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1.Introdução ...................................................................................................................... 3
1.1.Problematização ...................................................................................................... 4
Conclusão ....................................................................................................................... 14
Bibliografia ..................................................................................................................... 15
O presente trabalho de pesquisa tem como o tema ‘’A vida Humana na Compreensão
cristã’’. Como se pode ver pelo tema, o trabalho tem por objectivo demonstrar como se
dá a humanização da vida pela fé, isto é, evidenciar que a fé cristã, operante na caridade
e forte na esperança, não limita, mas humaniza a vida, tornando-a plenamente humana,
apresentando-se não apenas como um dos elementos que fazem parte da existência, mas
o elemento determinante que a envolve totalmente, por isso a fé é possibilidade de uma
verdadeira existência humana.
A busca de sentido da vida humana é, declaradamente, baseada nas vicissitudes por que
passou. Semelhanças de pensamento, também, pelo menos, no ponto que mais interessa
para este trabalho: o relevo dado ao sentido da vida, como factor de bem-estar e,
especialmente, como protector da saúde mental, em situações de vida extremamente
adversas. Com efeito, a declaração de Dostoievski , segundo a qual “nenhum homem
pode viver sem um objectivo que se esforça por alcançar” e que “se não tem objectivo
nem esperança, a angústia transforma-se num monstro”.
É claro que se poderia recuar muito mais, no tempo, como nós fizemos, e ir à Filosofia e
às religiões, em busca do que elas consideram ser o caminho para a felicidade.
Nenhuma dúvida de que elas criaram condições, nomeadamente, o existencialismo, para
que a procura de sentido para a vida se tornasse um tema dominante, nos nossos dias.
Porém, o grande impulso para encetar a abordagem científica do problema surgiu com o
movimento da psicologia positiva, com o seu interesse pelo funcionamento positivo do
psiquismo (desenvolvimento das capacidades, dos recursos existentes, dos trunfos
pessoais), por oposição ao funcionamento negativo do mesmo psiquismo (erradicação
ou atenuação dos défices, cura da doença, em vez da prevenção e promoção da saúde e
do bem-estar).
1.2.1.Objectivo geral
1.2.2.Objectivos específicos
2.Metodologia da pesquisa
Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o
método indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de
algo particular para uma questão mais ampla, mais geral.
3.1.Vida Humana
É preciso, contudo, ser crítico sobre o modo de pensar que muitos têm, quando abstraem
os valores subjectivos, as relações interpessoais e menosprezam as dimensões do
transcendente, priorizando, e até absolutizando, somente o que é empírico e verificável
por métodos que descartam outras dimensões humanas como a arte, a música, a religião,
a sensibilidade e a espiritualidade.
Essa visão prioriza uma determinada relação do ser humano com a natureza. Ela é
herdeira da Revolução Francesa e dispensa a percepção subjectiva da existência humana
no mundo.
A vida é o bem fundamental e básico em relação aos demais bens e valores da pessoa.
Para a ética, a vida é um bem, mais que um valor. O bem é uma realidade pré-moral,
porque existe independentemente do agir e da vontade humana. Também são um bem
pré-moral a saúde e a sexualidade. O valor, ao contrário, é uma qualidade objectiva do
agir humano e só existe enquanto tal. A vida sempre tem valor, em todo tempo. Não se
justifica ser contra o aborto e defender a pena de morte, por exemplo. Igualmente a
discriminação é uma forma velada de desvalorização da vida, porque afirma que a vida
de uns vale mais que a de outros. Apesar de bem pré-moral, a vida necessita da
valorização ética a ser dada pela intencionalidade do agir humano. A avaliação ética de
uma intervenção na vida vai depender da intencionalidade do agente e do resultado da
acção.
A secularização fez com que a vida deixasse de ser concebida como sagrada e intocável.
O princípio da inviolabilidade considera a vida como propriedade de Deus e o ser
humano como mero administrador. Este argumento prestou grande serviço à
humanidade, enquanto não havia uma legislação para defender a vida. O contexto actual
é outro. A vida é defendida com critérios racionais. O que se pretende é superar a visão
da pessoa como mera administradora passiva da vida para entendê-la como protagonista
desse dom maior. O próprio Deus delega o governo da vida à autodeterminação do ser
humano e isso não fere sua autonomia. A vida é presente do Criador, porque ninguém
pode dar a si mesmo este dom. A vida, porém, supõe uma tarefa: garantir a qualidade de
O ser humano interage, neste mundo, através de seu corpo. O corpo é a estrutura
fundamental da pessoa, o físico lhe dá suporte. Os atentados contra a vida geralmente
ocorrem no corpo. A vida corporal não pode, portanto, ter apenas um significado
instrumental. Por isso é preciso superar a visão dicotómica originária dos gregos, para
quem a alma era boa e a carne má. Não é plausível, também, a influência cartesiana que
intensificou o paralelismo entre corpo e alma na tentativa de explicar melhor as partes
estabelecendo oposição entre ambos. O corpo é a parte do universo que nós animamos,
informamos, conscientizamos e personalizamos. Ele forma unidade com a alma.
