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item importante na preservação

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3

2 CONCEITOS INICIAIS ..................................................................................... 4

2.1 Preservação .............................................................................................. 5

2.2 Conservação e Conservação Preventiva .................................................. 6

2.3 Restauração ............................................................................................ 17

3 PRESERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DIGITAIS........................................... 18

4 TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO .................................. 21

5 ALGUNS TIPOS DE DETERIORAÇÃO EM ACERVOS ................................ 23

5.1 Fatores ambientais .................................................................................. 24

5.2 Agentes biológicos .................................................................................. 27

6 HIGIENIZAÇÃO ............................................................................................. 31

7 PROBLEMAS NO MANUSEIO ...................................................................... 35

7.1 A conservação do papel .......................................................................... 35

7.2 Fatores de degradação do papel ............................................................. 36

8 TRANSPORTE DO ACERVO ........................................................................ 38

8.1 Quanto ao manuseio ............................................................................... 39

8.2 Quanto ao acondicionamento.................................................................. 39

8.3 A escolha do veículo para o transporte ................................................... 40

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 41


1 INTRODUÇÃO

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao


da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta,
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno
faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço
virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe
convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida
e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 CONCEITOS INICIAIS

Na opnião de Merlo; Konrad (2015), o registro da história e da memória humana


se dá, atualmente e em grande parte, por meio dos documentos gerados pelas atividades
desenvolvidas por determinada organização, pessoa ou família. Esses registros, postos
de maneira orgânica, passam a ser rica fonte de informação. Porém, para que constituam
uma pesquisa histórica, é preciso que estejam acessíveis, a qualquer tempo, aos
interessados, sejam pesquisadores ou a sociedade em geral.
Antes do advento da escrita, o homem já registrava suas rotinas com desenhos e
símbolos. De acordo com Richter, Garcia e Penna (2004, p. 25, apud MERLO; KONRAD,
2015), o desenvolvimento dos suportes da escrita se deu da seguinte forma: “pedra,
tabletes de argila, tabuinhas de madeira, papiro, pergaminho, até o papel e documentos
digitais”. Por mais que a evolução desses suportes tenha tornado um a um de seus
antecessores obsoletos, é inegável observar que, teoricamente, o conteúdo informacional
permanece e continua a ser fonte de informação.
Assim, desde que o homem passou a registrar suas atividades e pensamentos,
aos poucos foi imprescindível adotar uma forma de armazenamento, o que deu origem
aos arquivos. A palavra arquivo não tem sua origem definida; podendo ter nascido na
Antiga Grécia como arché e, posteriormente, evoluiu para archeion, que significa “local
de guarda e depósito de documentos” (PAES, 2007, p. 19, apud MERLO; KONRAD,
2015).
O arquivo nada mais é que um conjunto documental gerado por uma instituição
pública ou privada no decorrer de suas funções (ARQUIVO NACIONAL, 2005, apud
MERLO; KONRAD, 2015).
Paes (2007) acredita que o termo arquivo teria a origem latina, da palavra
archivum.

O documento ou, ainda, a informação registrada, sempre foi o instrumento de


base do registro das ações de todas as administrações, ao longo de sua produção
e utilização, pelas mais diversas sociedades e civilizações, épocas e regimes.
Entretanto, basta reconhecer que os documentos serviram e servem tanto para
a comprovação dos direitos e para o exercício do poder, como para o registro da
memória (INDOLFO, 2007, p. 29, apud MERLO; KONRAD, 2015).
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Sendo assim, o documento que foi produzido como resultado de certa atividade
dentro de seu organismo produtor faz parte de um conjunto de mesma proveniência, o
que o torna um documento de arquivo.

2.1 Preservação

Um livro carrega em si mesmo as marcas da sua produção, servindo como


documento representativo dos processos utilizados na época para a transmissão de
informações. É através destes acervos que resgatamos nossas histórias dispersas em
fragmentos. No entanto, as informações contidas em acervos históricos que são de
grande importância para a memória científica podem desaparecer ou perder seu valor
por uso inadequado, falta de preservação e segurança. Considerando que na atualidade
as bibliotecas são a soma de suas coleções, que podem ser de natureza e formas
distintas, elas preservam a riqueza e a variedade de valores culturais, científicos,
históricos e econômicos de uma sociedade (PINHEIRO, 2009ª, apud ARRUDA, 2016).
Conway nos ensina que preservação é:

(...) uma palavra que envolve inúmeras políticas e opções de ação, incluindo
tratamentos de conservação. Preservação é a aquisição, organização e
distribuição de recursos a fim de que venham a impedir posterior deterioração ou
renovar a possibilidade de utilização de um seleto grupo de materiais (CONWAY,
2001, p. 14, apud MALTA, 2014).

Preservação, portanto, trata de ações abrangentes no âmbito institucional, isto é,


ações de gestão — planejamento, captação e alocação de recursos financeiros, humanos
e tecnológicos. Hollós (2010, apud MALTA, 2014) complementa esse conceito afirmando
que o termo preservação passa a conter um significado ainda mais amplo, sendo
reconhecido como uma disciplina de arquivo com caráter multidisciplinar.
Adicionalmente, a preservação exige a criação das instituições de memória, nas
quais os registros da memória podem ser guardados e organizados de forma racional,
não como vestígios documentais isolados, mas como conjuntos documentais capazes de
“permitir captar a intencionalidade e o simbolismo do corpo social ao registrar seu
passado” (VON SIMSON, 2000, p.4, apud MALTA, 2014). As instituições de memória são

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as bibliotecas, os museus, os arquivos e demais instituições que desenvolvem atividades
baseadas nos registros do passado, representados pelos acervos históricos.
Sendo assim, preservar é primordial na vida dos documentos, neste aspecto, a
preservação como sendo um conjunto de medidas e estratégias de ordem administrativa,
política e operacional que contribuem direta ou indiretamente para a integridade dos
materiais (CASSARES, 2000, p. 1, apud SANTOS, 2017).

2.2 Conservação e Conservação Preventiva

Como caracteriza Malta (2014), a Conservação e Conservação Preventiva são


dois termos que andam juntos, mas não são a mesma coisa. As ações de conservação
se dirigem diretamente ao objeto, nele interferindo, mas sem alterar o estado físico ou
estético.
Podemos entender, assim, que a conservação é uma ação que visa interromper
um processo de degradação, sendo dirigida a cada unidade que compõe a coleção.
Por exemplo, se imaginarmos que os livros de uma biblioteca se encontram muito
empoeirados e que a poeira, em razão dos seus componentes físicos e químicos, irá
acelerar o processo de degradação do papel, torna-se necessário o planejamento e a
execução de uma ação de conservação que consistirá, basicamente, na higienização de
cada livro da coleção.

Na realidade, as ações de conservação precisam ser vistas como atividades


inerentes e rotineiras dos serviços de bibliotecas, arquivos e museus,
considerando que são a garantia para a manutenção e a longevidade dos
acervos, no intuito de promover a gestão e a proteção do conhecimento nas
instituições. E para garantir que essas atividades tenham continuidade, o
desenvolvimento de uma política de preservação, por meio de um conjunto de
diretrizes e normas se faz necessária (DIAS; PIRES, 2003, apud ARRUDA,
2016).

Para Mársico (2000), a meta principal da Conservação Preventiva é o estudo e o


controle das principais fontes de degradação do papel. Constitui-se, na realidade, em
uma série de medidas preventivas contra a ação dessas fontes de degradação, com a
finalidade de evitar o alastramento e a disseminação de seus efeitos danosos. Em linhas
gerais, os principais agentes de destruição de acervos podem ser divididos em três

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categorias: fatores internos de degradação; fatores externos ou ambientais de
degradação; ação do homem sobre o acervo.
Identificar, dirimir ou mesmo anular as causas da degradação dos materiais,
portanto, são os objetivos principais da Conservação Preventiva como afirma Malta
(2014).

2.2.1.1 Plano de Conservação Preventiva (PCP)

Na perspectiva de Malta (2014) a concepção, coordenação e execução de um


conjunto de estratégias sistemáticas organizadas no tempo e no espaço, desenvolvidas
por uma equipe interdisciplinar com o consenso da comunidade, a fim de preservar,
resguardar e difundir a memória coletiva no presente e projetá-la para o futuro para
reforçar a sua identidade cultural e elevar a qualidade de vida.

A Conservação Preventiva abarca procedimentos relacionados à adequação das


condições ambientais, físico-químicas, sob as quais uma coleção se encontra.
Parte das relações que envolvem o macro ambiente, o ambiente médio e o
microambiente do entorno do acervo. (SOUZA, 2008, p. 9, apud MACHADO,
2015).

