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História da

Igreja na
Idade Antiga

Professor Mestre Lucas


Gesta
Especialista em História da
Igreja
A história da Igreja
• Introdução aos estudos de História da Igreja

• Metodologia do Historiador

• História da Igreja X História Eclesiástica

• Divisões periódicas da História


Uma História “da” Igreja
• Dionísio, o Pequeno e seu novo sistema de datação:
Anno Domini.
• Este sistema de datação espalhou-se por todo Ocidente
e, durante o desenvolvimento milenar da cultura
europeia, a sua influência fará com que a datação atinja
todo o mundo (e seus historiadores).
• A História humana se torna a História da Salvação.
• A intervenção ativa de Deus no tempo.
• O novo “sentido” da história arrasta o passado em
direção a um ponto futuro cuja chegada, o dia do
Apocalipse, será o ponto culminante de toda a história
acabada.
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ A Plenitude dos Tempos


O momento “certo” para a chegada do
cristianismo
A contribuição helênica
Alexandre “o Grande”
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ A Plenitude dos Tempos


O momento “certo” para a chegada do
cristianismo
A contribuição helênica

O Helenismo
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ A Plenitude dos Tempos


O momento “certo” para a chegada do
cristianismo
A contribuição helênica
Uma mesma língua, um mesmo horizonte
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ A Plenitude dos Tempos


A contribuição romana
Unidade política
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ A Plenitude dos Tempos


A contribuição romana

Lei romana e cidadania


Pax Romana
Sistema de estradas e comunicação
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ A Plenitude dos Tempos


A contribuição romana
Unidade política
Lei romana e cidadania
Pax Romana
Sistema de estradas e comunicação
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ A Plenitude dos Tempos


A contribuição Judaica
A Lei e o Antigo Testamento
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ A Plenitude dos Tempos


A contribuição Judaica

O Escribismo
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ A Plenitude dos Tempos


A contribuição Judaica
A Sinagoga
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto religioso da época


Os dois pontos fundamentais do judaísmo
Monoteísmo ético
Esperança escatológica
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto religioso da época


As religiões helenistas: entre o paganismo , as
religiões de mistério e o sincretismo
As religiões de Mistério
O Sincretismo
O Universalismo
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto religioso da época


Alguns dos principais deuses e religiões
Cíbele e Átis (Frígia)
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto religioso da época


Alguns dos principais deuses e religiões

Dioniso (greco-romano)
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto religioso da época


Alguns dos principais deuses e religiões
Ísis e Osíris (Egípcio)
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto religioso da época


Alguns dos principais deuses e religiões
Mithra (Iraniano)
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto religioso da época


Alguns dos principais deuses e religiões

Zoroastrismo
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto filosófico da época:

Neoplatonismo
Crítica aos deuses pagãos;
Um bem supremo, perfeito e imutável;
Um mundo perfeito, das ideias.
Imortalidade da alma;
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto filosófico da época:


Estoicismo
Dominar as paixões humanas em detrimento da razão;
Uma lei natural impressa no ser humano;
Se conformar com a sociedade , a vida e as tragédias
humanas;
Ser um bom cidadão, homem honesto, honrado e ajudar o
próximo;
Igualitarista, pacifista e humanista;
Contra os deuses pagãos – materialista;
Conflito entre a liberdade humana e o determinismo divino.
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto filosófico da época:


Influências da filosofia grega nos escritos
paulinos:
 “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como
alguns dos vossos poetas tem dito: Porque dele também
somos geração" - Atos 17.28 baseado em citação do
poeta grego Arato.
"Não vos enganeis: as más conversações corrompem os
bons costumes" - 1 Coríntios 15.33 baseado em citação
do filósofo grego Menandro.
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto filosófico da época:


Influências da filosofia grega nos escritos
paulinos:
 A questão do “Logos”: O estoicismo afirma que todo
o universo é corpóreo e governado por um Logos
divino. Este logos (ou razão universal) ordena todas as
coisas: tudo surge a partir dele e de acordo com ele,
graças a ele o mundo é um kosmos (termo grego que
significa "harmonia").
O mundo em que surgiu o
cristianismo

╬ O contexto filosófico da época:


Influências da filosofia grega nos escritos
paulinos:
 "Foi mesmo, dentre eles, um seu profeta, que disse:
Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres
preguiçosos" - Tito 1.12 baseado nas palavras de
Epimênides, considerado como um dos "sete sábios do
mundo antigo“.
O “Deus desconhecido” de Atos 17.23.
O cristianismo: resposta ou ruptura?

╬ Aqueles que veem como resposta

╬ Aqueles que veem como ruptura


A Igreja no Século I:
O Movimento de Jesus e de seus seguidores

╬ A primeira diversificação da Igreja:


Hebreus*
Gregos (helenistas)*
A solução de Pedro
Vida religiosa

╬ O crescimento fora de Jerusalém:


A pregação dos helenistas
A destruição de Jerusalém e o sumiço das fontes
A Igreja no Século I:
O Movimento de Jesus e de seus seguidores

╬ A expansão apostólica e missionária dos


primeiros tempos:
A escassez de fontes e o uso da tradição
Tiago, maior (irmão de João)
Tiago, menos (irmão de Jesus)
Pedro
Paulo
 João filho de Zebedeu e João de Éfeso
Tomé
A Igreja no Século I:
Perseguição e conflitos com os Judeus e Roma