Assumimos o conceito de alma como a dimensão espiritual e transcendente do ser
humano. Muitos preferem o termo espírito e denominam alma a dimensão psicológica (
psiché).
A criação foi produzida do nada (creatio ex nihilo). Do caos surgiu o cosmo. A alma
humana, segundo a tradição cristã, se produz na matéria, contudo, não da matéria. Sem
a matéria organizada, não se produz uma alma e não há matéria disposta a converter-se
em corpo humano, sem receber também uma alma.
Hoje há uma crise de pertença ao mundo. O ser humano pode acessar qualquer ponto da
aldeia global, sem, contudo, sentir-se envolvido, encantado ou afectado pela situação de
cada indivíduo, povo ou nação. Há uma frieza no sentido de as pessoas perceberem a
cumplicidade existente entre uns e outros.
A arte de cuidar depende do olhar que se lança sobre o outro e sobre a realidade.
Olhares desinteressados e omissos jamais serão capazes de encantarem-se com a vida e
o mistério que nos circundam. É preciso ter uma atitude contemplativa da realidade. A
contemplação, entretanto, nasce da disponibilidade de deixar Deus falar, deixar que ele
se mostre. O ato de contemplar, antes de ser o resultado de um esforço humano, é muito
mais “dar espaço” para Deus. Ele se movimenta pela coragem do espírito humano de
não presumir e nem pretender saber tudo ou conhecer tudo. É um abandono nas mãos
do Mistério.
Quando se contempla Deus, enxerga-se o mundo com outros olhos. As cores da vida
sobressaem diante da opacidade da existência. Passa-se a ver a beleza do pequeno e do
simples e o horror colorido das estruturas que matam. Educando o olhar para ver as
necessidades dos irmãos e irmãs, o cristão há de se alegrar com Jesus e louvar o Pai, que
se revela aos pequenos e humildes.
Há-de sofrer e chorar com Jesus diante de Jerusalém que não o acolheu. E lamentar a
cultura da morte, que ainda impera no coração humano. Só assim será possível afirmar
que “as alegrias e esperanças, as angústias e tristezas da humanidade, são os
sentimentos da comunidade dos seguidores de Jesus”.
O conceito de Deus como Pessoa não é problema insignificante para a teologia cristã,
nem mesmo uma questão secundária para a fé cristã, pois este conceito passa a
caracterizar o homem, imagem e semelhança de Deus-Pessoa. Trata-se de uma verdade
essencial a aceitação da pessoalidade de Deus e a rejeição de um Deus a pessoal:
O conceito de pessoa não surge do filosofar do homem mesmo, mas no diálogo que a
teologia estabelece com a filosofia. Os dados da Sagrada Escritura possibilitaram e
realizaram este que é um dos mais importantes contributos da fé cristã para o
pensamento humano, o conceito de pessoa, pois o ser pessoa, que caracteriza o homem
como realidade única, original, particular e concreta, é mais fecundo do que as deduções
gregas do ser como um animal racional, possuidor de uma alma intelectivo e não apenas
vegetativa ou sensitiva como os demais seres da natureza.
A palavra grega prosopon significa literalmente, segundo Ratzinger, “olhar dirigido a”,
portanto inclui uma ideia de relacionamento como seu elemento constitutivo. A palavra
latina persona apresenta uma conotação semelhante, pois vem de per-sonare, ou seja,
“soar através”.
Este personalismo da fé cristã invoca um novo olhar sobre o ser humano, olhar que
desmistifique esta realidade de mutação antropológica na qual o homem deixa de ser um
projecto, e se converte em algo projectado; exige uma crítica as culturas marcadas pelo
eficientíssimo, pelo materialismo prático, pelo individualismo utilitarista e hedonista,
derivadas em última análise do cepticismo nos fundamentos do saber e da ética. Tudo
isto assume grande relevância, pois ao mesmo tempo em que coloca a dignidade
humana em perigo, faz da questão antropológica, e nela as questões inerentes a
dignidade humana, a questão social por excelência.
A fé cristã se atrofia quando se cala diante de tal realidade, perde seu profetismo se não
anuncia aquilo que lhe é próprio: a dignidade do ser humano que foi criado à imagem e
semelhança de Deus e resgatado pelo Verbo Encarnado que, como Deus-Homem, revela
o homem ao homem. Por isso, é peremptório à fé questionar a humanidade sobre suas
metas escolhidas como prioritárias: o progresso técnico e científico, o aumento do
poder, o bem-estar individual, isto é, a maximização do prazer acima de qualquer coisa.
Tal como a revelação de Deus como Pessoa-Amor tem como meta atingir positivamente
o ser humano, a fé não trata a pessoa humana como “meio”, mas sempre e somente
como “fim”, um fim que é comunhão com Deus, um fim que é salvação para o ser
humano. Ninguém tem o direito de fazer dela um mero objecto, de usá-la como um
instrumento. Assim, como ela, a fé cristã, não poderá permitir que o ser humano se
isole, ou seja, instrumentalizado, mas visto unicamente na sua relação com o outro e,
nesta, numa posição de sujeito.