Na opinião de Malta (2014), o Plano de Conservação Preventiva é um conjunto de


atividades que visa:
a) identificar as causas da degradação dos materiais que constituem os objetos do
acervo, no caso das bibliotecas, principalmente o papel, mas também uma série
de outros materiais;
b) projetar e implantar soluções para eliminar estas causas, quando isso é
possível, ou dirimi-las, diminuindo seu impacto; e
c) monitorar e manter os diversos sistemas de proteção ao acervo.
O alcance de seus objetivos pode estar resumido numa ideia: antecipar-se aos
problemas para que possamos combater suas causas de forma efetiva.
A seguir, veremos alguns desses programas:

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Fonte: Quadro adaptado (MALTA, 2014)

É um conjunto de programas como esse que compõe o PCP. A elaboração e


execução de cada um deles de forma adequada, harmoniosa e articulada é um
pressuposto para o sucesso do Plano. Claro que os programas acima relacionados se
referem a uma situação hipotética. Ao tratarmos de instituições reais, a relação de
programas poderá se alterar conforme as características de cada instituição (MALTA,
2014).

2.2.1.2 Etapas para Elaboração do PCP

Como descrito por Malta (2014), na elaboração de um PCP temos que considerar
alguns pressupostos. Pressupostos são fatos considerados como antecedentes
necessários de outros, ou seja, um pressuposto é uma condição para que algo aconteça
como nós esperamos ou planejamos.
Para o nosso Plano, consideramos como necessários os seguintes aspectos
antecedentes:
a) O Plano deve ser visto como uma ação global que buscará intervir em todos os
aspectos que dizem respeito à conservação do acervo;
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b) O Plano é composto por ações permanentes e sistemáticas e não devem sofrer
processos de descontinuidade;
c) Todos os elementos que compõem o Plano são importantes;
d) Para alcançar êxito, o Plano exige o compromisso e o envolvimento de todos
que compõem a equipe da instituição;
e) Para a formulação e execução do Plano, a equipe deverá ser multidisciplinar,
envolvendo profissionais especializados em conservação, arquitetos, engenheiros,
profissionais de segurança física e patrimonial e tantos quantos forem necessários, dadas
às características específicas de cada acervo ou instituição.
Com esses pressupostos, é possível agora começarmos a conhecer as etapas e
os elementos de PCP (MALTA, 2014).

Etapa 1 – Dossiê

Para prolongar a vida útil ou impedir a deterioração de livros e documentos, é


necessário que o acervo siga um programa de preservação e conservação, a fim
de manter a integridade física de seus volumes. Se isto for realizado, diminuirá a
necessidade de se empregar métodos de recuperação. Se, por outro lado, o
acervo já estiver comprometido, então os dois métodos deverão ser utilizados.
(CORADI, 2008, p. 355, apud BARBOSA, 2015).

Entendendo que só se preserva o que se ama e só se ama o que se conhece


(COUTO, 2009, apud MALTA, 2014), a primeira etapa que a equipe deve realizar é um
levantamento minucioso e completo de tudo o que diz respeito ao acervo, isto é, devemos
conhecer da forma mais completa possível, as coleções e suas condições de guarda e
uso. A reunião organizada destas informações em documento é o que denominamos
dossiê.
Antes de tudo, precisamos conhecer a instituição em que se trabalha também do
ponto de vista legal, seus estatutos, regimento, legislação a que está subordinada,
estrutura organizacional, fontes de recursos financeiros e todos os aspectos que possam
ser facilitadores, ou limitadores, para a elaboração e execução do PCP. Com isso,
poderemos dar início ao processo de levantamentos e pesquisa sobre o acervo
propriamente dito e suas condições, começando pelos locais onde é guardado.

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CONHECER O EDIFÍCIO - O edifício onde se guarda o acervo é sua primeira e
principal proteção. Malta (2014) afirma que nós devemos caracterizá-lo, ou seja,
descrevê-lo pormenorizadamente, nos seguintes aspectos (e em tantos outros quanto
suas características específicas assim o exigirem):
 Localização e entorno - O lugar em que o edifício está localizado pode ser
preponderante para a sua conservação e para a conservação dos objetos
nele guardados. Deve-se observar se o edifício está próximo a fontes de
agentes causadores de degradação como rios, lagos, mar, florestas, em
razão da umidade, da temperatura e da salinidade; fábricas e tráfego
intenso, em razão de trepidações e da poluição; áreas da cidade
degradadas econômica e socialmente, em razão da segurança.
 Clima local - O clima pode se constituir em vetor agressor dos materiais que
constituem o acervo. Levantar informações quanto à temperatura e
umidade relativa, ventos, precipitação pluviométrica média e máxima.
 Estado de conservação do edifício - Sendo o edifício a primeira
barreira/defesa do acervo ao meio ambiente e às agressões, o seu estado
de conservação pode evitar acidentes pela forma como os objetos ficam
estocados ou expostos. O levantamento do estado de conservação deve
identificar os pontos vulneráveis do edifício: portas e janelas, coberta,
instalações elétricas e hidráulicas, etc.
 Instalações e equipamentos - As instalações elétricas e hidráulicas devem
merecer especial atenção, pois são instrumentos necessários em
momentos emergenciais, mas podem ser a origem de problemas quando
não recebem manutenção sistemática – como a ocorrência de curtos-
circuitos e vazamentos, por exemplo.
 Equipamentos de climatização e de segurança também devem ser
analisados, tanto no que diz respeito ao seu estado de conservação e
operação, quanto à adequação, quantificação e localização.
 Devemos nos valer dos meios técnicos disponíveis (planilhas, fichas,
plantas e desenhos técnicos, fotografias) para investigar e registrar os
aspectos e as características do edifício: dimensões, materiais construtivos,
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instalações especiais, fluxo de visitantes e funcionários, percurso dos
automóveis de serviço, além dos problemas e fragilidades que possam
existir.

Todas aquelas medidas ou ações que tenham como objetivo a salvaguarda do


patrimônio cultural tangível, assegurando sua acessibilidade às gerações atuais
e futuras. A conservação compreende a conservação preventiva, a conservação
curativa e a restauração. Todas essas medidas e ações deverão respeitar o
significado e as propriedades físicas do bem cultural em questão. (ABRACOR,
2010, p. 2, apud MACHADO, 2015)

CONHECER O MOBILIÁRIO E OS EQUIPAMENTOS – Segundo Malta (2014),


outro aspecto a ser observado é a forma como são arquivadas as coleções, pois sabemos
que a maneira de guardar os objetos é determinante para sua conservação.
 Os móveis — estantes, armários, mapotecas — destinados à guarda de
acervo devem ser minuciosamente quantificados, descritos e qualificados
no nosso dossiê.
 Os equipamentos de monitoramento e controle ambiental —
desumidificador, termo higrômetro — devem ser levantados e descritos. O
ideal é que se construa um mapa indicando localização, tipo, quantidade,
condição de funcionamento dos equipamentos para cada sala de guarda de
acervo.
CONHECER O ACERVO – Malta (2014) , caracteriza o acervo como outro ponto
fundamental para a formulação do PCP. Um aspecto básico neste caso é o tratamento
técnico. Chamamos tratamento técnico ao sistema de registro do acervo que a instituição
possui. Pode ser desde um simples livro de tombo a um sofisticado banco de dados
informatizado de consulta remota. O importante é que a instituição possa saber quantos,
quais são e onde estão os objetos que compõem suas coleções, conhecer seu histórico,
como elas foram iniciadas, de que forma vieram para a biblioteca, os proprietários
anteriores, dentre outras informações.
O conhecimento do histórico pode contribuir para a identificação de um aspecto
importante que é a atribuição de valor ao acervo. É muito comum encontrarmos em
bibliotecas coleções de obras raras que devem ser tratadas como casos especiais no
conjunto do acervo. É importante observar que, quando nos referimos a valor, não o

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estamos fazendo do restrito ponto de vista monetário, mas, sobretudo, de valores
simbólicos que não são facilmente traduzidos por dinheiro.
Materiais que constituem o acervo: Outra caracterização necessária diz respeito
aos materiais constitutivos do acervo. No caso das bibliotecas, esse material será, em
sua grande maioria, o papel. Mas as bibliotecas possuem outros acervos especiais como
discos de som e imagem, fotografias, objetos de naturezas diversas em plástico, couro,
madeira e outros. Cada tipo de objeto deve ser descrito em seus aspectos físicos o mais
detalhadamente possível. Também na caracterização desses aspectos físicos, o registro
do estado de conservação do acervo é de fundamental importância (MALTA, 2014).
CONHECER AS EQUIPES DE TRABALHO - Para Malta (2014), a formulação do
PCP é essencial sabermos com quem vamos contar. Quais as categorias e competências
existentes nas equipes que poderão contribuir na elaboração do plano. Uma biblioteca,
geralmente, conta com diversas categorias de carreiras, reunindo profissionais de
diversas naturezas e que poderíamos agrupar, apenas para efeito de classificação, em
três grupos:
 Pessoal de apoio e da logística, isto é, as pessoas que cuidam da limpeza,
da segurança e do transporte ou traslado de equipamentos e materiais;
 Pessoal técnico, que são os bibliotecários e conservadores que trabalham
de maneira direta com o acervo e com o público;
 Pessoal administrativo, ou seja, as pessoas que tratam dos aspectos
burocráticos e organizacionais da biblioteca.
Conforme Malta (2014), nosso entendimento é de que o fator humano — a
qualificação e o envolvimento da equipe com a instituição e com sua missão — é
determinante para o sucesso de qualquer iniciativa e mais ainda quando diz respeito à
conservação preventiva. Podemos afirmar que todas as pessoas que trabalham na
instituição têm igual importância para o êxito do PCP.
Cabe também lembrar que uma política de preservação só terá sucesso se for
bem administrada, conforme coloca Edmondson (2002, p.19, apud BARBOSA, 2015) “[...]
A boa „administração‟ - é uma condição prévia indispensável para a preservação”.
Também é necessário caracterizar o público usuário. Registrar a quantidade de
pessoas que frequentam a instituição, a média diária, dia e horário de maior fluxo, origem,
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escolaridade, interesse dos usuários, etc. Um terceiro tipo de frequentador que deve ser
observado são os prestadores de serviço.
Essas pessoas normalmente não serão atendidas pelas equipes de funcionários
da biblioteca, podendo ser ou não funcionários públicos de outras instituições, de
instituições de apoio ou de empresas privadas contratadas para realizar alguma tarefa
(MALTA, 2014).

