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No século II da era cristâ encontramos uma critologia com diversos enfoques. Isto não
deve surprender-nos. Já nos Sinóticos de uma lado e em São Joâo e São Paulo e do
lado encontra-se uma diversidade. A partir dos textos escriturísticos se pode notar
uma cristologia messiânica (Discursos dos Atos e evangélhos Sinóticos) e o conceito
joanino do Logos. Os pontos determinantes são quer a História da salvação.
(Sinóticos, Romanos, Gálatas,) quer a cosmologia( Efésios e colocenses) ou a liturgia(
Hebreus) ou ainda a apocaliptica( Apocalipse)..
Todavia não estaria certo, se devido à estas diferenças duvidássemos da unidade
essencial da tradição cristológica: a transcendência de Cristo é o lugar central do
salvador na história da salvação. Esta certeza repousa na experiência viva (antes de
mais nada na ressurreição e também mais simplesmente , nas palavras e atos do
Senhor.) e culmina na fé do Senhorio do Deus e na divindade de Cristo. Este
conhecimento (experiência) único é também o laço ou elo que une a época apostólica
e o período pós-apostólico.
No período dos PP. Apostólicos o Novo Testamento, mesmo os evangelhos
sinóticos, não possuíam um caráter normativo principal. Eles possuíam um caráter
subalterno1 Estamos ainda num período no qual o impulso, a mola mestra vem da
tradição e principalmente do acontecimento que é Cristo, sua vida e seus
ensinamentos ou doutrina. A Igreja se sabia em possessão das palavras e dos atos do
Senhor e de toda sua história, mesmo independente dos escritos evangélicos.
Mas se a tradição oral faz parte integrante da natureza da Igreja, a consciência do
lugar das Escrituras nesta tradição começa a se desenvolver. Com Justino as fontes da
tradição sinótica são quase exclusivamente nossos evangelhos e pela primeira vez se
apresenta , em Justino, uma história da exposição dos nossos evangelhos..Existia,
portanto, na época dos PP Apostólicos uma tradição que era uma fonte direta como
havia sido para os escritos evangélicos
Devido à gnose. e « suas tradições» a Igreja reflete sempre mais sobre sua própria
tradição. Esta reflexão se manifesta no cânon a respeito dos escritos neo-
testamentários – mas não exclusivamente à palavra escrita – leva a eleborar o Símbolo
e estabelecer o lugar da « regula fidei» no ensinamento e na pregação..
Embora haja nesta época uma grande diversidade de fómulas didáticas, estas contudo
assumem um significado particular. As fórmulas de fé já encontradas no N.
Testamento2 manifestam o papel importante em jogo no «auditus fidei». À fé nascida
da pregação corresponde ao termo nitidamente definido , à formula, à tradição
1
Cfr. H. Koester, Synotische :Uber lieferung bei dem apostolischen Vaetern Berlin,(1957), p.257; cfr et J. P.
Audet. La Didaquè . Instructon des Apotres, Paris 1958,pp. 166-186; Cfr et F: M: Btaun, Jean le théologien,,
nota 41,p.54.
2
Cfor. 1 Cor 15, 3-5.
colocada em formulas e cria uma cadeia que faz ligação com a revelação realizada
em plenitude em Cristo.
O lugar da pregação é a catequese, o sermão, o sermão que se insere no quadro da
liturgia, a qual por seus sinais sagrados, suas ações, e seus ritos é um suporte
poderoso da tradição. Se a tradição coloca em fórmulas corre o risco de historicizar a
figura de Cristo e toda a realidade da fé, e de os objetivar até o ponto de torná-los
muito impessoais, compete à liturgia viva tornar possível e fazer nascer uma relação
viva com o Senhor da glória, o « Christus praesens» que transcende a história.
A simplicidade das formulas assegurava a uniformidade da pregação e era uma arma
poderosa contra a gnose do II século. Hipólito nos fornece uma ilustração, um
confronto entre a fidelidade às formulas e a heresia nascente. Hipólito pode ser
considerado já como pertencente ao III século mas certamente este modo é valido
para o século precedente.
Os presbíteros que condenaram Noeto( o qual admitia uma única pessoa em Deus e
portanto Cristo não teria assumido a natureza humana) apresentam como
argumentação uma simples formula que tinham recebido:
« Nós também não adoramos a nâo ser um só Deus, mas como nós o
compreendemos. Nós também cremos que Cristo era Filho de Deus, mas conforme
nós o compreendemos- que sofreu como sofreu, que morreu como morreu e
ressuscitou ao terceiro dia e subiu ao céu onde está assentado à direita do Pai e donde
virá segunda vez julgar os vivos e os mortos. Nós dizemos isto conforme foi
ensinado. A partir disso o convenceram( Noetus) de erro e o expulsaram da Igreja, por
estar cheio de orgulho ao ponto de fundar uma seita»3.
