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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

CENTRO DE ENSINO A DISTÂNCIA

O Historial da Psicolinguística

Nome de Estudante:
Emma Umali de Sousa.
Código de Estudante: 708204814

Curso: Licenciatura em Ensino de Português


Disciplina: Psicolinguística.
Ano de Frequência: 4º Ano
Tutor: Dra. Laura Sande.

Chimoio, Abril de 2023


Índice
1. Introdução ..................................................................................................................... 3
1.1. Objectivos .................................................................................................................. 3
1.1.1. Objectivo Geral....................................................................................................... 3
1.1.2. Objectivos Específicos ........................................................................................... 3
1.2. Metodologia ............................................................................................................... 3
2. Historial da Psicolinguística ......................................................................................... 4
2.1. Surgimento da Psicolinguística ................................................................................. 4
2.2. Áreas da Psicolinguística ........................................................................................... 5
2.3. Objecto de Estudo ...................................................................................................... 6
2.4. Aquisição da Linguagem ao Longo do Tempo e os Erros mais Comuns na Produção
do Discurso ....................................................................................................................... 7
Conclusão ......................................................................................................................... 8
Referências Bibliográficas ................................................................................................ 9
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1. Introdução
A Psicolinguística é o estudo das conexões entre a linguagem e a mente que começou a
se destacar como uma disciplina autónoma nos anos 1950. Ela não se confunde com a
Psicologia da Linguagem por seu objecto e metodologia, apesar de muitos teóricos afirmarem
que a Psicolinguística é um ramo interdisciplinar da Psicologia e da Linguística. De alguma
maneira, seu aparecimento foi promovido pela insistência com que o linguista Noam
Chomsky defendeu, naquela época, que a linguística precisava ser encarada como parte da
psicologia cognitiva, além de outros factores como o interesse crescente da Linguística pela
questão da aquisição da linguagem.

A psicolinguística analisa qualquer processo que diz respeito à comunicação humana,


mediante o uso da linguagem (seja ela de forma oral, escrita, gestual etc.). Essa ciência
também estuda os factores que afectam a decodificação, ou seja, as estruturas psicológicas
que nos capacitam a entender expressões, palavras, orações, textos.

1.1. Objectivos

1. Objectivo Geral
 Arrolar sobre o historial da psicolinguística.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Identificar o objecto da psicolinguística;
 Descrever as áreas da psicolinguística;
 Apresentar os erros mais comuns na produção de discurso.

1.2. Metodologia
O método bibliográfico, para Fonseca (2002), é realizada:
[...] a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por
meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer
trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador
conhecer o que já se estudou sobre o assunto (p.32).
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2. Historial da Psicolinguística
A formação da Psicolinguística como área de estudo, tal como outra qualquer, passou
por um certo movimento histórico que serviu de alicerce da sua formação.

Nesse contexto, a colaboração interdisciplinar entre psicólogos e linguistas foi


principalmente motivada pelo aumento do acervo de pesquisas e teorias que viabilizaram a
tentativa de união das duas áreas que, nesse momento, recebiam forte influência da Teoria da
Informação.

Para Sciliar-Cabral (1991), devido a essa interdisciplinaridade, a Psicolinguística é,


simultaneamente, psicologia e linguística e trata-se de uma disciplina científica relativamente
nova que se consubstanciou em dois importantes seminários, onde se reuniram alguns
representantes da psicologia, da linguística e da antropologia.

Foi uma longa gestação até o marco que aconteceu num seminário de verão da
Universidade de Cornell em 18 de Junho a 10 de agosto de 1951. Nesse encontro, alguns
especialistas concluíram que ela estava pronta para vir à luz do mundo científico. Assim, seu
Registro como ciência autónoma se firmou em outro encontro de verão na Universidade de
Indiana em 1953.

De acordo com (Kapitaniuk, 2010) os estudiosos responsáveis pelo seu nascimento


foram Psicólogos como C.E Osgood, J. B. Caroll, G. A. Miller e linguistas como T.E. Sebeok,
F.G. Lounsbury. Dessa colaboração originou-se um livro: Psycholinguistics, o qual lançou as
bases programáticas e a tentativa de síntese das teorias multidisciplinares que as embasaram
(p.15).