Etapa 2 – Diagnóstico

De acordo com Malta (2014), o dossiê deve ser o mais possível detalhado,
permitindo aos gestores e técnicos formar uma ideia exata das condições de guarda e
conservação do acervo, das fragilidades e dos problemas que podem vir a acontecer. Ou
seja, permitindo formular um diagnóstico. Nesta etapa, a equipe deve analisar cada um
dos elementos levantados, buscando identificar em cada um os problemas e os riscos
que representam para o acervo e, por outro lado, suas potencialidades e possíveis
soluções ou diminuição destes fatores de riscos.

Pereira (2011, p. 24, apud SANTOS, 2017) afirma que que “os documentos são
uma forma de expressão da memória, então os arquivos são os detentores da
memória individual e coletiva, servindo de suporte para a constituição da história
das instituições e da identidade de um determinado povo”.

Malta (2014) conceitua que cada instituição, obviamente, identificará riscos


inerentes às suas características, mas, de uma maneira geral, podem relacionar e
comentar as ocorrências mais comuns em cada um dos aspectos estudados:
DIAGNÓSTICO DO EDIFÍCIO - Já dissemos anteriormente que o edifício é o
primeiro e o principal elemento de proteção ao acervo. Fatores decorrentes de uma má
construção — ou de uma reforma mal feita, quando se trata de edifícios reaproveitados
— ou de uma manutenção ineficiente podem acarretar problemas que fazem com que o
próprio edifício se torne um fator de agressão ao acervo.
Aspectos construtivos, como a coberta, as fundações, alvenarias, portas e janelas
devem ser criteriosamente observados e analisados e os problemas encontrados devem
ser objeto de estudos que resultem em propostas de solução.

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Aspectos de localização dos diversos setores no edifício também devem ser
analisados, buscando encontrar o melhor lugar para cada atividade, com especial ênfase
para as áreas de guarda das coleções, quando se tem em mente a conservação
preventiva dos acervos. Uma sala de guarda pode ou não estar voltada para o mar ou
localizada no lado poente do edifício, por exemplo, e esses fatores acarretarão, em maior
ou menor grau, níveis de agressão difíceis de serem controlados.
As instalações e os equipamentos devem ser também estudados com base nos
levantamentos feitos durante a fase do dossiê, de modo a identificar carências,
impropriedades e necessidades (MALTA, 2014).
DIAGNÓSTICO DO ACERVO
Observar a organização do acervo nas salas de guarda, o mobiliário e a forma
como e onde estão acondicionados, analisando se proporcionam a visualização de todos
os conjuntos de maneira fácil, com circulação suficiente para permitir a passagem dos
objetos de maiores dimensões. Ainda com respeito à organização, observar os critérios
de agrupamento de modo a que objetos de categorias semelhantes possam permanecer
próximos.
Na opinião de Malta (2014) quanto à localização do mobiliário, estudar se as
estantes, armários e outros tipos estão distribuídos corretamente, se estão próximos a
janelas ou aparelhos de ar-condicionado, que podem se tornar fontes de calor e de
umidade e de risco de acidentes.
Analisar se o mobiliário disponível é suficiente e adequado a cada tipologia e
quantidade do acervo e se os objetos estão colocados de maneira correta, proporcionado
um arquivamento estável e seguro. Um exemplo clássico de riscos provenientes desse
tipo de problema é a colocação de uma quantidade de livros acima do que comporta uma
prateleira, forçando a um manuseio incorreto durante o qual, fatalmente, danos ocorrerão.
DIAGNÓSTICO DO FATOR HUMANO - Aspectos como a movimentação e fluxo
de pessoas — funcionários, visitantes e usuário, prestadores de serviço — também são
importantes de serem analisados. Observar se os usuários e visitantes têm ou não
acesso às áreas de guarda do acervo. Como é feito o acesso às obras para consulta, se
há controle de fluxo, se os equipamentos estão adequadamente colocados.

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Quantos aos funcionários, analisar se são em número suficiente, se as atividades
técnicas são realizadas por pessoal qualificado e treinado, se as diversas áreas de
conhecimento — no campo técnico, administrativo e de apoio — estão atendidas de
forma equilibrada e eficiente (MALTA, 2014).

Etapa 3 – Execução

a) Ações Preparatórias
Concluída a etapa do diagnóstico, entendemos que possuímos todas as
informações necessárias para o conhecimento dos fatores que cercam o problema da
conservação do acervo: a caracterização e a análise dos aspectos que o constitui
fisicamente; de que forma o uso e a presença humana o influencia; de que maneira as
fragilidades, problemas e riscos podem ser resolvidos ou equacionados.
Nesta etapa são definidas as intervenções e prioridades relacionadas a duas áreas
anteriormente estudadas: o edifício, suas instalações, equipamentos e mobiliário e o fator
humano, as equipes de funcionários e os usuários.

b) Ações preparatórias para o EDIFÍCIO


Elaborar e executar os projetos de reparos, reformas físicas e de instalações,
adequando-os aos objetivos do Plano;
Adquirir e instalar equipamentos e mobiliário;
Elaborar, registrar e executar uma rotina de manutenção dos elementos do
edifício — coberta, esquadrias, revestimentos, pisos, instalações hidrossanitárias,
instalações de climatização e segurança — indicando frequência e periodicidade
(MALTA, 2014).

c) Ações preparatórias para o FATOR HUMANO


Malta (2014) exemplifica, da análise dos dados referentes ao fluxo de pessoas na
biblioteca, resultará uma série de normas e procedimentos que visam à preservação do
acervo e à proteção das pessoas.

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 Normas de segurança que previnam a instituição contra negligências e
crimes de vandalismo e roubo. Alguns exemplos: controle de acesso de
pessoas à instituição, particularmente às áreas de guarda; vistorias
periódicas aos acessos e seus bloqueios (portas, portões, janelas).
 Normas preventivas contra acidentes envolvendo equipamentos e
instalações elétricas e hidráulicas; normas preventivas contra acidentes
naturais, como enchentes e tempestades. Entre estas, podemos elencar: a
manutenção periódica dos elementos construtivos de defesa do edifício, o
treinamento constante de equipes, a definição de objetos a ser resgatada,
a definição de rotas de fuga, dentre outros.
 Normas e procedimentos a serem adotados em casos de emergência, a
exemplo da indicação de telefones a serem contatados, como os dos
bombeiros e da polícia ou dos responsáveis pela instituição.
As normas têm que ser periodicamente atualizadas e testadas de modo a termos
certeza de sua eficácia e efetividade. Deve-se, ainda, realizar treinamentos regulares
com equipes que trabalham direta ou indiretamente com o acervo, pois a rápida ação
num momento emergencial pode determinar um grau menor ou maior do dano que o
acervo venha a sofrer.
Ainda conforme Malta (2014), a amplitude do tema indica que a criação de normas
para cada instituição deve ser antecedida de todos os estudos – o que deixamos claro
neste texto – e que a equipe deve contar com pessoas especializadas. Neste núcleo
contemplamos apenas breves orientações.
Ainda sobre os fatores humanos no contexto de um PCP, queremos repetir que o
sucesso, ou fracasso do plano, depende muito do envolvimento das equipes com a sua
elaboração, implantação e acompanhamento. Assim, nunca devemos nos esquecer da
necessidade de treinamento e capacitação dos funcionários — não só daqueles
diretamente envolvidos com o acervo — para que suas ações sejam pautadas pelos
conceitos e princípios da conservação preventiva.
Cada um dos itens aqui vistos pode e deve gerar uma série de iniciativas, ações e
projetos específicos que, embora tratados de forma individual, devem se harmonizar no
seu conjunto desde a elaboração até a execução ou instalação. Em outras palavras, os
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projetos de reforma arquitetônica devem considerar, entre inúmeros aspectos, as
necessidades de controle de público; os projetos de climatização devem tratar não
apenas do conforto das pessoas, mas levar em consideração os parâmetros de
conservação; os projetos de iluminação não devem se deter apenas aos aspectos
estéticos ou funcionais; as normas devem se adequar aos fatores limitadores que muitas
vezes o edifício impõe e assim por diante (MALTA, 2014).

