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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Reduplicação verbal em línguas bantu: Caso da língua Chope

Natália Manuel Tondondo - 708221583

Curso: Licenciatura em Ensino de Português


Disciplina: Linguas Bantu
Ano de frequência: 2° Ano
Turma: B

Docente: Pascoal Guiloviça

Beira, Junho, 2023


Critérios de avaliação (disciplinas teóricas)

Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
✓ Índice 0.5
✓ Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura ✓ Discussão 0.5
organizacionais
✓ Conclusão 0.5
✓ Bibliografia 0.5
✓ Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução ✓ Descrição dos
1.0
objectivos
✓ Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
✓ Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão ✓ Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
✓ Exploração dos dados 2.5
✓ Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
✓ Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA
✓ Rigor e coerência das
Referências 6ª edição em
citações/referências 2.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
Folha de Feedback dos tutores:

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Índice

1.0. Introdução ........................................................................................................................ 3

2.0.Conceitos básicos ................................................................................................................. 5

2.1. Reduplicação ....................................................................................................................... 5

2.2.A língua chope e os seus usuários ........................................................................................ 5

2.3. O verbo ................................................................................................................................ 6

2.4. A estrutura do verbo ............................................................................................................ 6

2.5. A reduplicação verbal na língua Chope ............................................................................... 7

2.6. Tipos de reduplicação na língua Chope ............................................................................... 8

2.6.1. Reduplicação parcial......................................................................................................... 8

2.6.2. Reduplicação total ............................................................................................................ 9

Conclusão ................................................................................................................................. 11

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 12

Conclusão .................................................................................. Erro! Marcador não definido.

Referências bibliográficas ......................................................... Erro! Marcador não definido.


1.0. Introdução
Bantu é um termo utilizado para se referir a um tronco linguístico, ou seja, é uma língua que
deu origem a diversas outras línguas no centro e sul do continente africano.

A língua Chope faz parte das línguas do grupo bantu, expandidas por quase toda parte sul do
equador de África e, hoje se estima em mais de 600 línguas distribuídos por mais de duzentos
milhões de falantes pertencentes a este grupo.

Os falantes originais bantu, devem ter sido relativamente poucos, mas, ao se moverem
e difundirem, de um habitante original no oeste até muitos milhares de quilómetros a leste às
margens do lago vitória, adquiriram conhecimento da agricultura e pecuária, provavelmente
no norte, e mais tarde se expandiram em massa rumo ao sul e sudoeste da África.

A palavra Bantu significa pessoas ou povos. Inicialmente, foi usada para se referir às línguas
da África Sub-Sahariana que exibem um sistema comum de concordância por prefixo.

Actualmente, o termo Bantu é usado para se referir a um grupo de cerca de 600


línguas faladas por perto de 220 milhões de pessoas numa vasta região da África
contemporânea, que se estende a sul da linha que vai desde os montes Camarões, junto à costa
atlântica, até à foz do rio Tana, no Quénia, abrangendo os seguintes países: África do Sul,
Angola, Botswana, Burundi, Camarões, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, Lesoto,
Madagáscar, Malawi, Moçambique, Namíbia, Quénia, República Democrática do Congo,
Ruanda, Swazilândia, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbabwe (Zona, s/ano).

Entretanto, o presente trabalho da cadeira de Linguística Bantu vai abordar acerca do


panorama linguístico de Moçambique com grande destaque a distribuição das línguas
moçambicanas por províncias e classificação das Línguas Bantu segundo Guthrie.

Portanto, o trabalho apresenta-se estruturado pela parte introdutória, os objectivos e os


procedimentos metodológicos, o corpo de trabalho, as conclusões e por fim as referências
bibliográficas.

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Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
✓ Conhecer a reduplicação verbal em línguas Bantu: Caso da língua Chope.
1.1.2. Objectivos específicos
✓ Definir a reduplicação verbal;
✓ Identificar as línguas Chope e seus falantes;
✓ Explicar os tipos de reduplicação verbal.

