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Universidade Aberta Isced

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Matemática

Práticas etnográficas em Moçambique no período colonial e pós-colonial

Nome do estudante: Cristina Afate. Código: 91230596

Pemba, Fevereiro de 2024

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Universidade Aberta Isced
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Matemática

Práticas etnográficas em Moçambique no período colonial e pós-colonial

Trabalho de campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura
em Ensino de matemática da UnISCED.

Tutor:

Nome do estudante: Cristina Afate. Código: 91230596

Pemba, Fevereiro de 2024


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Índice
Introdução................................................................................................................................3

1. Educação Primitiva de Moçambique antes da escola......................................................4

1.1. Educação entre os povos primitivos.............................................................................4

1.2. A educação através da imitação...................................................................................4

1.3. A Educação e as cerimónias de iniciação.....................................................................5

2. A Educação antes da Independência................................................................................5

2.1. A Educação no período colonial (1845 – 1974)...........................................................5

2.1.1. Dois subsistemas de ensino do sistema de educação Colonial.................................6

2.1.2. A educação no Governo de Transição (1974-1975).................................................8

2.2. A educação pós - Independência..................................................................................8

2.2.2. O surgimento da Lei 4/83 (1983 – 1991).................................................................9

2.2.3. O surgimento da Lei nº 6/92 (1992 - 2018)..............................................................9

2.2.4. O surgimento da Lei nº 18/2018...............................................................................9

Conclusão..............................................................................................................................10

Referência Bibliográfica........................................................................................................11

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Introdução

Este trabalho fala do Práticas etnográficas em Moçambique no período colonial e pós-


colonial. As práticas etnográficas em Moçambique no período colonial e pós-colonial
desempenharam um papel significativo no estudo e na representação das diversas culturas do
país. Durante o período colonial, os etnógrafos muitas vezes realizavam investigações com o
objetivo de entender e classificar as diferentes etnias moçambicanas, muitas vezes para servir
os interesses coloniais. Após a independência, as práticas etnográficas mudaram para refletir
uma abordagem mais centrada na preservação e promoção das culturas locais, bem como na
luta contra o legado colonial. Ao longo dos anos, as práticas etnográficas em Moçambique
têm evoluído para incorporar perspectivas mais diversas e colaborativas, visando o respeito, a
valorização e a compreensão das tradições e identidades culturais moçambicanas.

Objectivo Geral

 Compreender as Práticas etnográficas em Moçambique no período colonial e pós-


colonial.

Objectivos específicos

 Registrar e documentar as práticas culturais, tradições, crenças, rituais e sistemas de


conhecimento das comunidades moçambicanas, preservando assim a diversidade
cultural do país
 Compreender as transformações sociais, culturais, políticas e econômicas que
ocorreram durante o período colonial e pós-colonial em Moçambique, e como esses
eventos influenciaram as comunidades locais.

Metodologia e estrutura do trabalho

Para a elaboração do trabalho fez-se a consulta bibliográfica de manuais disponibilizados na


plataforma e de outros obtidos nas bibliotecas virtuais.

Quanto a estrutura, o trabalho apresenta a introdução, desenvolvimento, conclusão e


referência bibliográfica.

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1. A documentação das práticas culturais, tradições, crenças, rituais e sistemas de
conhecimento das comunidades

A documentação das práticas culturais, tradições, crenças, rituais e sistemas de conhecimento


das comunidades moçambicanas é crucial para preservar a identidade cultural e o patrimônio
intangível do país. Isso pode ser fundamentado nos princípios de preservação da diversidade
cultural, promovendo o respeito pela pluralidade de expressões culturais e conhecimentos
tradicionais.

Segundo Jodelet (1985), as representações sociais, são modalidades de conhecimento prático


orientados para a comunicação e para a compreensão do contexto social, material e ideativo
em que vivemos.

A teoria das representações sociais reapresenta um problema que já é, historicamente, de


interesse de outras ciências humanas, como a história, antropologia e sociologia (Jodelet,
2001).

Além disso, a documentação etnográfica e antropológica dessas práticas pode contribuir para
a compreensão mais profunda da história e identidade das comunidades locais, auxiliando na
valorização e promoção da diversidade cultural moçambicana. Através dessa documentação, é
possível também fortalecer a transmissão intergeracional de conhecimentos tradicionais e
contribuir para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial.

1.1. Sistema de conhecimento das comunidades

Santiago (2012) refere que ao todo Moçambique possui 43 idiomas, dos quais se destacam o
macua, tsonga (shangaan), sena, lomwe, chuwabu e o nianja. O tsonga, por exemplo, é falado
pela etnia de mesmo nome, que está espalhada por Moçambique, África do Sul, Zimbábue e
Suazilândia. Já a língua nianja, por sua vez, é falada pela etnia chewa e mais alguns povos
próximos a eles, em Zâmbia, Zimbábue, Moçambique e Malawi, sendo que neste último país
ela é oficial.

1.2. A prática da etnografia no período colonial

Durante o período colonial em Moçambique, a prática da etnografia desempenhou um papel


significativo. Etnógrafos e antropólogos estudaram e documentaram as culturas e tradições
locais, muitas vezes com o objetivo de entender e controlar as populações nativas. Isso
frequentemente levou a interpretações distorcidas e estereotipadas das sociedades africanas,
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moldando a percepção dos colonizadores sobre os povos indígenas. A etnografia durante esse
período muitas vezes serviu aos interesses coloniais, contribuindo para a exploração e
subjugação das sociedades locais.