2.3 Restauração

A restauração no que dizem Cunha e Cavalcante (2008, p. 323, apud SANTOS,


2017) é a “aplicação de técnicas para reparar documentos danificados, com a intenção
de contribuir para a sua preservação”. Apesar de que a restauração também tem o seu
papel importante na vida dos documentos no acervo.
Segundo Zúñiga (2002, p. 73, apud SANTOS, 2017) o termo
conservação/restauração como “o exame do documento, seu tratamento e a
documentação desse tratamento”.

Conforme, no que relatam Luccas e Seripierri (1995, p. 9, apud SANTOS, 2017),


“oferece subsídios para que o documento permaneça em condições físicas de
utilização, levando-se em conta o controle climático, condições construtivas,
limpeza, reparos”.

Outro ponto importante da restauração que é um ato de recomposição do


documento deteriorado que devolve a sua integridade física para ser utilizado novamente
por qualquer tipo de usuário.
Nesse sentido, entra em cena o papel do arquivista pondo suas atividades na
prática como, conservador - restaurador utilizando os materiais apropriados de proteção
a sua saúde com o uso de avental, máscara, luvas e óculos protetores, em busca da
sobrevivência física e material sendo o responsável pela permanência do documento
armazenado mediante a sua conservação, preservação e restauração.
Cesare Brandi define o conceito de restauração como sendo “qualquer intervenção
voltada a dar novamente eficiência a um produto da atividade humana” (BRANDI, 2004,
p.26, apud MALTA, 2014). É uma conceituação interessante, pois remete à

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funcionalidade do objeto a ser restaurado. Uma intervenção de restauro de um livro, por
exemplo, deve objetivar, sobretudo, que ele possa ser novamente fonte de informação e
de conhecimento, sua função original.
Outros aspectos a serem considerados quando analisamos o planejamento de
uma intervenção de restauro:
a) que os processos de restauração fatalmente modificam o objeto tratado e, se
não forem adequadamente executados, podem provocar danos maiores do que o
problema que se quer combater;
b) que uma ação de restauração sempre representa longos prazos e altos valores,
pois requer profissionais, equipamentos e materiais especializados; e
c) que a restauração intervém apenas nos efeitos, não tratando as causas da
degradação, pois, as causas muitas vezes são externas ao objeto (MALTA, 2014).

3 PRESERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DIGITAIS

Fonte: biblioo.cartacapital.com.br

No dizer de Arellano (2004), a preservação é um dos grandes desafios do século


XXI. Durante os últimos anos do século XX, apenas as bibliotecas, os arquivos e os

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centros e institutos de pesquisa e organismos governamentais criavam conteúdo digital
relevante.
Atualmente muitas coleções digitais importantes estão sendo construídas fora das
bibliotecas por diferentes organizações, ou sendo publicadas diretamente na Internet.
Com o aumento da produção de informação em formato digital, tem sido questionada
cada vez mais a importância de se ter garantida a sua disponibilização e preservação por
longos períodos de tempo. Essa preocupação envolve tanto os produtores dos dados
quanto os órgãos detentores dessa informação. No início, as práticas relacionadas com
a preservação digital estavam baseadas na idéia de garantir a longevidade dos arquivos,
mas essa preocupação agora está centralizada na ausência de conhecimento sobre as
estratégias de preservação digital e o que isso poderá significar na necessidade de
garantir a longevidade dos arquivos digitais.
Ainda conforme Arellano (2004), o desafio é muito mais um problema social e
institucional do que um problema técnico, porque, principalmente para a preservação
digital, depende-se de instituições que passam por mudanças de direção, missão,
administração e fontes de financiamento. Muitos materiais publicados digitalmente são
produto de serviços de informação disponibilizados por organizações que adotam alguma
infra-estrutura tecnológica. Essas instituições levam em consideração aspectos legais e
culturais que afetam a oferta desses serviços orientados a atender as necessidades de
determinados usuários. Mas muitas vezes essa preocupação não é a mesma que têm os
produtores das novas tecnologias.
Para Sant’Anna (2001, apud ARELLANO, 2004), é responsabilidade dos arquivos
adotar medidas preventivas e corretivas objetivando minimizar a ação do tempo sobre o
suporte físico da informação, assegurando sua disponibilidade. A perspectiva arquivística
da preservação parte da compreensão dos limites e significados dos documentos
(autenticidade, capacidade probatória, integridade das informações, contexto de
produção, manutenção etc.), dando ênfase às tarefas que as organizações e instituições
arquivísticas que criam e são responsáveis pela guarda permanente desses documentos
devem observar para lidar com objetos digitais autênticos.

Na área da ciência da informação, o uso da tecnologia digital que toma o lugar


dos tradicionais meios de preservação, como a microfilmagem, trouxe consigo a

19
preocupação com as normas para o uso das técnicas digitais e sua prontidão na
tarefa da preservação a longo prazo (Chepesuik, 1997, apud ARELLANO, 2004).

Os sistemas de bibliotecas digitais atuais envolvem um grande esforço de


gerenciamento de coleções digitais que vai além das tarefas tradicionais das bibliotecas
(aquisição, seleção, classificação, arquivamento etc.), na construção da
interoperabilidade de acervos digitais (arquiteturas, metadados, formatos padrão), que é
possível por meio de sistemas relacionados e desenvolvidos para propósitos e
comunidades específicas (Arms, 2000, apud ARELLANO, 2004).
As bibliotecas digitais são meios mais dinâmicos para preservação digital do que
as bibliotecas tradicionais, no sentido da sua adaptação às freqüentes mudanças
tecnológicas (Lesk, 1997, apud ARELLANO, 2004). Para outros autores, os centros de
preservação estão sendo considerados os lugares adequados para se testar e formular
as metodologias e políticas a serem adotadas pelos provedores de informação científica.
Na preservação de documentos digitais, assim com na dos documentos em papel,
é necessária a adoção de ferramentas que protejam e garantam a sua manutenção.
A preservação digital compreende os mecanismos que permitem o
armazenamento em repositórios de dados digitais que garantiriam a perenidade dos seus
conteúdos. As condições básicas à preservação digital seriam, então, a adoção desses
métodos e tecnologias que integrariam a preservação física, lógica e intelectual dos
objetos digitais.
Segundo Borbinha e Correia (2001, apud ARELLANO, 2004), a preservação digital
representa um novo agrupamento da perspectiva que se tinha dos requisitos associados
com as atividades tradicionais nessa área.
No caso dos materiais impressos, a preservação lógica é pouco relevante, por
estar garantida no formato específico em que foram publicados (periódico, revista, livro
etc.). Na publicação digital, a preservação lógica está associada à necessidade de
garantir a conversão dos formatos originais que tem se convertido em obsoletos ou de
custosa manutenção.

Pesquisadores em várias partes do mundo estão desenvolvendo modelos do que


seria a infraestrutura para a preservação a longo prazo de informação em formato
digital. Muitas das iniciativas propostas pelos grandes centros de pesquisa
continuam sendo utópicas, mas proporcionam uma base para a discussão sobre
20
a implantação de soluções futuras ao problema (Granger, 2002, apud
ARELLANO, 2004).

Os principais métodos recomendados para a preservação dos objetos digitais


podem ser agrupados em dois tipos: os estruturais e os operacionais. Os estruturais
tratam dos investimentos iniciais por parte das instituições que estão se preparando para
implementar algum processo de preservação e que adotam ou adaptam um dos modelos
de metade dos existentes ou seu próprio esquema. As atividades operacionais são as
medidas concretas aplicadas aos objetos digitais.
As estratégias operacionais que englobariam os novos requisitos de preservação
seriam a migração de suporte e o refrescamento do meio (preservação física), a
conversão dos formatos, a emulação (preservação lógica) e a preservação do conteúdo
(intelectual).

4 TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO

Fonte: gefrontteruems.br
Como caracteriza Cassares (2000), os documentos que sofrem algum tipo de dano
apresentam um processo de deterioração que progressivamente vai levá-los a um estado
de perda total. Para evitar esse desfecho, interrompe-se o processo através de
21
intervenções que levam à estabilização do documento. Estabilizar um documento é,
portanto, interromper um processo que esteja deteriorando o suporte e/ou seus
agregados, através de procedimentos mínimos de intervenção. Por exemplo: estabilizar
por higienização significa que uma limpeza mecânica corrige o processo de deterioração.
Para Coradi e Steindel (2008), este item tem como objetivo destacar informações
necessárias para a preservação e conservação do acervo, possibilitando, que uma
instituição recorra ao processo de recuperação, que geralmente é caro e exaustivo, tanto
para a equipe quanto para os volumes.
Inicialmente faz-se necessário compreender os conceitos: preservação e
conservação de acervos. A conservação consiste em métodos técnico-científicos
capazes de desacelerar o processo de deterioração instalado em suportes de
informação.
Já a preservação consiste em uma política, ou de acordo com Milevski (1997, p.
14, apud CORADI; STEINDEL, 2008):

[...] inúmeras políticas e opções de ação, incluindo tratamentos de conservação.


Preservação é a aquisição, organização e distribuição de recursos a fim de que
venham a impedir posterior deterioração ou renovar a possibilidade de utilização
de um seleto grupo de materiais [...].