Este texto nos mostra que, já nesta época, o simples esquema de uma profissão de fé
cristológica constitui uma armadura da tradição da Igreja a respeito de Cristo, alguma
coisas sobre a qual a Igreja pode se apoiar. Se queremos compreender o
desenvolvimento da doutrina da Igreja a respeito de Cristo, devemos ter presente uma
profissão de fé cristológica que comporta a fé na divindade e na humanidade do
único Senhor. Os Apologetas também apresentam Cristo como Deus e reconhecendo-
o Deus e homem.
O « Mysterium Christi» em toda sua densidade continua ser a fonte de impulso que
conduz a novas fórmulas e ao esforço para exprimir de novo modo o inexprimível.
Tem-se a consciência clara que o mistério ultrapassa todas as fórmulas. Pode-se dizer
que a Igreja abraça a apresentação de Cristo em sua totalidade mais por uma espécie
de intenção inteletual do que por palavras e fórmulas. Isto explica tmbém a diferença
da fórmulas e suas expressões..
3
Hipólito, Antinoetus I; Ed. P. Nautin, Hipolite, contre les héresies, Paris,1949, pp. 235-237; C. H. Turner,«
The blesse presbyters who condennetd Noetus» J. T. S. ( !922) 18-35.
Ao aparecer novas doutrinas, a Igreja as julga tanto conforme sua intenção como
conforme suas fórmulas , tirando de sua doutrinas formulas novas que integram sua
mensagem. A Igreja era levada a agir desta maneira mais por fatores exteriores do que
interiores, Entre as causas exteriores muito importante foi o encontro com o mundo
pagão e sua filosofia. É agora que se faz sentir a necessidade de uma « teologia
sábia.». Os conceitos e a linguagem utilizada para apresentar a doutrina cristã eram
ianda muito rudimentares. Era necessário esclarecer a relação entre o Pai e o Filho no
«Mystérium Christi».. Desta forma o século II inaugurará o papel que será da época
patrística: chegar a uma melhor compreensão dos dados da revelação com o auxílio da
filosofia pagã. Haverá, com isso, um grande progresso teológico e ponto de partida
de heresias. A filosofia exercerá grande influência na teologia: a apresentação
dinâmica de missão de Cristo na economia da salvação se encontrará sempre mais
impregnadas de considerações ontológicas e estáticas da realidade de Cristo tanto
como Deus e como Homem.
Daí por diante a primeira fase da tradição primitiva desemboca num estado novo,
caracterizado principalmente pela elaboração de fórmulas. de um canon, e pela
reflexão teológica. Resumindo, podemos dizer que as característcas da cristologia no
século II são as seguintes:
1. Uma cristologia do NOME.- Esta teologia que parece ser pre-paulina e pre-
joanina. è uma teologia dos livros do Antigo Testamento que é aplicada a
cristo. Mais tarde talvez em contacto com o helenismo, a palvra «nomem»
significaria a divindade de Cristo ocupando de Logos e Pneuma. Cristo será ,
então, o« Nome» encarnado de Deus, do mesmo modo que é o« Logos
encarnado» ou « Pneuma» divino( Deus) na carne» .
Filon de Alexandri chama o Logos o « nome de Deus»4 . Pastor de Hermas diz
que o nome de Filho de Deus é grande, incompreensível e ele sustenta o
mundo inteiro.5Este Filho que sustenta o universo por sua forças poderosa. 6
Conforme Pastor Hermas o « Nome» é o sujeito da atividade que sustenta o
mundo O nome é identico ao Filho de Deus como mostra o texto:
4
Filon, Confi. Ling. 146.
5
P. Hermas, Sim, IX,14,6; Ed. Joly SC 53,32.
6
P. Hermas , Sim IX,46.
2 Identificação de Jesus com a LEI.:No judeo-cristianismo encontrmao a
identificação de Jesus coma Lei ou com a Aliança. O judasimso atribuirá à a
Lei caracteristicas que João dará ao Logos pre-existente8e encarnado). Para os
judeus a Lei é a encarnação da sabedoria de Deus; para os judeo-critãos ela é
Jesus.