╬ Perseguição por parte dos judeus


O cristianismo como uma nova seita;
O cristianismo como destruidor das tradições
patriarcais;
O cristianismo como uma heresia;
O mito da “grande perseguição” e o judeu como
inimigo do cristianismo.
A Igreja no Século I:
Perseguição e conflitos com os Judeus e Roma

╬ Perseguição por parte do Estado Romano


Cláudio (51 d.C.)
Nero (54 – 64 d.C.)
Domiciano (81 d.C.)
A Igreja no Século I:
Perseguição e conflitos com os Judeus e Roma

╬ Perseguição por parte do Estado Romano


Cláudio (51 d.C.)
Nero (54 – 54 d.C.)
Domiciano (81 d.C.)
A Igreja no Século II e III
╬ Estes dois séculos são extremamente importantes
para a formação da religião cristã;
╬ Neles se formam o cânone bíblico, a hierarquia
eclesiástica, a ortodoxia, a liturgia e a práxis cristã
que definirão o cristianismo até hoje;
╬ Neles surgem os primeiros “pais” da Igreja,
apologistas e mestres da fé;
╬ Neles acontecem o rompimento final com o
judaísmo e a “emancipação” do cristianismo como
uma nova religião perante os olhos de judeus,
cristãos e do próprio Estado.
A Igreja no Século II e III
╬ Nesse período surgem os primeiros locais de
culto e começam a surgir as diferenciações
litúrgicas nas diversas regiões onde o
cristianismo se situava;
╬ Nele começam a surgir os conceitos básicos
da teologia cristã, como o “logos” e a
“trindade”;
╬ Nele se desenvolvem mais plenamente as
escolas de teologia do oriente;
A Igreja no Século II e III
╬ É um período marcado também:
 Pelo surgimento de heterodoxias (chamadas de
heresias);
 Pela perseguição generalizada por parte do Império
Romano;
Pela definição da fé;
Pela consolidação da ideia de “Igreja” – um órgão
universal, único, com representantes iguais em todas
as partes, independentes na sua administração, mas
interdependentes em sua missão, caráter e origem: a
Igreja Santa, Una, Católica e Apostólica.
A Igreja no Século II e III
╬ Todas as transformações políticas, teológicas,
culturais e sociais que a Igreja sofrerá nos
séculos IV e V e ainda toda a contribuição
dos grandes mestres da fé e dos Concílios
ecumênicos deste dois séculos próximos, são
apenas consequência, ou ainda,
desenvolvimento necessário do ocorrido
nesse período.
A Igreja no Século II e III:
Perseguição por parte de Roma
╬ Principais perseguições deste período:
Trajano (98-117);
Marco Aurélio (161-180);
Sétimo Severo (193-211);
Diocleciano (284-305).

╬ Consequências das perseguições:


Desenvolvimento da retórica do martírio e efeitos
missionários do testemunho;
Interiorização das comunidades cristãs.
Carta de Plínio ao imperador Trajano (c. 111-112)

• [...] Nunca participei de uma instrução contra os


cristãos: desconheço, por conseguinte, que fatos
são punidos habitualmente, em que se baseia a
investigação e até onde é necessário ir[...]. trata-se
unicamente do nome [cristão], na ausência de
crimes, ou dos crimes inseparáveis do nome que
devem ser punidos?
Carta de Plínio ao imperador Trajano (c. 111-112)
• Provisoriamente eis a linha de conduta que adotei em relação àqueles
que me foram denunciados como cristãos. Eu próprio perguntei-lhe se
eram cristãos. Aqueles que reconheciam sê-lo, repeti essa pergunta
uma segunda e uma terceira vez, ameaçando-os com o suplicio.
Aqueles que persistiam mandei executa-los. Com efeito, o que quer
que significasse a sua confissão, era para mim indubitável que aquela
teimosia , aquela inflexível obstinação merecia ser punidas. Ouve
outros possuídos da mesma loucura, que em razão de sua qualidade
de cidadãos romanos, designei para serem enviados a Roma [...].
Vários casos particulares se apresentaram [...]. Houve aqueles que
negaram ser cristãos ou tê-lo sido. Quando eles, a instâncias minhas,
invocaram os deuses, ofereceram a tua imagem, súplicas de incenso e
de vinho e alem disso, blasfemaram contra o Cristo – coisas a que
segundo se diz, é impossível obrigar aqueles que são realmente
cristãos – reconsiderei poder libertá-los. [...].
Carta de Plínio ao imperador Trajano (c. 111-112)
• Outros asseguravam que tinham deixado de ser cristãos , alguns há três anos,
outros há mais tempo ainda e alguns mesmo a vinte anos. Todos esses também
veneravam a tua imagem, as estátuas dos deuses e blasfemaram contra o Cristo.
• Por outro lado eles afirmaram que toda sua falta ou seu erro, se limitara a reunir-
se habitualmente num dia fixo, antes de nascer o sol, para cantarem entre si,
alternativamente um hino a Cristo, como se fosse um Deus e para se
comprometer através de juramento, não a perpetrar este ou aquele crime, mas a
não cometer nem roubo, nem pilhagem, nem adultério, a não faltar a palavra
dada, a não negar a devolução do que lhe for confiado quando solicitado. Depois
disso, eles tinham o costume de se separar, para voltarem a se reunir a fim de
fazerem uma refeição, mas uma refeição bastante comum e inocente. Eles
haviam renunciado também a essa prática depois do édito no qual, segundo suas
instruções, proibi as associações. Considerei ainda mais necessário a busca da
verdade, através até mesmo da tortura, no que se referia a duas escravas que
eles denominavam diaconisas. Nada mais encontrei que uma superstição
irracional e desmesurada.
Carta de Plínio ao imperador Trajano (c. 111-112)