Nesta esteira para prolongar a vida útil ou impedir a deterioração de livros e


documentos, é necessário que o acervo siga um programa de preservação e
conservação, a fim de manter a integridade física de seus volumes. Se isto for realizado,
diminuirá a necessidade de se empregar métodos de recuperação. Se, por outro lado, o
acervo já estiver comprometido, então os dois métodos deverão ser utilizados. A primeira
etapa do programa de conservação é a higienização do acervo.
Assim como as pessoas, também os livros têm um ciclo de vida útil, que abrange
o período desde sua criação até o momento em que, devido ao seu estado, não podem
mais ser utilizados. Para prolongar a vida útil de um livro é necessário adotar certos
procedimentos e técnicas de preservação e conservação. A preservação e a
conservação são um conjunto de práticas que previnem e evitam que o livro seja
danificado pela ação do tempo e outras circunstâncias. Apesar de alguns danos serem

22
irreversíveis, se bem empregadas, as técnicas de preservação e conservação
minimizarão as agressões sofridas pelo livro.
Na opinião de Coradi e Steindel (2008), estas técnicas envolvem a higienização
do acervo, a conscientização por parte dos usuários, a limpeza do local onde os livros se
encontram, o manuseio correto das obras e em especial a prevenção, ou conservação
preventiva.

O objetivo da conservação preventiva é desenvolver ações de prevenção contra


possíveis danos aos livros, além de conscientizar quanto ao correto manuseio e
utilização destes. O programa de preservação e conservação destaca a
importância de “conservar para não restaurar”, poupando o acervo de
intervenções custosas e exaustivas. (CORADI, 2008, p. 356, apud BARBOSA,
2015).

Schellenberg (2004, p. 353, apud SANTOS, 2017) o arquivista é responsável por


formular normas e métodos relativos ao uso de documentos – suportes da informação
arquivística, levando em conta os aspectos de preservação dos mesmos. Assim, com
essa afirmação o arquivista com treinamento das técnicas se torna “o conservador” que
avalia o estado em que o documento se encontra para sua recuperação.

5 ALGUNS TIPOS DE DETERIORAÇÃO EM ACERVOS

De acordo com Cassares (2000), conhecendo-se a natureza dos materiais


componentes dos acervos e seu comportamento diante dos fatores aos quais estão
expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos nocivos e traçar políticas de
conservação para minimizá-los. Os acervos de bibliotecas e arquivos são em geral
constituídos de livros, mapas, fotografias, obras de arte, revistas, manuscritos etc. que
utilizam, em grande parte, o papel como suporte da informação, além de tintas das mais
diversas composições.
O papel, por mais variada que possa ser sua composição, é formado basicamente
por fibras de celulose provenientes de diferentes origens. Cabe-nos, portanto, encontrar
soluções que permitam oferecer o melhor conforto e estabilidade ao suporte da maioria
dos documentos, que é o papel. A degradação da celulose ocorre quando agentes
nocivos atacam as ligações celulósicas, rompendo-as ou fazendo com que se agreguem
23
a elas novos componentes que, uma vez instalados na molécula, desencadeiam reações
químicas que levam ao rompimento das cadeias celulósicas. A acidez e a oxidação são
os maiores processos de deterioração química da celulose. Também há os agentes
físicos de deterioração, responsáveis pelos danos mecânicos dos documentos
(CASSARES, 2000).

Cada vez mais ameaçado de destruição, não somente por causas tradicionais de
deterioração, mas também pela evolução da vida social e econômica que agrava
o estado do patrimônio com fenômenos de alteração e destruição ainda mais
terríveis. E que assim seria indispensável adotar novas disposições
convencionais que estabeleçam um sistema eficaz de proteção coletiva do
patrimônio cultural e natural de valor excepcional, organizado de maneira
permanente e segundo métodos científicos e modernos. ” (FERNANDEZ, 2013,
p.34-35, apud MACHADO, 2015).

Ainda conforme Cassares (2000), os mais frequentes são os insetos, os roedores


e o próprio homem. Resumindo, podemos dizer que consideramos agentes de
deterioração dos acervos de bibliotecas e arquivos aqueles que levam os documentos a
um estado de instabilidade física ou química, com comprometimento de sua integridade
e existência. Embora, com muita frequência, não possamos eliminar totalmente as
causas do processo de deterioração dos documentos, com certeza podemos diminuir
consideravelmente seu ritmo, através de cuidados com o ambiente, o manuseio, as
intervenções e a higiene, entre outros.

5.1 Fatores ambientais

Os agentes ambientais são exatamente aqueles que existem no ambiente físico


do acervo: Temperatura, Umidade Relativa do Ar, Radiação da Luz, Qualidade do Ar.
Num levantamento cuidadoso das condições de conservação dos documentos de um
acervo, é possível identificar facilmente as consequências desses fatores, quando não
controlados dentro de uma margem de valores aceitável. Todos fazem parte do ambiente
e atuam em conjunto (CESSARES, 2000).

24
5.1.1.1 Temperatura e umidade relativa

Para Cessares (2000), o calor e a umidade contribuem significativamente para a


destruição dos documentos, principalmente quando em suporte-papel. O desequilíbrio de
um interfere no equilíbrio do outro. O calor acelera a deterioração. A velocidade de muitas
reações químicas, inclusive as de deterioração, é dobrada a cada aumento de 10°C. A
umidade relativa alta proporciona as condições necessárias para desencadear intensas
reações químicas nos materiais. Evidências de temperatura e umidade relativa altas são
detectadas com a presença de colônias de fungos nos documentos, sejam estes em
papel, couro, tecido ou outros materiais. Umidade relativa do ar e temperatura muito baixa
transparecem em documentos distorcidos e ressecados.
As flutuações de temperatura e umidade relativa do ar são muito mais nocivas do
que os índices superiores aos considerados ideais, desde que estáveis e constantes.
Todos os materiais encontrados nos acervos são higroscópicos, isto é, absorvem e
liberam umidade muito facilmente e, portanto, se expandem e se contraem com as
variações de temperatura e umidade relativa do ar. Essas variações dimensionais
aceleram o processo de deterioração e provocam danos visíveis aos documentos,
ocasionando o craquelamento de tintas, ondulações nos papéis e nos materiais de
revestimento de livros, danos nas emulsões de fotos etc. O mais recomendado é manter
a temperatura o mais próximo possível de 20°C e a umidade relativa de 45% a 50%,
evitando-se de todas as formas as oscilações de 3°C de temperatura e 10% de umidade
relativa. O monitoramento, que nos dá as diretrizes para qualquer projeto de mudança, é
feito através do termo higrômetro (aparelho medidor da umidade e temperatura
simultaneamente). A circulação do ar ambiente representa um fator bastante importante
para amenizar os efeitos da temperatura e umidade relativa elevadas (CASSARES,
2000).

Inundações e infiltrações são ocorrências causadas por acidentes naturais ou


decorrentes de problemas de infraestrutura que envolve a manutenção predial:
telhado; sistemas hidráulicos e encanamentos; paredes, piso, portas e janelas,
que geram goteiras e infiltrações. (SOUZA; FRONER; 2008, p.16, apud
MACHADO, 2015).

25
5.1.1.2 Radiação da luz

Como caracteriza Cassares (2000), toda fonte de luz, seja ela natural ou artificial,
emite radiação nociva aos materiais de acervos, provocando consideráveis danos através
da oxidação.
O papel se torna frágil, quebradiço, amarelecido, escurecido. As tintas desbotam
ou mudam de cor, alterando a legibilidade dos documentos textuais, dos iconográficos e
das encadernações.
O componente da luz que mais merece atenção é a radiação ultravioleta (UV).
Qualquer exposição à luz, mesmo que por pouco tempo, é nociva e o dano é cumulativo
e irreversível. A luz pode ser de origem natural (sol) e artificial, proveniente de lâmpadas
incandescentes (tungstênio) e fluorescentes (vapor de mercúrio). Deve-se evitar a luz
natural e as lâmpadas fluorescentes, que são fontes geradoras de UV. A intensidade da
luz é medida através de um aparelho denominado luxímetro ou fotômetro.
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção dos acervos:
 As janelas devem ser protegidas por cortinas ou persianas que bloqueiem
totalmente o sol; essa medida também ajuda no controle de temperatura,
minimizando a geração de calor durante o dia.
 Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no controle da radiação
UV, tanto nos vidros de janelas quanto em lâmpadas fluorescentes (esses
filmes têm prazo de vida limitado).
Cuidados especiais devem ser considerados em exposições de curto, médio e
longo tempo:
 Não expor um objeto valioso por muito tempo;
 Manter o nível de luz o mais baixo possível;
 Não colocar lâmpadas dentro de vitrines;
 Proteger objetos com filtros especiais;
 Certificar-se de que as vitrines sejam feitas de materiais que não danifiquem
os documentos (CASSARES, 2000).

