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INSTITUTO TEOLÓGICO MARIA MATER ECCLESIAE

BACHARELADO EM FILOSOFIA

ENCÍCLICA “FIDES ET RATIO”: UM RESUMO

LUCAS BERTÉ MACIEL

ITAPECERIA DA SERRA
2022
INSTITUTO TEOLÓGICO MARIA MATER ECCLESIAE
BACHARELADO EM FILOSOFIA

ENCÍCLICA “FIDES ET RATIO”: UM RESUMO

Resumo necessário para a


aprovação no curso de teoria do
conhecimento, do primeiro ano de
filosofia.

Orientador: Prof. Me. Pe. Gilberto


Lombardi

ITAPECERICA DA SERRA

2022

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INTRODUÇÃO: "Conhece-te a ti mesmo"

Chamado a conhecer-se a si mesmo desde os tempos mais antigos da


história, especialmente iniciando por Sócrates, autor da frase contida na introdução,
o homem começa a questionar-se e a fazer a si mesmo perguntas fundamentais
para este objetivo: "quem sou eu?" "para onde vou?" "porque existe o mal?". A Igreja
procura auxiliar neste caminho de pesquisa e deve oferecer à humanidade o serviço
da verdade, do anúncio do Cristo, que é Caminho, Verdade e Vida (cf. 1Cor 13, 12).
Para progredir no conhecimento da verdade, o homem dispõe de diversos
meios. A filosofia, entre esses meios, se sobressai. Em seu significado etimológico
grego, filosofia significa "amor a sabedoria", e tem como contribuição principal
responder problemas relacionados ao sentido da vida e outros problemas que
podem ter neste a sua origem. Por fim, ela demonstra principalmente "que o desejo
da verdade pertence a própria natureza do homem"
A filosofia teve grande influência no desenvolvimento das culturas do
Ocidente e do pensamento sobre a existência no Oriente, colocando em destaque a
riqueza das culturas e ajudando-as a se expressarem filosoficamente. A capacidade
de maravilhamento do ser humano é de onde nasce o gérmen do conhecimento, o
encanto com a criação ajuda o homem a entender onde está e com o que se
relaciona.
Neste sentido a filosofia moderna, com seu mérito, concentra a sua atenção
no homem. Mas esquece de que ele é "chamado a voltar-se para uma realidade que
o transcende". "(...) A filosofia moderna, esquecendo-se de orientar a sua pesquisa
para o ser, concentrou a própria investigação sobre o conhecimento humano”. E, a
partir daí, surge uma forte corrente de agnosticismo e relativismo, levando ao
ceticismo e muitas vezes a completa descrença. A Igreja, em meio a isso, deseja
novamente afirmar a necessidade da reflexão sobre a verdade e usando da reta
razão e da reta filosofia, deseja que essa retorne a sua vocação originária e este é o
desejo que brota deste documento: retomar a necessidade de reflexão sobre a
Verdade usando da filosofia coerente e reta.

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Capítulo I. A Revelação da Sabedoria de Deus
a) Jesus, Revelador do Pai

Igreja como depositária de uma mensagem originária do próprio Deus,


portanto, o conhecimento que ela propõe ao homem não provém de uma reflexão
própria, mas de ter acolhido na fé a palavra de Deus através de um encontro que
sinaliza a abertura de um mistério escondido durante tanto tempo, mas agora
revelado: Os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no
Espírito Santo e participam da natureza divina. É uma iniciativa gratuita de Deus,
que vem ao encontro da humanidade para a salvar.

Ele deseja dar-Se a conhecer e o conhecimento que o homem adquire dEle


leva a plenitude todo e qualquer conhecimento verdadeiro que o homem é capaz de
alcançar sobre sua própria existência. Além do conhecimento da razão humana, por
sua natureza capaz de chegar ao Criador, existe um conhecimento da fé. A verdade
a respeito de Deus e da salvação dos homens é manifestada a nós por esta
Revelação, em Cristo. As duas formas de alcançar a verdade, reflexão filosófica e
verdade da Revelação, não se confundem e nem uma torna a outra supérflua.

Importância fundamental do tempo, pois é nele que tem lugar toda a obra da
criação e da salvação. "A verdade que Deus confiou ao homem a respeito de Si
mesmo e da sua vida insere-se, portanto, no tempo e na história.".

