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Rio de Janeiro/RJ
2018
RESUMO DOS CAPÍTULOS IV E V DO LIVRO UMA HISTÓRIA DO
PENSAMENTO CRISTÃO DE JUSTO GONZALEZ
Rio de Janeiro/RJ
2018
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IV
APOLOGÍSTAS GREGOS
Por volta da metade do século II, alguns dos autores cristãos tomaram para si
a tarefa de defender sua fé em face das falsas acusações que davam ensejo às
perseguições.
Carta a Diogneto
A carta escrita provavelmente por um pagão ou cristão recém-convertido,
culto, faz uma crítica ao paganismo e judaísmo e exalta a superioridade do
cristianismo.
Este texto nunca foi mencionado na antiguidade ou na Idade Média, foi
encontrado, casualmente, por Tomás de Arezzo, em Constantinopla, em 1436, não
se encontrou, até agora, nenhuma outra versão deste documento.
Existem várias teorias sobre sua autoria, contudo todas carecem de
comprovação. Entretanto Paul Andriessen publicou sua tese de que “a Carta ou
Discurso a Diogneto não é outra coisa que a apologia que Quadrato 1 apresentou ao
imperador Adriano e dada por perdida”.
Esta apologia, muito rica doutrinal e espiritualmente, é também muito breve.
Seu conteúdo denso pode ser dividido em quatro partes. O autor refuta a idolatria e
a prática ritualística dos judeus. Demostra a superioridade do cristianismo em
relação ao paganismo e ao judaísmo, e, expõe a origem divina da fé cristã, a
transcendência a revelação, a economia da salvação incluindo a encarnação do
Verbo e seu sacrifício redentor.
Aristides de Atenas
Não se sabe nada sobre a vida deste apologista, é uma carta endereçada ao
imperador romano Adriano, uma defesa do cristianismo.
Aristides classifica a humanidade em quatro categorias; os bárbaros, os
gregos, os judeus e os cristãos.
1
Quadrado de Atenas é conhecido por ter sido o primeiro apologista. Eusébio afirmou
que ele teria sido bispo de Atenas.
2
A noção de Deus que ele fornece é filosófica mais que religiosa, colhida na
revelação. Parece que essa noção foi usada por ele como arma com a qual se dirige
aos filósofos e tenta aniquilar o politeísmo e mitologia que formam o corpo da obra e
prepara para a descrição da fé e da vida cristã, seu estilo é simples, direto e franco.
Taciano, o Sírio
Se converteu ao cristianismo, provavelmente, em Roma. Foi em Roma que
Taciano encontrou Justino mártir, frequentou sua escola e se destacou como
discípulo brilhante, porém após a morte de Justino, Taciano começou a se afastar da
Igreja, inclinando-se para a heresia encratita .
Sua obra trata-se de um ataque impiedoso contra a cultura e filosofia gregas,
de um lado, e de um esforço por mostrar a superioridade do cristianismo, assim ele
combate, veementemente, tanto a mitologia como a poesia, a retórica, a filosofia e
as artes gregas.
Justino Mártir
Justino Mártir (ou Justino, o Mártir), sem dúvida alguma, é o mais importante
dos apologistas gregos do século II, Sua terra natal foi a cidade bíblica Siquém, que
era então chamada de Flávia Neápolis. Filósofo convicto, Justino veio ao
Cristianismo após uma peregrinação intelectual que ele mesmo relata em sua obra
Diálogo com Trifo. Mesmo depois de sua conversão, contudo, ele não colocou de
lado o manto de filósofo; pelo contrário, declarava que no Cristianismo ele tinha
encontrado a verdadeira filosofia.
Na Primeira Apologia, após uma introdução muito breve, Justino diz que é
razoável abandonar aquelas tradições que não são boas e amar somente a verdade.
Na Segunda Apologia, Justino concentra sua atenção principalmente no
relacionamento entre o Cristianismo e a filosofia pagã.
O Diálogo com Trifo é um pouco mais recente que as Apologias e reivindica
ser o relato de uma conversa que Justino manteve com um judeu chamado Trifo,
concernente a correta interpretação do Antigo Testamento. No início deste diálogo,
Justino oferece um breve resumo do caminho que o levou ao Cristianismo. O
restante é uma apologia contra o Judaísmo no tocante ã interpretação do Antigo
Testamento, à divindade de Jesus e ao Novo Israel.
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Atenágoras de Atenas
Atenágoras foi contemporâneo de Taciano, embora seu espírito e estilo
estejam muito além dos do discípulo de Justino. Muito pouco é conhecido sobre
Atenágoras, mas por meio de seus escritos pode-se descobrir um espírito refinado e
ardente. Seu estilo, embora não clássico, é o mais fino, mais claro e mais correto de
todos os escritores cristãos do século II.
Atenágoras escreveu, ao que se sabe, duas obras: Petição em favor dos
cristãos e Tratado Sobre a ressurreição dos mortos.
Em Petição em favor dos cristãos, dirigida aos imperadores Marco Aurélio e
Lúcio Aurélio Cômodo, o objetivo é refutar as acusações dirigidas contra os cristãos.
De maneira metódica, a matéria de sua apologia a partir das três acusações
básicas: ateísmo; de incesto; e antropofagia.
No Tratado Sobre a ressurreição dos mortos, O tratado se divide em duas
grandes partes: a primeira parte e respondem às objeções tradicionais a respeito da
ressurreição dos corpos como impossível de se realizar e indigna de Deus; a
segunda parte e estabelecem a conveniência e a necessidade da ressurreição.