26
5.1.1.3 Qualidade do ar

Para Cassares (2000), o controle da qualidade do ar é essencial num programa


de conservação de acervos. Os poluentes contribuem pesadamente para a deterioração
de materiais de bibliotecas e arquivos. Há dois tipos de poluentes – os gases e as
partículas sólidas – que podem ter duas origens: os que vêm do ambiente externo e os
gerados no próprio ambiente.
Os poluentes externos são principalmente o dióxido de enxofre (SO2), óxidos de
nitrogênio (NO e NO2) e o Ozônio (O3). São gases que provocam reações químicas, com
formação de ácidos que causam danos sérios e irreversíveis aos materiais. O papel fica
quebradiço e descolorido; o couro perde a pele e deteriora.
As partículas sólidas, além de carregarem gases poluentes, agem como abrasivos
e desfiguram os documentos. Agentes poluentes podem ter origem no próprio ambiente
do acervo, como no caso de aplicação de vernizes, madeiras, adesivos, tintas etc, que
podem liberar gases prejudiciais à conservação de todos os materiais.

5.2 Agentes biológicos

Conforme Cassares (2000) em sua obra, os agentes biológicos de deterioração de


acervos são, entre outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os roedores e os fungos,
cuja presença depende quase que exclusivamente das condições ambientais reinantes
nas dependências onde se encontram os documentos. Para que atuem sobre os
documentos e proliferem, necessitam de conforto ambiental e alimentação. O conforto
ambiental para praticamente todos os seres vivos está basicamente na temperatura e
umidade relativa elevadas, pouca circulação de ar, falta de higiene etc.

A busca de soluções para os problemas de preservação está cada vez mais


baseada, por um lado, em conhecimentos tecnológicos e científicos e, por outro,
em ações gerenciais voltadas para o desenvolvimento de políticas de
preservação dos acervos como um todo (BOJANOSKI,1999, p. 39, apud
SANTOS, 2017).

27
5.2.1.1 Fungos

Ainda segundo Cassares (2000), os fungos representam um grupo grande de


organismos. São conhecidos mais de 100.000 tipos que atuam em diferentes ambientes,
atacando diversos substratos. No caso dos acervos de bibliotecas e arquivos, são mais
comuns aqueles que vivem dos nutrientes encontrados nos documentos. Os fungos são
organismos que se reproduzem através de esporos e de forma muito intensa e rápida
dentro de determinadas condições. Como qualquer outro ser vivo, necessitam de
alimento e umidade para sobreviver e proliferar. O alimento provém dos papéis, amidos
(colas), couros, pigmentos, tecidos etc. A umidade é fator indispensável para o
metabolismo dos nutrientes e para sua proliferação. Essa umidade é encontrada na
atmosfera local, nos materiais atacados e na própria colônia de fungos. Além da umidade
e nutrientes, outras condições contribuem para o crescimento das colônias: temperatura
elevada, falta de circulação de ar e falta de higiene. Os fungos, além de atacarem o
substrato, fragilizando o suporte, causam manchas de coloração diversas e intensas de
difícil remoção. A proliferação se dá através dos esporos que, em circunstâncias
propícias, se reproduzem de forma abundante e rápida. Se as condições, entretanto,
forem adversas, esses esporos se tornam “dormentes”.
Cassares (2000) conceitua que a dormência ocorre quando as condições
ambientais se tornam desfavoráveis, como, por exemplo, a umidade relativa do ar com
índices baixos. Quando dormentes, os esporos ficam inativos e, portanto, não se
reproduzem nem atacam os documentos. Esse estado, porém, é reversível; se as
condições forem ideais, os esporos revivem e voltam a crescer e agir, mesmo que tenham
sido submetidos a congelamento ou secagem. Os esporos ativos ou dormentes estão
presentes em todos os lugares, em todas as salas, em cada peça do acervo e em todas
as pessoas, mas não é tão difícil controlá-los.
As medidas a serem adotadas para manter os acervos sob controle de infestação
de fungos são:
 Estabelecer política de controle ambiental, principalmente temperatura,
umidade relativa e ar circulante, mantendo os índices o mais próximo
possível do ideal e evitando oscilações acentuadas;
28
 Praticar a higienização tanto do local quanto dos documentos, com
metodologia e técnicas adequadas;
 Instruir o usuário e os funcionários com relação ao manuseio dos
documentos e regras de higiene do local;
 Manter vigilância constante dos documentos contra acidentes com água,
secando-os imediatamente caso ocorram.

5.2.1.2 Roedores

A presença de roedores em recintos de bibliotecas e arquivos ocorre pelos


mesmos motivos citados acima. Tentar obstruir as possíveis entradas para os ambientes
dos acervos é um começo. As iscas são válidas, mas para que surtam efeito devem ser
definidas por especialistas em zoonose. O produto deve ser eficiente, desde que não
provoque a morte dos roedores no recinto. A profilaxia se faz nos mesmos moldes citados
acima: temperatura e umidade relativa controladas, além de higiene periódica
(CASSARES, 2000).

5.2.1.3 Ataques de insetos

Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto revestimentos. A variedade


também é grande. O ataque tem características bem próprias, revelando-se
principalmente por perdas de superfície e manchas de excrementos. As baratas se
reproduzem no próprio local e se tornam infestação muito rapidamente, caso não sejam
combatidas. São atraídas pelos mesmos fatores já mencionados: temperatura e umidade
elevadas, resíduos de alimentos, falta de higiene no ambiente e no acervo. Existem iscas
para combater as baratas, mas, uma vez instalada a infestação, devemos buscar a
orientação de profissionais.
Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos imensos em acervos,
principalmente em livros. A sua presença se dá principalmente por falta de programa de
higienização das coleções e do ambiente e ocorre muitas vezes por contato com material
29
contaminado, cujo ingresso no acervo não foi objeto de controle. Exigem vigilância
constante, devido ao tipo de ataque que exercem. Os sintomas desse ataque são claros
e inconfundíveis. Para combatê-lo se torna necessário conhecer sua natureza e
comportamento. As brocas têm um ciclo de vida em 4 fases: ovos – larva – pupa – adulta.
A fase de ataque ao acervo é a de larva. Esse inseto se reproduz por acasalamento, que
ocorre no próprio acervo. Uma vez instalado, ataca não só o papel e seus derivados,
como também a madeira do mobiliário, portas, pisos e todos os materiais à base de
celulose (CASSARES, 2000).
O ataque causa perda de suporte. A larva digere os materiais para chegar à fase
adulta. Na fase adulta, acasala e põe ovos. Os ovos eclodem e o ciclo se repete. As
brocas precisam encontrar condições especiais que, como todos os outros agentes
biológicos, são temperatura e umidade relativa elevadas, falta de ar circulante e falta de
higienização periódica no local e no acervo.
Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não só para as coleções como
para o prédio em si. Vivem em sociedades muito bem organizadas, reproduzem-se em
ninhos e a ação é devastadora onde quer que ataquem. Na grande maioria das vezes,
sua presença só é detectada depois de terem causado grandes danos. Os cupins
percorrem áreas internas de alvenaria, tubulações, conduítes de instalações elétricas,
rodapés, batentes de portas e janelas etc., muitas vezes fora do alcance dos nossos
olhos. Chegam aos acervos em ataques massivos, através de estantes coladas às
paredes, caixas de interruptores de luz, assoalhos etc. Os ninhos não precisam
obrigatoriamente estar dentro dos edifícios das bibliotecas e arquivos. Podem estar a
muitos metros de distância, inclusive na base de árvores ou outros prédios. Com muita
frequência, quando os cupins atacam o acervo, já estão instalados em todo o prédio. Da
mesma forma que os outros agentes citados anteriormente, os cupins se instalam em
ambientes com índices de temperatura e umidade relativa elevados, ausência de boa
circulação de ar, falta de higienização e pouco manuseio dos documentos. No caso de
ataque de cupim, não há como solucionar o problema sozinho. O ideal é buscar auxílio
com um profissional especializado na área de conservação de acervos para cuidar dos
documentos atacados e outro profissional capacitado para cuidar do extermínio dos
cupins que estão na parte física do prédio (CASSARES, 2000).
30
Deter a ação da degradação da documentação histórica sem o comprometimento
causado pela utilização de produtos tóxicos, submetendo o material do acervo a
um ambiente profilático à contaminação controlando as condições de
armazenamento, manuseio, uso e assepsia de modo a preservar o acervo
bibliográfico com menos impacto ambiental além de aumentar a permanência dos
documentos originais (GUIMARÂES, 2007, p. 36, apud SANTOS, 2017).

Cassares (2000) afirma que o tratamento recomendado para o extermínio dos


cupins ou para prevenção contra novos ataques é feito mediante barreiras químicas
adequadamente projetadas.

