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FICHA BIO-BIBLIOGRÁFICA

SÃO JUSTINO O MÁRTIR


1. Conspecto biográfico
 São Justino nasceu em Flávia Nápoles (100 -165 d.C.), que agora é conhecido como
Nablus – atual Cisjordânia – que antigamente era conhecido como Siquém, antiga capital
da província da Samaria. Viveu no período do Imperador Antônio Pio e de Marco Aurélio.
Seu Pai, Prisco, era de família grega e pagão, então, educou Justino dentro das
superstições do paganismo.
 Estudou as melhores literaturas da época, como Pitágoras, Platão, Aristóteles e Sócrates.
Justino durante sua juventude se dedicou a leituras de poetas, cronistas e oradores. Com
isso, dedicou-se à Filosofia onde tinha enorme apresso, pois, seu objetivo era encontrar a
Suma verdade, isto é, Deus. Foi influenciado pela 1filosofia de Platão, Justino
assegurava ser a única via para a felicidade e caminho de conhecimento e
contemplação de Deus.
 Conversão de Justino – Estudou diferentes doutrinas (estóicas, aristotélicas, pitagóricas e
platônica). Algum tempo depois, chegando em Éfeso, conheceu um ancião que o revelou
sobre a existência de antigos profetas, homens benditos, amantes de Deus e divinamente
inspirados e o disse que Pitágoras e Platão haviam se enganado em seus princípios e não
tinham um conhecimento fiel de Deus. Sendo assim, Justino passou a ter um grande
desejo em conhecer quem foram estes profetas, isto é, os verdadeiros filósofos e foi no
final de um longo itinerário filosófico de busca da verdade, ele alcançou a fé cristã por
volta do ano 130 d. C. Assim, ele abraça a fé cristã, entendendo ter encontrado nela a
verdade que tanto buscava, mas mesmo sendo cristão ele continuou carregando o
pálio que, Eusébio e São Jerônimo, diziam ser o único emblema de filósofo. Após sua
conversão, Justino, foi a Roma, provavelmente saindo do Egito.
 Contexto da época – Os cristãos com literaturas apologéticas buscam defender as
verdades do cristianismo, em 124/125 d.C., curas e ressureição de Jesus, 2“em meio um
contexto marcado pelo ecletismo teológico-filosófico”. Essa atitude dos cristãos
apresentava uma negação à tradição clássica em meio a um ambiente muito tradicional.
 Debates entre judeus e cristãos. Por volta dos anos 150 d.C., Justino passa a ser contado
como um dos apologetas defensores do cristianismo. Isso podemos ver quando ele diz em

1
No sentido de que existe vida além da morte física. (XAVIER, Erico Tadeu. Revista Último Andar. n. 24. p.
16.).
2
MARTIR. Revista Caminhando. 2016. p. 209.
sua obra 3Apologia 1,3,1. O intuito deste escrito era para que chegasse a todos os povos
romanos, incluindo o 4Império da época.
 Fundou uma escola em Roma – Justino vai para a Roma funda uma escola, lá ele
gratuitamente ensinava os alunos sobre a credibilidade na nova religião, isto é, a cristã que
ele considerava ser a verdadeira filosofia.
 Justino sofre acusações de heresia, pois ele recusava a adorar qualquer outro deus, isso
incluía o próprio Imperador e seus deuses oficiais, adorava somente um Deus, Jesus
Cristo, nosso Salvador. Foi preso junto com seus campaneiros, os quais o seguia e
interrogados pelo prefeito da cidade, Junior Rústico, acusado de subversor e inimigo do
Estado. No interrogatório, Rústico, ameaça Justino e seus companheiros por não
aderirem aos seus preceitos, sacrificar aos deuses e obedecer as ordens do
imperador.
 Morte de Justino – Atas do martírio de Justino de Roma e seu companheiros. Ano 165 d.
C.: “Faze o que quiseres. Nós somos cristãos e não sacrificaremos aos ídolos! O prefeito
Rústico pronunciou então a sentença: Os que não quiserem sacrificar aos deuses e
obedecer a ordem do imperador, depois de flagelados, sejam conduzidos para sofrer a
pena capital, segundo a norma das leis. Glorificando a Deus, os Santos Mártires saíram
para o local determinado, onde foram decapitados e consumaram o martírio proclamando
a fé no Salvador” (MARTINS, 2014.).
2. Personalidade
 O gênio a serviço do Evangelho;
 “Defensor da fé cristã, depois de convertido sempre mostrou muito preocupado com a má
interpretação que os gregos e judeus tinham sobre o cristianismo” (ARZANI, Revista
Trilhas da história. 2015. p. 03).
 Missionário-filósofo, o qual afirmou “que o cristianismo é a manifestação histórica e
pessoal do 5Logos na sua totalidade.
3. Obras
 Menores

