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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

CENTRO DE ENSINO A DISTÂNCIA

A Integração da Literatura na Formação do Leitor

Nome de Estudante:
Lizia Joaquim Tacarindua.
Código de Estudante:

Curso: Licenciatura em Ensino de Português


Disciplina: Didáctica de Literatura.
Ano de Frequência: 4º Ano.
Tutor: Dr. Carlitos A. Manuel Nginga.

Chimoio, Abril de 2023


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(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
2.0
Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e  Revisão
discussão bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
1. Introdução ..................................................................................................................... 3
1.1. Objectivos .................................................................................................................. 3
1.1.1. Objectivo Geral....................................................................................................... 3
1.1.2. Objectivos Específicos ........................................................................................... 3
1.2. Metodologia ............................................................................................................... 3
2. Integração da literatura na formação do leitor .............................................................. 4
2.1. Ensino da literatura (texto) ........................................................................................ 5
3.2. A literatura e a sala de aula: abordagens e funções ................................................... 6
2.3. Desafios do professor na formação de leitores .......................................................... 8
Conclusão ......................................................................................................................... 9
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 10
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1. Introdução
A introdução ao texto literário conduz a universos que proporcionam reflexão e
incorporação de novas experiências, pois seu consumo induz a práticas socializantes, que se
mostram democráticas, porque igualitárias. Em termos educacionais, o texto artístico é
essencial para a formação do indivíduo, para seu aprimoramento intelectual e, sobretudo,
ético.

É preciso que a escola exerça seu papel de mediadora do conhecimento elaborado,


propiciando condições para que sua apropriação aconteça, por representar uma forma
fundamental de elevação cultural para quem dele se apodera, visto esse conhecimento referir-
se a um meio exterior que favorece a produção de uma nova síntese de entendimento do
mundo e da realidade. A autoconsciência do homem realiza-se a partir de sua determinação
em conhecer a si mesmo, de modo a encarar a responsabilidade de seu destino. O texto
literário pode funcionar como espelho no qual o leitor se percebe e formula questionamento
sobre a própria existência.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
 Falar da integração do texto literário para a formação de leitores.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Descrever como a literatura é integrado na formação de leitores;
 Analisar do ensino da literatura;
 Apresentar os desafios do professor no ensino de literatura.

1.2. Metodologia
Para a materialização do presente trabalho usamos o método bibliográfico.
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2. Integração da literatura na formação do leitor


No mundo ocidental, a literatura é introduzida na escola na partir da instalação da
República Francesa. Ainda que as escolas laicas surgidas nessa época se destinassem aos
filhos da classe burguesa, em acordo com o carácter burguês da revolução, é o princípio do
experimento cultural da divisão do conhecimento acumulado. A educação laica, assim, surgiu
como vector de prevenção da miséria cultural, como possibilidade de homogeneidade cultural
e consequente supressão da divisão de classes.

Para Zilberman (1990, p.19),


“... o texto literário introduz um universo que, por mais distanciado do quotidiano,
leva o leitor a reflectir sobre sua rotina e a incorporar novas experiências (...) o texto
artístico talvez não ensine nada, nem se pretenda a isso; mas seu consumo induz a
algumas práticas socializantes que, estimuladas, mostram-se democráticas, porque
igualitárias”.

Assim, pode se dizer que o pensamento humano não é arbóreo, acontece por um sistema
descontínuo, múltiplo, que sugere a metáfora do rizoma – sistema formado de inúmeras linhas
fibrosas que se entrelaçam e, ao mesmo tempo, remetem-se de umas para outras e lançam-se
para fora do conjunto, abrindo-se para mil possibilidades e ao trânsito livre entre os saberes.
As estruturas conceituais tornam-se fluidas, escorregadias e é possível, finalmente, rompê-las
e impedir a prisão do pensamento.

Doravante, sabor das palavras cria novos saberes. Constitui-se, dessa forma, a metáfora
do rizoma, que cresce lateralmente, ocupando espaços e transformando-se em outras
compreensões, a partir do deslocamento de significados, que se confundem, que se misturam,
oferecendo novas possibilidades de leitura. A imaginação é a memória do futuro e, nesse
sentido, a literatura reflecte o passado e ilumina o futuro.

Por essa perspectiva, os jovens aproximam-se da compreensão de que podem ser


autores, pois, à medida que mergulham no oceano da literatura sem naufragar, descobrirão o
prazer da aventura literária. Literatura é arte e, como tal, está a serviço da fruição, do prazer,
da descoberta (Costa, 2018).

Um aluno sensibilizado reconstrói o texto, torna-se capaz de desvendar os estudos


literários em vários níveis, aproximando-se de saberes mais profundos, porque mais aberto
para uma realidade múltipla e sem fronteiras, na qual o pensamento pode desdobrar-se
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livremente. Dessa forma, ler um texto, ou uma série deles, não significa trabalhar estilos e
características de época de forma fragmentada e horizontal, sem contextualização da arte
elaborada com o fazer humano ali subjacente.