Pastor Hermas diz na Paráb.VIII,,69,2: « Esta grande árvore que obre as
planícies, as montanhas e toda a terra, é a lei de Deus dada ao mundo interio, e
estalei é o Filho de Deus anunciado até os confins da terra». 7Clemente de
Alexandria cita a « Pregação de Pedro» que chama o Senhor Lei e Logos 8. Justino
chama Cristo de Lei e Aliança:
« E foi anunciado que ele( Cristo),lei eterna e nova aliança para o mudo todo,
deveria vir, como indicam todas as profecias por mim citadas9.
4. O nome «DIA». « É portanto evidente que sob todos os ascpectos nenhum outro
nome convém mais ao « Logos» eterno do que aquele que lhe deu, no começo do
Evangelho o santo discípulo do Senhor e apostolo João. O Verbo é chamado muitas
vezes depois de ter assumido a carne, Cristo, Jesus, Vida, Caminho, e Dia,
Ressurreição , Porta, Pão-sem contar os outros títulos que se encontram em outros
lugares na divinas Escrituras- não podemos negligenciar seu primeiro Nome, do
fato que ele era Logos» 13
29
O.Sib.VI 2 17-250
30
Or..Sibil VIII,218-221.
31
Or Sibil. VIII,242.
32
Or. Sibil VIII,44.
33
Or. Suibil. VIII,248.
34
Or. Sibil. VIII,249 s.
35
Or. Sibil VIII,439.
36
Or. Sibil VIII,456.
37
Or. Sibil., VIII,469-473.
4. OS GNÓSTICOS.. - O gnosticismo nos coloca diante de uma experiência nova
de Deus, do homem e do mudo. Esta experiência gnóstica do mundo e do homem se
funda num dualismo gnóstico( enquanto é uma doutrina religiosa específica) e sobre
a « Gnose», caminho de salvação. o Cristianismo tendo a dupla preocupação de
conservar em toda sua pureza a doutrina recebida e de apresentar esta doutrina
como resposta aos problemas levantados pela gnose.. Fazendo isto os cristãos
apresentam o cristianismo como uma religião da revelação e da redenção. O
cristianismo se distingue do mito gnóstico do Redentor em dois pontos:
a) Baseado na criação o cristianismo conserva um equilíbrio da relação entre
transcendência e imanência de Deus. O Deus único e eternamente
transcendente está em relação permanente com o mundo material e espiritual
que ele criou. Só o pecado implica uma separação com este Deus. A queda é
um fato histórico. e para triunfar do pecado Deus intervém no mundo por ação
histórica que tem por finalidade de levar o homem total e todo o univereso a
Deus..
b) Esta ação de Deus culmina na Encarnação do Filho de Deus que, por sua
obediência moral à vontade de Deus coloca o fundamento da restauração
espiritual e física do homem e de sua volta a Deus, restauração e retorno que o
Cristo realiza já em figura por sua própria ressurreição.
A gnose tem, portanto, em comum com o cristianismo sua experiência do
homem e do mundo e a sede de uma libertação da morte, da fatalidade, da dor,
numa palavra, de uma redenção. O elemento próprio do cristianismo é o fato
de dar a esta experiência o fundamento histórico de um pecado do espírito.
Outro elemento característico: a consciência do ato da redenção realizada por
Deus na pessoa de Jesus Cristo, redenção que, estando fundada numa
revelação , repousa em última análise sobre um ato espiritual e moral de
Cristo. Este ato se enraiza na pessoa de Cristo e em sua natureza do Homem-
Deus.
A interpretação da pessoa de Cristo torna-se, então, sempre mais o problema
central da doutrina cristã da salvação.. Caberá ao século II e começo do III
século clarificar esta nova noção cristã de salvação face ao gnosticismo -
judaismo( a Lei) e o paganismo( mistério e magia).
5. MARTÍRIO E APOLOGIA.
38
Adv. Haer. III,33
39
Clemente Romano,Carta aos Coríntios,42,1-4.
40
São Paulo,2 Cor 8,.9; I Tes 2,5-11.
após sua exaltação ele se encontra unido ao Pai na glória e recebe a hora devida a
Deus»41
41
Clem Roma Carta aos Coríntios, 36,1-3; 32,4; 38,4; 43,6; 58,2; 61,3; 65,2.
42
Santo Inácio de Antioquia, Filad.9,2; Magn.,9,2.
43
Santo Inac. Magn. 6,1..
44
Inácio, Ef.4,4; Trasl 11,2 .
45
Esmir-1,2
46
Ef. 19,3.