• Dessa maneira, suspendi a instrução para recorrer a teu


conselho. A questão me pareceu merecê-lo sobretudo em
função do número daqueles que estão comprometidos.
Tratas-se de uma grande quantidade de de todas as idades,
de todas as condições, dos dois sexos que são pronunciadas
pela justiça ou que os serão. Não foi somente as cidades,
mas também aldeias e campos, que sofreram o contágio
dessa superstição. Creio que será possível dete-la e corrigi-la.
Assim se constatou que os templos que pouco a pouco
tinham sido abandonados, estão sendo novamente
freqüentados, que são retomadas as festas solenes há muito
interrompidas [...].
• Plínio, o Moço. Correspondência X 96. Trad. Belles Lettres
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé perante os perseguidores
╬ Acusações contra os cristãos:
 Ateísmo;
 Incesto;
 Sensualidades e abominações em suas reuniões;
 Infanticídio;
 Canibalismo;
 Adorar um asno crucificado;
 Serem pessoas ignorantes, cuja fé é baseada em tolices e
contradições;
 Religião que destrói os princípios da família, da
civilidade e da sociedade greco-romana;
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé perante os perseguidores
╬ A reação da Igreja: os primeiros apologistas:
 A tarefa de defender a fé produziu as mais notáveis obras
teológicas destes séculos; a Igreja começara a desenvolver
a sua estrutura teológica, baseando-se em princípios
apologéticos;
 Vemos que logo no século II existe grande produção
literária, teológica, intelectual e apologética, formando as
bases da ortodoxia;
 Principais escritos:
 “Discurso a Diogneto” (anônimo, talvez Quadrato – início
do século II);
 “Apologia” de Aristides (antes de 138 A.D.);
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé perante os perseguidores
╬ A reação da Igreja: os primeiros apologistas:
 Principais escritos:
 Justino, o Mártir (morre em 163 A.D.):
 Duas apologias;
 “Diálogo com Trifão” – um rabino judeu;

 Taciano (discípulo de Justino) – Discurso aos gregos


 Atenágoras:
 Defesa dos cristãos;
 Sobre a ressurreição dos mortos;
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé perante os perseguidores
╬ A reação da Igreja: os primeiros apologistas:
 Teófilo (Bispo de Antioquia) – 180 d.C.:
 “Três livros a Autólico” – tratava sobre a doutrina cristã
de Deus, a interpretação das Escrituras e a vida cristã.
 Orígenes (Alexandria) - final do II e início do séc. III
– “Contra Celso”
 Tertuliano (Cartago) - final do II e início do séc. III
 “Ad Apologeticum”;
 “Ad Nationes”;