Infelizmente, a escola não se encontra aparelhada, filosófica e intelectualmente – para


expandir suas fronteiras e romper com o formato curricular fechado e contido. É preciso que o
trabalho com literatura possa empregar métodos que não estejam atrelados à avaliação formal,
fichas de leitura ou conhecimento descontextualizado de estilos de época, que acabam por
fazer com que o prazer da leitura se evapore num mero instrumento de avaliação (Clomer,
2007).

Ademais, formar leitores passa pela compreensão de que o texto literário não é fruto de
genialidade, mas pressupõe um trabalho complexo da leitura e releitura que o autor faz do
quotidiano. A formação de leitores críticos implica que o educador seja, ele próprio, um leitor
crítico e contumaz que transpire o prazer percebido na leitura e discuta o texto para além de
sua superfície, para além de meras questões formuladas sobre ”quem?, onde? quando?”.

Associado a isso, podemos mencionar alguns desafios dos professores quando se trata
da questão da integração da literatura ou textos literários para a formação de leitores.

2.1. Ensino da literatura (texto)


Actualmente, o instrumento básico de trabalho pedagógico é genericamente
denominado de texto. A propósito, é ratificado que todo processo de interacção humana que
faculta a troca de conhecimentos é possibilitado pela matéria imanente chamada texto. É do
confronto do leitor com o texto que surgem significados e assim se faz uma leitura crítica,
reflexiva e compreensiva que extrapola a mera decifração do signo linguístico.

Nessa conjuntura de necessidade de expansão do ato de ler com qualidade, tem-se na


literatura um recurso que pode contribuir consideravelmente na formação de leitores na
medida em que não serve apenas como instrumento de distracção, mas é capaz de apresentar
elementos culturais como também uma visão crítica da realidade social que são necessárias
para que o leitor aprimore sua visão de mundo (Costa, 2018).

A abordagem do texto literário como material didáctico acabou ganhando relevância


pela compreensão de que as produções literárias, com reconhecido valor linguístico, poderiam
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contribuir para a apropriação e prática da linguagem de maneira mais qualificada por parte
dos discentes. O ambiente escolar acolheu a literatura como uma arte que trabalha a
linguagem de modo peculiar e com potencialidades para desenvolver a criatividade e
maturidade linguística dos indivíduos.

No entanto, ao focar a literatura é preciso reconhecer que ela contribui,


consideravelmente, para a vida humana na medida em que apresenta um diálogo com
elementos socioculturais, históricos e ideológicos. É a arte da palavra capaz de conter uma
visão crítica da realidade social ao mesmo tempo em que pode despertar sentimentos,
emoções e revelar o íntimo da alma humana. Na esteira desse pensamento, não parece ser
hiperbólico dizer que “[...] a contribuição da literatura na construção social do indivíduo e da
colectividade não apenas é essencial, mas simplesmente inevitável [...]” (Colomer, 2007,
p.20).

Diante do entendimento do valor do texto literário para a conjuntura social, é preciso


reflectir sobre as implicações nas estratégias de leitura que essa categoria textual exige do
leitor. Nesse caso, ler o texto literário implica revelar subentendidos em graus mais elevados
do que aqueles apresentados na linguagem predominantemente denotativa. O leitor literário
que busca elementos no texto, que não se limitem ao puro prazer estético, tem a tarefa de
estudo, análise e reflexão acerca de contextos, também, extratextuais.

2.2. A literatura e a sala de aula: abordagens e funções


A produção literária ao longo da história da humanidade (em tempos mais remotos) não
tinha como ambição primária ser instrumento de instrução ou prática pedagógica. No caso
Brasileiro, é difícil imaginar que escritores como José Craveirinha, Noémia de Souza, Paulina
Chiziane e Mia Couto tivessem o plano de ter suas obras tão requisitadas para servir como
material didáctico.

De acordo com Costa (2018), a literatura, como arte, sempre foi feita para ser apreciada
e eternizada como elementos culturais, ideológicos e políticos com a possibilidade de revelar
uma visão crítica da realidade ou fazer opção por um refúgio dos fatos. A segunda escolha
pode ser denominada de alienação, termo que na verdade carrega em si uma alta carga
ideológica, pois mostra a diferença entre aqueles que são omissos diante de dramas
sociopolíticos e os que atuam mesmo que seja pela palavra escrita de modo artístico.
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A chegada da literatura na escola amplia sobremaneira o alcance e a função social


atribuída ao texto literário. Isso significa que os leitores literários não ficariam restritos ao
estímulo familiar. O espaço escolar passou a ser elo fundamental entre o leitor e a literatura. É
óbvio, que do ponto de vista histórico, isso ocorre muito lentamente em países
subdesenvolvidos que tem um legado repleto de mazelas com a exclusão social e económica
de grande parcela da população.

Diante dessa realidade, a ideia de abordar o texto literário em sala de aula para
desenvolver a criatividade e as competências linguísticas dos discentes constitui-se uma
atitude salutar na medida em que parte do pressuposto de que a literatura exige dos agentes
envolvidos (autor/leitor) níveis consideráveis de aptidões no que concerne à linguagem (Leite,
1997).