6 HIGIENIZAÇÃO

Fonte: fab.mil.br

A atividade de higienização é de suma importância na rotina de uma unidade de


informação. Muitos problemas de deterioração dos livros seriam resolvidos se
observássemos e cumpríssemos uma frequência de higienização (MALTA, 2014).
Segundo Spinelli (2010), as pessoas que irão executar os tratamentos de
higienização, geralmente chamadas de ‘agentes de higienização’ devem passar por um
treinamento específico quanto aos cuidados ao manusear os documentos, principalmente

31
os mais frágeis que precisam de maiores cuidados e atenção, para que não ocorram
riscos de novos danos, como também ter conhecimentos razoáveis para a identificação
dos agentes nocivos, o que irá agilizar e facilitar a limpeza. Por fim é aconselhável que
os agentes de higienização estejam conscientes do valor dos documentos em tratamento.
A poeira é um agente de deterioração comprometedor ao material bibliográfico.
Durante a higienização esta poeira, bem como outros objetos danosos aos livros, deve
ser retirada através de técnicas apropriadas, em intervalos regulares. Devido ao estado
frágil e delicado de alguns livros, é preciso que haja bom senso a fim de decidir se esses
documentos podem ou não ser higienizados.
Antes da limpeza, alguns fatores precisam ser avaliados, como a condição física
dos livros, a quantidade, que tipos de impurezas serão eliminadas e a natureza deste
material, ou seja, se têm valor monetário, histórico, informativo, artístico ou ainda se é
uma obra rara. Uma vez que se trata de um processo minucioso e demorado, é preciso
definir o alcance da higienização, se abrangerá uma ou mais coleções ou todo um acervo.
Em relação a este cuidado, Paletta; Yamashita; Penilha (2004, p. 22, apud CORADI;
STEINDEL, 2008), chamam atenção para sua importância:

Uma vez que a limpeza pode ocasionar danos aos livros, deve ensinar-se, aos
funcionários, técnicas de manuseio além de conscientizá-los da importância
dessa tarefa que, por ser tão demorada, é frequentemente esquecida ou adiada;
ela deve ser executada de forma cuidadosa exemplar por exemplar.

Por se tratar de um trabalho delicado, executar a higienização num acervo exige


uma série de medidas preventivas, a começar pelos equipamentos de proteção individual
e os materiais de limpeza.
É necessário que o ambiente em que os livros serão higienizados seja fora do local
onde eles estão armazenados. Recomenda-se que haja uma sala especialmente para
este fim, do contrário o processo será contraproducente.
São algumas formas de higienizar os livros e os documentos de acordo com
Spinelli (2010):
 Com o auxílio de um aspirador de pó (semi industrial) para limpeza da obra
como um todo, principalmente os cortes laterais e superior ou cabeça do
livro, local onde se deposita toda a poeira em suspensão que existe dentro

32
de uma área de guarda de acervo. Aconselha-se a colocação de um tipo de
pano (ou voile), que fará o papel de filtro no bocal do tubo do aspirador,
antes da colocação da escova, para evitar a entrada de partículas de papel
no equipamento.
 Com o auxílio do equipamento mesa de higienização e um pincel de pelos
macios para a execução do processo de varredura de todas as folhas e
capas de um documento. O agente de higienização deve estar protegido
com óculos protetor, máscara contra poeiras, luvas (de preferência de
helanca branca) , avental ou jaleco feito do material chamado tyvek.
 Com o auxílio de uma espátula de metal, para a retirada de clips, grampos
e demais corpos estranhos aderidos aos documentos.
 Com a utilização de pó de borracha, resultante da ação de ralar borracha
plástica branca em um ralador de aço inox. Esta ação será, efetivamente
mais usada nos documentos impressos, tais como: gravuras impressas,
partituras musicais, mapas e impressos em geral. Esta ação deve ser
executada com o máximo de cuidado e sobre mesas de grande formato.
Coloca-se um mata-borrão e sobre este o documento a ser limpo, depois
um punhado do pó de borracha sobre o documento e, com movimentos
leves e circulares, partindo do centro para as bordas, executa-se a limpeza
com o auxílio de uma boneca (espécie de chumaço feito com algodão e
gaze). Este procedimento pode ser repetido tantas vezes quantas forem
necessárias até a limpeza total do documento. Ao final este pó de borracha
deve ser bem retirado do documento com o auxílio de um pincel de pelos
macios.
 As prateleiras de metal, as mapotecas e todos os demais tipos de móveis
de metal destinados ao armazenamento de documentos devem ser limpos
com o auxílio de um pano limpo e com álcool (gel ou líquido). Deve-se evitar
o uso de água como agente para estas limpezas, com o objetivo de não
aumentar a umidade no ambiente.

33
 O piso das áreas de guarda de acervos devem ser limpos com produtos
biodegradáveis não agressivos aos documentos e as pessoas que
trabalham na área (SPINELLI, 2010).
Coradi e Steindel (2008), afirma que a limpeza mais detalhada é destinada a livros
que estão sendo higienizados pela primeira vez. Em caso de manutenção, apenas os
cortes, as cinco primeiras e as cinco últimas páginas têm necessidade de limpeza, pois
estão mais sujeitas à contaminação. O próximo passo é colocar o livro de pé, abrindo-o
ao meio e batendo suavemente na lombada com o cabo do pincel, pois desta forma, os
resíduos, insetos e sujidades cairão sobre o papel e a entretela, possibilitando a
identificação de algum tipo de infestação. Depois que as páginas forem higienizadas, a
obra deverá passar pela oxigenação, folheando o documento várias vezes e
proporcionando a aeração.
Quanto à limpeza da capa do livro, esta dependerá do material utilizado no
revestimento. Se a capa for de tecido, passa-se sobre ela a escova tipo bigode. No caso
de a capa ser feita de papel, muito comum a brochuras, uma bucha de pano preenchida
com pó de borracha deverá ser passada no papel com movimentos suaves e circulares.
Para retirar os resíduos de sujeira e de borracha que ficarem na capa, passa-se um pincel
macio. Em capas plastificadas, usa-se apenas um pano seco e macio, e se houver muita
sujeira, recomenda-se o uso de um pano úmido e bem torcido, com sabonete neutro. Se
o material da capa for de couro, usa-se um pincel ou também um pano seco e macio em
sua superfície e em suas extremidades.
Após a limpeza, os volumes poderão ser recolocados nas estantes. O mesmo
cuidado precisa ser estendido também ao espaço físico onde está armazenado o acervo.
Um acervo bibliográfico por si próprio requer cuidados especiais. Um acervo de
obras raras, por sua vez, exige ainda mais atenção e cuidado no seu tratamento. O
processo de preservação de livros raros envolve a higienização, a manutenção e a
conservação preventiva destes, a fim de proporcionar qualidade ao acervo, muitas vezes
devastado pelo tempo ou outras circunstâncias (CORADI; STEINDEL, 2008).

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7 PROBLEMAS NO MANUSEIO

É necessário que haja um programa de conscientização, que leve as pessoas a


entenderem a natureza e as limitações dos acervos documentais, fazendo-os
compreenderem a importância de sua preservação, a fim de que o público leitor
os trate e os use com maior cuidado e carinho (SOARES, 2003, p. 19, apud
CORADI; STEINDEL, 2008).

Além disto, também é necessário haver um mínimo de vigilância e controle sobre


o acervo.
Tais cuidados e precauções servem para preservar e zelar pelo patrimônio
documental e, embora possam ser eficazes, cabe à instituição, uma vez tendo
conhecimento das principais ameaças ao acervo, adotar alguns métodos e técnicas de
preservação de livros e documentos.
O manuseio inadequado dos documentos é um fator de degradação muito
frequente em qualquer tipo de acervo. O manuseio abrange todas as ações de tocar no
documento, sejam elas durante a higienização pelos funcionários da instituição, na
remoção das estantes ou arquivos para uso do pesquisador, nas foto-reproduções, na
pesquisa pelo usuário etc. O suporte-papel tem uma resistência determinada pelo seu
estado de conservação (CASSARES, 2000).

7.1 A conservação do papel

Conforme exposto, o principal componente do papel é a celulose, um composto


orgânico que pode ser extraída de diversas fontes. Segundo Cessares e Tanaka (2008,
p. 39, apud AREDES, 2014), “a razão de haver papéis que se deterioram mais
rapidamente do que outros residem, principalmente, na qualidade da fibra de celulose
utilizada na fabricação e do processo de obtenção do papel”.
Os papeis fabricados até fins do século XVIII eram feitos de fibras de celulose
nobres, longas e resistentes, como o algodão e o linho, através de processos artesanais
de manufaturas, isentos de aditivos químicos (BECK, 1983, apud AREDES, 2014).

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Nesse aspecto, "a nobreza da celulose está relacionada com a sua quantidade
percentual em massa. A planta que mais possui celulose é o algodoeiro, com 98% em
massa" (LUCCAS; SERIPIERRI, 1995, p. 28, apud AREDES, 2014).
Com o advento da revolução Industrial, a procura por papel aumentou, obrigando
a indústria a buscar uma nova fonte de celulose que fosse ao mesmo tempo abundante
e barata. A opção encontrada foi a madeira – eucalipto e pinos – principalmente. Assim,
já na segunda metade do século XIX, a celulose de madeira era a principal matéria-prima
utilizada na fabricação do papel.
Todavia, foi a partir dessa época também que começou a produção de papeis
modernos de baixa qualidade, comprometidos pela queda na qualidade da celulose e
pelo processo de fabricação que utilizava aditivos químicos tanto para a extração da
celulose da madeira como para o acabamento exigido pelo mercado consumidor.
No entanto, desde o começo da produção do papel moderno, já havia, mesmo que
de forma incipiente, uma preocupação em melhorar o seu processo de fabricação, mas
mesmo assim nada se comparava em qualidade ao papel fabricado com celulose nobre.
Assim, a tarefa de preservar documentos em suporte papel, antigos (trapos) ou
novos, encontra grandes dificuldades, em função, principalmente, do desconhecimento
dos materiais que foram empregados na sua fabricação, de seu comportamento e da
forma como foram manuseados e tratados (AREDES, 2014).