1.2. Metodologia do trabalho

Para o desenvolvimento do presente trabalho foi utilizada a metodologia de pesquisa


bibliográfica, utilizando a abordagem qualitativa, que é uma técnica de pesquisa que utiliza
como base de dados conteúdos materiais já publicados em revistas, livros, artigos e teses,
assim como também materiais disponíveis na internet (Gil, 2010).

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2.0. Conceitos básicos

2.1. Reduplicação
Em consonância com Zona (s/a) refere que a Reduplicação consiste na repetição do radical ou
uma parte dele, o que gera uma estrutura composta reduplicada.

Para Fortune (1957) apud Nombora (2005), refere que o fenómeno linguístico

designado reduplicação existe não somente em verbos mas também em outras


categorias lexicais como nomes, adjectivos e advérbios.

Este ocorre não somente nas línguas do grupo bantu como Xichangana, Nsenga, Yao,

Guitonga, Chope etc., mas também em outras lingas com em Agta, Yidin, Madurese e

Tagalog faladas fundamentalmente no extremo oriente, em algumas línguas europeias, tal é o

caso do Latim em que o morfema que se repete exprime marca de tempo e em Turco para

exprimir tamanho (aumentativo) em nomes. (Ngunga, 2004 apud Nombora, 2005).

2.2.A língua chope e os seus usuários


A língua Chope é uma língua do grupo Bantu falada na zona sul de Moçambique.
Segundo a classificação de Guthrie, esta língua pertence e ou é codificada através do símbolo
S61. Os estudiosos moçambicanos que se dedicaram a análise das línguas bantu de
Moçambique, quase todos tornaram-se como referência na classificação destas a que foram
apresentadas por Guthrie (1967), tais como Ngunga (2004), Sitoe (1996), Katupha (1985) e
outros. Contudo, estes uniformizaram as diferentes formas de classificação adoptando a
convencionada pelo Nelimo (1989).

Para Sitoe e Ngunga (2000) apud Nombora (2005), refere que a língua chope é
predominantemente falada nas províncias de Inhambane, nos distritos de Zavala, Inharrime,
Homoine e Panda. Ainda existe uma pequena zona falante desta nos arredores do município
de Inhambane. Em Gaza é falada nos distritos de Manjacaze (sede posto administrativo de
Chidenguele), também no posto administrativo no Chongoene do distrito de Xai-Xai
bem como uma parte de Chibuto além de uma parte de significativa de falantes
habitantes da cidade e província de Maputo.

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2.3. O verbo
Em concordância com Ngunga (2004, p. 98) verbos são palavras que servem para relatar
factos, acções, descrever estados, seres, situações, etc. Este autor, acrescenta que em muitas
línguas o verbo conjugado trás consigo as marcas do sujeito sobre o qual se faz a afirmação, o
tempo em que o fenómeno tem lugar, o número dos sujeitos sobre os quais se faz a afirmação,
etc.

Várias são as definições apresentadas por outros estudiosos, mas, para o âmbito desta
abordagem, os pontos de vista que se apresenta na medida em que, retomando o pensamento
apresentado por Ngunga (2004) encontra-se a representação da acção nos seguintes exemplos:

a) Xichangana: Kutlula quer dizer saltar‖ Kuja quer dizer comer‖

b) Gitonga: Gulala quer dizer dormir‖

c) Chope: Kuganga quer dizer cortar‖ Kufutumeta quer dizer aquecer‖

Para descrever estados e situações pode-se ilustrar nos seguintes exemplos:

a) Xichangana: Kuhatima ―relampejar‖ Kukwata ― estar aborrecido‖

b) Gitonga: Gulila ― chorar‖ Guleva ― estar embriagado‖

c) Chope: Kuluala― estar doente‖ Kuphumala ― escurecer‖

Para Norombi (2005), a flexibilidade estrutural deste visa adequá-lo a diferentes morfemas
que nele se adjuntam ou acoplam particularmente na forma radical ou de base verbal
com finalidades referenciais diversificados, tal é o caso da marca do sujeito (MS) que refere
ao elemento sobre o qual se faz a afirmação, o momento ou tempo em a acção, facto têm
lugar; marca de objecto.

