associação Cristã de Moços. As mulheres assumiram também uma
importante liderança nas igrejas e em prol das causas missionárias. Após 1890, temos uma
forte corrente migratória vinda da Europa, uma forte expansão industrial e um rápido
desenvolvimento das cidades. Isto faz aumentar conflitos em busca de direitos, como os
direitos dos trabalhadores. O êxodo de pessoas do campo para cidade aliado as correntes
migratórias externas, faz com que as vizinhanças mudem e se tornem diversificadas. Igrejas
no interior se enfraquecem com estes novos fatores e surgem novas necessidades e novos
desafios para as igrejas nas grandes cidades que florescem. Apesar destes fatores de
desordem, as igrejas protestantes estiveram em grande atividade , sendo que a partir de
1890 e no começo do século XX as igrejas viram crescer seu rol de membros. Campanhas
evangelísticas, movimentos de mocidade, missões nacionais e estrangeiras avançavam
vigorosamente. Os anos de 1900 a 1915 têm sido chamado de “era das cruzadas”, quando
as igrejas organizaram movimentos evangelísticos como: Movimento missionário de leigos.

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MOVIMENTO PENTECOSTAL

Sem dúvida alguma a história da igreja do século XX é marcado pelo aparecimento do


movimento pentecostal que trouxe consequências positivas para toda a cristandade. Para
entendermos o movimento pentecostal, precisamos de entender alguns movimentos que o
precederam:

Movimento de Santidade: cuja ênfase estava voltada à vida santificada e era de ampla
aceitação do protestantismo. Em 1895, quando o pregador Wesleyano radical da Santidade,
Benjamin Hardin Irwin começou, a ensinar sobre três obras de graça, a dissidência
teológica começou a surgir. Segundo Irwin, a segunda obra de graça iniciava a santificação
e a terceira trazia o “batismo do amor ardente”, que é o batismo no Espírito Santo. A maior
parte do Movimento de Santidade condenou essa terceira obra da graça como sendo
heresia. Mesmo assim, porém, a noção que Irwin possuía de uma terceira obra de graça, o
revestimento de poder para o serviço cristão, firmou-se como alicerce do Movimento
Pentecostal.

O Movimento de Santidade (em inglês: Holiness Movement) no cristianismo é um


movimento que ensina que a natureza carnal da humanidade pode ser purificada através da
fé e pelo poder do Espírito Santo possibilita que seus pecados sejam perdoados através da
fé em Jesus Cristo. Os benefícios incluem poder espiritual e uma capacidade para manter a
pureza de coração (que foram, pensamentos e motivos corrompidos pelo pecado). A
doutrina é tipicamente atribuída nas igrejas de Santidade como total santificação ou
perfeição cristã.

Os primeiros grupos do movimento holiness foram: a Igreja de Deus, Anderson-


Indiana(1880); a Igreja do Nazareno(1908); a Igreja Holiness do Peregrino(1897); e a
International Holiness Church(1897).

A idéia da segunda obra da graça: A crença na segunda obra de graça não ficou
confinada ao metodismo. O advogado e pregador cristão Charles G. Finney (Warren, 24 de
agosto de 1792 - Oberlin, 16 de agosto de 1875), por exemplo, acreditava que o batismo no
Espírito Santo provesse revestimento de poder para se obter a perfeição cristã. Outros
pregadores de renome, tais como Dwight L. Moody (5 de fevereiro de 1837 - 22 de
dezembro de 1899) e R.A. Torrey, também acreditavam que uma segunda obra de graça
revestiria o cristão com o poder do Espírito.

Reavivamento dos aspectos do poder de Cristo: Neste meio de reavivamento da


mensagem dos evangelhos, passa a haver também um ascender para a questão do poder de

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Cristo no meio do seu povo e a crença nos aspectos da Bíblia como a cura Divina. A
Igreja aqui e acolá estava recebendo estes sopros de movimentos do Espírito que com
certeza buscava trazer vida a igreja. Nesta época, da busca de uma vida cristã centrada
em Jesus Cristo , muitos pregadores entendem que o homem totalmente entregue a Jesus
Cristo , passa a receber também a porção do Espírito Santo, a Plenitude absoluta do Espírito
Santo em sua vida o capacitando para a vida Cristã. Podemos destacar servos de Deus
como por exemplo Albert Benjamin Simpson, (1843-1919)

Dois eventos marcaram definitivamente a chegada do moderno movimento pentecostal:

O primeiro deles é datado de 1º de Janeiro de 1901, quando Agnes Ozman, aluna da


Escola Bíblica Betel de Charles Fox Parham, em Topeka, no estado americano do Kansas,
teve uma experiência mística e começou a falar em outras línguas. Charles Parham era um
pregador do Movimento de Santidade, que influenciado por Irwin e convencido pelos seus
próprios estudos dos Atos dos Apóstolos, testemunhou um grande reavivamento na Escola
Bíblica Betel. Depois de Agnes Ozman, muitos outros alunos foram batizados com o
“novo” batismo, e falaram em outras línguas (xenolalia). Aqueles que presenciavam esses
acontecimentos, faziam rapidamente um paralelo com os eventos do livro de Atos dos
Apóstolos, e muitos diziam que o movimento era a restauração da fé apostólica. De fato,
quando Bennett Freeman Lawrence escreveu a primeira história do movimento pentecostal,
em 1916, deu ao movimento o título de The Apostolic Faith Restored (Fé Apostólica
Restaurada).

O avivamento da rua Azuza: O segundo e mais marcante foi quando Parham mudou-se
para Houston, e um de seus alunos, um homem negro chamado William Seymour.
William Joseph Seymour, se hospedou na casa de Richard e
Ruth Asberry, na rua Bonnie Brae Norte 214 na cidade de
Los Angeles – EUA. O grupo se reunia periodicamente e
orava pelo batismo no Espírito Santo. Em 9 de abril de
1906, depois de cinco semanas de pregação e de oração de
Seymour, ao terceiro dia de um jejum de 10 dias, as pessoas
ali presentes passaram a evidenciar o batismo com Espírito
Santo de uma maneira diferente e real, movidas pelo poder,
recebendo dons e falando em outras línguas. Aquele fato
trouxe tantas pessoas aquele local que era impossível ali
permanecer. Em 14 de Abril de 1906, na rua Azuza 312,
em um local onde havia sido uma Igreja Metodista e que era
usado como estábulo e depósito, o grupo se mudou e ali
surgiu um grande movimento de avivamento, com a
pregação do Batismo com Espírito Santo que durou três

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anos. Este avivamento ficou conhecido como “Avivamento da rua Azuza” e por meio dele
nasceu o atual movimento pentecostal, de onde saíram igrejas revigoradas que pregaram o
evangelho de Jesus em muitas partes inclusive no Brasil.

A igreja no Brasil - Primórdios:

A colonização do Brasil ao contrário dos EUA teve forte influência católica e o


protestantismo teve pouco influencia nos primórdios desta colonização. As primeiras
igrejas a se estabelecerem foram as Igrejas Reformadas, Anglicana, Presbiteriana,
Metodista e Batista.

Primeiras Igrejas Pentecostais no Brasil:

Assembléia de Deus: Após o movimento pentecostal da rua Azuza, temos a fundação no


Brasil da Igreja Assembléia de Deus através do trabalho inicial missionário dos suecos
naturalizados americanos Daniel Berg e Gunnar Vingren. Eles seguiram para Belém do
Pará. Chegaram lá em 1910 e procuraram a Igreja Batista. Não demorou muito e já dirigiam
reuniões de oração e de estudo, nas quais ressaltavam o Batismo no Espírito Santo, o falar
em línguas e a cura. O pastor batista reagiu de forma contrária a essas idéias e o conflito
resultou numa cisão, pois 18 batistas se uniram aos dois missionários suecos e fundaram a
primeira Igreja local da Assembléia de Deus em 1911, em Belém. A Assembléia de Deus
foi-se propagando pelo nordeste, mas muito devagar para o sul, chegando apenas- em 1927
em São Paulo. Durante o processo de industrialização e urbanização a Assembléia de Deus
cresceu muito entre operários de baixa renda, e também na “ explosão” pentecostal a partir

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da década de 50. Por volta de 1930 cerca de 15.000 pessoas faziam parte da Assembléia de
Deus, e hoje ela teria 13 milhões de fiéis, conforme a Associação Evangélica Brasileira
(AEVB).

Congregação Cristã no Brasil: O operário italiano Luigi Francescon teve uma experiência
semelhante aos suecos Daniel e Gunnar. O valdense Luigi migrou para Chicago e lá se
tomou membro da Igreja Presbiteriana Italiana. Mas assistiu a reuniões na igreja de Durham
e lá recebeu o dom de falar em línguas em 25 de agosto de 1907, como afirma. Motivado
por uma visão semelhante à de Daniel e Gunnar, Luigi foi a Buenos Aires, Santo Antônio
da Platina (PR) e finalmente ao Brás, bairro de migrantes italianos na cidade de São Paulo,
numa época profundamente marcada por movimentos operários e greves em busca de
melhores condições de trabalho. Luigi pregou em 1909 numa igreja presbiteriana, e a sua
pregação carismática, a exemplo de Daniel e Gunnar, causou profundas divergências, que
desembocaram na formação da Congregação Cristã em 1910.