7.2 Fatores de degradação do papel

Quando se fala em preservação de papel propriamente dito, a principal


preocupação quanto à sua durabilidade está na instalação do processo de acidificação
na sua cadeia de celulose. Nesse sentido, Luccas e Seripierri (1995, p. 13, apud
AREDES, 2014) comentam que “seja qual for a causa do dano, este sempre recairá sobre
a celulose, com rompimento das cadeias de polímeros e das pontes de hidrogênio”.
Quando isso ocorre, o papel torna-se escuro (amarelado), frágil e quebradiço. Porém,
esse processo de degradação ácida se instala mais facilmente no papel moderno devido
aos ingredientes já existentes oriundos do seu processo de fabricação.

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Dessa forma, para melhor compreensão dos agentes de destruição do papel,
costuma-se apresenta-los em dois grupos, de acordo com a origem do agente
deteriorante: internos (intrínsecos) ou externos (extrínsecos).
É Importante citar que os fatores intrínsecos estão ligados diretamente aos
elementos de composição do papel, tais como: tipo de fibra vegetal, tipo de encolagem,
resíduos químicos não eliminados e partículas metálicas.

A encolagem é o processo sofrido pelo papel após sua fabricação, quando lhe é
aplicada uma substância que tem como finalidade fixar a tinta de escrever e de
impressão. O uso desta cola evita que a tinta se espalhe sobre o papel, fixando-
a sem borrões no papel impermeável (ARQUIVO NACIONAL, 2005, apud
AREDES, 2014)

Nessa seara, Beck (1985, p. 11) assevera que “os agentes internos abrangem os
elementos nocivos provenientes da própria matéria-prima e dos métodos de produção,
que determinam muitas vezes reações físico-químicas agressivas”.
No caso dos papeis mais antigos, esse problema praticamente inexiste, pois os
papeis feitos de trapos são muito resistentes, contém celulose quase pura e sua
conservação, por isso, torna-se excelente.
Já os fatores extrínsecos estão ligados a agentes físicos e biológicos, tais como:
radiação ultravioleta, temperatura, umidade, poluentes atmosféricos, microrganismos,
insetos e roedores.

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8 TRANSPORTE DO ACERVO

Fonte: medium.com

O transporte é um item importante na preservação. É necessário que durante a


transferência do acervo até o destino final, sejam cumpridos os seguintes procedimentos,
quanto aos métodos de manuseio, acondicionamento, transporte, processos de
carregamento e descarregamento dos documentos. Essas orientações darão suporte ao
controle de situações de risco, que envolve o transporte de documentos desde o local de
guarda até o local de tratamento (SPINELLI; et al, 2011).
De acordo com Nascimento (2001), para diminuir a probabilidade de queda dos
livros durante o transporte, não se deve formar pilhas muito altas. Os livros de valor
especial não devem ser empilhados. Os carrinhos utilizados devem ser de fácil manuseio
e devem ter bandejas largas com cercaduras protetoras e para-choques nos cantos.
Deve-se evitar fazer pilhas altas de livros no carrinho, como também deixá-los ultrapassar
as margens da bandeja. O centro de gravidade do carrinho cheio deve ser baixo, para
ajudar a estabilizá-lo.

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8.1 Quanto ao manuseio

A fase do manuseio corresponde ao carregamento e descarregamento das caixas


contendo os documentos, que podem ser feitos manualmente ou com o auxílio de
equipamentos do tipo carrinhos, empilhadeiras ou similares.
As embalagens de má qualidade igualmente aceleram a deterioração dos
materiais, quando o objetivo seria protegê-los. O manuseio inadequado também tem seu
custo: se o manuseio normal produz, inevitavelmente, alguns danos, o manuseio
descuidado rapidamente conduz a problemas sérios e irreparáveis.

8.2 Quanto ao acondicionamento

Ainda conforme Spinelli; et al (2011) caracteriza que o acervo textual deve estar
acondicionado em caixas-arquivo. Recomenda-se que os encadernados com
revestimentos frágeis, como couro e pergaminho, devem ser embalados item a item com
papel GLASSINE, e que sejam guardados em caixas para transporte, evitando que
fiquem expostos ao impacto do translado.
O propósito do acondicionamento é o de guardar, proteger e facilitar o manuseio
do material que compõe um acervo ou uma reserva técnica. Pelo fato de cada instituição
possuir uma política financeira, uma proposta de tratamento, além de objetos de
materiais, tamanhos e dimensões díspares que devem ser preservados, não há uma
receita pronta para o acondicionamento perfeito, cada caso deve ser analisado
isoladamente, para se alcançar o objetivo de proteger o material.

O acondicionamento (...) cuja função é proteger as obras preservando a


integridade física, química e estética dos documentos. Para retardar sua
deterioração, as obras em papel devem ser guardadas em ambientes isentos de
sujeira e de gases poluentes e com níveis controlados de luz, temperatura e
umidade relativa do ar. A embalagem e o material utilizados devem ser
escolhidos de acordo com a obra (ou coleção), seu estado de conservação, o
lugar da guarda e o tipo de utilização (OLIVEIRA, 2008, P. 62, apud
NASCIMENTO, 2013).

Dessa forma, pensar, antecipadamente, em acondicionamento é ser um


profissional precavido em relação a possíveis fatores que possam acelerar o processo

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de degradação dos documentos, objetos ou das obras que devem ser preservados
(BRITO, 2010).

8.3 A escolha do veículo para o transporte

Na visão de Spinelli; et al (2011), o meio de transporte deve estar adaptado para


atender as especificidades de cada acervo a ser transportado e a sua localização.
Usualmente o transporte é feito por carros de pequeno porte e até caminhões-baú.
Geralmente carros de pequeno porte são empregados apenas para o translado de
pequenos acervos, cujo trajeto se situa dentro do perímetro urbano onde o arquivo esta
localizado. Já os caminhões-baú são utilizados para o transporte de grandes acervos
e/ou vindo de outras cidades ou estados.
No transporte de longa distância existe o problema das vibrações produzidas pelo
caminhão, as rodovias nacionais apresentam buracos, ondulações e portanto a
embalagem a ser utilizada no transporte, deverá considerar esses fatores de risco. Para
minimizar o risco devem apresentar uma estrutura interna que permita prender com
segurança as caixas dentro do veículo. Outra ação importante é uma avaliação detalhada
do interior do meio de veículo a ser utilizado que permita constatar se há contaminação
biológica ou não. Havendo, será necessário a descontaminação.

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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AREDES, Diego Rodrigues. A evolução do papel e suas formas de conservação. Rio


Grande do Sul, p. 47, fev. 2014.

ARELLANO, Miguel Angel. Preservação de documentos digitais. Goiás, v. 33, n. 2, p. 15-


27, ago. 2004.

ARRUDA, Rosângela Galon. Quem preserva tem! Perspectivas em Ciência da


Informação, [S. l.], v. 21, n. 2, p. 3-13, jun. 2016.

BARBOSA, Dayse de França. Um olhar sobre a preservação e conservação do acervo


da biblioteca pública estadual Juarez da Gama Batista na cidade de João
pessoa. Pernambuco, p. 54, jan. 2015.

BRITO, Fernanda. Confecção de embalagens para acondicionamento de


documentos. São Paulo, p. 52, ago. 2010.

CASSARES, Norma Cianflone. Como fazer conservação preventiva em arquivos e


bibliotecas. São Paulo, p. 80, 2000.

CORADI, Joana Paula; STEINDEL, Gisela Eggert. Técnicas básicas de conservação e


preservação de acervos bibliográficos. Santa Catarina, v. 13, n. 2, p. 347-363, dez. 2008.

MACHADO, Bruna Pereira. A importância do diagnóstico de conservação para nortear as


ações de preservação em arquivos, bibliotecas e museus. Goiás, p. 57, jul. 2015.

MALTA, Albertina Otávia Lacerda. Preservação, conservação, restauração e


recuperação física do acervo. Pernambuco, p. 79, dez. 2014.

MÁRSICO, Maria Aparecida de Vries. Noções básicas de conservação de livros e


documentos. Rio de Janeiro, v. 4, n. 35, 2000.

MERLO, Franciele; KONRAD, Glaucia Vieira Ramos. Documento, história e memória:


Importância da Preservação do Patrimônio Documental para o Acesso à
Informação. Paraná, v. 20, n. 1, p. 26-42, abr. 2014.

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NASCIMENTO, Elizabeth Larkin. Armazenagem e manuseio. Rio de Janeiro, n. 2, p. 51,
2001.

NASCIMENTO, Francineide Batista. Estudo sobre a preservação documental do arquivo.


Rio Grande do Sul, p. 65, 2013.

SANTOS, GEORGE ALBERTO DOS. A conservação e preservação de documentos na


prática arquivística. Paraíba, p. 35, out. 2017.

SPINELLI, Jayme. Recomendações para a higienização de acervos bibliográficos &


documentais. [S. l.], p. 7, 2010.

SPINELLI, Jayme; et al. Manual Técnico de Preservação e Conservação. [S. l.], p. 23,
2011.

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