2.4. A estrutura do verbo


O verbo é uma das unidades linguísticas que evidência este carácter aglutinante, nas línguas

bantu. Segundo Cunha e Cintra (2002, p. 377).

O verbo é uma palavra de forma variável que exprime o que se passa, isto é, um
acontecimento representado no tempo‖.

Esta representação é funcional em quase todos os verbos das línguas bantu. Contudo, entre a

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forma de representação apresentada por Ngunga (2004) e a usada por Chimbutane
(2000), para muitos a segunda forma, para além de transparecer que todos os
constituintes do complexo verbal ocorrem ao mesmo nível, peca por ser demasiado
geral e superficial sugerindo que na periferia à direita do radical apenas ocorre a vogal final
sem outros afixos (sufixos).

2.5. A reduplicação verbal na língua Chope


Para Norombi (2005), a reduplicação verbal em Cicopi (segundo os usos dos falantes, ou
Chope em português), nome de uma língua com um universo de mais de 245. 591 pessoas
falantes de língua Chope.

Nas abordagens anteriores constata-se que o radical é o morfema que imana as palavras da
mesma família e transmite-lhes uma mesma base de significação, como nos exemplos
as seguir:

✓ Asindakide
✓ Sindakide
✓ Ndakide

Os mesmos exemplos satisfazem a definição do conceito raiz, pois, é definido como


um constituinte da palavra que contem o significado básico e não inclui afixos derivacionais
ou flexionais, porem deve-se acrescentar que, os radicais vezes há em que agregam
afixos derivacionais como no exemplo a seguir:

✓ -kwet ―fazer subir‖


✓ -vetis ―fazer alguém tocar instrumento musical‖
✓ -set ―fazer alguém beber‖

Exemplo :

a) -dima-dima ―cultivar repetidas vezes‖

b) -sela-sela ―beber repetidas vezes‖

c) -kwela—kwela―subir repetidas vezes‖

No exemplo a estamos perante verbos no infinitivo pois, todos eles, de forma


invariável terminam por vogal –a.

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Segundo Norombi (2005), refere que quando ocorre a reduplicação dos verbos no
infinitivo é uma reduplicação do tipo total normal., na medida em que há uma
repetição completa do reduplicado pelo reduplicante (na posição de prefixo).

No exemplo b), mostra-se que o elemento reduplicado é o tema verbal, por envolver o radical
e a vogal que está como sufixo flexional. No processo corrente de comunicação, os verbos
sempre ocorrem flexionados ou conjugados com referência ao tempo em que o facto, acção ou
estado a que aludem aconteceu.

2.6. Tipos de reduplicação na língua Chope


Para Nombora (2005), refere que, de acordo com a extensão do reduplicante, o
fenómeno linguístico designado reduplicação, pode ser classificado em parcial e total
ou completa.

2.6.1. Reduplicação parcial


Para Ngunga (2004) apud Nombora (2005), refere que a reduplicação parcial como aquela em
há repetição de uma parte do tema ou da base. Ngunga ainda acrescenta que nas línguas
bantu, os verbos parcialmente reduplicados constituem unidades lexicais autónomas, em que
somente uma sílaba é copiada.

Para (MINED, s/a), a reduplicação parcial consiste na repetição parcial da base do verbo.
Uma vez repetida, as partes que constituem a palavra formada não podem ser separadas. A
reduplicação parcial tem as mesmas características da fossilizada. Em termos de significado, a
reduplicação parcial dá a ideia de pequenas repetições de uma determinada acção ou evento.

Também acrescenta que as sílaba repetida não pode ser separada do resto da palavra, pois,
separando-a produz-se uma palavra agramatical ou palavra sem nenhuma relação com a
reduplicada, como pode se observar nos exemplos abaixo:

Exemplo da língua chope

✓ Tsetseta ―peneirar‖
✓ Dudumela―tremer‖

Portanto, as formas parcialmente reduplicadas indicam micro-repetições da acção ou evento a


nível interno do tema verbal. Isto é, a acção ou o evento externamente parece ser
único, internamente constitui um conjunto de repetições.