Igreja do Evangelho Quadrangular no Brasil: O pregador Harold Williams, com a ajuda


do pregador de cura divina Raymond Bootright, realizou uma intensa campanha em tendas
de lona de circo pelo Brasil afora, sob o nome de “ Cruzada Nacional de Evangelização” ,
pregando a cura divina. E algumas congregações da Igreja Presbiteriana Independente do
Brasil no estado de São Paulo abriram suas portas para a evangelização centrada na cura
divina. Em 1953 este movimento evangelístico desembocou na organização e
institucionalização da Igreja do Evangelho Quadrangular no Brasil. Em especial o trabalho
evangelístico da Cruzada Nacional conseguiu um grande crescimento desta Igreja nas
primeiras décadas, inclusive a partir da evangelização de membros de denominações
tradicionais.

O Brasil para Cristo: O pedreiro pernambucano Manoel de Mello teve inicialmente


experiências pentecostais na Assembléia de Deus, onde inclusive tomou-se pastor.
Destacou-se por sua pregação direta, sem rodeios e de uma emoção contagiante para as
massas populares. Desligado da Assembléia de Deus, tomou-se pastor da Quadrangular e,
como evangelista, foi com a sua tenda de pregação e de cura de lugar para lugar. Sentindo a
crescente atração do público, saiu da Quadrangular para iniciar o movimento “ Brasil para
Cristo” , a exemplo do movimento pentecostal chileno “ Chile para Cristo” 6. Mello auto-
intitulava-se “missionário” e em 1950 fundou a Igreja Evangélica Pentecostal “ O Brasil
para Cristo”.

Igreja Pentecostal Deus é Amor: O cunhado de Manoel de Mello, o missionário Davi


Miranda, fundou a Igreja Pentecostal Deus é Amor em 1973, em São Paulo. Sua base

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doutrinária tem os aspectos centrais do pentecostalismo, mas está centrada na cura divina.
Atualmente tomou também como linha prática a doutrina da prosperidade.

Neo-Pentecostalismo:

A partir dai teremos o início de um Neo-pentecostalismo cada vez mais visceral e focado
no sincretismo religioso, falácia em detrimento ao puro evangelho de Cristo.

Igreja Universal do Reino de Deus: É conhecida como uma Igreja centrada no seu
fundador, Edir Bezerra Macedo. Ex-funcionário da Loteria Esportiva do Rio de Janeiro, era
católico e umbandista. fundou a Igreja Universal do Reino de Deus num salão onde
funcionava uma funerária no Rio de Janeiro no ano de 1977.

Igreja Internacional da Graça de Deus: Fundada em 1980 como uma dissidência direta
da Igreja Universal, no Rio de janeiro por Romildo Ribeiro Soares, cunhado do bispo Edir
Macedo. Suas pregações e rituais, repletos de curas e exorcismos.

Outras igrejas nasceram neste viés: Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Comunidade
Evangélica Sara Nossa Terra, Igreja Mundial e outras.

Novo fenômeno do evangelicalismo/protestantismo

Fala-se do grande crescimento do evangelho no Brasil, principalmente em decorrência das


igrejas advindas do movimento neo-pentecostal. O que vemos na realidade é um
decréscimo cada vez maior da pregação da verdadeira doutrina de Cristo e da Bíblia em
contrapartida com o crescimento de uma mensagem podre baseada na pura prosperidade
sem o reino, num evangelho social e humanista e na busca da popularidade. Em meio a
isto, podemos ver um fenômeno que corre em duas linhas:

- Uma renovação evangélica de partes de igrejas existentes com preocupação na palavra


de Deus e na doutrina – esta renovação não esta ligada a toda estrutura de uma
denominação protestante tradicional ou pentecostal, mas delineada uma igreja ou igrejas de
determinado seguimento. Como exemplo da renovação evangélica de igrejas existentes,
esta no caso da Igreja Batista da Lagoinha e na Igreja Assembléia de Deus na Penha que em
2 de março de 2010 passou a ter por presidente o pastor Silas Lima Malafaia passando a se
chamar Assembleia de Deus Vitória em Cristo e inclusive a formar um campo seu
independente. São exemplos atuais de igrejas preocupadas com a mensagem de Cristo, a
doutrina, missões e que estão dando bom testemunho de Cristo. Confirmando este aspecto,

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não poderíamos dizer que todas as igrejas Batistas ou todas as igrejas Assembléias de Deus
estão vivendo este renascimento da fé evangélica. Veja-se por exemplo a politização da
Assembleia de Deus e a crescente mundanização de alguns aspectos da fé pentecostal
inicialmente abraçada pela denominação.