Dadas essas noções, a psicolinguística, tomando como base a historicidade que é


pertinente ao seu aparecimento, justifica sua importância por vir de encontro às tendências e
necessidades que se manifestaram nas ciências humanas da década de 50.

2.1. Surgimento da Psicolinguística


O termo Psicolinguística surgiu antes mesmo de se tornar disciplina, surgiu pela
primeira vez provavelmente em um artigo de N. H. Pronko e sugere que se trata de um campo
interdisciplinar para o qual colaboram a Psicologia e a Linguística (Balieiro, 2004, p.172).
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O autor ainda afirma que os estudos dessas duas disciplinas eram originalmente
denominados de Psicologia da linguagem e abordavam uma questão central às duas: “o
relacionamento entre o pensamento (ou comportamento) e a linguagem”.

Na Psicologia, os estudos estavam baseados nas relações entre a organização do sistema


linguístico e a organização do pensamento. “Os psicólogos queriam o auxílio do
entendimento sobre o funcionamento da linguagem para entender como funcionava a mente
humana, partindo da hipótese de que a mente se estruturava de forma análoga à linguagem ou
mesmo através dela.

No caminho 1, o movimento trouxe duas concepções diferentes: uma que veio da


tradição europeia que era essencialmente mentalista, que buscava explorar o pensamento
através do estudo da linguagem; e a outra que veio da tradição norte-americana,
essencialmente comportamentalista que buscava entender o comportamento linguístico,
reduzindo-o a uma série de mecanismos de estímulo-resposta.

Já na Linguística, “havia uma busca anterior pela teoria psicologia, especialmente por
meio dos introdutores do método histórico em Linguística, entre os quais Herman paul, que
tentaram apoiar no associacionismo psicológico suas explicações para as mudanças
linguísticas” (Balieiro Jr., 2004, p.173).

No entanto, sobre o surgimento da Psicolinguística, os dizeres acima, levam-nos a


perceber que anteriormente os estudos eram mais uma tentativa de responder questões
comuns a duas disciplinas ainda em vias de afirmação como disciplinas autónomas do que um
programa de pesquisas comum que partisse de bases filosóficas e epistemológicas
consistentes.

2.2. Áreas da Psicolinguística


Bom, como sabemos, a Psicolinguística é o ramo da linguística que estuda a relação
entre os processos mentais e a linguagem verbal. Essa relação implica estruturas cognitivas
como a percepção, a memória, a atenção, por um lado, e processos de produção que permitem
ao indivíduo construírem uma interpretação a partir de uma cadeia de sons, por outro, e,
ainda, processos e mecanismos de aquisição de uma língua natural e desenvolvimento da
capacidade da linguagem.
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De acordo com o (Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa,


s/d, p.14) tendo em conta a definição acima, podemos dizer que a Psicolinguística
compreende três áreas em foco: a aquisição, a produção e a compreensão da linguagem.

Contudo, o estudo da aquisição da linguagem forma um campo “a Psicolinguística do


Desenvolvimento” e o estudo da produção e compreensão da linguagem forma outro campo
“a Psicolinguística Experimental”.

Os processos de aquisição, produção e compreensão são individuais, relativamente


dependentes do contexto e comuns a qualquer falante psicolinguisticamente normal de
qualquer língua natural do mundo. Sendo assim, de cada um desses processos interessa à
Psicolinguística (Kapitaniuk, 2010):
 Saber como é que, sendo tão diferentes as línguas naturais, e havendo tantas línguas, o
ser humano revela processos tão semelhantes na aquisição da linguagem;
 Conhecer os processos que cada falante dispõe para a recepção e produção do discurso
(oral ou escrito);
 Conhecer os processos que têm lugar na mente de cada indivíduo durante o processo
de compreensão de um discurso (oral ou escrito);
 Saber como é que o contexto (linguístico, situacional e religional) influencia os três
processos, isto é, a aquisição, a produção e a compreensão da linguagem.

2.3. Objecto de Estudo


A Psicolinguística é o estudo dos processos mentais que a pessoa usa na produção e
compreensão da língua e da forma como os seres humanos aprendem uma língua.

De acordo com o (Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa,


s/d, p.11) A psicolinguística é o ramo da linguística, que tem como um dos seus objectos de
estudo o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem e disponibiliza um apanhado
de ideias que nos ajudam a compreender melhor como a criança até três anos adquire e
posteriormente desenvolve sua linguagem materna.