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2.6.2. Reduplicação total
Em concordância com Nombora (2005), refere que esta reduplicação consiste num
processo morfológico em que o reduplicante e a base são idênticos a nível segmenta. Jensen
pressupõe um conceito semelhante a de Nombora onde refere-se que se uma palavra no
seu todo for repetida, a reduplicação é total.

Para Ngunga (1998) apud Norombi (2005), refere que este tipo de reduplicação
consiste na repetição de toda a palavra, pelo que não é possível distinguir a base do
reduplicante, uma vez que surgem totalmente idênticos.

Exemplo:

bala-bala ― escrever repetidamente‖

bhika-bhika ―cozinhar repetidamente‖

Estes exemplos corroboram com a definição de Ngunga, pois, há uma cópia plena do

reduplicante quer a nível segmental bem como suprassegmental, na medida em que os verbos

reduplicados.

Para Norombi (2005), a ocorrência de verbos que apesar de fazerem parte do léxico da
língua, tem um comportamento fora do comum em relação a outros verbos, pois, embora
morfologicamente semelhantes as demais, repelem a reduplicação total e, temos a percepção
de que o mesmo poderá com a reduplicação parcial.

Exemplos

1. -tsula-tsula
2. -kula-kula
3. -tshura-tshura
4. -bhiha-bhiha
5. -hefemula-hefemula.

Estes verbos repelem a reduplicação total por motivos diferentes. O exemplo acima que na
sua existência autónoma o verbo é –tsula, que significa ir na forma não reduplicada, não
aceita a reduplicação porque a acção de ir realiza-se uma vez por cada momento e só depois

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de regressar se pode ir outra vez, nunca de forma repetitiva. O que pode acontecer é
ter muitas pessoas a realizarem a acção de ir (kutsula) e, sendo assim, recorrer-se-ia à
extensão aplicativa –el escrevendo-se tsulela. (Norombi, 2005).

O verbo (b) não aceita a reduplicação porque exprime uma acção cuja realização não depende
da pessoa (kukula) que significa crescer, é uma acção intrínseca, contínua e não, repetitiva. O
mesmo se pode afirmar a (e)–hefemula (respirar) não é nenhuma acção interactiva. A sua
ocorrência esta fora das capacidade de controle humano, realiza-se continuamente.

Os exemplos (c) e (d) exprimem factos também não passíveis de repetições (kutsura),
significando ser bonito/a e (kubhiha) ser feio/a. Estes verbos funcionam como qualificadores
ou adjectivos nesta língua.

Para Ngunga (2004) apud Nombora (2005), refere que em algumas línguas, a reduplicação
total normal permite a afixação de material morfológico, quer derivacional quer flexional,
tanto a reduplicante como ao reduplicado.

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Conclusão
A descoberta de semelhança entre as línguas veio a evidenciar a existência de uma relação de
parentesco entre elas e que elas tinham uma origem comum constituindo a família Indo
Europeia. A língua chope não é caso isolado, o valor semântico desta depende da realidade de
cada uma, pode exprimir o tamanho, o plural, o modo perfectivo, frequência, repetição e
também é usada como atenuativo.

Portanto, a reduplicação é um recurso que a própria língua encontra para exprimir


frequência e repetição de acções, ela realiza-se sob duas formas: a total e parcial. A
reduplicação total ou completa é aquela em que a parte que se repete é idêntica à base.
O verbo nas línguas moçambicanas pode derivar outros verbos a partir de um
processo denominado reduplicação.

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Referências bibliográficas
1. Cunha, C.; Cintra, L. (2002). Nova Gramática do Português Contemporâneo.
17ª Edição.
2. MINED. (s/a). A reduplicação verbal como processo derivacional nas línguas
moçambicanas.
3. Ngunga, A. (2004). Introdução à Linguística Bantu. Maputo: Imprensa
Universitária.
4. Universidade Eduardo Mondlane
5. Noromba, A. F. (2005). Reduplicação verbal na língua Chope. Maputo,
Moçambique:
6. Universidade Eduardo Mondlane.
7. Zona, W. (s/a). Linguística bantu. Universidade Católica de Moçambique – Centro de
ensino à distância. Sofala, Moçambique- IEDA

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