 Minúcio Félix (final do II e início do séc. III) -


“Otávio”.
• “Que um seja livre para adorar a Deus, e outro a
Júpiter; que um possa erguer as mãos suplicantes
para o céu, e outro para o altar da Boa Fé; que a um
seja permitido contar as nuvens, ao orar (se acreditais
que ele o faz), e a outro os painéis dos lambris; que
um possa consagrar a Deus sua própria alma, outro a
vida de um bode! Tende cautela para que já não seja
um crime de irreligião tirar dos homens a liberdade
de religião e proibir-lhes a escolha da divindade, isto
é, não permitir que eu glorifique a quem quero
glorificar, para me dar força a dar glória a quem não a
quero dar. Não há ninguém que queira homenagens
forçadas, nem mesmo um homem!”
• Tertuliano - Apologética 24, 5-6
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé perante os perseguidores
╬ Resultado da literatura apologética:
 Formulação da fé em termos filosóficos: o diálogo com
a filosofia grega era inevitável e necessária, pois era o
único paradigma intelectual daquela época há séculos;
 Porém, a relação entre a fé cristã e a cultura pagã
seguiu dois caminhos:
 Os que rejeitavam o diálogo com a filosofia pagã,
dizendo haver uma oposição radical entre ela e a fé
cristã;
 Os que viam pontos de contato entre a cultura pagã e o
cristianismo, sobretudo na obra dos grandes filósofos
Platão, Aristóteles e os estoicos.
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé perante os perseguidores
╬ Resultado da literatura apologética:
 Os que rejeitavam o diálogo com a cultura pagã:
 Tertuliano:
 “Que tem Atenas a ver com Jerusalém? Ou que tem a
Academia a ver com a Igreja?”
 Combate à filosofia pagã por causa das distorções que elas
causavam quando penetravam no cristianismo, sobretudo as
doutrinas gnósticas e de Marcião;
 “Credo quia absurdum”:
O filho de Deus foi crucificado? Não me envergonho por isso, uma
vez que é preciso envergonhar-se. O Filho de Deus morreu? É
preciso acreditar, pois é absurdo. Ele foi sepultado, ressuscitou É
seguro, pois é impossível!” – A carne de Cristo, IV, 5-V,4.
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé perante os perseguidores
 Os que rejeitavam o diálogo com a cultura pagã:
 Taciano:
 “Discurso aos gregos”: atacava tudo o que os gregos
consideravam valioso, como sendo obra dos próprios bárbaros;
 A “sabedoria” grega é uma adulteração, caricatura ou um pálido
reflexo da verdade que Moisés conheceu e que os cristãos pregam
agora;
 Se a cultura grega é superior, como os deuses cometem
infanticídios, adultérios, incestos e coisas vergonhosas? Como
suas estátuas dos deuses são tomadas de modelos de mulheres e
prostitutas dos escultores?
 É a primeira apologética desconstruindo completamente a história
e o paradigma cultural de um povo; avançadíssimo!
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé perante os perseguidores
 Os que dialogavam com a cultura pagã:
 Justino, o Mártir:
 Existem vários pontos de contato entre a filosofia grega e o
cristianismo, existindo traços de verdade cristãs nos escritos
de Sócrates, Platão etc.
 A teologia em torno do “Logos”, a razão universal, que é o
próprio Cristo.
 Assim, os filósofos conheciam a verdade, ao menos em parte,
até que os cristãos a conhecem por completo em Jesus Cristo.
 Assim, tudo de bom produzido pela filosofia pagã, na verdade
é inspiração cristã, do fragmento de Deus que vieram a
conhecer.
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
╬ A defesa da fé e da unidade da Igreja:
 Os primeiros líderes cristãos se viram diante de diversos
problemas que tornavam praticamente impossível a
expansão do Evangelho;
 Por um lado a dispersão geográfica, cultural, idiomática,
social;
 Por outro lado as perseguições e massacres aos cristãos em
todo o mundo;
 Outro problema eram os problemas internos dentro de
cada igreja, como brigas, usurpações, invejas, amor ao
dinheiro etc;
Didaquê - CAPITULO XI
• 1Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito
anteriormente, deve ser acolhido.
• 2Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra
doutrina para te destruir, não lhe de atenção. No
• entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e
conhecimento do Senhor, você deve acolhe-lo como se
• fosse o Senhor.
• 3Ja quanto aos apóstolos e profetas, faca conforme o
principio do Evangelho.
• 4Todo apostolo que vem ate você deve ser recebido como
o próprio Senhor.
• 5Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais
outro. Se ficar três dias e um falso profeta.
• 6Ao partir, o apostolo não deve levar nada a não ser o pão
necessário para chegar ao lugar onde deve
• parar. Se pedir dinheiro e um falso profeta.
• 7Nao ponha a prova nem julgue um profeta que fala tudo
sob inspiração, pois todo pecado será perdoado,
• mas esse não será perdoado.
• 8Nem todo aquele que fala inspirado e profeta, a não ser
que viva como o Senhor. E desse modo que você
• reconhece o falso e o verdadeiro profeta.
• 9Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa
não deve comer dela. Caso contrario, e um falso
• profeta.
• 10Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que
ensina e um falso profeta.
Didaquê - CAPITULO XI
• 10Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que
ensina e um falso profeta.
• 11Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo
mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a
• fazer como ele faz não devera ser julgado por você; ele será
julgado por Deus. Assim fizeram também os
• antigos profetas.
• 12Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou
qualquer outra coisa, não o escutem. Porem, se ele
• pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o
julgue.
PRIMEIRA CARTA AOS CORÍNTIOS – Clemente de Roma

• INTRODUÇÃO
• A Igreja de Deus estabelecida transitoriamente
em Roma à Igreja de Deus estabelecida
transitoriamente em Corinto, aos eleitos
santificados na vontade de Deus, por Nosso
Senhor Jesus Cristo: que a graça e a paz vos
sejam dadas em plenitude da parte de Deus
todo-poderoso, por Jesus Cristo.
PRIMEIRA CARTA AOS CORÍNTIOS – Clemente de Roma

CAPÍTULO III
• 1 - Plena reputação e prosperidade vos foi concedida,
cumprindo-se a palavra da Escritura: "O bem amado
comeu e bebeu, engordou e encheu-se
• de comida, e tornou-se desobediente".
• 2 - Daí nasceram o ciúme e a inveja, a discórdia e a
revolta, a perseguição e a desordem, a guerra e o
cativeiro.
• 3 - Desta forma, os desonrados levantaram-se contra os
honrados, os desrespeitados contra os respeitados, os
insensatos contra os sensatos, os jovens contra os
anciãos.
PRIMEIRA CARTA AOS CORÍNTIOS – Clemente de Roma

CAPÍTULO III
• 4 - Por isso, afastou-se para longe a justiça e a paz no
exato momento em que
• cada um abandonou o temor de Deus e obscureceu o
olhar em sua fé, não
• andando conforme o que prescreve os seus mandamentos,
não se
• conduzindo da maneira digna de Cristo. Ao invés, cada
qual anda segundo
• os desejos de seu coração perverso, admitindo em si um
ciúme injusto e
• ímpio, ciúme este que gerou a morte para o mundo.
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
╬ A defesa da fé e da unidade da Igreja:
╬ Por fim, haviam as doutrinas heterodoxas que
arrastavam uma multidão de seguidores abrindo
mão dos princípios básicos do cristianismo.
╬ Dentre as principais doutrinas heterodoxas
combatidas pelos cristãos durante o três
primeiros séculos, damos destaque a (o):
Epístola aos Filipenses - S. Policarpo de Esmirna (110-140 d.C.
aprox.)
VII. Contra o docetismo. Perseverar no jejum e na oração.