A história é o lugar onde podemos afirmar a ação de Deus em favor da


humanidade. Ele serviu-Se de nosso contexto cotidiano. O Eterno entra no tempo.
Assim, se oferece ao homem a verdade última a respeito da própria vida e podemos,
a partir da Revelação, procurar respostas para questões de nossas vidas à luz do
mistério da vida de Cristo.

b) A razão perante o mistério

Porém, a Revelação permanece envolvida no mistério. O conhecimento


humano estará sempre marcado pelo caráter parcial e limitado da nossa
compreensão. Somente a fé permite adentrar o mistério. Pela fé, o homem pratica
obediência ao testemunho de Deus, reconhecendo a verdade de tudo o que foi
revelado, pois o próprio Deus o garante. A fé permite ao homem exprimir sua
liberdade, pois ela não se realiza contrariando a Deus, Sumo Bem e que quer o
nosso bem mais que nós mesmos, permitindo nEle a realização do homem em si.

A razão tem sua ação neste espaço definida pela investigação e


compreensão, mas limitada por sua finitude perante o mistério infinito de Deus.

A verdade suprema da Revelação obriga o homem a abrir-se à


transcendência, respeitando a autonomia da criatura e sua liberdade. Por ela, o
homem percebe o mistério da própria vida, em Cristo. Assim, a liberdade e a
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verdade atingem um grau máximo. O homem, ansioso por conhecer a verdade, é
convidado a olhar além de si mesmo e lhe é concedida a possibilidade de resgatar a
relação dela com sua vida, seguindo a estrada da verdade.

Capítulo II. "Credo ut intellegam"

a) A sabedoria sabe e compreende todas as coisas

Ligação entre fé e razão nas Sagradas Escrituras. Tudo o que acontece no


mundo faz parte de uma realidade observada pela razão e pela fé torna-se visível ao
homem que em tais acontecimentos atua Deus. Raciocinando sobre ela, podemos
chegar ao Criador. Em Deus se encerra a plenitude do mistério e ao homem é dado
o dever de investigar a verdade com a razão.

Três regras essenciais para manifestar do melhor modo possível a natureza


da razão: saber que o conhecimento do homem é um caminho sem descanso,
entender que não é uma conquista pessoal e fundar-se no temor de Deus,
reconhecendo a soberania e o amor solícito de Deus.

b) Adquire a sabedoria, adquire a inteligência (Prov 4,5)

O homem é um ser relacional, aberto ao mistério da Revelação que se torna


para ele fonte de verdadeiro conhecimento. Mesmo fatigado por esta busca causada
pela limitação da razão, o homem persevera rumo a verdade. A razão humana pode
superar os seus próprios limites naturais. Quando ela raciocina a partir dos dados
dos sentidos, pode chegar a causa que está na origem da realidade sensível.
Porém, como resultado da desobediência do homem, ele perdeu esta facilidade de
acesso ao Criador, querendo ser autônomo.

A sabedoria do mundo e a sabedoria de Deus no Novo Testamento, sua


contraposição exposta por São Paulo é essencial no discernimento da relação do
cristão com a filosofia e a Cruz é o mistério de amor pela qual a razão não pode
esgotar, podendo dar razão a resposta ultima que o homem procura, sendo assim,
ponto de encontro entre razão e fé.

Capítulo III. "Intellego ut credam"


a) Caminhar a procura da verdade

O homem é capaz de racionalmente superar o contingente para buscar o


infinito e ele pode de diversos modos dar voz a este desejo íntimo de sua alma pela
literatura, música, pintura e tantas outras realizações que sua inteligência é capaz de
criar. Mas, sobretudo na filosofia, ele recolhe este movimento e exprime pelos meios
e segundo suas modalidades científicas, este seu desejo íntimo.
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A verdade atrai o homem e dá significado a sua existência. É necessário para
o homem ter e procurar valores em sua vida que sejam verdadeiros, ela se
apresenta ao homem de forma interrogativa em relação a sua vida. A primeira
verdade é a inevitabilidade da morte, fato desconcertante para o homem, pois o ele
se vê chamado a conhecer a verdade sobre seu fim.

b) Os diferentes rostos da verdade do homem

O homem é marcado pela falta de transparência e coerência no raciocínio em


relação a busca da verdade. A sua limitação desvia a pesquisa pessoal, sobrepondo
assim outros interesses à verdade ou evitando-a temendo suas exigências. Porém, a
capacidade do homem de procurar a verdade e fazer perguntas já manifesta uma
primeira resposta. O homem procura aquilo que lhe causa curiosidade e que vê
possibilidade de alcance.