Fala-se, desse modo, do papel social exercido pela literatura visto que a mesma não se
configura como uma arte inócua. Acerca do texto literário pode-se postular alguma função
social apesar de alguns intelectuais mais conservadores não aceitarem de bom grado essa
ideia.

Além dos aspectos sociais e políticos envolvidos na literatura é preciso reconhecer que
os estudos da linguagem e as práticas de ensino cometeriam um grande equívoco se não
outorgassem o espaço merecido aos textos literários. Na verdade, pode ser percebido ainda
um engano quando se estabelece uma relação dicotómica entre literatura/língua no sentido de
separar cabalmente os estudos da linguagem dos literários. Compreende-se que a literatura na
sua amplitude de arte apresenta aspecto externo (elementos culturais, históricos e ideológicos)
e interno que é a própria linguagem, material constituinte do texto. Nesse sentido, as palavras
de Leite (1997, p.18) são cabíveis:

Nos últimos vinte anos, como o aprofundamento dos estudos de linguística e de


teoria literária, tem ficado cada vez mais claro que o material com que trabalha a
literatura é fundamentalmente a palavra e que, portanto, estudar literatura significa
também estudar língua e vice-versa. Esses mesmos estudos têm-nos demonstrado que
o uso literário da linguagem é um entre outros vários possíveis. (Leite, 1997, p.18).

O questionamento acerca da serventia da literatura embora pareça um excesso de


pragmatismo e possa incomodar àqueles que não usariam termos como “utilidade” no tocante
ao texto literário, é necessário reconhecer os efeitos e, portanto, a que se presta a arte literária
no meio social.
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A sala de aula na conjuntura de uma sociedade que precisa ser mais letrada e leitora
assídua torna-se o ambiente onde o indivíduo tem a oportunidade de contacto com a literatura
e tê-la como instrumento indispensável tanto na formação do leitor quanto do ser humano,
cidadão apto a reflectir acerca da linguagem a da realidade que o cerca.

2.3. Desafios do professor na formação de leitores


O grande desafio dos professores de Literatura é proporcionar condições para que seus
alunos rompam a cadeia do pensamento vertical, da hierarquização do conhecimento,
compartimentado e estanque.

Para Sant’Ana (2007), o grande desafio da escola é pensar um currículo que perceba o
ensino de literatura de forma diferenciada, incluindo em seu plano anual uma agenda que
contenha possibilidades de diversificar a relação com o texto (p.23).

A organização escolar com vistas à formação de leitores e cidadãos é factor


imprescindível para o sucesso de práticas pedagógicas que inovem e solidifiquem a relação do
aluno com o texto literário. Essa condição é essencial para que os debates sejam pontuados
por postura crítica e responsável quanto à organização, desenvolvimento e execução do
trabalho e, principalmente, para que haja percepção da importância da troca de experiência
com o outro e da possibilidade de superação de problemas a partir do trabalho intelectual
colectivo.

Na perspectiva de Lajolo (1982), além da análise e interacção com obras literárias


clássicas e contemporâneas, a encenação de peças teatrais ou de textos narrativos e poéticos
proporcionará o desenvolvimento da escrita, do senso crítico e artístico, da sociabilidade, do
trabalho colectivo e o aperfeiçoamento da leitura.

Esse aperfeiçoamento se dará em dois âmbitos, o subjectivo, no que tange à


interpretação, cognição e percepção de textos complexos e da presença de intertextualidade, e
o objectivo, no que se refere à articulação, pronúncia, entonação e desenvolvimento
vocabular.
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Conclusão
A este ponto do trabalho pode-se dizer que toda a riqueza a ser explorada na literatura
perpassa, primordialmente, pela constituição de indivíduos capazes de ler o texto como ponte
para compreender a realidade do mundo. Isso significa que a leitura é um instrumento
inestimável que faculta a possibilidade de desenvolvimento cognitivo, psicológico, políticos e
ético.

Nessa linha de pensamento, a educação escolar deve estar voltada para a facilitação do
estabelecimento de um diálogo entre os sujeitos em formação com os textos nos quais se
enquadram aqueles de carácter conotativo.

Diante disso, a utilização do texto literário como elemento essencial na formação de


leitores na escola deve ser mais dinamizada e assim terá mais proveito, caso leve em
consideração preceitos que pautam a leitura não apenas pela superfície e/ou estrutura textual,
mas também as ideias ocultas e as relações discursivas possíveis.
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Referências Bibliográficas
Costa, F. (2018). A literatura e adoração de leitores: algumas considerações. Revista letras
reais. SSN: 2317-2347 – v. 7, n. 2.

Lajolo, M. (1982). O texto não é pretexto. In: Zilberman, R. Leitura em crise na escola: as
alternativas do professor. Porto Alegre, Brasil: Mercado Aberto.

Leite, L. (1997). Gramática e literatura: desencontros e esperanças. In: Geraldi, J. (org.). O


texto na sala de aula. São Paulo, Brasil: Ática.

Sant’Ana. P.(2007). A importância da literatura na formação do homem. Paraná, Brasil:


SEED.

Zilberman, R. (1990). Literatura e pedagogia: Ponto e Contraponto. , BrasilPorto Alegre:


Mercado Aberto.

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