• "Pois que não confessar que Jesus Cristo veio na carne


[encarnou], este é anticristo"; e quem não confessar o
testemunho da cruz, este é do demônio; e quem perverter as
profecias do Senhor para sua própria satisfação, e diz que não
há nem ressurreição nem julgamento, este é o primeiro
nascido de Satanás. Por isso abandonemos os discursos vãos
das multidões, e suas falsas doutrinas, e voltemos aos
ensinamentos que nos foram dados desde o princípio;
"permaneçamos sóbrios na oração", e perseveremos no jejum;
suplicando em nossas orações ao Deus que vê tudo "para que
não nos deixe cair em tentação", pois o Senhor disse: "O
espírito está pronto, nas a carne é fraca".
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
╬ A defesa da fé e da unidade da Igreja:
A isso, a Igreja cristã reagiu de diversas formas:
A formação do Cânon bíblico (séc. I e II):
Antes de Marcião, não temos registro arqueológico de
um cânon bíblico cristão;
As Escrituras eram os livros sagrados dos judeus, da
versão chamada de “Septuaginta”;
Cada Igreja possuía a Septuaginta, além de um dos
Evangelhos, ou algumas cartas de Paulo e outros
escritos neotestamentários;
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
╬ A defesa da fé e da unidade da Igreja:
A isso, a Igreja cristã reagiu de diversas formas:
A formação do Cânon bíblico:
Mas diante do desafio de Marcião, desenvolveu-se a
necessidade de construir um cânon, para a defesa da
fé, mas também para a edificação mútua, para a
resposta aos desafios da evangelização e sobrevivência
e, sobretudo, para confirmar a doutrina cristã
ortodoxa;
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
╬ A defesa da fé e da unidade da Igreja:
 Os Evangelhos:
 Os primeiros livros a serem geralmente lidos e incluídos
foram os quatro Evangelhos. Sabia-se, todavia, desde o
início a diferença entre cada um deles e possíveis
discordâncias. Porém, desde o início a Igreja decidiu
mantê-los;
 Com exceção de Taciano, que escreveu o Diatessaron (uma
compilação ou resumo ordenado dos quatro Evangelhos) - e
que encontrou acolhida apenas nas Igrejas da Síria –
sempre foram conservados os Evangelhos sem modificações
ou adulterações;
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
╬ A defesa da fé e da unidade da Igreja:
 Os Evangelhos:
Essa era uma forma também de rejeitar os falsos
evangelhos gnósticos, que provavelmente começaram a
circular no fim do século II;
Um dos mais antigos evangelhos gnósticos era o de
Tomé. Mas vemos também de Maria Madalena,
Judas...
Cada grupo de gnósticos possuía o seu próprio
evangelho que diziam ser o relato especial de Jesus ou
do Espírito Santo a um discípulo especial;
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
╬ A defesa da fé e da unidade da Igreja:
Os Evangelhos:
Nesses evangelhos haviam histórias repletas de dados
fantasiosos, mas o que havia de comum era que cada
um conservava uma “gnose” especial para a salvação
comunitária; também vemos a concordância geral de
que Jesus não sofreu, não morreu (e, portanto, não
ressuscitou) – a rejeição ao mundo material;
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
Os demais livros:
Cedo , e também facilmente, foram assimilados nos
cânones o livro de Atos e as epístolas paulinas (talvez
as mais lidas);
Outros livros como Apocalipse, 3 João e Judas
demoraram mais a serem universalmente aceitos;
Mas até o final do século II a maior parte do N.T.
compunha as Escrituras de todas as Igrejas Cristãs;
Um dos documentos cristãos mais antigos e que
relatam a unidade universal do cânon bíblico é o
Cânon de Muratori, escrito por volta de 170 A.D.:
§... aos quais esteve presente e assim o fez. O terceiro livro do Evangelho é o de Lucas. Este
Lucas, médico, que depois da ascensão de Cristo foi levado por Paulo em suas viagens,
escreveu sob seu nome as coisas que ouviu, uma vez que não chegou a conhecer o Senhor
pessoalmente, e assim, a medida que tomava conhecimento, começou sua narrativa a partir
do nascimento de João. O quarto Evangelho é o de João, um dos discípulos.
§Questionado por seus condiscípulos e bispos, disse: “Andai comigo durante três dias a
partir de hoje e que cada um de nós conte aos demais aquilo que lhe for revelado”. Naquela
mesma noite foi revelado a André, um dos apóstolos, que, de conformidade com todos,
João escrevera em seu nome.
§Assim, ainda que pareça que ensinem coisas distintas nestes distintos Evangelhos, a fé dos
fiéis não difere, já que o mesmo Espírito inspira para que todos se contentem sobre o
nascimento, paixão e ressurreição [de Cristo], assim como sua permanência com os
discípulos e sobre suas duas vindas : depreciado e humilde na primeira e gloriosa, com
magnífico poder, na segunda .
§Portanto, o que há de estranho que João frequentemente afirme cada coisa em suas
epístolas dizendo: “O que vimos com nossos olhos e ouvimos com nossos ouvidos e nossas
mãos tocaram, isto o escrevemos”? Com isso, professa ser testemunha, não apenas do que
viu e ouviu, mas também escritor de todas as maravilhas do Senhor.