Existem diversas formas de verdade, as mais numerosas são as verdades


que se baseiam em evidências imediatas ou recebem confirmação da experiência,
característica da vida cotidiana e da pesquisa científica. Existe também a de caráter
filosófico, que o homem alcança através da capacidade do intelecto. Existe, por fim,
as verdades religiosas que tem também suas raízes na filosofia de algum modo, nas
suas tradições remetendo sempre às questões últimas.

O homem como ser relacional, não nasceu para ser sozinho. Integrado desde
o nascimento em tradições, recebendo a linguagem, formação cultural e verdades
nas quais acredita por instinto. Mas, o ser humano cresce e amadurece, implicando
dúvidas a estas verdades pelo pensamento crítico.

O homem, por sua natureza, procura a verdade. Não somente a conquista de


verdades parciais ou científicas, não só o verdadeiro bem em suas decisões, mas
aponta para uma verdade superior que é capaz de explicar o sentido da vida. A
verdade é vital para a existência do homem e chega-se a ela não só por via racional
mas também através de um abandono fiducial a outras pessoas que possam
garantir a autenticidade da verdade.

A verdade que Deus nos revela em Jesus Cristo não está em contraste ou
oposição com as verdades que se alcançam filosofando.

Capítulo IV. A relação entre fé e a razão


a) As etapas significativas do encontro entre a fé e a razão

Ligação do discurso de São Paulo nos Atos dos Apóstolos com as correntes
filosóficas do tempo. Exigência do uso da razão universal perante a religião no

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pensamento antigo, necessária uma ligação para dar fundamento a sua crença na
divindade. “Vede que ninguém vos engane com falsas e vãs filosofias, fundadas nas
tradições humanas, nos elementos do mundo, e não em Cristo” (Cl 2, 8).

De início, era mais urgente o anúncio de Cristo ressuscitado, que levava o


interlocutor a um encontro pessoal e a conversão do coração, seguido pelo pedido
de Batismo. Porém, "não era ignorada a obrigação de aprofundar a compreensão da
fé e suas motivações".

Surgiu então um novo pensamento cristão que tomava forma servindo-se da


filosofia, mas ao mesmo tempo tendia a distinguir-se dela pela influência platônica e
suas transformações. Santo Agostinho e os Padres Capadócios foram referências
de cristianização do pensamento platônico.

Segundo Santo Anselmo, a prioridade da fé não faz concorrência a


investigação própria da razão. A sua tarefa é "saber encontrar um sentido, descobrir
razões que a todos permitam alcançar algum entendimento dos conteúdos da fé",
sendo o intelecto submisso a tarefa de "pôr-se à procura daquilo que ama", que se
torna num desejo insaciável, pois, "quanto mais ama, mais deseja conhecer".

b) A novidade perene do pensamento de S. Tomás de Aquino

Importância de Santo Tomás não só pelo conteúdo mas pelo diálogo com o
pensamento hebreu e árabe de seu tempo. Ele teve grande mérito, principalmente
em afirmar em primeiro lugar a harmonia que existe entre razão e fé, pois para ele, a
luz da razão e a luz da fé provém ambos de Deus. Ele também reconhece que a
natureza, objeto próprio da filosofia, pode contribuir para compreensão da revelação
divina, assim a fé não teme a razão, mas solicita-a e confia nela.