- A formação de novas igrejas que não se enquadram no modelo neo-pentecostal e que


estão preocupadas com a doutrina e a palavra. Um fenômeno atual, dos últimos 20 anos
tem sido a formação de novas igrejas e comunidades com base na doutrina e na palavra de
Deus. Estas igrejas não são fruto de cisão ou contradição dentro do movimento das igrejas
protestantes tradicionais, pentecostais ou neo-pentecostais e também não se enquadram e
não permitem serem locadas dentro do movimento neo-pentecostal. São fruto de grupos se
congregarem, mas dentro de uma visão bíblica e doutrinária de caráter evangélico.

A Igreja Aliança Evangélica Missionária:

A Igreja Aliança Evangélica Missionária fundada no ano de 2000, tem como ênfase uma
linha de santidade, cristocêntrica, com visão doutrinária centrada na Bíblia e evangélica. A
mensagem da igreja é fruto da linha histórica do mover de Deus, trazendo santidade, vigor
e avivamento para igreja (Movimentos de Santidade, Holliness, Cura Divina, Salvação, Rua
Azuza, etc.). Entendemos que esta linha histórica, não é uma linha histórica pertencente a
esta ou aquela denominação em particular, mas de toda e qualquer denominação que respire
o desejo de viver esta nova onda de um evangelho cristocentrico. Os frutos de avivamento
espiritual desta história correm “em nossas veias”. É o Sangue mais puro e purificador de
nosso Senhor Jesus Cristo, trazendo sua graça vivificadora a nós como Igreja. A
mensagem da Igreja Aliança deve ser Jesus Cristo, o centro de nossa vida. Jesus Cristo é o
nosso: Salvador, Santificador, Médico Divino e Rei Vindouro. Jesus é a Mensagem que
nos impulsiona a sermos missionários. Como igreja de linha de Santidade, não santidade
legalista ou formalista, mas santidade que vem da fé viva em Jesus Cristo, entendemos que
Cristo, por meio de Sua graça e expiação na cruz do calvário, nos capacita para vivermos
Sua Vida em nós. Cremos que o crente ao aceitar verdadeiramente a obra expiatória e
regeneradora de Jesus Cristo em sua vida, fazendo d’Ele seu Único e Suficiente Senhor e
Salvador, recebe a Pessoa do Espírito Santo, que vem habitar em seu coração, sendo selo de
sua salvação e promovendo por toda a vida do crente a obra regeneradora e santificadora de
Cristo. A mensagem de Cristo deve ser levada a todos em cumprimento ao Seu ide e assim
devemos aspirar ardentemente sermos missionários.

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Bibliografia

Livros:

- A Bíblia Sagrada;
Oliveira, Raimundo de. Seitas e Heresias. Casa Publicadora das Assembléias de
Deus.
- c
- NICHOLS, Robeit Hastings - N62 História da Igreja Cristã, 11 edição - São Paulo,
Casa Editora Presbiteriana.

Sites Consultados:
http://www.mackenzie.br/6982.html
https://teologiacontemporanea.wordpress.com/2009/10/07/pentecostalismo-parham-
seymour-e-o-avivamento-mistico-pietista-do-seculo-vinte/
http://galeriabiblica.blogspot.com.br/2012/06/as-tres-viagens-missionarias-de-paulo.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Persegui%C3%A7%C3%A3o_aos_crist%C3%A3os
http://www.cacp.org.br/quem-foram-os-pais-da-igreja/

Editorial, Consulta, Análise e Verificação Teológica:


Sant’Anna, Carlos Roberto de. Bacharel em Teologia, Pastor da Igreja Aliança Evangélica
Missionária, 2015

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Todos os direitos reservados (¹) ao autor e a Igreja Aliança Evangélica Missionária. Nenhuma parte desta
publicação deverá ser reproduzida de nenhuma forma sem a permissão por escrito.

(¹) Lei 9.610, de 1998 – Legislação brasileira e leis internacionais

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