§Os Atos foram escritos em um só livro. Lucas narra ao bom Teófilo aquilo que se sucedeu
em sua presença, ainda que fale bem por alto da paixão de Pedro e da viagem que Paulo
realizou de Roma até a Espanha.
§Quanto às epístolas de Paulo, por causa do lugar ou pela ocasião em que foram
escritas elas mesmas o dizem àqueles que querem entender: em primeiro lugar, a
dos Coríntios, proibindo a heresia do cisma; depois, a dos Gálatas, que trata da
circuncisão; aos Romanos escreveu mais extensamente, demonstrando que as
Escrituras têm como princípio o próprio Cristo.
§Não precisamos discutir sobre cada uma delas, já que o mesmo bem-aventurado
apóstolo Paulo escreveu somente a sete igrejas, como fizera o seu predecessor João,
nesta ordem: a primeira, aos Coríntios; a segunda, aos Efésios; a terceira, aos
Filipenses; a quarta, aos Colossenses; a quinta, aos Gálatas; a sexta, aos
Tessalonicenses; e a sétima, aos Romanos.
§E, ainda que escreva duas vezes aos Coríntios e aos Tessalonicenses, para sua
correção, reconhece-se que existe apenas uma Igreja difundida por toda a terra, pois
da mesma forma João, no Apocalipse, ainda que escreva a sete igrejas, está falando
para todas. Além disso, são tidas como sagradas uma [epístola] a Filemon, uma a
Tito e duas a Timóteo; ainda que sejam filhas de um afeto e amor pessoal, servem à
honra da Igreja universal e à ordenação da disciplina eclesiástica. Correm também
uma carta aos Laodicenses e outra aos Alexandrinos, atribuídas [falsamente] a
Paulo, mas que servem para favorecer a heresia de Marcião, e muitos outros escritos
que não podem ser recebidos pela Igreja católica porque não convém misturar o fel
com o mel.
§Entre os escritos católicos, se contam uma epístola de Judas e duas
do referido João, além da Sabedoria escrita por amigos de Salomão em
honra do mesmo. Quanto aos apocalipses, recebemos dois: o de João
e o de Pedro; mas, quanto a este último, alguns dos nossos não
querem que seja lido na Igreja. Recentemente, em nossos dias,
Hermas escreveu em Roma O Pastor, sendo que o seu irmão, Pio,
ocupa a cátedra de Bispo da Igreja de Roma.
§É, então, conveniente que seja lido, ainda que não publicamente ao
povo da Igreja, nem aos Profetas, cujo número já está completo, nem
aos Apóstolos, por ter terminado o seu tempo. De Arsênio, Valentim e
Melcíades não recebemos absolutamente nada; estes também
escreveram um novo livro de Salmos para Marcião, juntamente com
Basílides da Ásia…
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
╬ A defesa da fé e da unidade da Igreja
A isso, a Igreja cristã reagiu de diversas formas
O Credo Apostólico:
Remonta ao século II e também é chamado de
“símbolo” da fé;
Era utilizado no batismo, como profissão de fé;
Era uma grande resposta apologética às heresias em
voga;
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
╬ A defesa da fé e da unidade da Igreja
 O Credo Apostólico:
 “1. Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da
terra; 2. e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, 3.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da
virgem Maria; 4. padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado,
morto e sepultado; 5. ressuscitou ao terceiro dia; 6. subiu aos
Céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, 7. de
onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. 8. Creio no
Espírito Santo, 9. na Santa Igreja, na comunhão dos Santos,
10. na remissão dos pecados, 11. na ressurreição da carne,
12. na vida eterna. Amém.”
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
╬ A defesa da fé e da unidade da Igreja
A isso, a Igreja cristã reagiu de diversas formas
A doutrina da Sucessão Apostólica:
O debate concentrava-se na questão da autoridade da
Igreja, pois as comunidades gnósticas eram,
geralmente, horizontais, e fugiam da hierarquia
crescente no cristianismo;
O argumento da sucessão era que, se os apóstolos
realmente legaram uma doutrina “gnose” especial,
com certeza eles legaram aos seus discípulos diretos;
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
A isso, a Igreja cristã reagiu de diversas formas
 A doutrina da Sucessão Apostólica:
 De qualquer forma, se receberam algum segredo,
deveriam ter transmitido a toda a Igreja, e não
secretamente;
 Ademais, para sabermos qual seria a doutrina correta a
seguir, o mais confiável era ouvi-la dos seguidores diretos
de Jesus (os 12 e outros discípulos vivos) e na ausência
destes, os discípulos diretos que viveram com os doze;
 E realmente no século I, haviam bispos cristãos
diretamente batizados por Pedro e por João (Clemente de
Roma, Inácio de Antioquia, etc.);
A Igreja no Século II e III:
A defesa da Fé Pastoral
 A doutrina da Sucessão Apostólica:
 E esses legaram sua doutrina a outros bispos que
consagraram e assim sucessivamente;
 Porém, a maior parte da Igreja estava em locais sem a
referência de um apóstolo como fundador. Mas no
século II isso não importava, pois “fazer parte” da
sucessão apostólica era reconhecer a doutrina dos bispos