Nesse sentido, compreende-se a fé como humanizadora, pois ela não compreende o ser
humano como uma qualidade, experienciáveis, descritível, mas como um todo, no qual,
todo momento da sua existência é carregado de significado, pois ele é Tu, assim como
Deus é Tu para o ser humano. O ser humano, visto pela fé, não é compreendido pelo
critério de utilidade: ele não é útil nem inútil, deve ver visto e compreendido como Deus
o vê e compreende. Na sua inteireza, dignidade: “Que é o homem, Senhor, para dele vos
lembrardes e o tratardes com tanto carinho?”.
Devido a esta tensão tão latente no homem, percebe-se que é necessária uma atitude,
uma postura em relação a isto. Assim foram criadas algumas propostas de geração de
equilíbrio: para os gregos antes de Platão era a postura de humildade perante a tradição
que geraria tal equilíbrio, numa postura tradicionalista, enquanto para Platão e os
neoplatônicos o equilíbrio seria gerado pela postura de busca das realidades do mundo
superior, das ideias, na aproximação com o que é divino no homem, com sua essência,
com sua alma – uma vez que é esta a realização plena do homem: posição chamada de
essencialismo. Mas para além destas duas posturas, há ainda outras, as quais podem ser
divididas em quatro formas principais: o idealismo, o materialismo, o niilismo e uma
quarta forma.
É indiscutível que a religião constitui, para muita gente, uma fonte perene de sentido da
vida. No extremo de uma pavorosa agonia, viu Ivan Illich que, no fundo da bocarra do
poço da morte, uma luz se acendeu e, no derradeiro momento, compreendeu que a
morte terminou, que a morte não existe (Tolstoi, s.d.). Por sua vez, Levine – a
No que vai seguir-se, faremos apenas referência às três religiões do Livro e ao budismo.
Por religiões do Livro designam-se as duas que se baseiam na Bíblia – judaísmo
(Antigo Testamento) e cristianismo (Antigo e Novo Testamento) – e o islamismo
(Alcorão).
Divergências fundamentais com aquele são, entre outras, a crença de que Jesus é o
Messias prometido e de que é o Filho de Deus, enviado para redimir a humanidade do
pecado original (o judaísmo rejeita o pecado original) e, portanto, de que a Igreja seja o
novo Israel, ou reino de Deus. Não é, porém, muito diferente o sentido atribuído à vida
humana. Ele está expresso na parábola do homem rico e do pobre Lázaro (Lc., 16, 19-
31). Era um homem rico que se vestia, luxuosamente, e todos os dias se banqueteava,
lautamente. À sua porta, o pobre Lázaro, coberto de feridas, desejaria saciar-se com as
migalhas da mesa do rico. Morreram ambos e tiveram destinos diversos: o rico foi
sepultado no inferno; o pobre Lázaro foi conduzido ao seio de Abraão.
Chegando o fim deste trabalho, notou-se que, a perspectiva cristã da natureza humana
não se contrapõe a realidade da tensão, mas a inclui e trabalha sobre ela, admitindo e
construindo sua estrutura sobre o elemento de tensão que está sempre presente no
“carácter dramático” da vida humana. Consequentemente, a ambivalência da natureza
humana não é apenas essencial para a compreensão de si mesmo por parte do cristão,
mas também para a compreensão do próprio Cristo que, sendo Deus, se fez homem.
A encarnação não só evidencia a pessoa de Deus, como também evidencia o próprio ser
humano para si mesmo. De forma relacional o agir de Deus através de Cristo provê
redenção em termos escatológicos que se ergue a partir da posição do ser humano e no
seu desempenho práxico dentro do projecto redentor. Substancialmente a redenção
escatológica por seu carácter futuro poderia reduzir-se a mera expectação intangível no
presente. Todavia o pensamento cristão adianta esse futuro e o celebra simbolicamente
na praxis cristã sobre o fundamento da fé em Cristo pela qual os cristãos “receberam a
plenitude” (Cl 2,10).
Essa plenitude alcançada pelos cristãos através da fé em Cristo pode ser lida aqui como
a supressão do carácter dramático, ou da angst existencialista. Não significa a
eliminação da ambivalência, nem mesmo a sua compreensão, antes a sua percepção
numa nova realidade em harmonia.
Enquanto isso o dualismo bivalente que se desenvolveu com a crise do mito de modo
algum pode desempenhar o papel explicativo que a ambivalência simbólica passa sobre
a realidade do temporal e do eterno, justamente por deixar de lado o elemento do
sagrado/profano, que é ao mesmo tempo o mecanismo diferenciador e aproximador
entre o homem e Deus, ou seja, a essência da própria religião.
Burkert, Walter. Religião grega na época Clássica e Arcaica. Lisboa: Fundação Calouste
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Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1978.
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