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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

DHIONEN HENRIK DOS SANTOS TINARELLI 3° DE TEOLOGIA

JUSTINO DE ROMA

Justino, nasceu por volta do ano 100 d.C, em Flávia Neápolis, a antiga Siquém, então
colônia grega. Atualmente Nablus. De formação intelectual exemplar. Justino, assim como,
Santo Agostinho (354-430), bebeu das diversas fontes filosóficas como a estoica, peripatética,
pitagórica, platônica e, por fim, o cristianismo, onde teve a certeza de ter encontrado “a única
filosofia certa e digna”.
Foi em Roma que Justino exerceu a maior parte de sua atividade. Ali, abriu uma escola
de iniciação a vida cristã, aos moldes das escolas de filosofia, onde também escreveu suas
obras. Por ensinar sem receber compensação, acabou suscitando a inveja e o ressentimento do
filósofo cínico Crescente, que talvez não tenha permanecido inocente da prisão de Justino
junto com alguns discípulos. Processado perante o prefeito Júnio Rústico, Justino confessou a
sua fé junto com os seus irmãos, e assim foram decapitados por volta dos anos 163 e167.
Entre os seus discípulos se encontrava Taciano, o sírio.
No que se diz respeito sobre os apologetas, o primeiro a ser considerado é Justino. É
claro, que nesse sentido os apóstolos já combatiam as heresias em defesa da fé cristã. Esses
podem ser chamados de apologetas apostólicos. No período posterior aos apóstolos, damos
início a era patrística. Os seus escritos muitas vezes eram direcionados ao senado e ao
imperador. Por esse motivo, alguns historiadores chegam a dizer que Justino era um cidadão
romano, mas não há nenhum documento que comprove a veracidade de tal afirmativa.

Considerado o mais importante dos Padres apologistas do segundo século. A sua conversão
ao cristianismo parece ter ocorrido por volta do ano 132, e se dá por dois fatores
fundamentais: O desencanto com as filosofias que não lhe proporcionavam o saber tão
procurado e o corajoso enfrentamento da morte por parte dos cristãos. O primeiro fator que
proporcionou a sua conversão se dá por falta de respostas a sua sede de conhecimento.
Após ter passado por várias linha de pensamento filosóficos, ele acreditava que o
platonismo era o mais satisfatório das filosofias, contudo aquilo que ele mais desejava não se
encontrava na filosofia platônica. Como o ele mesmo diz: “Gastei todo tempo de que
dispunha com um platônico que havia estabelecido em nossa cidade. Eu progredi, e fazia
grande avanços diariamente. A percepção das coisas imateriais se apoderou de mim, e a
contemplação das ideias deram asas a minha mente, de forma que em pouco tempo eu havia
me tornado sábio; e essa era minha estupidez, eu esperava ver a Deus de imediato, pois esse é
o fim da filosofia de Platão”.
A conversão ao Cristianismo era certa que logo comtemplaria Deus, fim último da
filosofia de Platão. Para alcançar isso, Justino passa a viver isolado, em um lugar ermo, à
beira mar. Buscava entregar-se à contemplação e meditação. Nesse lugar, segundo narrativa
do próprio filósofo, ocorre um fato que mudará completamente sua vida. Num determinado
dia, encontra-se com um ancião e ele lhe questiona sobre os motivos que lhe trazem a viver
ali.
Após a conversão, Justino escreve importantes obras que deram direcionamento da
conduta cristã nos primeiros séculos. Dentre elas se encontra: I Apologia; II Apologia (esta
segunda era a princípio um apêndice ou uma edição posterior da primeira) enviadas a
Antonino, e o Diálogo com Trifão, a mais antiga apologia cristã que nos restou. (essa foi
escrita contra os Judeus). As obras I Apologia e II Apologia são dirigidas ao imperador
Antonino Pio em favor de nossa fé, que balanceiam muito bem uma questão que futuramente
será mais desenvolvida principalmente pela escola de Alexandria: o equilíbrio entre a fé e a
razão.
Uma coisa que se mostra abundante nas Apologias é uma atitude racional e corajosa
de identificar entre as doutrinas e filosofias dos pagãos pequenas sementes do Verbo. Justino é
capaz de admitir que os grandes filósofos pagãos como Platão e Sócrates conseguiram, de
certa forma, captar pequenos fragmentos da verdade. No entanto, não deixa de admitir
que apenas os cristãos possuem o Verbo total. Outro aspecto muito presente nessas obras é a
acusação fervorosa que Justino faz aos demônios. Ele imputa-os a culpa de serem
responsáveis tanto pela perseguição e hostilidade com os cristãos em sua época como pela
criação dos deuses e ídolos pagãos, que impediram a humanidade de chegarem na Verdade.
No início do Diálogo com Trifão, após discorrer sobre sua trajetória intelectual e sobre
como se deu sua conversão ao cristianismo, Justino convida seu interlocutor a reconhecer
Jesus como Messias, uma condição para se alcançar a felicidade. Em resposta, Trifão deixa
claro que o Justino platônico se encontrava em uma posição muito melhor do que Justino
cristão. Para Trifão, enquanto Justino platônico, acumulava-se de virtudes tais como a
constância, o autodomínio e a castidade. Já enquanto cristão, punha sua esperança em homem
(não em Deus) e aceitas doutrinas mentirosas. Ao Longo do diálogo é possível notar o abismo
profundo existente entre a posição cristã e a posição judaica, principalmente no que tange a
validade da Leis e o messianismo de Jesus.

Referências Biográficas:

Dicionário patrísticos e de antiguidades cristãs. Tradução de Cristina Andrade: organizado


por Angelo Di Berardino. Petróplis, RJ: Vozes, 2002.

Giandoso D. As práticas judaicas e a fé cristã no Diálogo com Trifão, de São Justino


mártir. Artigo de conclusão de pós-graduação – USP, São Paulo, 2017. Disponível em:
file:///C:/Users/dhenr/Downloads/31542-Texto%20do%20artigo-92503-1-10-20170814.pdf

Justino De Roma. I e II Apologias; Diálogo com Trifão. Tradução de Ivo Storniolo e


Euclides M. Balancin. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1995. Coleção Patrística Vol.3

Literatura patrística. Sob a Direção de Angelo Di Berardino, Giorgio Fedalto, Manilio


Simonetti. Tradução de José Joaquim Sobral. São Paulo: Editora Ave-Maria, 2010.

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