apostólicos e segui-la;
 Só mais tarde é que essa doutrina vai se aprofundar até
chegar a concepção de que as verdadeiras igrejas foram
aquelas fundadas por onde um apóstolo passou
pregando e lá morreu.
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 Já visto que até o final do século II e início do III, o
cristianismo já havia:
 Rompido com o judaísmo e se posicionado como uma
“outra coisa” – uma religião diferente que seria o
“verdadeiro judaísmo”;
 Formado sua teologia com base nos embates do contexto
filosófico platônico e estoico;
 Formado sua ortodoxia universal (da Europa a Grécia,
Ásia Menor, Oriente Próximo, Pérsia, Arábia e Norte da
África (Cartago e Egito) através do Credo dos Apóstolos,
das cartas e escritos pastorais e dos tratados apologéticos;
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 Já visto que até o final do século II, o cristianismo já
havia:
 Havia rejeitado através dos tratados apologéticos e
teológicos as heterodoxias principais;
 Formado uma liderança e hierarquia sólida e rígida
através da Doutrina da sucessão apostólica;
 Agora relataremos aspectos do desenvolvimento do
cristianismo e seu órgão principal, a Igreja, como
uma Instituição bem definida, em seu caráter, missão
e composição:
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 Já visto que até o final do século II, o cristianismo já
havia:
 Havia rejeitado através dos tratados apologéticos e
teológicos as heterodoxias principais;
 Formado uma liderança e hierarquia sólida e rígida
através da Doutrina da sucessão apostólica;
 Agora relataremos outros aspectos do
desenvolvimento do cristianismo e seu órgão
principal, a Igreja, como uma Instituição bem
definida, em seu caráter, missão e composição:
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 A hierarquia funcional:
 A hierarquia eclesiástica encontrada no N.T. nos
dá a ideia de horizontalidade e ampla participação
dos cristãos na liturgia, no ensino, na exortação
profética e na evangelização;
 Porém, com o grande crescimento numérico,
expansão geográfico e ameaças internas e externas,
a Igreja teve de necessariamente, verticalizar e
cristalizar a liderança;
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 A hierarquia funcional:
 Inicialmente vemos a divisão:
 Bispos
 Presbíteros (anciãos)
 Diáconos
Porém, haviam também congregações dirigidas por
profetas e algumas de igualitarismo radical;
No entanto, estão eram mais raras e se perderam,
com o desenrolar histórico;
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 A hierarquia funcional:
 A hierarquia que permaneceu e se desenvolveu
amplamente foi aquela lida no N.T. (sobretudo em Atos)
que faz distinção clara entre os três cargos;
 Com o passar do tempo o presbiterato vai perdendo o
vínculo com a idade em si e se torna cada vez mais
parecido com o que chamamos hoje de pastor;
 O diaconato cuidará da parte social e de toda a obra da
Igreja que não fosse a pregação e celebração da
liturgia, bem como a supervisão doutrinária das
Igrejas;
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
 A hierarquia funcional:
 O cargo de bispo porém, cada vez mais se
verticalizou. Suas funções eram administração da
disciplina dos fiéis, na supervisão ou presidência
das cerimônias religiosas – cujo número e
variedade aumentaram passo a passo –, na
consagração e atribuição de função aos outros
ministros eclesiásticos, na gerência dos fundos
comuns e na solução dos conflitos que os cristãos
não queriam expor diante de um juiz de fora;
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
 A hierarquia funcional:
 Com o crescimento da Igreja, houve a necessidade
de organizar uma liderança local de bispos, com
um presidente; e assim nas grandes metrópoles,
regiões etc:
 Metropolitas;
 Patriarcas;
 Abades.
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 A Igreja também se organizará para ajudar os irmãos
internamente, umas às outras regionalmente e, em
diante, ampliará a assistência pública aos gentios,
alimentando famintos, dando refúgio aos escravos
etc.;
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 Rede de mútua vigilância, ajuda e edificação:
 Outro aspecto a se destacar é que, desde cedo, a Igreja
desenvolveu um sistema de controle e vigilância, umas
sobre as outras, exercida através dos bispos e profetas
itinerantes que viajavam de região e região trazendo
cartas de consolo e exortação, doutrina, partes do
cânon, orientações sobre as perseguições e notícias dos
irmãos e parentes distantes;
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 Rede de mútua vigilância, ajuda e edificação:
 Por todo o Império romano e fora dele, os cristãos
estavam em uma ampla rede de comunicação, o que
podemos perceber tanto no N.T. como nos escritos de
todos os primeiros pais e bispos;
 Um dos exemplos mais interessantes desta rede de
intercomunicação é a estela de Abércio, bispo de
Hierápolis, na Frígia;
“Cidadão de pátria ilustre, construí este túmulo durante a vida para que meu
corpo – num dia – pudesse repousar.

