A última Encíclica de João Paulo II,”Fides et Ratio” já na introdução nos
propõe um tema que interpela todos os homens: a verdade. E isto porque em todo o homem está presente o desejo de conhecer a verdade e encontrar resposta às perguntas fundamentais da existência: “Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Qual é o sentido da presença do mal, do sofrimento, da morte? O que acontece depois da morte? será que não há amor eterno? Diz João Paulo II: “Fé e Razão(Fides et Ratio) constituem como que duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecer a Deuse, para que conhecendo-O e amando- O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio” O problema central da Encíclica é o a questão da verdade, que não é somente uma das tantas e múltiplas questões às quais o homem deve procurar dar uma resposta, mas a questão fundamental. A categoria fundamental da Revelação cristã é a verdade, juntamente com a caridade. A universalidade do cristianismo resulta do fato de ser a verdade e desaparece a universalidade se desaparece a convicção que a fé não é a verdade. Mas a verdade vale para todos, e portanto, o cristianismo vale para todos porque é verdadeiro. Sobre esta base nasce o motivo e o dever da atividade missionária da Igreja: se a razão humana deseja conhecer a verdade, se o homem é criado para a verdade, o anúncio cristão faz apelo a esta estrutura da razão, para entrar no coração do homem. Não pode haver, por isso, nenhuma contraposição, nem separação, entre a fé cristã e a razão humana, porque ambas desenvolvem um papel a serviço da verdade , ambas encontram o seu fundamento originário na verdade. Porque a fé deverá ocupar-se com a filosofia e porque a razão não pode dispensar a contribuição da fé? A resposta se coloca na situação cultural atual, que, lida na sua raiz profunda, se caracteriza por dois fatores: a separação levada ao extremo entre a fé e a razão, e a eliminação da questão da verdade – absoluta e incondicionada- pela procura cultural e pelo saber racional do homem. Hoje se nega à razão humana a capacidade de conhecer a verdade e reduz-se a racionalidade a ser simplesmente instrumental, utilitarista, funcional, caculista e sociológica. Deste modo a filosofia perde sua dimensão metafísica e o modelo das ciências humanas e empíricas torna-se o parâmetro e o critério da racionalidade. As consequências são: de um lado a razão científica não constitui mais um adversário da fé, porque ela renuncia de se interessar pelas verdade últimas e definitivas da existencia, limitando o seu horizonte a conhecimentos parciais e experimentáveis.Mas a fé sem verdade é puro fideismo. Se o único tipo de “razão”é o da razão científica, a fé será expropriada de toda racionalidade e integibilidade, e será destinada a ser algo indefinível ou um sentimentalismo irracional. Por outro lado, se a razão se encontra numa situação fragil, temos uma visão cultural do homem e do mundo de tipo relativista e pragmático, onde tudo é reduzido a opinião e nos contaremos somente com verdades parciais e provisórias