Segundo Michel Caen (), Durante o período colonial em Moçambique, a etnografia foi
frequentemente utilizada como uma ferramenta para compreender e catalogar as culturas
locais, muitas vezes com o intuito de justificar e perpetuar o domínio colonial.

De acordo com a antropóloga Jeanne Marie Penvenne, “a produção do conhecimento


etnográfico em Moçambique esteve intrinsicamente ligada aos interesses coloniais, refletindo
e reforçando as relações de poder estabelecidas”.

1.3. O Macuas Lomués

De acordo com Medeiros (1997), O povo macua é descendente de um grande povo Banto
originário da região centro-africana (grandes lagos), ou seja das grandes florestas congolesas,
que se migraram para a região da Africa Austral a procura de terras férteis. Este povo de
lingua emakhuwa e elomwe estiveram representados no Niassa pelos macuas-lomwes,
macuas-chirimas, e macuas-meto. Estes ammetho ocupavam desde o rio Lurio a nascente do
messalo. Os macuas-lomues (alomwes), ocupavam a outra parte do rio Lurio e estes povos
estiveram representados por linhagens de clãs exogamicos: alakassi, amirassi, anela, amale,
amirolo, aseleja e achepani. Actualmente este povo vive no norte de Moçambique, com cerca
de 300.000 km2, abrange parte das províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Zambézia,
é delimitado ao norte pelo rio (Licungo nas proximidades) Rovuma a, leste o Oceano Indico,
sul rio Licungo, próximo do rio Zambeze e o oeste rio Lugenda. Devido as migrações do sec
XIX e ao tráfico de escravos nos séculos XVIII-XIX, pode se encontrar macuas também em
Malawi, Tanzânia, Madagascar, Seychelles e Maurícias (Medeiros, 1997).

1.4. Representação e poder

No período colonial, a questão da representação e poder era profundamente complexa,


marcada por desequilíbrios e distorções. Os colonizadores exerciam poder tanto político
quanto econômico, muitas vezes detendo controle sobre as instituições representativas. As
narrativas e representações eram frequentemente moldadas pelos colonizadores, servindo para
legitimar seu domínio e justificar práticas exploratórias.

A representação das populações colonizadas muitas vezes era distorcida, enquadrada por
estereótipos e preconceitos que reforçavam a hierarquia colonial. A falta de poder político e
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influência nas esferas de representação contribuía para uma narrativa unidirecional que não
refletia adequadamente as diversas realidades locais.

1.5. Mudanças nas práticas etnográficas pós a independência

Após a independência, as práticas etnográficas passaram por transformações substanciais,


refletindo uma busca por representações mais autênticas e inclusivas das comunidades
estudadas.

1.5.1. Desconstrução de Vieses Coloniais

Houve uma conscientização e esforço para superar os vieses e distorções presentes nas
práticas etnográficas durante o período colonial. Os pesquisadores buscaram abordagens mais
imparciais e sensíveis às perspectivas locais.

1.5.2. Ênfase na Autenticidade Cultural

As práticas etnográficas pós-independência passaram a priorizar a captura autêntica das


tradições, valores e práticas culturais locais, buscando representações mais precisas e
respeitosas das comunidades estudadas.

1.5.3. Envolvimento Comunitário

Muitas vezes, as pesquisas etnográficas passaram a envolver mais ativamente os membros das
comunidades no processo, promovendo uma abordagem mais colaborativa e participativa.
Isso ajudou a garantir que as vozes locais fossem ouvidas e respeitadas.

1.5.4. Reconhecimento da Diversidade

As práticas etnográficas pós-independência buscaram reconhecer e celebrar a diversidade


intrínseca das comunidades, evitando generalizações simplistas e representando uma gama
mais ampla de experiências culturais.

1.5.5. Abordagem Crítica à Colonialidade

Houve uma maior atenção à análise crítica das práticas etnográficas passadas à luz da
colonialidade, buscando compreender e corrigir as consequências das representações
distorcidas impostas durante o período colonial.

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Conclusão

As práticas etnográficas em Moçambique durante o período colonial e pós-colonial refletem


uma evolução significativa. No contexto colonial, muitas vezes eram utilizadas para legitimar
o domínio europeu, exibindo uma visão distorcida das culturas locais. No entanto, após a
independência, as práticas etnográficas assumiram um papel mais empoderador, buscando
preservar e promover as identidades culturais moçambicanas, além de documentar os
impactos da colonização. Essa transição evidencia uma mudança de paradigma, onde a
narrativa etnográfica passou de instrumento de controle para uma ferramenta de resistência e
preservação cultural.

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Referência Bibliográfica

Castiano, J , Ngoenha, S & Berthoud, G (2005). A longa marcha de uma educação para todos
em Moçambique. Maputo: Imprensa Universitária.

Jodelet, D.1985), La representación social: Fenómenos, concepto y teoría. In: Psicologia


Social (S. Moscovici, org.), pp. 469-494, Barcelona: Paídos.

JodeletT, D. (2001). Representações sociais: um domínio em expansão.In D. Jodelet (Ed.), As


representações sociais (pp. 17-44). Rio de Janeiro: UERJ.

Arquivo Histórico de Moçambique. Usos e Costumes dos Bantus. A vida de uma tribo do sul
de África. 1996.

COELHO. Marcos Vinicius Santos Dias, O Humano, O Selvagem E O Civilizado discurso


sobre a natureza em moçambique colonial, 1876-1918 Universidade Federal da Bahia.
Salvador, 2009

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