Também Santo Tomás atribui ao Espírito Santo o papel de fazer amadurecer,


como sabedoria, a ciência humana. Sendo ela dom do Espírito, introduz no
conhecimento das realidades divinas. Porém, ele elenca também outras formas
complementares de sabedoria: a filosófica, que se baseia na capacidade que tem o
intelecto e de investigar a realidade e a sabedoria teológica, que se fundamenta na
Revelação e examina os conteúdos da fé.

c) O drama da separação da fé e da razão

Com a evolução das primeiras universidades, começou a surgir uma


separação entre fé e razão devido a um pensamento racionalista. Este movimento
se deu pelo afastamento da revelação cristã, chegando até à oposição explícita, e
resultando assim em um humanismo ateu. No âmbito científico foi instalando-se uma
mentalidade positivista, afastando-se não só da visão cristã do mundo mas também
da visão metafísica e moral. Além disso, foi crescendo entre os nossos
contemporâneos o pensamento niilista, que afirma que a existência é só uma
oportunidade para sensações e experiências.

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Por outro lado, vemos que na cultura moderna alterou-se a função da filosofia.
De sabedoria universal foi se tornando um papel completamente marginal e a "uma
qualquer" dentre tantas áreas do saber humano, tendo assim um fim utilitarista.
Porém, mesmo com todos estes contratempos, se analisamos de mente e coração
reto alguns germens de pensamentos preciosos manifestados nestes tempos,
vemos que eles podem fazer descobrir o caminho da verdade.

Capítulo V - Intervenções do Magistério em


matéria filosófica
a) O discernimento do Magistério como diaconia da verdade

É importante termos claro que a Igreja não propõe nenhuma filosofia própria e
nem canoniza uma das correntes filosóficas em detrimento de outras. Mas, vemos
que quando teses filosóficas ameaçam a reta compreensão do dado revelado é
necessário a reação clara e vigorosa do Magistério.

O Magistério tem como função e responsabilidade exprimir o seu juízo sobre


a compatibilidade ou incompatibilidade de conclusões filosóficas que podem se
relacionar ou não com a verdade revelada.

O Magistério deve encorajar o pensamento filosófico, porém deve-se entender


também que nenhuma forma histórica da filosofia pode ter a pretensão de abraçar a
totalidade da verdade ou de possuir a explicação final e suprema do ser humano, do
mundo e da relação do homem com Deus. Ele também interveio diversas vezes
durante a história para manifestar seu pensamento acerca de determinadas
doutrinas e correntes filosóficas que adentravam o campo da fé cristã.

b) Solicitude da Igreja pela filosofia

Porém o Magistério não se limita somente a destacar os erros e desvios


doutrinais filosóficos, mas também quer ele confirmar os princípios fundamentais
para uma renovação do pensamento filosófico, tendo como destaque a Aeterni
Patris, único documento pontifício até hoje dedicado unicamente a filosofia. Teve
consequências fantásticas para a Igreja, impulsionando um novo vigor sobre o
pensamento de Santo Tomás, resultando numa nova descoberta de riquezas do
pensamento medieval, até então desconhecidas.

Assim como também teve uma feliz retomada do pensamento filosófico na


cultura cristã valendo-se de correntes de pensamento mais recentes e de
metodologia própria. De diversas perspectivas continuou a surgir formas de reflexão
filosófica que visavam manter viva a unidade da fé e razão.

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Capítulo VI - Interação da teologia com a
filosofia
a) A ciência da fé e as exigências da razão filosófica

A teologia é organizada, como ciência da fé à luz de um duplo princípio


metodológico: auditus fidei e intellectus fidei. O primeiro recolhe os conteúdos da
Revelação tal como foram aparecendo progressivamente na Sagrada Tradição,
Escritura e no Magistério. O segundo procura responder as exigências próprias do
pensamento por meio da reflexão especulativa. É pelo conjunto deles que o fiel
chega a conhecer a história da Salvação.

A teologia fundamental tem como próprio caráter de disciplina a função de dar


razão da fé, procurando justificar a relação entre fé e reflexão filosófica. Também
devemos ser atentos ao fato de que o conhecimento de algumas verdades que
podem ser conhecidas de modo filosófico constituem um pressuposto para acolher a
revelação de Deus. Essas verdades encontram pleno sentido na Revelação e nela
seu fim último.