3
Trecho da obra de São Justino - Mas, para que se não julgue que se trata de urna fanfarronice nossa de audácia
sem razão, pedimos que se examinem as acusações contra os cristãos e, se se demonstrar que são verdadeiras,
que se castiguem, corno é conveniente que sejam castigados os réus convictos; porém, se não há crime de que
arguir-nos, o verdadeiro discurso proíbe que, por um simples rumor malévolo, se corneta uma injustiça contra
homens inocentes, ou, melhor dizendo, a cometais contra vós mesmos, que julgais justo que os assuntos se
resolvam não por julgamento, mas por paixão - (Apologia l, 3, I).
4
O governo era liderado pelo Imperador Tito Élio Adriano Antonino Pio César Augusto
5
S. Justino – a sua doutrina sobre o Logos (TRINDADE, 1995. p 95).
Obras citadas por Eusébio de Cesáreia:
a) Discourse to the Greeks (Discurso aos Gregos), seu intuito era convencer os pagãos
sobre as razões as quais autorizavam sua rejeição ao paganismo.
b) Exortação aos gregos, nesta obra 6Justino manifesta os erros da idolatria e a vaidade
dos filósofos pagãos.
c) Monarquia, aqui Justino busca mediante os próprios argumentos dos pagãos provar a
unidade de Deus.
d) 7Psaltes e Observações sobre a alma, nestas obras ele propõe algumas questões
predominantes a serem refutadas pelos filósofos gregos.
e) Sobre a Ressurreição, esse tratado foi atribuído a Justino por Procópio de Gaza e São
João Damasceno
 Maiores
a) Apologia I (por volta do ano 155 d. C.) – Escrito para o8Imperador Tito Élio Adriano,
tem a estrutura ternária. O 1-3 cap. Introdução; 4-17, fundamenta a primeira parte,
onde Justino refuta as acusações do Estado feitas aos cristãos e a partir do cap. 18 em
diante, ele vai dizer sobre a imortalidade da alma depois da morte.
b) Apologia II (155 a 160 d. C.) – Escrita para o9Imperador Marco Aurélio. Pelo fato
que esta segunda apologia começa diretamente sem cabeçalho, a uma hipótese de
10

que não há duas apologias mas somente uma em duas partes. Não muito diferente da
primeira apologia, aqui Justino mostra indignado como os cristãos eram julgados e
condenados à morte por simplesmente levar o nome de cristão.
c) Dialogue with Trypho (Diálogo com Trifão) – Trifão questiona Justino sobre a
observância da lei, para ele não é obeservar as prescrições da lei é um alternativa para
compensar o seu erro. Justino dizia que a circuncisão da carne não tinha valor, que
importava era a mudança interior, os movimentos profundos do espírito em direção a
Deus. Por fim, no diálogo Justino critica as práticas da lei mosaica e Trifão critica a fé
cristã. Justino via a partir de sua conversão a fé cristã o ápice de seu percurso
filosófico, porém para Trifão isso representava um retrocesso.
O Diálogo tem três objetivos: “substituir a Antiga pela Nova Aliança; demonstrar que
Jesus é a um tempo o Logos preexistente, o instrumento da criação e da revelação e a

6
BUTLER, Alban. Vida dos Mártires. Dois irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2020. p. 131.
7
XAVIER, Revista Ùltimo Andar, 2014. p. 18.
8
SANTOS. A relação entre filosofia e cristianismo para Justino, o mártir.
9
SANTOS. A relação entre filosofia e cristianismo para Justino, o mártir.
10
FRANGIOTTI. S. Justino de Roma: 2ª apologia. 1999.
concretização das profecias do Antigo Testamento; chamar os gentios para
constituírem o novo povo de Deus” (TRINDADE, 1995. p. 83).

4. Influência do Padre para a posteridade


A descrição da liturgia eucarística.
Ensino citado na Lumen gentium e na Gaudium et Spes, pois 11Justino considerava o
Verbo encarnado como imagem de Deus, valorizando a humanidade de Cristo.

11
Revista Puc Rio. O princípio Cristológico na Gaudium et Spes. Certificação Digital, nº 0912215/CA. p. 59
Logos seminal e Logos total procurando salvaguardar
a veracidade e superioridade do cristianismo, o teólogo patrístico desenvolve
em sua Apologia  as noções de Logos seminal  e Logos total.

o Logos era um conceito bastante corrente no pen-


samento grego desde a filosofia pré-socrática
Em Heráclito, o termo aplicava-se ao princípio cósmico
que conferia racionalidade ao mundo, do mesmo modo que a razão humana
era responsável pela ação humana. Em Parmênides, o Logos não pertencia
ao mundo das aparências, mas ao mundo das existências puras. Górgias de
Leôncio, representante da escola sofista, afirmou que “o Logos é o grande
soberano que pode levar a efeito coisas supremamente divina
Em Platão, o logos  é empregado como pensamento, razão, discurso,
manifestação,
o homem racional é aquele
que vive de acordo com as determinações do Logos
De fato, é no
cristianismo que será encontrado, pela primeira vez, o logos “feito carne” e
“habitando entre os homens”
O pensamento apologético justiniano assegura a existência de um ter-
reno comum entre teologia e filosofia, entre fé e razão, entre o crente e o
incrédulo. Há verdades comuns tanto a uns quanto a outros. Qual a causa
desse terreno comum entre crente e incrédulo? Esta é a segunda parte do
argumento justiniano. No entender do pensador patrístico, isto se dá por
conta do Logos, em maior ou menor grau, ser comum a ambos

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