Para (Scliar-Cabral, 1991) o objecto da Psicolinguística é exactamente o enfoque


diferente para com a linguagem que demarcou as fronteiras às vezes ténues que separou das
duas ciências que lhe deram origem, a Psicologia e a Linguística. Este objecto vem a ser os
processos de codificação e decodificação (p.14).
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Assim, num sentido mais estrito pode se dizer que a psicolinguística estuda os processos
através dos quais as intenções dos falantes são transformadas em interpretações pelos
ouvintes. A psicolinguística trata directamente dos processos de codificação e decodificação,
enquanto relacionam os estados das mensagens dos comunicadores.

2.4. Aquisição da Linguagem ao Longo do Tempo e os Erros mais Comuns na


Produção do Discurso
A aquisição de linguagem é um processo complexo, mas embora as línguas naturais
sejam muito diversas, todas as crianças seguem as mesmas etapas no curso de aquisição de
uma língua materna, sejam elas ouvintes que adquirem uma língua oral ou sinalizada ou
surdas que adquirem uma língua de sinais.

Paralelamente as teorias de aquisição da linguagem existem as de aquisição da L2


nomeadamente: o modelo de aculturação, a teoria de acomodação, a teoria do discurso e o
modelo monitor (Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa, s/d
p.34).

Assim, percebe-se que existe uma forte relação entre o desenvolvimento cognitivo e o
desenvolvimento da linguagem. Estes dois sistemas interagem com o desenvolvimento motor.

Referente aos erros mais comuns na produção do discurso (Kato, 1990) afirma que
constituem erros de percepção os seguintes:
 Identificação de grafemas ”/n/ - /m/” - Nesta distinção encontramos que ambos sons
são anteriores, sonoros e nasais. Só diferem no traço coronal. É normal existir
dificuldades de pronúncia e até no início da aprendizagem.
 Supressão de Fonema - A queda do /l/ intervocálico. Nestes casos são frequentes
erros de grafema e de fonema.
 Supressão da consoante dupla - Ex: “Buro” (Burro).
 Confusão entre as diferentes formas gráficas de um fonema – “Chadres” (Xadrez).

Enfim, sobre os erros mais comuns, podemos dizer que esses erros se verificam-se
também a nível fonético e morfossintáctico, isto é, os erros fonéticos são erros linguísticos
produzidos nos fonemas, as vezes essas faltas afectam toda a palavra, suas sílabas ou apenas
alguns fonemas. Já nos erros morfossintácticos, as crianças, no desenvolvimento desta
componente, tendem a utilizar mecanismos de aquisição diferente, repetem o que escutam e
até o que não devem.
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Conclusão
Conclui-se portanto, que a pré-história da Psicolinguística dois movimentos opostos: um
que caminhava da Psicologia para a linguística e outro da Linguística para a Psicologia. O
primeiro movimento trazia duas concepções diferentes: uma oriunda da tradição europeia,
essencialmente mentalista e outra oriunda da tradição norte-americana, essencialmente
comportamentalista. Após a primeira Guerra Mundial, a corrente mentalista declinou de
importância em função da desorganização intelectual europeia.

Assim a Psicolinguística é o estudo dos processos mentais que a pessoa usa na produção
e compreensão da língua e da forma como os seres humanos aprendem uma língua. Desta
feita, ela inclui o estudo da percepção do discurso, o papel da memória, conceitos e outros
processos que ocorrem no uso da língua e da forma como os factores sociais e psicológicos
influenciam o uso da língua. E tem como seu objecto de estudo a codificação e a
descodificação.
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Referências Bibliográficas
Balieiro Jr. P. (2004). Psicolinguística – introdução à linguística: domínios e fronteiras. São
Paulo, Brasil: Cortez.

Borin, M. (2005). Psicolinguística. São Paulo, Brasil: UAB.UFSM.CEAD.

Fonseca, J. (2002). Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza, Brasil: UEC.

Kapitaniuk, R. (2010). Psicolinguística. Florianópolis, Brasil: CCE.UFSC.

Kato, A. (1990). No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Ática.

Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa. (s/d). Psicolinguística.


Beira, Moçambique: UCM.CED.

Scliar-Cabral, L. (1991). Introdução à psicolinguística. São Paulo: Ática.

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