A relação entre a filosofia e a teologia deve ser governada por uma


reciprocidade. O ponto de partida da teologia deve ser sempre a palavra de Deus
revelada na história e deve ter como objeto final uma compreensão mais profunda
desta mesma palavra. Sendo ela a Verdade, uma melhor compreensão dela pode
ser ajudada pela busca humana da verdade, o filosofar. A razão do cristão exerce
todas as suas capacidades na busca da verdade, pois partindo da palavra de Deus
procura aprofundar-se em sua compreensão.

b) Diferentes estádios da filosofia

A filosofia independente totalmente da revelação evangélica: existente nas


épocas que precederam o nascimento de Jesus. Se vale simplesmente das forças
racionais. A filosofia cristã não é uma filosofia oficial da Igreja, pois a fé não é uma
filosofia. Indica apenas um modo cristão de filosofar e todos os importantes avanços
do pensamento filosófico que não seriam alcançados sem a ajuda da fé cristã.

A teologia chama a filosofia quando o trabalho teológico pressupõe um


preparo de argumentação bem formado. Também necessitando da filosofia como
interlocutora para verificar a inteligibilidade e a verdade universal de suas
afirmações. A revelação cristã é o ponto basilar, de ligação e de confronto entre o
pensar filosófico e o teológico.

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  Capítulo VII - Exigências e tarefas atuais
a) As exigências irrenunciáveis da palavra de Deus

A Sagrada Escritura contém em si uma série de elementos que permitem


alcançar uma perspectiva filosófica acerca do homem e do mundo. Ela se destaca
também pela rejeição de toda forma de relativismo. A Bíblia dá uma convicção
fundamental para uma "filosofia" partindo do ponto que a vida humana e o mundo
tem um sentido e caminham para a sua plenitude, que se verifica em Jesus
Cristo.Situação atual como "crise de sentido". Filosofia deve encontrar sua dimensão
sapiencial de procura do sentido último e global da vida. Resposta revelada na
palavra de Deus.

Também deve verificar a capacidade de o homem chegar ao conhecimento


da verdade, adequatio rei et intellectus. Disto deve resultar um alcance
autenticamente metafísico., capaz de transcender os dados absorvidos para chegar,
dentro desta busca da verdade, a algo de absoluto. Passagem do fenômeno ao
fundamento. É necessário esta ligação de continuidade entre a reflexão filosófica e o
pensamento teológico para prevenir do perigo que é causado por algumas correntes
de pensamentos hoje difusas.

b) Tarefas atuais da teologia

Existe uma dupla tarefa da teologia: Que é renovar suas metodologias com o
objetivo de tornar mais eficaz a sua evangelização, mas sem deixar de manter o
olhar fixo sobre a verdade última que lhe foi confiada por meio da Revelação, sem
se contentar ou se deter quando estiver no meio desta batalha, interpretando as
fontes e trabalhando na compreensão da verdade revelada, por isso deve seu
estudo estar intimamente ligado à Sagrada Escritura. A teologia é encarregada de
apresentar a compreensão da Revelação e o conteúdo da fé.

CONCLUSÃO
São João Paulo II foi magnífico no desenvolvimento deste documento, que é
tão necessário para os nossos tempos e de preciosa ajuda para todos os católicos
que procuram corresponder ao chamado de Deus no meio do mundo, através da
docência e na vida de estudos do jovem intelectual. Mas uma das coisas também
incríveis é perceber que este documento pode servir como uma luz para aqueles
que estão perdidos em meio ao caos filosófico e moral que padece a nossa
sociedade hoje.

Para mim, especialmente, foi de muita valia ler estas palavras de São João
Paulo II. Ele aprofunda com suas palavras em discussões que pareciam batidas
para mim, como na relação estrita entre o intelecto e a Revelação que eu via muito
superficialmente e sem entender muitas vezes a sua ligação profunda. Jogando este
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ponto basilar, ele disseca brilhantemente sobre todos os ramos que brotam dessa
ligação, passando não só pela história do desenvolvimento do pensamento filosófico
mas também pela ação coerente e prudente do Magistério, que para mim foi uma
descoberta nova, e pelas tarefas da teologia em relação ao pensamento filosófico.

Isto para mim foi o mais genial desta encíclica: a forma brilhante que São
João Paulo II discorreu sobre a filosofia e sua ligação com a fé usando como ponto
basilar não só a via da razão natural mas também a vida da Revelação.

Concluo afirmando que este documento é de suma importância para entender


o tempo que passamos, o caos moral e filosófico que vivemos, mas além disso: para
retomarmos uma vez mais a verdadeira função da filosofia e da sua estreita ligação
com a fé.

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