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Teófilo de Antioquia
Teófilo, bispo de Antioquia, escreveu seus Três Livros a Autólico seu
propósito por meio destes livros era persuadir seu amigo Autólico de que o
Cristianismo é a verdade.
Sua cultura revela que recebera excelente educação grega. Sua família era
pagã. Converteu-se ao cristianismo já adulto, através da leitura dos profetas.
O primeiro dos Três Livros a Autólico trata de Deus; o segundo, da
interpretação do Antigo Testamento e dos erros dos poetas; e o terceiro, da
superioridade moral do Cristianismo.
Hérmias, o Filósofo
Deste apologista, sabemos apenas que é autor de uma Sátira (Zombaria) dos
filósofos gregos. Não se conseguiu determinar a data de seu nascimento data de
seu nascimento, quer a data da composição de sua obra. As opiniões variam entre o
final do século II até o século VI.
Esta obra tem pouco conteúdo teológico, se concentra na contradição dos
filósofos da antiguidade. O único valor positivo deste breve documento é seu
testemunho do senso de humor de um antigo cristão.
Melito de Sardes
Melito de Sardes, embora sua apologia tenha se perdido, há uma homilia que
sobreviveu. Nela, ele resume a história de Israel, dando ênfase especial ao Êxodo e
à instituição da Páscoa. Melito interpreta a totalidade dessa história tipologicamente,
de modo que, para ele, tal história refere-se a Jesus Cristo.
Cristo é preexistente e divino e isto é enfatizado a tal ponto que a distinção
entre o Pai e o Filho é quase apagada. Melito crê no Espírito Santo, porém não
desenvolveu uma doutrina do relacionamento do Espírito com o Pai e o Filho.
Finalmente, Melito afirma claramente que Cristo é “por natureza Deus e homem”.
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V
AS PRIMEIRAS HERESIAS: DESAFIO E RESPOSTA
Cristianismo judaizante
O primeiro problema doutrinário que confrontou a igreja primitiva foi o de seu
relacionamento com o Judaísmo. A questão inicialmente proposta indagava
simplesmente se um cristão deveria seguir a Lei do Antigo Testamento ou não.
Gnosticismo
Sob o título geral de “gnosticismo” estão incluídas diversas doutrinas
religiosas que floresceram no século II. A principal característica dessas doutrinas
era seu sincretismo.
O gnosticismo deturpava a doutrina cristã; mesclava o dualismo persa, dos
mistérios orientais, da astrologia babilônica, da filosofia helenística.
O fato do gnosticismo ter se tornado uma alternativa atraente em relação ao
Cristianismo ortodoxo deve-se, sobretudo, a seu interesse soteriológico, um modo
de salvação. A salvação consiste na libertação do espírito divino e imortal que está
aprisionado dentro do corpo humano.
O gnosticismo era oposto à doutrina cristã tradicional da criação porque via no
mundo material, não a obra do Deus eterno, mas o resultado de um erro cometido
por um ser inferior, mal ou ignorante.
Marcião
Marcião fundou uma igreja para rivalizar com aquela que já existia, e
rapidamente congregou tantos membros que por algum tempo o resultado final do
conflito permaneceu dúbio. Embora o marcionismo tenha começado seu declínio
após o século III, logo desaparecendo da parte ocidental do Império, antes deste
tempo ele representou um desafio muito presente.
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Montanismo
Montano foi um sacerdote pagão que se converteu ao Cristianismo e algum
tempo depois, ele se declarou possuído pelo Espírito Santo, e começou a profetizar
com base nessa possessão. O código de ética montanista era muito rigoroso, o
casamento não era considerado algo totalmente mau, todavia, por outro lado, não
era visto como uma grande dádiva. Não era permitido às viúvas e aos viúvos se
casarem novamente. Este código era baseado em uma iminente expectação
escatológica.
A Nova Jerusalém seria estabelecida na cidade de Pepuza na Frigia – e
muitos montanistas se reuniram ali a fim de testemunhar os grandes eventos dos
dias finais. Montano e seus seguidores eram organizadores sérios e não viam
contradição entre a nova revelação do Espírito e a boa organização eclesiástica. Por
isso, logo eles adotaram uma estrutura hierárquica, e a igreja então fundada
rapidamente se espalhou por toda a Ásia Menor, chegando mais tarde em Roma e
no norte da África. Aí, a igreja montanista foi capaz de conseguir a adesão de
Tertuliano que, sem dúvida alguma, era o mais notável teólogo latino cristão de seu
tempo. Foram duas as razões pelas quais outros cristãos se opuseram ao
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Monarquismo
As menções mais antigas sobre os assim chamados monarquianos, mostram
que originalmente este termo era usado em defesa da “monarquia” ou unidade de
Deus, em oposição à multiplicidade de aeons proposta pelos gnósticos e a dualidade
de deuses de Marcião. Alguns dos mais antigos monarquianos – que eram
chamados “alogoi” em virtude de sua oposição a doutrina do logos – rejeitavam o
Quarto Evangelho que, segundo eles, teria sido escrito por Cerinto. Acreditavam que
a doutrina do logos ali encontrada parecia servir de base para as várias
especulações gnósticas referentes à multiplicidade dentro da divindade. De acordo
com os alogoi, a divindade de Cristo não pode ser de modo algum distinguida da do
Pai, pois tal distinção destruiria a monarquia divina.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONZALES, Justo L. Uma história do pensamento cristão. Tradução de Paulo
Arantes; Vanuza Helena F de Mattos. São Paulo – SP: Cultura Cristã, 2004. V.1.