Chamo-me Abércio: sou discípulo de um Santo Pastor, que apascenta seu


rebanho de ovelhas por entre montes e planícies. Ele tem enormes olhos que
tudo enxergam, ensinou-me as Escrituras da Verdade e da Vida, e enviou-me até
Roma para vislumbrar sua soberana majestade, e ver a Rainha com vestes e
sandálias de ouro; lá conheci um povo marcado com um sinal resplandecente.

Também fui à planície da Síria e vi cidades – como Nísibe – para lá do [rio]


Eufrates. Por toda parte encontrei irmãos e tive Paulo por companheiro.

Por toda parte a fé me guiou e ela me serviu de alimento com um Peixe de fonte,
grande e puro, pescado por uma Santa Virgem, que o entregava a seus amigos.
Ela possui um vinho delicioso e o serve misturado com pão.

Eu, Abércio, ditei este texto e o fiz gravar na minha presença aos setenta e dois
anos. O irmão que o ler por acaso, ore por Abércio. E ninguém erga outro
túmulo sobre o meu, sob pena de multa: duas mil peças de ouro para o fisco
romano e mil para Hierápolis, minha pátria ilustre!”
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 Todos estes componentes – o conjunto institucional
composto pela hierarquia formada através da
sucessão apostólica; o cânon que forma o contexto
doutrinário e formador de opinião; o credo que
identifica e dá sustentação, bem como “face” à Igreja;
a rede de cuidado e vigilância mútua – forma o que
era chamado de Igreja Católica;
 A palavra “católica” significa “universal”, mas
também “segundo o todo”
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento institucional.
╬ Desenvolvimento Institucional:
 Isso significa que esta instituição era de todos os lugares
– contra, por exemplo, os gnósticos, que se viam como
pequenos grupos detentores da verdade em um único
local .
 Significa também que era segundo o todo dos Apóstolos,
ou seja, sua visão não era parcial – como o dos gnósticos
que se identificavam como um apóstolo em si, como
Maria Madalena, Tiago ou Tomé – mas sim, juntava
todos os quatro evangelhos e também dava
reconhecimento a autoridade de todos os doze apóstolos.
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento Social.
╬ Desenvolvimento Social:
 A maioria dos cristãos vinham das classes mais baixas
da sociedade, como os trabalhadores citadinos e os
escravos;
 Eram em sua maioria carpinteiros, pedreiros,
ferreiros, escravos, serviçais nas casas dos nobres; no
interior se dava igualmente com a maioria dos
cristãos camponeses e trabalhadores braçais;
 Haviam sim cristãos entre os mais ricos e também
entre as famílias nobres, reais e imperiais, entre
senadores e homens públicos;
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento Social.
╬ Desenvolvimento Social:
 Porém, a própria posição social os impedia de se
revelar como cristãos, ou ainda, de praticar
abertamente sua fé, o que proporcionaria desprezo e
até exclusão de suas posições;
 No entanto, quando esta elite, sobretudo a intelectual,
se propunha a abandonar seu status e servir a Cristo,
produziu-se grandes teólogos e apologetas, os maiores
do três primeiros séculos: Justino, Tertuliano,
Orígenes, Clemente, Taciano etc.
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento Social.
╬ Desenvolvimento Social:
 Além dos escritos dos primeiros pais e apologetas da
Igreja, as fontes que temos acesso ao estudo do
cristianismo nestes primeiros séculos são: as imagens
das catacumbas, a arte cristã resgatada pela
arqueologia dentre outras obras arquitetônicas;
 Podemos ter acesso também aos escritos como a
Didaquê, o Cânon de Muratori, a Estela de Abércio,
as lendas cristãs dos testemunhos dos mártires,
realizações de milagres, aparições de santos etc.
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento Social.
╬ Desenvolvimento Social:
 Todos estes são documentos que nos proporcionam
acesso à vida cotidiana cristã destes três primeiros
séculos;
 Cabe ao historiador cautela e o uso da metodologia
histórica, arqueológica, exegética, linguística para
separar os mitos e lendas, as contradições e intenções
dos autores no intuito de buscar o aproximado dos
fatos;
A Igreja no Século II e III:
Desenvolvimento Social.
╬ Arte cristã e resquícios arqueológicos:
 Catacumbas de Calixto
 Catacumbas de Priscila
 ICHTYS – “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”
 Igreja de Dura Europos – Século III (233-256) – Síria
BIBLIOGRAFIA

Bibliografia Básica
GONZÁLEZ, J. L. História ilustrada do cristianismo. A era dos mártires até a era dos sonhos frustrados. 2. ed.
rev. São Paulo: Vida Nova, 2011.
IRVIN, D. & SUNQUIST, S. História do movimento cristão mundial. Vol. 1: do cristianismo primitivo a 1453.
São Paulo: Paulus, 2004.
BURNS, E. M. História da Civilização Ocidental. Vol. 1. 44. ed. São Paulo: Globo, 2005.

Bibliografia Complementar
ALTANER, B. & STUIBER, A. Patrologia: vida, obras e doutrinas dos Padres da Igreja. São Paulo: Paulus,
1988.
CAIRNS, E. E. O cristianismo através dos séculos. São Paulo: Vida Nova, 2008.
DROBNER, H. R. Manual de Patrologia. Petrópolis: Vozes, 2003.
ELIADE, M. História das crenças e das ideias religiosas. V. 2: de Gautama Buda ao triunfo do cristianismo.
Rio e Janeiro: Zahar, 2011.
JENKINS, P. A próxima cristandade. Rio de Janeiro: Record, 2004.
KAUFMANN, T; et alli (org). História Ecumênica da Igreja. Dos primórdios até a Idade Média. São Paulo:
Paulus; São Leopoldo: Sinodal; São Paulo: Loyola, 2012.
LIÉBAERT, J. Os Padres da Igreja. V. 1: séculos I a IV. São Paulo: Loyola, 2000.
PELIKAN, Jaroslav. A tradição cristã: uma história do desenvolvimento da doutrina. Vol. 1. O surgimento da
tradição católica (100-600). São Paulo: Shedd Publicações, 2014.
STARK, R. O crescimento do cristianismo: um sociólogo reconsidera a história. São Paulo: Paulinas, 2006.
TOGNINI, Enéas. O período interbíblico: 400 anos de silêncio profético. São Paulo: Hagnos, 2009.
VEYNE, P. Quando nosso mundo se tornou cristão (312-394). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
Prof. Ms. Lucas Gesta Palmares Munhoz de Paiva
Mestre em História Social
Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro
Especialista em História da Igreja
Facebook / Youtube: Prof. Lucas Gesta –
Filigranas de História da Igreja

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